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segunda-feira, 19 de junho de 2023

CHICO BUARQUE 79 ANOS

Foi num dia como hoje, segunda-feira, que nasceu o carioca Francisco Buarque de Hollanda. O ano era 44 e o mês, junho. Dezenove de junho.
O tempo passou, pois não para de passar, esse Francisco virou Chico Buarque. Compositor, cantor, uma fera da arte musical no campo popular.
Chico é uma sumidade na profissão que abraçou.
Como cidadão, Chico é completo. Sempre soube o que quis, para si e para o Brasil. Sua obra enriquece a nossa música popular. Tem centenas de títulos registrados em compactos simples e duplos, LPs, CDs e DVDs.
Incomodou os milicos que tomaram as rédeas do destino do Brasil durante 21 anos, a partir de 1964.
Fora isso, Chico Buarque é também nome de destaque no campo da literatura. Tem vários romances e peças de teatro, como Gota D'água, Roda-Viva e Calabar.
Seu pai, Sérgio Buarque, deixou marcas na área da História e Sociologia. Um dos seus livros clássicos tem por título Raízes do Brasil, cuja primeira edição data de 1936.
A primeira composição musical de Chico Buarque foi intitulada Canção dos Olhos. Tinha 15 anos de idade. O sonho de Chico, digamos assim, era compor tão bem como o seu chamado "maestro soberano", Tom Jobim.
A primeira composição musical de Chico foi gravada pela cantora Maricenne Costa, em 1964. Título: Marcha para um dia de Sol.
Discos e livros de Chico Buarque têm sido publicados em vários países e nas línguas mais diversas: francês, inglês, alemão, japonês, italiano, espanhol, grego... 
Em junho de 1983, há 40 anos pois, fiz entrevista com Chico. Foi na Capital paulista e a entrevista publicada em julho daquele ano na Revista Homem. Confira: "NÃO GOSTO DE SER FILHO DE TODO MUNDO, MAS SE AS PESSOAS QUEREM ME ADOTAR, ACHO UM SINAL DE JUVENTUDE SAUDÁVEL"

HISTÓRIAS DE ESQUINA

O cartunista Fausto e eu acabamos de dar ponto final ao livro Histórias de Esquina. Já está no prelo e até o começo do próximo mês, nas nossas mãos. O prefácio traz a assinatura do maestro paulistano Júlio Medaglia. Uma amostra desse livro está aí embaixo. 

SARAMAGO NÃO MORREU

A morte não tem idade, mas tem vida. 
Num dia qualquer de fim de ano ocorre num país imaginário a continuidade da vida sem prazo para parar, por iniciativa da morte. 
Pois é, derrepentemente as pessoas param de morrer. Criança continua crescendo e os crescidos, homens feitos, continuam suas trajetórias rumo à imortalidade. Velhos continuam velhos, cada vez mais velhos; e doentes, doentes com a possibilidade de não morrer.
O livro As Intermitências da Morte, de José Saramago (1922-2010), começa com a morte tirando férias e as pessoas, homens e mulheres, vivendo a possibilidade de nunca morrerem.
É pra lascar, né não?
Não é de hoje que, na realidade, muita gente sonha com a imortalidade em vida. O tema se acha na literatura de todo canto.
Desse assunto trata um dos livros do checo Milan Kundera, A Imortalidade. E por aí vai.
O Nobel português Saramago abordou o tema com leveza e certa graça. Já nas primeiras páginas do livro, a população do país imaginado pelo autor não morre nem a pau, nem a tiros. Todos lá estão condenados a viver eternamente.
O afastamento da morte em vida preocupa, porém, autoridades de todos os setores do cotidiano. A começar pelo Clero, representado por um cardeal que procura o Primeiro Ministro do imaginado país para expor suas preocupações óbvias: sem morte não há ressurreição e sem ressurreição não há igreja.
E assim segue o enredo do livro que tem, lá pras tantas, um violoncelista como personagem de grande destaque. Esse personagem não tem nome, mas fica-se sabendo que tem 50 anos de idade. A Morte se apaixona por ele e ele, por ela. Terminam na cama. 
Depois do rola-rola, nenhum dos dois morreu.
Saramago não dá nome a nenhum de seus personagens, mas o narrador de As Intermitências da Morte cita Bach uma dezena de vezes, Chopin três ou quatro, Beethoven duas ou três, e o escritor francês Marcel Proust, autor do livro Em Busca do Tempo Perdido (1917)
Curiosidade: Saramago, que era ateu, cita na sua obra Deus em 16 ocasiões.
Quem conhece a obra de José Saramago pode até dizer, como eu, que a morte não o matou.
Ah! Sim: a leitura do livro As Intermitências da Morte dura sete horas e alguns minutos, ininterruptamente. 

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