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segunda-feira, 28 de junho de 2010

O JUMENTO É NOSSO IRMÃO. DAQUI A POUCO: BRASIL X CHILE

Muitos mortos e milhares e milhares de desabrigados.
É isso o que se vê de cara em várias cidades de Pernambuco e Alagoas, após chuvas e barragens estouradas.
Faltam água potável, energia elétrica, roupas e alimentos.
Mas há solidariedade, com jumentos inclusive contribuindo mais uma vez na recomposição da vida nessa nova tragédia nordestina de extensões lamentáveis.
Os jumentos são chamados quando tudo ou quase tudo se perde.
Foram eles de grande importância na formação do País.
Luiz Gonzaga cantou:
"O jumento é nosso irmão, quer queira ou quer não. O jumento sempre foi o maior desenvolvimentista do Sertão. Ajudou o homem na lida diária, ajudou o homem, ajudou o Brasil a se desenvolver. Arrastou lenha, madeira, pedra, cal, cimento, tijolo, telha. Fez açude, estrada de rodagem. Carregou água pra casa do homem...”.
E repetia o Rei do Baião:
“O jumento é nosso irmão”.
E o que faz o homem em agradecimento?
O próprio Gonzaga respondia:
“Castigo, pancada, pau nas pernas, pau no lombo, pau no pescoço, pau na cara, nas orelhas. O jumento é bom, o homem é mau. E quando o pobre não agüenta mais o peso de uma carga e se deita no chão, vocês acham que o homem chega e ajuda o bichinho a se levantar? Hum... Pois sim! Faz é um foguinho debaixo do rabo dele”.
E acrescentava:
“Animal sagrado. Serviu de transporte pra Nosso Senhor quando ele ia para o Egito. Quando Nosso Senhor era pirritotinho. Todo jumento tem uma cruz nas costas, não tem? Pode olhar que tem. Todo jumento tem uma cruz nas costas. Foi ali que o menino santo fez um pipizinho, por isso ele é chamado de sagrado (...). Eu reconheço o teu valor, tu és um patriota, tu és um grande brasileiro!".
Ao contrário de tantos e tantos outros brasileiros...
Já não há tantos jumentos no Nordeste, por uma razão pura e simples: estão se acabando pela maldade humana. Esse processo foi acelerado após a morte do escritor cearense Antônio Vieira, homônomo do padre português, em 2003, que desenvolveu uma enorme e necessária campanha de preservação dos jumentos.
Prefeitos da região chegaram a encher caminhões e caminhões com esses animais e os abandonaram nas estradas, à própria sorte.
E qual sorte?
Nenhuma, pelo contrário: atropelados e mortos, em muitas casos em buracos rasos; e vivos.
Os jumentos estão sendo substituídos rapidamente por motos e carros velhos, baratos.
Um jumento custa hoje algo em torno de R$ 1,00, enquanto uma moto pode ser comprada em prestações a se perder de vista.
E um cabra mau, quanto custará?

BRASIL X CHILE
- Daqui a pouco a seleção do Dunga entra em campo. Tomara que essa vez não amarre o jogo, que jogue bonito, como fizeram Alemanha e Argentina ao despacharem Estados Unidos e México. Dessas partidas, confesso, só não gostei da atuação dos árbitros...

sexta-feira, 25 de junho de 2010

JOGO SEM JOGO, FOI O QUE SE VIU NO CAMPO

Pois é, contemplei o placar previsto imaginando um jogo bonito, equilibrado, com passes, firulas, gols. Tanto, que cravei no imaginário 3x2. Seria de bom tamanho, tanto pra um, quanto pra outro lado.
Foi pífio, porém, o resultado final, com acréscimos e tudo: 0x0.
Muita porrada de ambos os lados.
Lamentável, sob todos os ângulos.
Não vi beleza na partida. Nenhuma.
Jackson do Pandeiro, diria: esse jogo não pode ser 1x1.
Eu acrescentaria: nem 0x0.
Péssimo.
Ninguém foi bom na partida, nem no primeiro nem no segundo tempo.
Lamentável.
E reclamar a quem?
O meu amigo José ficou horrorizado, estarrecido por tudo que viu em campo.
Eu?
Fiquei envergonhadíssimo.
O 13 de Campina Grande teria se saído melhor, pois arriscaria e não partiria para a violência, como se viu.
Fazer o que?
A minha filha Clarissa, que também não gostou nem um pouco do que viu, resmungou ao meu lado:
- Pai, você faria melhor. Tanto como técnico, como jogador em qualquer posição.
Modestamente, também acho.
Baixa o pano.
Fui!

quinta-feira, 24 de junho de 2010

BRASIL 2; PORTUGAL 3. OU VICE-VERSA

Essas coisas como são em si, só Deus sabe!
Deus?
Saramago dizia que não existe Deus.
Talvez deuses.
Mestre Tinhorão também acha que Deus é invenção.
O que acho?
Sei lá!
Estudei em colégio de padres e caí na vida antes de atormentar freirinhas bobas. Muitas lindas, maravilhosas, aliás.
Conheci umas, algumas. Mas sem duplas interpretações...
Nasci virgem, e o viver me fez gente, homem. Um pouco brucutu, talvez. Mas homem, e cheio de amor pra dar...
Tive filhos, sou avô e faço da vida a alegria maior.
A vida é de graça, mas nós - não sei a razão - a complicamos.
Ao dizer estas coisas, devaneio.
Lembro mestre Cascudo.
Cascudo uma vez me disse que somos todos mestres.
Também acho, inclusive porque filosofamos o tempo todo. E filosofar é tentar a razão de viver.
Acessem o deus Google.
Não confio nesse tal, mas o acessem nesse caso. Encontrarão entrevista que me deu há nem sei quantos anos.
Vale a pena.
Esta conversa toda só pra dizer que amanhã a Seleção vai perder de 3 x 2 ou ganhar de 3 x 2 o que, rigorosamente, significará o mesmo.
Assistirei ao jogo tomando umas, junto com o meu amigo José e minha filha Clarissa.
O Dunga?
Quando tivermos uma seleção genuinamente nacional, com jogadores jogando no Brasil defendendo a camisa da bandeira, aí, sim, a minha torcida será 100%.
O que acho disso tudo?
Aqui: o nosso rico futebol lá fora, nos deixa pobres aqui.
Quero de novo ver no futebol improvisações como as de Mané, o grande Mané, o mestre da ginga, do gingado, a que se refere o querido Ives.
Garrinha foi o poeta repentista no campo da bola.
É isso, Roniwalter.
Vamos ao campo!
3 x 2.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

