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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

CTN, 25 anos



Tudo é muito rápido, urgente, depressa. Ninguém tem tempo prá nada. Nem prá dizer oi, como vai? É uma correria dos infernos. Prá onde vamos? Somos gerados em fração de segundos, num gozo, a gestação dura de 7 a 9 meses. Eu Nasci com 12 anos, mas isso é caso à parte. A verdade é que poucas são as pessoas que acham tempo para dizer adeus. Ai! É gente entrando e gente saindo de tudo quanto é canto, buraco e biboca. No metrô então é um horror, e nos ônibus, um Deus nos acuda! É pressa como Diabo.
Correndo, voando, um carro parou perto de mim e o motorista depressa abriu a porta pedindo para eu entrar. Era o poeta Moreira de Acopiara. Nem bem entrei no carro outro poeta, Sebastião Marinho, da viola repentista, riscou no ponto: "E eu, vocês vão sem mim?"
Pedi para o motorista desacelerar o carro pois devagar também se chega ao longe. E lá fomos nós rumo ao Centro de Tradições Nordestinas, CTN, onde comemoravam-se seus 25 anos de fundação. Ao chegarmos, cordelistas e cantores do povo nos esperavam. Foi uma festa, claro. Cristina do Zé se expressou ao microfone com um palavreado bonito. Zé de Cristina Também. Estamos falando de Cristina e Zé de Abreu, mulher e marido e marido e mulher, fundadores do CTN.
E é tudo muito rápido.
Lembrei-me depressa que por lá estive no começo de tudo, até apresentando um programa de rádio chamado Gente e Coisas do Nordeste, de memória ainda hoje muito bem lembrado.
E fui ao microfone e falei e falei.
Cacá Lopes cantou, Luiz Carlos Bahia cantou, Sarah Brasil cantou, o menino Pedro declamou do alto dos seus dez anos de idade, Moreira de Acopiara declamou e Sebastião Marinho botou prá lascar, foi tudo muito bonito, nesse primeiros 25 anos de CTN. Agora só faltaram as fotos para confirmar tudo que aqui estou dizendo. Mas aconteceu e é fato. Se duvidarem perguntem à deputada Renata de Abreu.
Só faltou um uisquinho...

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

PELO BEM, PELO MAL, RENAN E BELCHIOR


Depois da postagem abaixo, sob o título Jagunços e Coronéis no Congresso Nacional, muita gente me telefonou; mas me telefonou por saber que é mais fácil me telefonar do que mandar mensagem por e-mail. Pois bem, termino a postagem perguntando em qual situação se enquadra o Cunha, entre jagunços e coronéis. Muitos disseram que o capeta Cunha se enquadra nas duas situações. E o Renan?

O alagoano Renan Calheiros é mais capeta do que o capeta Cunha. Os dois se merecem, não é mesmo? Inclusive na cadeia...O Renan está com 9, 10 ou 11 processos no STF, ainda não é réu, mas vai virar já já. Ciente disso, começa a jogar o anzol no lago para pescar. Na última tentativa deu-se mal, pois a presidente do STF, Carmen Lúcia, refugou.
O Renan é muito esperto. Ele aproveitou a prisão de policiais legislativos para atingir o Judiciário. Fazendo isso, ele chamaria a atenção de todo mundo do seu interesse e teria às suas mãos a presidente, seu alvo, mas ela entendeu isso muito rapidamente e não foi ao encontro que os coleguinhas da imprensa dizem que foi programado pelo presidente Temer. Na verdade foi o Renan que pediu a Temer para programar esse encontro. Quebrou a cara. Simples: depois de chamar a atenção para si, ele estaria frente a frente, numa boa, com a presidente do STF, tudo bem tramado.
No próximo dia 03, a Doutora Carmen Lúcia vai por em julgamento no STF algo que certamente o presidente do congresso não vai gostar.
Pois é, falávamos de jagunços e coronéis. E como uma coisa puxa outra, lembrei-me de outro alagoano. Só que esse, incrível, no boníssimo sentido. No sentido de cidadão, cidadania. Talento, arte e artista. Lembrei-me de Graciliano Ramos, autor da obra prima Vidas Secas. Esse romance, o quarto da carreira de Graciliano, trata do que trata o livro do mineiro Guimarães Rosa, ou seja: de cangaço, cangaceiro, de vida dura que é e sempre foi o sertão do Nordeste e do Sudeste. E de uma constatação triste:  cangaço, jagunço e cangaceiro, mais coronéis dá  nisso que vivemos hoje: a lei fora dos trilhos, querendo voltar aos trilhos. E voltará!
Graciliano Ramos nasceu no dia 27 de outubro de 1892.


