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quarta-feira, 30 de abril de 2014

DORIVAL CAYMMI E CARLOS LACERDA: 100 ANOS

O tempo passa rápido, tanto que nem esperou o cantor e compositor baiano Dorival Caymmi para comemorar com ele e amigos o seu primeiro centenário de nascimento, completado hoje.
Dorival foi o artista brasileiro que mais e melhor cantou a alegria dos mares.
Ele entrou para a eternidade como o autor e intérprete de canções praieiras.
A história de Dorival, sem duvida é encantadora.
Começou por baixo, como qualquer brasileiro simples, fazendo pequenos serviços e se dedicando ao desenho, à pintura, ao jornalismo e logo depois, completamente, à música.
Dorival começou a sua história de artista da musica brasileira no Rio de janeiro dos anos 30.
Após trocar Salvador pelo Rio, ele fixou residência na Capital de São Paulo, onde compôs algumas de suas canções imortais, como Maracangalha.
Maracangalha, palavra de sua criação, significa algo como um país. Um país imaginário como Passárgada, de Manuel Bandeira e o Viagem a São Saruê, de Manoel Camilo dos Santos, que geraria no final dos anos 60, País de São Saruê, de Wladimir Carvalho.
Uma coisinha: Dorival carregou consigo a ideia de que era um preguiçoso.
Certa vez, com o intuito de esclarecer esta questão, lhe perguntei se de fato se considerava um preguiçoso.
Ele soltou uma risada e brincando disse: “Não sou preguiçoso. Se me consideram assim, paciência…”
Ainda lhe perguntei porque não gravava mais. Depois de outra risada disse: Ninguém me procura…”
Melhor do que  falar de  Dorival Caymmi é ouvir Dorival Caymmi.
Viva Dorival!
Canções Praieiras:http://www.youtube.com/watch?v=DjLzz7dho2U

CARLOS LACERDA: Hoje também completaria 100 anos de vida o carioca Carlos Lacerda, o mais brilhante orador político do Brasil. Lacerda, pivô do suicídio de Getúlio Vargas, adorava declamar poesias e ler os textos de Willian Shakespeare.
Lacerda, ex-governador da Guanabara, legou a posteridade, além da sua historia, 3 LPs que registram a sua performance pela literatura nacional e estrangeira.
Ele deixou também muitos inimigos.



segunda-feira, 28 de abril de 2014

Eu e Inezita


Eu e Inezita Barroso concordamos com muita coisa.

Que a música brasileira está bagunçada e o Brasil musicalmente não sabe o que quer.

E a música caipira é uma bobagem. É caipora. Que bom que fosse, se eles entendessem dessa forma.

Mas não. E foi assim, conversa andando, que Inezita me disse essas coisas por telefone.

E caiu numa risada. E lembrou, entusiasmada, que no último prêmio troféu imprensa, que o Carlos Alberto Nóbrega, ao receber o seu troféu, disse:

-Quem deveria receber esse prêmio seria a Inezita Barroso.

“E ai, Assis, Chorei”.

E ai Inezita me contou que não gosta do Silvio Santos, embora tenha participado do seu programa em tempos outrora.

Ai eu disse: Viva!

E disse também: “Não da para comparar o apresentador Silvio Santos com os outros dai.

E ela caiu numa risada.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

SHAKESPEARE, GONZAGA E MANEZINHO ARAÚJO?

O que há em comum entre Luiz Gonzaga, Manezinho Araújo e Shakespeare?
Mané e Gonzaga, respectivamente rei da Embolada e rei do Baião, eram pernambucanos; o primeiro da cidade do Cabo e o segundo, de Exu.
No mais, nos conhecemos e nos fizemos amigos.
Shakespeare nasceu há séculos e era natural de uma cidadezinha simpática, hoje com cerca de 30 mil habitantes, chamada Stratford-upon-Avon, localizada ao sul de Birmingham, na Inglaterra do lendário rei Artur das histórias e romances de cavalaria medievais.
Nascido no dia 23 de abril de 1564, Shakespeare morreu exatos 51 anos depois, ou seja, no dia 23 de abril de 1616.
Gonzaga nasceu em 1912, dois anos depois de Manezinho, de quem se fez amigo após muitos desentendimentos.
Gonzaga gravou músicas de Mané, que gravou músicas de Gonzaga.
A primeira música que o Rei do Baião gravou cantando foi a mazurca Dança Mariquinha, dele e do cearense Miguel Lima, em abril de 1945. Nesse mesmo  mês, no dia 11, Gonzaga gravava a a polca Impertinente, ambas pela extinta Victor.
E o que fazia Manezinho Araújo exatos 12 anos antes?
No dia 11 de abril de 1933 o cabense Manezinho se achava gravando o seu primeiro disco, que trazia de um lado Minha Prantaforma e Se eu Fosse Interventô, emboladas clássicas de sua autoria.   
Com as devidas proporções e gêneros, os três são grandes.