A LIÇÃO DE UM BRASILEIRO CHAMADO PARREIRA

Quero aqui dar prosseguimento ao texto de ontem, que teve no brasileiro Carlos Alberto Parreira um dos personagens ou temas.
Mas antes não posso deixar de dizer que notícia de rádio e TV eu acompanho desde pixote.
Sou de seca e de chuva.
Enchente matando gente e bicho também morrendo à toa no meu Nordeste querido quase sempre acontece, mas nem todo mundo dá fé.
Lá inda é assim, e com toda modernagem do mundo.
O noticiário se espalha.
Agora mesmo, vejo na TV o repórter de voz empostada dizer com cara de espanto fingido:
- 32 mortos e mais de mil desaparecidos.
No rádio, o número aumenta.
E nem é dez da noite.
Deus me perdoe: até parece que há torcida pela desgraça.
O noticiário:
- O governo liberou 100 milhões...
Um pedaço do Nordeste se afogando, se acabando em cores na TV que pede gols que trouxeram à tona o nome de um brasileiro bem-educado chamado Parreira.
Nos 70, os meus amigos Zé, Lula, Jarbas e Geraldo Azevedo se afogaram nos fundos do Capiberibe.
Explico: uma obra de arte de valor sem tamanho engendrada por eles foi pro beleléu nas águas fedorentas do rio que corta Recife.
Sobraram poucos exemplares daquela obra, para privilegiados.
Chamava-se Paemberu.
Novamente um pedaço do Nodeste volta a se afogar, como em 1985.
Lembro de Patativa do Assaré e do poema que fez, Seca d´Água, musicado por Chico e Fagner e interpretada pelo rei do baião Luiz Gonzaga, Paulinho da Viola, João do Vale, Elba, Roberto Ribeiro, Alcione, Gilberto Gil, Amelinha, Elza Soares, Ivan Lins, Beth Carvalho, Carlinhos Vergueiro, Erasmo, Cris Buarque...
O poema é este:
“É triste para o Nordeste o que a natureza fez
Mandou cinco anos de seca e uma chuva em cada mês
E agora em 85 mandou tudo de uma vez
A sorte do nordestino é mesmo de fazer dó
Seca sem chuva é ruim
Mas seca d’água é pior
Quando chove brandamente depressa nasce um capim
Dá milho, arroz e feijão, mandioca e amendoim
Mas com em 85 até o sapo achou ruim
Maranhão e Piauí estão sofrendo por lá
Mas o maior sofrimento é nessas bandas de cá
Pernambuco, Rio Grande, Paraíba e Ceará
A sorte do nordestino é mesmo de fazer dó
Seca sem chuva é ruim
Mas seca d’água é pior
O Jaguaribe inundou a cidade de Iguatu
E Sobral foi alagada pelo Rio Acaraú
O mesmo estrago fizeram Salgado e Banabuiu
Ceará martirizado, eu tenho pena de ti
Limoeiro, Itaíçaba, Quixeré e Aracati
Faz pena ver o lamento dos flagelados dali
Seus doutores governantes da nossa grande nação
O flagelo das enchentes é de cortar coração
Muitas famílias vivendo sem lar, sem roupa, sem pão
A sorte do nordestino é mesmo de fazer dó
Seca sem chuva é ruim
Mas seca d’água é pior”.
Bom, o que eu queria dizer, mesmo, é que Parreira demonstrou, com o seu gesto humano, de ser civilizado diante do técnico da seleção francesa, Raymond Domenech, que o mundo não se acaba apenas com uma/ou numa partida de futebol.
Sim, o seu gesto foi sublime; e foi sublime por ter sido feito de forma espontânea, principalmente.
Viva o Brasil!
Para o inferno quem pense que pátria não é coração.

terça-feira, 22 de junho de 2010

MARADONA, DUNGA E O FRANCÊS. ALGO A VER?

Demichelis abriu o placar aos 32 do segundo tempo e Palermo aos 42 o fechou com um belíssimo gol no estádio Peter Mokaba.
A Grécia penou na unha da Argentina.
Primeiro porque precisava ganhar de qualquer jeito e não ganhou. Nem se esforçou, foi o que nos pareceu a nós pobres mortais, tamanho o medo que demonstrou pelos adversários, em campo.
Jogou fechado, na retranca, tremendo.
Esse o seu erro; o seu principal erro. E fatal.
Resultado: acabou ganhando passaporte de volta, antes do tempo previsto; e de mãos abanando.
Na partida de morte pra Grécia, Demichelis deu provas de que se recuperou das besteiras que fez no jogo contra os sul-coreanos semana passada.
Messi fez misérias, como era esperado; mas não fez gol. Dominou a bola por diversos momentos, brincou com ela correndo pra lá e pra cá, deu tiros, bombas, arremessou torpedos na trave etc. e tal e só.
Por um momento pareceu o Ronaldo português, em jejum de gols há um século.
Mas eu pergunto: será que o danado do Messi não está se preparando pra pegar o Dunga com gosto na sexta?
Palermo fez o que fez: dois chutes a gol e um fuzilamento inevitável, sem dó.
Maradona, bem, Maradona continua impossível, parecendo estreante em estado de êxtase.
Sim, a fênix Maradona é o retrato sem retoques da vida em ebulição: parece até estar fazendo o mundo girar mais rápido a sua volta.
Ele merece.
Os argentinos o merecem.
Os torcedores, também.
Copa é graça, talento, prazer, alegria.
Já o treinador francês... Um horror!
Os franceses, no entanto, não devem se envergonhar do desempenho da sua seleção nesse Mundial, mas, sim, do treinador Raymond Domenech, que – absurdo dos absurdos – chegou a recusar o cumprimento do treinador brasileiro Carlos Alberto Parreira, do selecionado da África do Sul, que, aliás, também foi eliminado. Só que de forma natural, com classe, com categoria, respeito, dignidade.
Que Dunga se espelhe nele.
E no Maradona, por que não?
O ex-capitão da seleção que ganhou o tetracampeonato nos Estados Unidos em 1994 tem tido um comportamento também lamentável, com sua cara fechada, boca de poucas palavras e gestos não muito próprios de um cidadão bem-educado.
Como alguém pode estar de mal com o mundo quando tudo lhe corre bem, hein? Acho que só os infelizes de natureza.
Por que Dunga é infeliz?
Ah! Sim, o técnico da seleção brasileira em 94, chefe do Dunga, era Parreira.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

PRA ONDE VAI SARAMAGO: INFERNO OU CÉU?