BELCHIOR

Taí um cara que eu gosto muito, Belchior. Conheci o Bel, como os amigos o chamam, Lá pros 80 do século passado. Ele frequentava minha casa e tal, e no tempo que eu ainda era casado. Os meus meninos gostavam de tirar umas com seu bigode e seu jeito de falar e de cantar. Eu continuo gostando do Bel e tentando entender a razão que o faz nunca mais a mim telefonar: 36614561. Hoje, como todos os dias, é dia do Bel; amigo meu e de tanta gente bonita. Daqui deste ponto mando prá ti, Belchior, um abraço bonito e forte: e parabéns pelos 70 anos que vc completa nesta quarta feira de outubro de 2016.
Ah! Você sempre falava da importância dos maestros Carlos Gomes, Vila Lobos e do seu conterrâneo Alberto Nepomuceno. Aliás, lembro agora, você me pediu para escrever um livro sobre o Nepomuceno. Olhe, se você voltar prá comer o bacalhau que você tanto gosta na minha casa eu escreverei, mesmo cego, como hoje estou um livro sobre você e sobre o seu, que também é meu ídolo Nepomuceno.
Um beijo!



 Clique:



PELO BEM, PELO MAL, RENAN E BELCHIOR


Depois da postagem abaixo, sob o título Jagunços e Coronéis no Congresso Nacional, muita gente me telefonou; mas me telefonou por saber que é mais fácil me telefonar do que mandar mensagem por e-mail. Pois bem, termino a postagem perguntando em qual situação se enquadra o Cunha, entre jagunços e coronéis. Muitos disseram que o capeta Cunha se enquadra nas duas situações. E o Renan?

O alagoano Renan Calheiros é mais capeta do que o capeta Cunha. Os dois se merecem, não é mesmo? Inclusive na cadeia...O Renan está com 9, 10 ou 11 processos no STF, ainda não é réu, mas vai virar já já. Ciente disso, começa a jogar o anzol no lago para pescar. Na última tentativa deu-se mal, pois a presidente do STF, Carmen Lúcia, refugou.
O Renan é muito esperto. Ele aproveitou a prisão de policiais legislativos para atingir o Judiciário. Fazendo isso, ele chamaria a atenção de todo mundo do seu interesse e teria às suas mãos a presidente, seu alvo, mas ela entendeu isso muito rapidamente e não foi ao encontro que os coleguinhas da imprensa dizem que foi programado pelo presidente Temer. Na verdade foi o Renan que pediu a Temer para programar esse encontro. Quebrou a cara. Simples: depois de chamar a atenção para si, ele estaria frente a frente, numa boa, com a presidente do STF, tudo bem tramado.
No próximo dia 03, a Doutora Carmen Lúcia vai por em julgamento no STF algo que certamente o presidente do congresso não vai gostar.
Pois é, falávamos de jagunços e coronéis. E como uma coisa puxa outra, lembrei-me de outro alagoano. Só que esse, incrível, no boníssimo sentido. No sentido de cidadão, cidadania. Talento, arte e artista. Lembrei-me de Graciliano Ramos, autor da obra prima Vidas Secas. Esse romance, o quarto da carreira de Graciliano, trata do que trata o livro do mineiro Guimarães Rosa, ou seja: de cangaço, cangaceiro, de vida dura que é e sempre foi o sertão do Nordeste e do Sudeste. E de uma constatação triste:  cangaço, jagunço e cangaceiro, mais coronéis dá  nisso que vivemos hoje: a lei fora dos trilhos, querendo voltar aos trilhos. E voltará!
Graciliano Ramos nasceu no dia 27 de outubro de 1892.


BELCHIOR

Taí um cara que eu gosto muito, Belchior. Conheci o Bel, como os amigos o chamam, Lá pros 80 do século passado. Ele frequentava minha casa e tal, e no tempo que eu ainda era casado. Os meus meninos gostavam de tirar umas com seu bigode e seu jeito de falar e de cantar. Eu continuo gostando do Bel e tentando entender a razão que o faz nunca mais a mim telefonar: 36614561. Hoje, como todos os dias, é dia do Bel; amigo meu e de tanta gente bonita. Daqui deste ponto mando prá ti, Belchior, um abraço bonito e forte: e parabéns pelos 70 anos que vc completa nesta quarta feira de outubro de 2016.
Ah! Você sempre falava da importância dos maestros Carlos Gomes, Vila Lobos e do seu conterrâneo Alberto Nepomuceno. Aliás, lembro agora, você me pediu para escrever um livro sobre o Nepomuceno. Olhe, se você voltar prá comer o bacalhau que você tanto gosta na minha casa eu escreverei, mesmo cego, como hoje estou um livro sobre você e sobre o seu, que também é meu ídolo Nepomuceno.
Um beijo!