terça-feira, 22 de abril de 2014

ROBERTO CABRINI E O BRASIL

Um tanto sorumbático por razões diversas, deixei de preencher este espaço ontem com texto alusivo ao feriadão em homenagem à memória do mineiro Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes e dos 19 anos de ausência entre nós de outro mineiro, Tancredo Neves, o único presidente do Brasil que foi sem ser, isto é: eleito não tomou posse por apresentar uma série de complicações que o levaram primeiro ao Hospital de Base em Brasília, e depois ao Hospital das Clínicas, em São Paulo.
Tancredo foi a via de travessia entre o regime militar iniciado em 1964 e a redemocratização vigente desde 1985.
Hoje eu poderia falar um pouco sobre o achamento do Brasil pelo português Pedro Álvares Cabral, no dia 22 de abril de 1500.
Prefiro falar a respeito de um personagem contemporâneo em plena atividade profissional: Roberto Cabrini.( ao meu lado, com a editora do portal Por Dentro da Mídia, Luciana Freitas).
O piracicabano Cabrini iniciou a profissão de repórter aos 16 anos de idade, cobrindo partidas de futebol.
Aos 17 anos ele era contratado pela Rede Globo de televisão.
Foi o mais novo profisisonal de jornalismo até contratado pela plim plim.
Fiquei sabendo disso ontem de manhã ao ouví-lo falar no programa Morning Show, no ar pela Rede de Rádio Jovem Pan.
Foi uma entrevista e tanto.
Ex-correspondente de guerras em várias partes do mundo, Roberto Cabrini especializou-se na cobertura de reportagens perigosas: É o mais eficiente profissional de reportagens investigativas no Brasil.
A sua eficiência profissional refletida no programa Conexão Reporter, do SBT, nos orgulha a todos.
Na vida pessoal, também agitada, Cabrini se destaca também como um cidadão exemplar. Não à toa, ele diz que a importância de uma reportagem está no que ela pode transformar para melhor a vida de pessoas, comunidade ou país.
Cabrini não acredita em reportagens que não levem a mudanças sociais.
Viva Cabrini e a sua aposta por uma sociedade melhor.


INVASÃO BAIANA. Ontem a noite, dei uma esticada até o Vale do Anhangabaú, onde se apresentavam artistas do solo baiano. Entre as atrações Márcia Castro, Baiana System e o veterano Pepeu Gomes. Pepeu, como convidado especial, foi a diferença do projeto denominado Invasão Baiana. Aliás, uma denominação sem graça e pra lá de dúbia. Enfim, já se passou o tempo de invasão de brasileiros em terras brasileiras: brasileiros visitam e trabalham por seu território, sem necessariamente invadí-lo.

domingo, 20 de abril de 2014

HOJE É DIA DE JOANNA

Ela não é cantora, compositora e não toca sanfona, piano, nem tuba; tampouco flauta, piston, viola, violão ou clarineta. Aliás, ela não toca nenhum instrumento musical, embora seja amiga de virtuosos, tanto da música popular quanto de eruditos.
Ela é das antigas, do tempo em que o rádio ainda ganhava forma no Brasil e a seca em São Paulo levava ao desespero do racionamento d´água e energia elétrica que fazia os bondes deslizarem nas linhas com seus passageiros.
Ela é do tempo em que a cidade paulistana era habitada por cerca de 700 mil pessoas; tempo da Revolução Esquecida liderada pelo general de pijamas Isidoro Dias Lopes que feriu e matou muita gente a tiros e a bombas atiradas por aviões da força federal comandada pelo presidente Artur Bernardes.
Ela é do tempo em que Cornélio Pires engatinhava com seus projetos culturais pioneiros na pauliceia desvairada de Mario de Andrade.
Sim, ela não é paulista nem paulistana, mas por seus olhos viu passar muitas histórias de amor, guerra e paz. Seu nome: Joanna de Arruda Câmara Neiva, hoje viúva, avó e bisavó.
Joanna nasceu no Rio de Janeiro, num domingo como este, de Pascoa, há exatos 90 anos.
Ela faz parte de uma multidão de brasileiros que tem pra lá dessa idade.
Viva Joanna!