Na terra-berço do espanhol José de Anchieta, fundador de São Paulo, cerrou os olhos na madrugada de hoje o escritor português José Saramago, que deixa bonita e vasta obra para os que virão depois.
Nos anos 90 o autor de Ensaio Sobre a Cegueira, levado às telas pelas mãos do brasileiro Fernando Meirelles em 2008, foi galardoado com os dois mais importantes prêmios literários do mundo, o Camões e o Nobel.
Antes disso, de virar romancista, ele fez muita coisa na vida, "menos pedir emprego". Foi tradutor, jornalista...
Tornou-se famoso também pelo talento invulgar de gerar polêmicas.
Costumava dizer tudo o que lhe vinha à telha, gostassem ou não.
Enfureceu a Igreja Católica e boa parte dos portugueses quando lançou O Evangelho Segundo Jesus Cristo; bem escrito e tal, mas não era para tanto.
Foi por causa desse livro, diga-se, que ele trocou a terra onde nasceu por uma das ilhas do arquipélago das Canárias, Lanzarote, de onde costumava sair para palestrar.
Mais recentemente lançou Caim, na verdade o seu último livro.
Ao publicar Caim, os carolas lhe caíram de pau.
Os mais radicais não gostaram do texto e nem do que disse da boca pra fora: ou seja, que a Bíblia “é um manual de maus costumes” e também um reles “catálogo de crueldade e do pior da natureza humana”.
Nem o papa Bento atual escapou da língua ferina dele.
Comunista convicto e ateu de primeira hora, Saramago afirmava que Deus não existe, tampouco o céu, o paraíso e o purgatório, segundo ele, hoje em crise; mas o pecado sim, existe como invenção da Igreja.
Para Saramago, “a insolência da Igreja” deveria ser combatida “pela insolência da inteligência viva”. Na ocasião em que disse isso, em outubro do ano passado, ele também acusou o Papa de cinismo.
O cantador baiano Elomar Figueira Mello não gostava da fala de Saramago.
Elomar também torceu o nariz para o filósofo Nietzsche (Friedrich; 1844-1900), que compartilhava da mesma opinião do autor de Jangada de Pedra.
Nietzsche, aliás, achava que “Deus está morto, mas insepulto”.
Como Bach, a obra de Elomar é toda composta em louvou “ao criador do céu e da terra”, ou seja: em louvor a Deus.
O tema é bom.
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FUTEBOL
- Surpresas continuam a ocorrer nos gramados gelados da África do Sul: hoje de manhã, por exemplo, o mundo viu a rede dos alemães balançar com um gol dos sérvios. Essa vitória embolou legal o Grupo D.
- E a Argentina de Maradona botando banca, hein?
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FUTEBOL & MÚSICA
- Hoje tem vinho na Livraria Martins Fontes, onde estarei recebendo amigos e amantes do futebol e da música. O motivo é o recém lançado livro A Presença do Futebol na Música Popular Brasileira, que traz como capa uma obra especial do grafiteiro Kobra e uma apresentação assinada pelo são-paulino Ives Gandra da Silva Martins. Junto ao livro, um CD com a gravação da primeira música sobre o tema futebol. Endereço: Avenida Paulista, 509, perto da estação Brigadeiro do metrô.
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MÚSICA
- Agendem-se: os irmãos Maria José e Antônio Carlos Carrasqueira se apresentam domingo 27 no Teatro do SESI, interpretando obras de Bach e Domenico Scarlatti. Maria é pianista lotada no Departamento de Música do Instituto de Arte da Unicamp e Antônio professor do Departamento de Música da USP. Ambos são filhos e herdeiros musicais do flautista João Dias Carrasqueira.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

ACESSE RECORD NEWS, HOJE ÀS 22 HORAS

Conversa tranquila, espontânea mesmo.
Fórmula simples: três cadeiras lado a lado, hoje no ar a partir das 22 horas, com o metaleiro João Gordo no meio, eu numa ponta e o diretor de arte da revista Placar, Rodrigo Maroja, na outra.
Comandando a prosa, o experiente Celso Freitas.
Em torno da Copa, muita fala solta.
A gravação foi há pouco.
Falou-se sobre o desempenho da estréia da Seleção ontem em campo, da nova cutucada de Maradona em Pelé, chamado de “moreno da camisa 10” pelo “loiro” portenho; da música brasileira, da culinária africana, incluindo churrasco de girafa; dos torcedores daqui e dos de lá, com suas vuvuzelas irritantes a incomodar até ouvidos moucos, mas minimamente sensíveis.
Enriquecendo o quadro a repórter Adriana Bittar, diretamente de África.
Do Rio de Janeiro Maurício Torres, que está melhor do que nos tempos de Plim, Plim.
O que nos levou ao bate-papo com Freitas foi a exposição fotográfica Placar 40 Anos, que pode ser vista na FAAP até o fim do mês, e o livro A Presença do Futebol na Música Popular Brasileira, que lancei oficialmente anteontem no Museu do Futebol, após palestra no Auditório Armando Nogueira e que me levará a uma noite de autógrafos com vinho e tal depois de amanhã 18 na Livraria Martins Fontes, à Avenida Paulista, 509.
João Gordo foi o contraponto da conversa, inclusive por ser medalha da casa.
Não vou entrar nos detalhes.
Convido vocês a acessar o canal 42 da TV aberta ou os canais 93 (digital) e/ou 55 (TVA) para se inteirarem d papo rolado.
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TEATRO
- Recebo e-mail de Adriana Balsanelli e Fernanda Teixeira, da Arteplural Comunicação, informando sobre a prorrogação em cartaz da peça O Poeta e as Andorinhas até 28 de novembro, no Teatro Imprensa (Rua Jaceguai, 400, Bela Vista). As sessões acontecem aos sábados e domingos, às 16 horas (a partir de 3 de julho). De graça, os ingressos podem ser retirados uma hora antes do início do espetáculo, na bilheteria do teatro. A peça traça de certa maneira a trajetória do escritor inglês Oscar Wilde. Trata principalmente dos contos de fada escritos por ele: O Rouxinol e a Rosa, O Príncipe Feliz e O Aniversário da Infanta. Há referências também ao romance O Retrato de Dorian Gray. Mais informações pelo telefone 3241.4203.
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JUNINA
- Grande animação está prevista para os dias 24 e 27 próximos no Clube Pinheiros. informações pelos telefones 3598.9780 e 9204.5694.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