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segunda-feira, 24 de outubro de 2016

JAGUNÇOS E CORONÉIS NO CONGRESSO NACIONAL



No texto anterior, comparei o deputado Eduardo Cunha ao Capeta. Mas como uma coisa puxa a outra, lembrei do personagem Rosiano Hermógenes que chegou a fazer pacto com o Demo. Acho que Cunha não é o Demo, mas fez pacto com ele. E não estou brincando. Pelo que me contam seus atos e expressões são únicos entre os viventes que se misturam entre nós. O cabra é maligno. Na cadeia rabisca, rabisca, rabisca e faz seus advogados, um batalhão, cutucar o STF com vara curta; e, de tabela, o homem das leis, Sérgio Moro.
Quem ganhará essa batalha, a justiça ou a injustiça?
E como uma coisa puxa a outra, lembrei também do julgamento ocorrido na trama de Grande Sertão: Veredas, quando o chefe maior da jagunçada, Joca Ramiro, sentencia o jagunço vencido Zé Bedelo à liberdade.
Para formar a trama do seu livro, o mineiro Guimarães Rosa embrenhou-se nos sertões da sua terra, tangendo boi e boiada, ao lado de verdadeiros vaqueiros. O livro foi lançado em 1956, há exatos sessenta anos.
Num tempo recente, a gente nordestina sofria na unha dos coronéis, que imprimiam leis próprias, faziam e desfaziam. Era Deus no céu e eles na terra ardente do Nordeste. Os últimos mandatários da linhagem coronelesca sumiram na década de 1970. O último foi Chico Heráclito, que morreu em 74. Um ano antes, morrera Veremundo Soares.
O "coroné" Veremundo era filho de um padre, Joaquim, nascido em 1878.
Os pernambucanos Chico Heráclito e Veremundo Soares mandavam em gente e gado, como diria o compositor e cantor paraibano Geraldo Vandré.
Veremundo fez de tudo na sua terra, Salgueiro. Só não casava, nem batizava, mas receitava tudo quanto era remédio para qualquer tipo de dor. Sua fama de curandeiro também era grande, tanto que o presidente Rodrigues Alves conferiu-lhe a patente de capitão da Guarda Nacional. Capitão, mesmo. Capitão como Virgolino Ferreira, o Lampião, que ganhou patente idêntica das mãos do padre Cícero Romão.
Lampião e Veremundo não se bicavam.
Ali por 1926, Veremundo Soares juntou a sua jagunçada à polícia de Pernambuco para caçar o famoso bandoleiro do Sertão. Não deu em nada essa caça, mas o bico entre os dois "capitães" cresceu ao ponto de Veremundo cortar caminho toda vez que ia a Recife para fazer negócios com as autoridades políticas da época. Ele fazia isso para evitar encontro com o cangaceiro. Se os dois se topassem, era morte certa.
No começo dos anos de 1930, Lampião mandou uma carta ao "coroné". Nessa carta, o Rei do Cangaço fazia bravatas e dizia, com todas as letras, que ia virar santo para salvar meio mundo, inclusive o próprio Veremundo.
Lampião morreu no dia 28 de julho de 1938, aos 39 anos de idade.
Veremundo Soares morreu em maio de 1973, dois dias antes de completar 95 anos de idade.
No livro Dicionário Gonzagueano eu traço um rápido perfil psicológico do cantor e compositor sanfoneiro Luiz Gonzaga do Nascimento. Nesse rápido perfil, eu digo que o Rei do Baião tinha tudo para ser um "coroné" e só não o foi porque lhe faltavam cobres e jeito para a "coisa".
Veremundo levou tudo prá sua cidade e seus dependentes. Levou ladrilhos, paralelepípedos para as ruas e avenidas, postes de iluminação e eletricidade, água, telefone e um tudo mais, incluindo os primeiros veículos motorizados. Ele era amado pela maior parte da população, como o foi Luiz Gonzaga para seus conterrâneos do município de Exu, PE. Prá Exu, Gonzaga levou até agência bancária.
O coroné Veremundo foi pai dezesseis vezes com uma só mulher, oficialmente.
Luiz Gonzaga foi pai adotivo por duas vezes, de Gonzaguinha e Rosinha.
Veremundo era um cabra assanhado e não refugava rabo de saia. Era bom dançarino e inventava de compor umas "coisinhas" para levantar poeira em sala de reboco. O Rei do Baião faz uma referência a isso, clique:

 


No dia 02 de agosto deste ano andei falando sobre a trajetória de Luiz Gonzaga ao jornalista Sérgio Martins, que me levou à TV Veja. Na ocasião fiz referência ao coroné Veremundo Soares. Entre as dezenas e dezenas de netos e bisnetos, o coroné deixou um bisneto famoso: Fernando Cavendish. Muita gente me telefonou perguntando se isso era verdade, que o Fernando citado é o mesmo Fernando da CPI do Cachoeira. É. Para lembrar, clique:



Os jagunços do livro Grande Sertão: Veredas, são jagunços inventados pelo mestre das Gerais, João Guimarães Rosa. Os jagunços dos coronéis Chico Heráclito e Veremundo Soares eram jagunços de verdade, matadores, brabos como os homens da tropa de Virgolino Ferreira.
Ao dizer isso quero dizer que já não existem mais jagunços?
A jagunçada não morreu, não se extinguiu, apenas trocou de roupa e de tipo de armas.
Seria demais dizer que o Congresso Nacional acolhe jagunços de colarinho branco e coronéis? Em que situação se enquadra o ex deputado Eduardo Cunha, que parece estar dançando miudinho na frigideira do inferno?




sexta-feira, 21 de outubro de 2016

POLÍCIA FEDERAL TORTURA CUNHA

Dá-se o nome de cultura popular ao tipo de cultura oriunda do povo, que está em tudo e em todo lugar, fazendo reza, fazendo piada, fazendo adivinhação, e tudo o mais, de modo anônimo.
Esta semana o ex manda chuva da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, caiu na rede do Juiz Sérgio Moro, em Curitiba. Em poucos instantes as redes sociais expunham evidente preocupação dos seus comparsas ou parceiros. Quer dizer, muita gente está com as orelhas em pé. Essa é uma expressão popular, como popular é a expressão que serve de contraponto: quem não deve, não teme. Ou Temer?
Para dizer que o sujeito é terrivelmente maligno e astuto, diz-se que é o Cão, o Capeta. Por esse, digamos, codinome, Cunha é amplamente conhecido. Aliás, acabo de saber o seguinte: a ´Polícia Federal está torturando Eduardo Cunha. Como????? No seu primeiro almoço ele viu-se obrigado a comer arroz, feijão e frango.
Hoje cedo agentes da Polícia Federal prenderam policiais legislativos, acusados de tumultuar a operação Lava Jato. Pergunto: Se ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão, como reza velho dito popular, o que pode ocorrer com policiais que prendem policiais? E como uma coisa puxa a outra logo lembrei de um personagem do Chico Anysio que dava voz de prisão com a expressão mais óbvia do mundo: "teje preso"!
 E como uma coisa puxa a outra, lembrei também do pernambucano Veremundo Soares. Veremundo, que morreu com quase cem anos em 1973, era um dos dois mais influentes coronéis de Pernambuco. O primeiro era ele, o segundo era Chico Heráclito. Veremundo era natural do município de Salgueiro, a 518 Km da Capital de Pernambuco, Recife. Esse município fica encravado no semi árido. Veremundo mandava e desmandava, como todos os coronéis.Veremnundo morreu deixando muitas histórias e um bisneto de nome Fernando Soares Cavendish. Vocês lembram desse nome. Pois é, como diz uma amiga minha: esse é o cara mais gentil do mundo, um cavalheiro e tanto! Por que essa definição ao mancebo Fernando? Pois bem, foi esse Fernando que premiou a mulher do ex governador do Rio de Janeiro, com um anelzinho que custou a bagatela de R$ 800.000,00, segundo  que se lê e se ouve por aí afora. É o da Delta, empresa de construção criada em 1961. Esse mesmo Fernando foi mimado por grandes figuras da República, entre os quais   Mendonça Filho, Eduardo Campos, Dilma, Lula... E para quem não se lembra, Chico Heráclito inspirou o comediante cearense Chico Anysio a compor o personagem Coronel Limoeiro.
Clique:


ESCOLA ESTADUAL JOSÉ XAVIER CORTÊZ

Trinta e dois Km e duas horas depois chegamos à Escola Estadual José Xavier Cortêz, localizada no extremo Sul da cidade de São Paulo. No carro que nos levou, estávamos ao lado de Patrícia e do próprio Cortêz, uma honra. À entrada da escola nos aguardava a diretora Célia, muito simpática e atenciosa. Meia hora depois, às 9, uma multidão de crianças se postava atenta às palavras do patrono da escola. Cortêz teve exibido um filme sobre suas origens e depois colocou-se à disposição da meninada - e dos professores - para perguntas. Em dois momentos, Cortêz fez-me falar à meninada. De novo senti-me honrado. Isso foi no último dia 18. A escola estadual José Xavier Cortêz tem nos seus registros 870 crianças matriculadas, na faixa que vais até 13 ou 13 anos. O filme sobre Cortêz chama-se Como um Rio. Clique:


segunda-feira, 17 de outubro de 2016

ANDREA BOCCELLI VAI À PRISÃO


O Brasil se acha entre os cinco países com maior número de gente nas cadeias.
Há pouco, um locutor de rádio disse que em Rondônia uns vinte presos haviam sido barbaramente mortos por outros presos, numa rebelião que começou ontem. Tudo indica ser rixa entre facções criadas no Rio de Janeiro e em São Paulo.
No começo da tarde de hoje, o jornalístico Hoje, da tevê Globo, exibiu reportagem feita no presídio Adriano Marrey numa cidade da grande São Paulo, Guarulhos. Nessa reportagem, aparecia um grupo de cerca de 30 detentos interpretando músicas do repertório popular. Na platéia, digamos assim, achava-se o tenor italiano Andrea Boccelli.
A segunda quinta-feira deste mês, outubro, caiu no dia 13. Dia de sorte. Nesse dia eu atendi a convite para assistir, no Alianz Park, a um concerto de Boccelli. Fui com minha filha Ana (foto) e nos encantamos.

Mais de 45.000 pessoas lotaram a arena que tem por titular o clube Palmeiras, possível campeão do Campeonato Brasileiro em andamento.
Andrea Boccelli cantou, cantou e cantou, emocionando a todos, que se manifestaram em palmas torrenciais.
Gente é gente, não é bicho.
As pessoas que cometem crimes e por eles respondem nas prisões não são bichos, são gente, sociáveis, ressociáveis....
O tenor italiano, que perdeu a luz dos olhos aos 12 anos de idade, sabe disso. Sabe tanto que hoje cantou, emocionado, ao lado de pessoas que cumprem pena por seus crimes na prisão Adriano Marrey. Não foi à toa que Boccelli disse que jamais esquecerá o que presenciou lá. E ele disse isso para todos que lá estavam, alto e bom som, chegou até a aconselhar alguns detentos cantores, músicos, a nunca deixar de praticar a arte da música.
Quem duvida que Deus existe, repense: Ele se manifesta de maneira incrível através da garganta de Andrea Boccelli.


Eu só fiquei chateado por uma coisinha nessa história toda:  Boccelli atendeu à reportagem da Globo e não a mim. Ah! Daqui mando um abraço ao amigo Luís Carlos Franco.

domingo, 16 de outubro de 2016

BOB DYLAN E TONICO E TINOCO

O mundo continua caindo de pau no laureado compositor baladeiro Bob Dylan. Para ele, tanto faz receber ou não paulada, por causa do Nobel que acaba de receber. Aliás, a láurea lhe renderá cerca de um milhão de dólares, bom, né?
É bobagem essa história de que o cara não é literato. Ora, boa parte dos poemas de sua autoria tem inegável valor literário. Na verdade, há apenas dois tipos de literatura: a boa e a ruim.
Música em disco é uma invenção relativamente nova. No Brasil essa invenção chegou em 1902 e a primeira voz humana nacional gravada foi a de Manoel Pedro dos Santos, o Bahiano, para a Casa Edson do Rio de Janeiro.
A música gravada, trouxe letra do poeta Xisto Bahia (1841-1894). Título Isto É Bom, lundu. A discografia mundial está recheada de pérolas poéticas.
Ali por 1909, 1910, Bahiano e Mario Pinheiro gravaram o belíssimo poema de Castro Alves, O Gondoleiro do Amor.
Claro, o autor jamais poderia imaginar que enriqueceria o repertório musical do nosso País.  Há muitas gravações desse poema, ouçam a versão da dupla Tonico e Tinoco:



O Gondoleiro do Amor foi escrito em 1867 para a atriz do teatro português Eugênia Câmara, paixão retumbante do poeta baiano. Eugênia nasceu dez anos antes do poeta em 1837, e morreu três anos depois dele. Castro Alves partiu para a Eternidade com apenas 24 anos de idade. Ah, O Gondoleiro do Amor foi publicado originalmente no livro Espumas Fluctuantes, em Portugal. Uma curiosidade para os mais próximos: um exemplar dessa edição eu presenteei ao querido Elomar Figueira Mello.