sexta-feira, 18 de abril de 2014

EDUCAÇÃO X IGNORÂNCIA

A inteligência e a simplicidade fazem de Romário de Souza Faria uma pessoa rara neste universo terrível de inversões de valores em que vivemos.
Carioca da safra de 66 e tetracampeão mundial de futebol pela Seleção Brasileira em 1994 http://www.youtube.com/watch?v=iGTOGYRZCno, Romário é um cidadão ciente de seus direitos e deveres, tanto que quer implantar nas escolas de níveis fundamental e médio uma matéria de iniciação às normas constitucionais, feitas e aprovadas no Congresso para dar rumo e sustentação a este País tão brutalmente judiado pelos poderosos de plantão desde sempre.
Eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro com quase 150 mil votos em 2010, Romário diz que fará tudo para ver aprovado seu projeto de conscientização cidadã nas escolas. Mas para que isso ocorra é preciso antes mudar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
Aguardemos, não é?
Há uns seis ou sete anos deixamos no Congresso a ideia de se trazer de volta às escolas o ensino básico da música. Nesse sentido, projeto foi aprovado pela ex-senadora Rosenana Sarney, mas até agora nada.

PUTAS TRISTES
O DESAPARECIMENTO DO ESCRITOR Gabriel Garcia Marques por si só é uma tristeza infinda, mais triste ainda é ouvir, como ouvi hoje no começo da madrugada, um apresentador da Rádio Jovem Pan se recusando a pronunciar o título de uma das últimas e belas obras do autor, Memórias de Minhas Putas Tristes. Gaguejando, o moço do microfone da Pan fez o ouvinte pensar que se tratasse o título de um palavrão.
Infelizmente é assim que se acha o rádio hoje, cheio de ignorantes, pedantes e preconceituosos.
Dá nisso não estudar.

terça-feira, 15 de abril de 2014

MOACYR FRANCO E LUIZ GONZAGA

Billy Fontana iniciou a carreira de artista em 1959, gravando um disco de 78 voltas com as músicas Baby Rock e Nairobi, acompanhado pelo conjunto musical Rockmarkers.
Billy era Moacyr Franco.
Nesse mesmo ano Roberto Carlos também dava início a sua discografia, com os temas bossa-novistas João e Maria e Fora do Tom.
Moacyr não tem nada a ver com Jovem Guarda e Bossa Nova, embora no correr do tempo tenha gravado nos mais diversos modos musicais, incluindo sambas, boleros e até marchinhas de carnaval; além de algumas versões estrangeiras, com sucesso.
A ver com Roberto, Erasmo e Wanderléia, que apresentavam o programa Jovem Guarda na antiga TV Record, na Miruna, tem o locutor e produtor musical Antônio Aguillar, um cara bom de papo e em dia com histórias e cidadania.
Nesse ponto, especialmente, há algo em comum com Moacyr.
O cantor, compositor, ator e humorista mineiro Moacyr Franco é do tipo que a gente sabe só fazer o bem e acha que solidariedade e amizade são palavras inventadas pra ele.
Em torno de Moacyr existem muitos causos e histórias curiosas.
Uma dessas histórias ocorreu há poucos dias, quando Aguillar o convidou para abrilhantar uma de suas festas feitas para homenagear com jantares e troféus nomes da Jovem Guarda, como seus amigos Roberto (acima, entre Darlan Ferreira e Aguillar), Erasmo &Cia.
Marcada para acontecer – como aconteceu - num clube da Avenida Paulista, a festa começou pontualmente.
Moacyr chegou atrasado, justificando que batera seu carro, fato que o fez perder  algum tempo registrando a ocorrência em delegacia. Depois ele cantou, abraçou todo mundo e recebeu os mais prolongados aplausos da noite.
Grande Moacyr!
Acima, comigo e amigos num intervalo da gravação do CD Inéditos do Capitão Furtado e Téo Azevedo.

REI DO BAIÃO
Audálio Dantas e seu parceiro de estripulias fotográficas Tiago Santana lançam hoje no Teatro Dragão do Mar, em Fortaleza, o livro Céu de Luiz, no caso, Luiz Gonzaga. A chancela é da Editora d’Imagem, com apoio do Sesc paulista.
Esse livro seria antecedido por uma exposição que faríamos em parceria com o Instituto Memória Brasil, IMB, no Centro Cultural BNB de Fortaleza, mas o BNB não apostou no projeto e bau, bau, pois o centenário de nascimento de Luiz havia expirado. Pois é, este parece ser mesmo o País “dos ganchos” e das efemérides,
pois sem isso as bancas oficiais que administram verbas públicas direta ou indiretamente não bancam nada, principalmente se tiver a ver com memória e cultura popular brasileiras.