MPB: CORINTHIANS É O TIME MAIS CANTADO

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(Clique no título e ouça a mais nova música sobre a seleção brasileira)
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Não esquecer, agendar: Hoje às 19 horas estaremos no Auditório Armando Nogueira do Museu do Futebol, num bate-bola sobre a relação do futebol com a nossa música. Em seguida, lançaremos o livro A Presença do Futebol na Música Popular Brasileira, cuja capa é do artista plástico Kobra e a introdução do tricolor paulista Ives Gandra da Silva Martins. O livro, que traz encartado um CD com uma música assinada por mim e pelo parceiro Jarbas Mariz e outras duas, incluindo a primeira composta sobre o tema (“Foot-Ball”), traça a trajetória do futebol no Brasil a partir da música popular. A edição, cuja direção é da produtora Andrea Lago, é de luxo: couchê, quatro cores etc., saída das máquinas moderníssimas da TypeBrasil, de São Paulo. A Presença do Futebol na Música Popular Brasileira traz muitas curiosidades, entre as quais:
- A primeira música sobre o Campeonato Mundial de Futebol: um cateretê intitulado “A Copa do Mundo”, de Raul Torres e Serrinha, lançado em 1938, pela Columbia.
- A primeira moda de viola sobre o tema: “Futebol”, de Alvarenga, Ranchinho e Ariowaldo Pires, o Capitão Furtado, lançada em abril de 1936, pela Odeon.
- A primeira marcha humorística abordando o tema, entremeada com política: “É Sopa, 17 a 3”, de Eduardo Souto, lançada também em 1936, pela Odeon.
- A primeiro tango dedicado a um time brasileiro: “Fluminense”, de Américo Jacomino, o Canhoto, lançado pela Odeon.
- As primeiras músicas sobre a Seleção e os “canarinhos”, surgidas a partir de 1950: “Vingamos Maracanã”, de Denis Brean e O. Guilherme, com Coro e Orquestra Columbia; “O Frevo do Bi”, de Braz Marques e Diógenes Bezerra, com Jackson do Pandeiro; “Pra Frente, Brasil”, de Miguel Gustavo, com Demônios da Garoa; “A Taça do Mundo é Nossa”, de Maugeri, Dagô e Lauro, com Titulares do Ritmo.
- Músicas em homenagem a Pelé, o jogador mais lembrado na música popular brasileira. Algumas: “Pelé e o Brotinho”, de João Chamo e Souza Cruz, lançada pelo selo Carnaval por volta de 1958; “Pelé, Pelé”, de Alceu Menezes, composta em 1959, gravada no ano seguinte pela Orquestra e Coro e nesse mesmo ano, em janeiro, lançada ao mercado pela extinta RGE. “Pelé”, de Oiram Santos; “Ataca Pelé”, de Tico-Tico; “Marcha do Pelé”, de Paulo Borges e Magdalena Correia; “Pelé”, de Amasílio Pasquim e Caçulinha; “Rei do Futebol”, de Wilson Batista e Jorge de Castro; “Marchinha do Pelé”, de Alvarenga e Ranchinho”; “Coitadinho do Pelé”, de Mariano Nogueira; “Pé de Pelé”, de Cambuí e Nhô Zé; “O Rei Pelé”, de José Gomes Filho, o Jackson do Pandeiro; “O Nome do Rei é Pelé”, de Jorge Bem. - Terminada a chamada “Era Pelé”, Zico passou a ser o jogador mais lembrado pelos compositores. Algumas músicas nas quais é citado: “Saudades do Galinho”, de Moraes Moreira, “Galinho de Briga”, de Fagner, “Brazuca”, de Gabriel O Pensador, “Camisa 10 da Gávea”, de Jorge Benjor.
- Dentre os clubes de futebol, o mais cantado por compositores e intérpretes é o Sport Club Corinthians Paulista. Algumas músicas sobre o Timão: “Vasco x Corinthians”, de Baptista Júnior, gravada por ele próprio e lançada à praça em 1929;“Corinthians x São Paulo”, de Nhô Pai e Nhô Fio; “São Paulo x Corinthians”, de Murilo Caldas; “Corinthians x Palmeiras”, de José Fortuna; “Campeão do 4º Centenário”, de Alfredo Borba; “Corinthians, Campeão do Centenário”, de Billy Blanco; “Campeão dos Campeões”, de Lauro d´Avila; “Brazão Preto e Branco (Hino ao Corinthians”), “Corinthians Religião”, de padre Aparecido e Nélson Correia; “O Corinthians Dando Olé”, de Bráulio de Castro e Castanha; “Corinthians, Campeão de Amores”, de Geraldo Cunha, Antônio Albino e Osinete Marinho; “Transplante Corinthiano (“Coração Corinthiano”), de Manoel Ferreira, Ruth Amaral e Gentil Júnior; “Vai, Corinthians”, de Oswaldinho da Cuíca e Papete; “Corinthians, Alegria do País”, de Aldo Zarim e Nelsinho Melo; “Bandeira do Timão”, de Elzo Augusto.
- Artistas que compuseram obras sobre a temática do futebol. Alguns: Benedito Lacerda/Pixinguinha (“1 x 0”), Wilson Batista/Jorge de Castro (“Samba Rubro-Negro”) Noel Rosa (“Conversa de Botequim”), Lamartine Babo (“Sempre Flamengo!”), Antônio Borba (“Goal do Brasil”), Antônio Sergi/José Luiz da Silveira (“A Taça é Nossa”), Lupicínio Rodrigues (“Grêmio Futebol Portoalegrense”), Chico Buarque (“O Futebol”), Sérgio Ricardo (“Beto Bom de Bola”), Rolando Boldrin (“Moda do Corinthiano”), Paulinho Nogueira (“O Jogo é Hoje”), Luiz Queiroga (“Escola de Feola”), Milton Nascimento/Fernando Brant (“Aqui é o País do Futebol”), Zé Fidélis (“Vasco x Arsenal”), Teddy Vieira/Zé Carreiro (“Bi-Campeão Mundial”), Zé Fortuna (“Pelé e Rivelino”), Jacob do Bandolim (“Vascaíno”), Gilberto Gil (“Balé da Bola”), Waldyr Azevedo/Edinho (“Mengo”), Luiz Gonzaga/Zé Dantas (“Siri Jogando Bola”).