PROFESSOR

Ontem foi o dia do professor, mas nem deu prá comemorar. Nos últimos meses, só em São Paulo, mais de quarenta mil professores pediram boné e partiram para outras ocupações, triste, não é? Para preencher as vagas, o governo começa a convocar 21.000 professores aprovados no último concurso público. Enquanto isso, a turma da Câmara Federal aprova a 100ª Proposta de Emenda Constitucional, PEC 241, que limita a farra do governo com a verba pública. Tomara que isso não prejudique ainda mais as áreas de saúde e educação. E ninguém fala em Cultura, por que?



quinta-feira, 13 de outubro de 2016

O NOBEL E A ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS


Quase toda hora que liguei o rádio ou a tevê hoje, ouvi falas meio nervosas de intelectuais como quê empalhados em pensamentos rococós, segundo os quais os integrantes da Academia Sueca piraram etecetera e tal  Diziam, imaginem, Bob Dylan ganhar o Nobel de Literatura!
O que é que tem a ver Bob Dylan com Geraldo Vandré e Joan Baez?
Baez começou a carreira em 1959. Tinha dezoito anos de idade, mesma idade do Dylan. Aliás, Robert Zimmerman aguentou a Baez por pouco tempo e vice versa, quer dizer: viveram pouco tempo juntos.
Em 1963, o paraibano Geraldo Vandré lançava o seu primeiro disco de 78 Rpm. Um ano antes, mais precisamente no dia 09 de julho de 1962, Dylan entrava em estúdio e gravava um de seus clássicos populares: Blowing in the Wind, que estouraria primeiramente nas paradas através do trio Peter, Paul and Mary.

A essa altura, Baez já era um nome com assento no Olimpo, precocemente.
Dylan é fanho e não canta bem, mas compõe bem; mesmo tomando para si temas do folclore da sua terra, como essa canção que fala do vento.
Acho que ele fez jus ao prêmio.
Ouço via rádio e tevê, que letra de canção não é poesia. Ora, às favas quem acha isso!
O poeta baiano Gregório de Matos, carinhosamente chamado de Boca do Inferno por sua língua ferina, tem poemas de sua autoria musicados até hoje por muita gente. Maria Alcina, por exemplo, o canta e o canta muito bem. O Boca é do séc. 17. Antes dele, também entre nós circulam poemas musicados, ou seja musicas do português Luís de Camões, que nasceu em 1524 e foi pro céu em 1580.
Fernando Pessoa, português como Camões, também tem sua obra passeando na boca das pessoas na forma de música.


Bob Dylan é conhecido no mundo todo como roqueiro, ator, compositor...Ele tem uns três ou quatro livros publicados e participou de alguns filmes pelos quais ganhou dois Oscar. Ele também ganhou o Pulitzer e vários Grammy. Meio mundo o considera um artista de esquerda. Ele nunca disse sim nem não sobre suas posições políticas. Como Vandré, aliás.
Uma vez perguntei a Joan Baez sobre, digamos, as esquisitices do Dylan. Ela desconversou rindo, e continuamos a conversa por outro viés.
Baez é um mito das esquerdas e como tal reconhecida em qualquer lugar que chegue. Eu fui responsável pelo encontro entre ela e Vandré aqui no Brasil. Um belo encontro, diga-se de passagem.
A Academia Sueca, criada em 1901, deixou de reconhecer o talento de inúmeros escritores como Tolstoi, Joyce, Paul Valéry, Luís Borges; sem falar em brasileiros merecedores da láurea como Machado de Assis, Graciliano Ramos, Gilberto Freyre, Guimarães Rosa, Augusto dos Anjos, Drummond, Bandeira...Cecília Meireles também merecia, como Lígia Fagundes Teles.
Apesar da voz, eu gosto do Dylan.
Ah! Acho essa uma boa oportunidade para os Membros da Academia Brasileira de Letras começarem a pensar em laurear os poetas da nossa música popular
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