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sábado, 16 de dezembro de 2023

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (60)

Em 1978, eu era repórter da Folha.
No suplemento dominical desse jornal, Folhetim, fui às ruas, apartamentos e bordéis para ouvir e registrar histórias vivas ocorridas com prostitutas de idades diversas com atuação na Capital paulista. Foram depoimentos incríveis, tocantes.
Para formar a reportagem intitulada A Luta Eterna das Damas da Calçada, publicada na edição de 4 de dezembro da Folha, ouvi o então delegado geral de polícia, Tácito Pinheiro Machado e até um rufião famoso chamado Hiroito Joanides (1936-1992), que anos depois publicaria um livro contando suas origens e trajetória criminosa na "boca do lixo" paulistana, local de tudo quanto é crime até os dias de hoje.
Ah! Sim, ia me esquecendo de dizer que já nos anos de 1970, antes até, São Paulo tinha uma área mais ou menos especial em que prostitutas e travestis praticavam o comércio sexual. Isso, aliás, é recordado por Hiroito: “O comércio sexual saiu da periferia e alcançou rapidamente vários pontos do centro da cidade”.
Em 1992, o vereador Zé Índio apresentou projeto na Câmara para “confinar” prostitutas, travestis e tal. O local em vista era o Sambódromo. Houve uma gritaria dos infernos. A população reclamou e depois de tanto reclamar o vereador recuou dizendo que “Sou o autor do projeto e não quero que algo assim tenha qualquer ligação com o Sambódromo. Essa área deve ser criada em lugares afastados da cidade”. Mas aí já era tarde.
O extinto jornal paulistano Notícias Populares em manchete de 1ª página, edição de 4 de dezembro de 1992, estampou: São Paulo ganha o 1º putódromo - Sambódromo viral bordel!
Fica o registro.
Essa reportagem, que à época da sua publicação provocou polêmica, compartilho com vocês a partir de agora.

A rua dos destinos
Desgraçados faz medo
O vício estruge
Ouvem-se os brados
Da danação carnal...


"Tenho dois filhos, um menino e uma menina. Ambos são lindos. A garotinha, hoje com 13 anos, quer ser médica. Vou fazer o possível e até o impossível para que ela seja médica. Se sou, ou fui, uma senhora casada? Não. Cai na realidade aos treze anos, no interior da Bahia. Nem sei quem é, ou quem são os pais dos meus filhos" - Elvira Baiana Lopes de Almeida, 40 anos, em São Paulo desde 1957.

É a meretriz que
De cabelos ruivos bramando
Ébria e lasciva hórridos
Uivos na mesma esteira
Pública recebe entre
Farraparias e esplendores
O erotismo das classes
Superiores e o orgasmo
Bastardissimo da plebe!

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