sábado, 12 de junho de 2010

IVES GANDRA: "UM GINGADO QUASE DANÇA"

Claro, fico feliz toda vez que topo com alguém que tem algo a mais a dizer.
Isso não é fácil, principalmente nos tempos bicudos de hoje, quando tudo é correria e objeto.
No caso aqui, no que se refere mais específicamente à cultura popular, posso dizer que sou um ser privilegiado.
Privilegiadíssimo, melhor dizendo.
Quantos Ives Gandra da Silva Martins o Brasil tem?
Quantos Tinhorões?
Quantos Vandrés?
Quantos Chicos?
Quantos Suassunas?
Equivocadamente, uma ou outra pessoa me chama de sábio ou mestre.
Deus do céu! Arrepio-me todo.
Sou novo ainda.
E saber tem a ver um pouco com idade e, principalmente, com antiguidade.
No tocante ao Brasil, mestres são esses citados; mais Gilberto Freyre, que disse que só me atenderia para entrevista se eu lesse toda a sua obra.
À época, fins dos 70, eu trabalhava como repórter para o jornal Folha de S.Paulo.
Cascudo foi mais generoso.
Aproveito a deixza para reproduzir texto de Ives Gandra para o livro A Presença do Futebol na Música Popular Brasileira, que será lançado segunda 14, no Museu do Futebol, às 20 horas; antes um bate-bola como quem estiver por lá.
Você vai?
O texto é este:
"A imprensa, especialmente a européia, elogiou o fantástico malabarismo dos jogadores brasileiros de ataque, comandados por Luiz Felipe Scolari, no Mundial realizado na Coréia e no Japão em 2002. Foram elogios verdadeiros, acertados, justos, pois para os estrangeiros é muito difícil entender o gingado, quase dança, dos nossos atletas em campo.
Não, não dá pra estrangeiro nenhum imitar o bailado dos nossos jogadores. É um bailado rimado, ritmado; é como se jogassem ao som de uma música regida por um maestro invisível exemplar. É isso que deixa os estrangeiros embasbacados, maravilhosamente estupefatos. Diante disso é até fácil qualquer compositor musicar os passos sensacionais de um Ronaldo ou Ronaldinho Gaúcho, de um Denílson ou de um Roberto Carlos, por exemplo.
Estou convencido de que a nossa música popular antecede o futebol e o ritmo próprio do jogador brasileiro. Isso vale tanto para a dança, quanto para o domínio de bola dos nossos craques.
Lembro do velho são-paulino Estevan Sangirardi, que dizia que o bom futebol é música no ar.
Pois bem, sobre este trabalho, sobre este livrinho oportunamente intitulado A Presença do Futebol na Música Popular Brasileira que Assis Ângelo agora, em boa hora, nos presenteia, posso dizer que é, por sua originalidade, uma relíquia que deve ser lida e guardada com muita atenção e carinho, pois mostra tanto a beleza dos nossos jogadores em campo, como a criatividade sem par dos nossos compositores populares, desde Ary Barroso e Lamartine Babo, passando antes por Pixinguinha, um pioneiro em tudo que fez, até Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro.
Assis é um estudioso das nossas coisas, das raízes brasileiras e por quem tenho uma admiração muito grande. Repito: este livrinho é uma pérola notável por seu conteúdo, por seu tema até aqui nunca abordado por nenhum outro pesquisador ou escritor brasileiro.
IVES GANDRA MARTINS,
Do Conselho Consultivo e sócio nº 46 do São Paulo Futebol Clube".

sexta-feira, 11 de junho de 2010

EM TORNO DO MEU NOVO LIVRO, UM PORRE

Antes de tudo, convido vocês para uma prosa em torno do mais importante torneio futebolístico do mundo...
Bonito, mas o melhor talvez seja eu dizer: convido vocês para juntos brindarmos a realização do mais importante espetáculo esportivo do mundo...
Não, talvez: o mais importante evento cultural, a Copa, que mobiliza o mundo...
Direto: o mais importante evento multitudo do planeta bola faz o globo girar 360 graus em segundos...
Enfim, às vésperas do primeiro centenário de gravação da primeira música a ver diretamente com o futebol no Brasil, “Foot-Ball”, e da realização da 19ª Copa do Mundo na África do Sul, entre 11 de junho e 11 de julho, tento fazer no meu novo livro uma retrospectiva inédita em torno do assunto que desde os primeiros anos do século passado tem inspirado artistas brasileiros dos mais diversos calibres e gêneros, desde os grandes Benedito Lacerda/Pixinguinha (“1x0”) a Jacob do Bandolim (“Vascaíno”); passando por Wilson Batista/Jorge de Castro (“Samba Rubro-Negro”), Ary Barroso (“O Brasil há de Ganhar”), Francisco Alves/Ismael Silva/Nilton Bastos (“Nem é Bom Falar”), Noel Rosa (“Conversa de Botequim”), Lamartine Babo (“Sempre Flamengo!”) e Chico Buarque (“O Futebol”).
Além desses, outros compositores abordaram o tema nas suas obras, como Haroldo Lobo/David Nasser (“Fla-Flu”), Rolando Boldrin (“Moda do Corintiano”), Palmeira/Celso dos Santos (“Balanço do Garrincha”), Capiba (“O Mais Querido, Santa Cruz”), Luiz Gonzaga/Hugo Costa (“Hino do Batistão”), Papete/Osvaldinho da Cuíca (“Vai Vai Corinthians”), Hianto de Almeida/Jurandi Prates (“Meu Flamengo, meu Brasil”), Gérson Filho (“Maracanã”), Adauto Santos (“O Torcedor”), Antônio Borba (“Goal do Brasil”), Antônio Sergi/Gennaro Rodrigues (“Hino S. E. Palmeiras”), Lupicínio Rodrigues (“Grêmio Futebol Portoalegrense”), Sérgio Ricardo (“Beto Bom de Bola”), Tom Zé (“Neto, do Corinthians”), Odair Cabeça de Poeta (“Mulher Corintiana”), Toquinho (“Corinthians do meu Coração”), Teixeirinha (“Bom de Bola”), Roberto Mário (“Meus Parabéns, Flamengo”, Milton Nascimento/Fernando Brant (“Aqui é o País do Futebol”) e Gilberto Gil (“Balé da Bola”), sem falar de craques do humor, como J. Baptista Júnior (“Futebol”), Chico Anísio/Irvando Luiz (“Gol de Placa”), Ernesto Palazzo (“Futebol Complicado”), José de Vasconcelos (“O Futebol e o Italiano”), Zé Fidélis (“Vasco x Arsenal”) e Carlos Alberto de Nóbrega, interpretado por Ronald Golias (“Copa do Mundo”).
Muitos artistas da área rural também abordaram o tema, como Teddy Vieira/Zé Carreiro (“Bi-Campeão Mundial”), Alvarenga/Ranchinho/Ariowaldo Pires (“Futebol”) e Zé Fortuna, que, ao lado de Pitangueira, compôs “O Adeus de Pelé” e, sozinho, “A História dos Times” e “Pelé e Rivelino”.
Pelé, que já foi tema de trintenas de músicas no Brasil e no Exterior, vez ou outra se arrisca também a compor. São suas, por exemplo, “Meu Mundo é uma Bola” (1971), “Em Busca do Penta” (2002) e “Sou Brasileiro”, essa em parceria com Edson, da dupla desfeita com o irmão Hudson, e Flavinho, lançada no Programa da Hebe, do SBT, na noite de 5 de abril de 2010. Curiosidade: o time mais cantado no Brasil, até no campo da literatura de cordel e da poesia improvisada ao som de violas, é o Sport Club Corinthians Paulista, pela torcida chamado de Coringão ou Timão.
Pois bem é por aí, acho...
O selecionado africano tinha hoje tudo para ganhar do México. Jogou melhor etc. Empatou. Houve acomodação. Clima de que ganhamos etc. Uruguai x França também foi jogo empatado no 0 x 0.
Arriba!
A nossa seleção estreia dia 15, contra a nervosa Coreia do Norte.
Vinte e quatro horas antes da derrota do Coreia por 3 x 0, reunirei, a partir das 19 horas, amigos velhos, novos e futuros no Museu do Futebol, aqui em São Paulo, capital (Praça Charles Miller, s/n), para um porre em torno do meu novo livro: A Presença do Futebol na Música Popular Brasileira.
Vamos todos lá?
A idéia é lotar o estádio do Pacaembu...

quinta-feira, 10 de junho de 2010

CULTURA POPULAR E CRESCIMENTO DO PAÍS

Como eu disse outro dia: algo muito importante está ocorrendo no Brasil.
Isso de todos os lados, de todas as formas.
Nunca, na minha vida, ouvi dizer que o crescimento de um país atrapalha o desenvolvimento do próprio país.
Pois é: até isso está ocorrendo nos dias de hoje, no Brasil.
Basta ler ou ouvir o noticiário, para constatar o que digo.
Isso também quer dizer que o Brasil tem de correr, de preparar seus filhos profissionalmente, educacionalmente para ocuparem os primeiros lugares em todos os rankings, com categoria e respeito.
O presidente diz: consumam!
E todos consomem.
Mas para consumir, para evitar que crises externas contaminem a economia interna, é preciso trabalhar.
E tome trabalho!
Quando eu disse no último ou penúltimo texto postado neste espaço que algo muito importante está ocorrendo no país, é porque está.
Eu me referia, basicamente, à questão da cultura popular.
Até lembrei Villa-Lobos e Mário de Andrade.
A cultura popular não precisa de protetor, de tutor, de defensor etc. Precisa isto sim, que se olhe para ela e com ela se aprenda de maneira verdadeira como se deve aprender.
A cultura popular é canal da aprendizagem.
O que ocorreu ontem em Juazeiro do Norte, CE, no auditório do Centro Cultural do BNB foi uma das coisas mais bonitas que já vi.
O motivo foi Patativa do Assaré, nome de edital lançado pelo Ministério da Cultura.
Estavam lá grandes repentistas como Geraldo Amâncio. Também poetas do batente ou de bancada como, Chico Pedrosa. Cordelistas, como Klévisson Viana, Marco Haurélio.
Minutos atrás tomei conhecimento de que o Tribunal Superior Eleitoral foi a favor do povo, validando por 6 x 1 o projeto ficha limpa para as eleições deste ano.
Quer dizer: neguinho condenado pela Justiça não vai mais encontrar guarida no voto popular, inclusive porque o seu lugar é na cadeia e não num gabinete...
É isso.

NOTÍCIA TRISTE
- Em Juazeiro, fiquei sabendo do passamento do meu amigo cantador Diniz Vitorino. Foi lá pras bandas de Venturosa, PE, sábado último. Ele chegava em casa, quando foi traído pelo coração. Partiu assim mais um baluarte da cultura popular.

ANA RAIO
- Por acaso, ao ligar a TV ontem para assistir performance de Ayrton Mugnaini no programa do Arnaldo Duran, fui surpreendido pelo repeteco da novela Ana Raio & Zé Trovão, com Célia & Celma e Almir Sater. Gostei. E muito!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

CORDELISTAS EM FESTA, EM JUAZEIRO, CE

Cultura popular é a reunião de tudo ou de quase tudo que é feito pelo povo e sua imaginação, no caso as rezas, as ladainhas, novenas, cantigas de ninar, as histórias de encantado, carochinha, fadas, de Trancoso, como ainda se diz em Portugal.
Do povo por não se saber exatamente que fez.
Também a literatura escrita, como a feita pelos cordelistas; as histórias passadas de geração a geração, de boca em boca, anônimas, pela via da oralidade, são coisas que enriquecem o populário, e de tabela uma região ou um país.
Nisso, o Brasil é riquíssimo.
O rio-grandense do Norte Luís da Câmara Cascudo (1898-1986) foi um dos mais fiéis recolhedores dos saberes do povo; senão o maior, um dos maiores intérpretes da alma popular. no seu famoso Dicionário do Folclore Brasileiro não encontrei a expressão em verbete cultura popular. Diante de tal ausência, e até mesmo para preencher a lacuna, uma vez lhe perguntei no silêncio de sua casa, na capital do Rio Grande do Norte:
- O que é cultura popular?
E ele, desembaraçado, gigante na sua arena de conhecimentos gerais, respondeu com impressionante segurança, e didático:
- Cultura popular é a que vivemos. É a cultura tradicional e milenar que nós aprendemos na convivência doméstica. A outra é a que estudamos nas escolas, na universidade e nas culturas convencionais pragmáticas da vida. Cultura popular é aquela que até certo ponto nós nascemos sabendo. Qualquer um de nós é um mestre que sabe contos, mitos, lendas, versos, superstições, que sabe fazer caretas, aperta mão, bate palmas e tudo quanto caracteriza a cultura anônima e coletiva.
Foi um mestre, sem dúvida, Luís da Câmara Cascudo.
.......................
MAIS CULTURA/CORDEL
- Amanhã, às 8 da manhã, será lançado edital anunciando o Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel, pelo Ministério da Cultura. O evento ocorrerá no Centro Cultural do Banco do Nordeste-Cariri, à rua São Pedro, 337, centro de Juazeiro do Norte, CE. Repasso e-mail que acabo de receber:
“Ministério da Cultura lança edital em Juazeiro do Norte (CE) que contemplará 200 projetos, com investimento total de R$ 3 milhões. É a primeira ação de incentivo desde a regulamentação da profissão, em janeiro deste ano. Na ocasião, serão contemplados artistas da região do Cariri Cearense selecionados no edital Microprojetos Mais Cultura.
Poetas, editores, produtores e pesquisadores que atuam com as culturas populares agora têm um prêmio de incentivo a suas produções. É a primeira ação de incentivo ao cordel desde a regulamentação da profissão, em 14 de janeiro. O Ministério da Cultura lança na próxima terça-feira, dia 8, em Juazeiro do Norte (CE), o Edital Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel 2010 - Edição Patativa de Assaré, que fará a seleção de 200 iniciativas culturais vinculadas à criação e produção, pesquisa, formação e difusão da Literatura de Cordel e linguagens afins. Estão orçados R$ 3 milhões, distribuídos entre as iniciativas contempladas.
As inscrições encerram-se no dia 30 de julho de 2010.
O prêmio vem ressaltar a importância da Literatura de Cordel como patrimônio imaterial brasileiro, entendendo sua unicidade e papel fundamental na construção da identidade e da diversidade cultural brasileira. Podem concorrer poetas, repentistas, cantadores, emboladores e demais artistas populares e profissionais da cultura em quatro categorias: Criação e Produção (apoio à edição e reedição de folhetos de cordel, livros, CDs e DVDs); Pesquisa (dissertações de mestrado, teses de doutorado ou reedição de livros publicados até 10 de março de 2010); Formação (projetos que contribuam para a formação de profissionais que atuam em áreas que dialogam com a Literatura de Cordel e suas linguagens afins, como cursos, seminários, etc) e Difusão (eventos e produtos culturais que contribuam para a valorização e propagação da cultura popular, como feiras, mostras, festivais e outras iniciativas).
Na ocasião do evento, serão entregues as premiações aos selecionados do Microprojetos Mais Cultura no Cariri. Ao todo, foram mais de 1.200 projetos de artistas, produtores culturais e grupos artísticos da região do semiárido contemplados no edital, com valor total de R$ 13,5 milhões. Cada projeto recebeu entre um e 30 salários mínimos. Esse foi o primeiro edital do MinC direcionado ao financiamento de pequenos projetos culturais do semiárido”.

domingo, 6 de junho de 2010

O BAIÃO COMO PATRIMÔNIO CULTURAL

Cultura popular, como a própria expressão sugere, é o que há de mais importante como identificação ou chancela da vida e do comportamento naturais de um povo.
No caso do Brasil, embora país ainda relativamente novo a ocupar o mapa mundi, é dos mais ricos e importantes dentre todos; desde a sua localização e extensão geográfica privilegiadas à população propriamente dita, que hoje beira a casa dos 200 milhões de habitantes.
Por outro lado, contam-se nos dedos os países cuja dimensão territorial é maior ou chega perto dos nossos mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados. Com um detalhe: quase todos se entendendo numa mesma língua; a exceção fica por conta de alguns grupos indígenas.
Só o Nordeste ocupa área em torno de 1,5 milhão de km2.
Não é pouco, pois nesse espaço caberiam mais de um Peru, dois Chiles, quase três Franças, quatro Alemanhas, cinco Filipinas, 11 Hungrias, 14 Cubas, 16 Portugais, 20 Dinamarcas, mais de 30 Holandas, mais de 40 Itálias...
Os nove Estados no total que formam a região são, por ordem alfabética, estes: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe, onde vivem pelo menos 30% da população do País, segundo dados do IBGE.
Faço este preâmbulo para dizer que algo muito importante, de fato, está ocorrendo às nossas barbas, pois não tenho notícia de que algum governo em qualquer época, além do atual, tenha insistido na procura de meios para discutir e valorizar a questão cultura popular.
Vargas fez muito pouco, quase nada.
À época, iniciativa nesse sentido, extremamente tímida, foi pessoal: Villa-Lobos, que andou recolhendo cantigas infantis na Paraíba.
Também de iniciativa particular, foi o que fez o escritor e musicólogo Mário de Andrade, com suas viagens pelo Nordeste.
Muitos gêneros musicais espontâneos, como o samba e o jongo, de origem africana, são hoje patrimônio cultural do Brasil.
Quem sabe o baião como gênero musical estilizado por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira também o seja em breve; que sabe, ainda este ano...
Amanhã voltarei ao assunto.
Ah! A foto que ilustra este texto eterniza um dos nossos encontros com o Rei do Baião, em São Paulo dos anos 70.

sábado, 5 de junho de 2010

GERALDO E XICO: NOVO ANO E NOVO LIVRO

O colega jornalista Geraldo Nunes completou ontem 52 anos de idade, e não de rádio. O bota-fora ocorreu no bar-restaurante Quintal Brasil, em Santana, zona Leste da cidade, ao som de músicas que ao longo do tempo têm embalado torcedores da Seleção Brasileira. Recado ao Dunga. Quase à exaustão, se ouviu noite adentro em coro uniforme a marcha A Taça do Mundo é Nossa, de Maugeri, Dagô e Lauro, composta após a conquista da Copa de 58, na Suécia. Festa e tanto, com as mesas ocupadas e brindes de todos os gostos rolando à vontade: guaraná, cerveja, cana, uísque. Também não faltaram bolo, pizza e a inevitável canção Parabéns pra Você, da paulista Bertha Celeste, vencedora de um concurso musical realizado no Rio de Janeiro, em 1942, pela velha Tupi.
Acompanhado por violão, baixo, teclados e bateria, o aniversariante ocupou o microfone da casa e interpretou músicas do jovem repertório dos anos 60, quando Roberto Carlos era chamado de rei.
Senti a falta do seresteiro Roberto Luna.

XICO SÁ
- Não esquecer: segunda 7, a partir das 19 horas, tem livro novo do confrade Xico Sá, na matriz da Livraria Cultura, esquina da avenida Paulista com a rua Augusta, loja da Record. Também tem um vinhozinho...

REVIVENDO MÚSICAS
- O selo Revivendo está lançando CDs com hinos da Copa do Mundo, dos times de futebol brasileiros e de vários países. Vale a pena tê-los.

REVISTA DA FOLHA
- O engenheiro Peter Alouche manda e-mail informando sobre boa matéria que a revista da Folha de S.Paulo publicará amanhã, sobre as novas estações do Metrô. Destaque: as novas portas de plataforma que estão sendo instaladas no sistema metroviário paulistano, sob a chancela da Trends Tecnologia. Uma frase do Peter, a ser lida na matéria: "Não adianta sonhar. Nunca vamos chegar ao nível de Paris, onde o endereço da pessoa inclui também o endereço da estação de metrô mais próxima". Sei não, mas esse "não adianta sonhar" não é própria do Peter, um cara extremamente alto astral, positivo e sempre esperançoso e positivo em tudo que faz. Hora dessa vou tirar isso a limpo.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

O CHABADABADÁ DE XICO SÁ NA CULTURA, 2ª

O superantenado confrade cearense do Crato Xico Sá, pérola bruta resultante da poeira do sertão, aí na foto com cara de besta, está convocando amigos velhos, novos e futuros para com ele festejar a vinda à vida de mais um rebento seu a quem batizou de Chabadabadá, que, aliás, já nos chega todo pimpão anunciando as “aventuras e desventuras” de um emblemático “macho perdido e da fêmea que se acha”.
Perdido e sem GPS, diga-se.
Xico é ser tinhoso, de pontaria certeira e viciada nas sereias que fazem timbungo no mar dos copos de águas ardentes deste Brasil varonil.
Amém!
O comes e porres ou caximbo, como se diz lá pelas bandas do nordeste de meu Deus do céu, está marcado pra segunda 7 à noite, ali pelas 19, no lugar chamado Livraria Cultura, loja Record, do Conjunto Nacional plantado na esquina da Paulista com a outrora chique e enfeitada de brotinhos Rua Augusta, cantada e freqüentada nos 60 por Ronnie Cord e sua tchurma embalada no pique dos 120 por hora:

...No Anhangabaú eu botei mais velocidade
Com três pneus carecas derrapando na raia
Subi a galeria Prestes Maia
Tremendão!

Hay, hay, Johnny
Hay, hay, Alfredo...

Imagine-se isso hoje.
Mas vamos ao que interessa:
Xico é jornalista dos bons, acelerado que só, com textos todos os dias alegrando e instruindo leitores dos mais diversos jornais e revistas do País, e com tempo ainda para participar de livros alheios, clipes, filmes e discutir futebol com gente do naipe do eterno Magrão do Corinthians e da Seleção, o Sócrates, quem não lembra, hein?
Pois bem, estamos combinados: segunda-feira que vem, vamos pegar o autógrafo do Xico, tomar umas e aprender um pouco de suas safadezas.
Enfim, navegar é preciso.
Viver, também.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

NA RECORD NEWS, UM PAPO SOBRE CULTURA

Conversa em torno de cultura popular gravada segunda passada para o programa Entrevista Record Cultura, apresentado com categoria e zelo pelo confrade Arnaldo Duran, vai ao ar hoje às 22 horas pelos canais 42 (TV aberta), 93 (TV digital) e 55 (TVA). O nosso bate-papo teve a participação especialíssima dos emboladores Peneira e Sonhador. Falamos de muitas coisas legais, incluindo literatura de cordel, repente e música popular brasileira, tudo entremeado pelos pandeiros de bela afinação pilotados pelos craques do coco de embolada linhas atrás citados. Duran, um perguntador e tanto, afiadíssimo na prosa como poucos, fez o programa render graça e muita informação.
Ao seu lado, fiquei completamente à vontade.
De uma hora aproximadamente, a nossa conversa voou. Foi ótima.
Falamos da minha produção em torno da cultura popular, incluindo livros e discos.
Na roda, Pascalingundum! Os Eternos Demônios da Garoa, já esgotado, e que deve virar filme ainda este ano; e o áudio-livro O Poeta e o Jornalista, que acabo de lançar pela Universidade Falada.
O poeta do título é o cearense Antônio Gonçalves da Silva, eternizado como Patativa do Assaré, e o jornalista...
Não ficaram de fora da conversa os CDs Inéditos do Capitão Furtado e Poetas Nordestinos dos Séculos XIX e XX e o filme Saudade do Futuro, de Cesar Paes e Marie-Clémence, de produção franco-brasileira que teve por base um dos meus livros, A Presença dos Cordelistas e Cantadores Repentistas em São Paulo, e que, estranhamente, continua inédito nos cinemas brasileiros, embora muito premiado no Exterior, desde a Europa aos Estados Unidos.
Claro, falamos também do meu novo livro: A Presença do Futebol na Música Popular Brasileira, que será lançado no próximo dia 14, no Museu do Futebol instalado no estádio do Pacaembu, cá em Sampa.
Sim, foi bonita a prosa, pá!
Vale uma espiada.
Ah! Quero agradecer aos colegas Marcelo Bonfá, produtor executivo da Record News, pela sensibilidade na direção da entrevista; e a Juliana Godoy, pela pré-produção e envio da foto que ilustra este texto.

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