domingo, 13 de abril de 2014

NOÉ, LATIFUNDIÁRIO E MISANTROPO

Antes de tudo, uma história: no começo não havia nada, só escuridão e silêncio.
Aí Deus, que não tinha o que fazer, inventou de brincar.
E foi então que Ele criou o Paraíso, também chamado de Jardim do Éden; no caso a Terra ou o mundo, como queiram.
E surgiram os pássaros, os peixes, o fogo, o garfo, a faca e bons pratos à base de peixe e camarão feitos pelos chefes Adão e Eva e seus ajudantes de cozinha Abel e Caim, sendo o primeiro assassinado pelo segundo durante uma disputa por rabo de saia.
A vida monótona de Adão e Eva, que desfrutavam do bom e do melhor sem pagar um tostão, levou a sapeca Eva a azucrinar o bobo do Adão que caiu na besteira de comer o fruto proibido de uma macieira plantada ao norte do Éden, onde muito tempo depois surgiria a Argentina...  
Esse é mais ou menos o enredo que nos dá a produção do filme Noé, que anda lotando salas de cinema mundo a fora.
O Noé desse filme, que não tem nada a ver com o Noé bíblico, é um Noé misantropo e se dele dependêssemos nem existiríamos.
Gostei dos abusos do enredo.
Ah, sim, Noé foi o primeiro latifundiário de que se tem notícia.

sábado, 12 de abril de 2014

SOCIEDADE DE MISANTROPOS

Ontem falei um pouco sobre o monólogo Não Existe Mulher Difícil.
Existe, sim.
Existem mulher e homem difíceis, pois a raça humana é assim mesmo, de natureza complicada, chata, egoísta, individualista, um horror.
Somos todos misantropos.
Somos difíceis porque queremos ser difíceis.
Aliás, a invenção humana por si só é uma tragédia.
Não à toa, o ser humano é o único que se mata.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

O CAÇADOR E MULHER DIFÍCIL

Embora iniciada com frase Shakespeariana constante em Hamlet, no Ato III, Cena I, que expõe uma eterna dúvida humana (“Ser ou não ser, eis a questão”), a peça no formato de monólogo Não Existe Mulher Difícil, baseada no livro homônimo de André Aguiar Marques, não tem nada a ver com reflexões filosóficas que possam ser consideradas de alguma validade. O texto, aliás, não é propriamente uma joia de natureza artística, mas sim uma beberimboca que trata dos conflitos do cotidiano de um coitado que leva um pé na bunda da mulher amada e se vê de repente perdido no oco do mundo, sem saber o que fazer.
Estive na estreia ontem, e gostei.
O personagem principal do monólogo é interpretado com competência pelo ator André Bankoff, que de lambuja ainda convence a plateia do alto nível do seu talento ao emprestar uma dúzia de sotaques e timbres a outros personagens secundários e invisíveis que permeiam a história.
Toda quinta-feira, no Shopping Frei Caneca.
Sim, vá lá dar umas boas gargalhadas com essa beberimboca.

O CAÇADOR
Nova minissérie da Globo, assinada por Marçal Aquino e Fernando Bonassi, estreia daqui a pouco.  O personagem central é vivido por Cauã Raymond. Ouça o meu amigo Marçal contado lorota: http://pordentrodamidia.com.br/cascudo-9/
 

quinta-feira, 10 de abril de 2014

A VOZ DO BRASIL, HEIN?

Como suporte das ditaduras Vargas (1937-45) e do ciclo militar subsequente (1964-85), o programa A Voz do Brasil deve ter cumprido com suas finalidades. Hoje, não. O sistema que vivemos é democrático, portanto não faz sentido mantê-lo no ar, tampouco de modo obrigatório e pago com dinheiro público.
Esse programa é o mais antigo do rádio brasileiro, surgido em julho de 1935 com o nome de Programa Nacional, depois Hora do Brasil, que servia basicamente para Vargas, chamado de Pai dos Pobres, divulgar oficialmente as realizações do seu governo.  
A atual denominação, Voz do Brasil, data de 1971 e foi escolhida pelo general Garrastazu Médici (1905-85), de triste memória.
E pensar que hoje tramita no Congresso Nacional um projeto do PSOL para transformar esse programa em Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil...

MARCO HAURÉLIO
E para você que gosta de boa leitura, este convite na forma de versos do craque da literatura de cordel:
Marco Haurélio
Neste sábado, às 15h,
A cultura vai ter vez,
Vai ter voz e gestual
Na Livraria Cortez,
Pois Hércules, o grande herói,
Espera todos vocês!
A Livraria Cortez fica ali ao lado da PUC, no bairro de Perdizes.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

NORDESTE E A CHEIA DE 1924

http://www.youtube.com/watch?v=C50z1GV5T6g
Enquanto a população de São Paulo vivia o levante tenentista e a seca mais terrível em toda a sua história entre 1924/25, a população do Nordeste vivia as agruras da inversão do tempo, isto é: sofria com o excesso de chuvas, com o estouro de barragens, açudes, rios etc. Aquilo foi quase um dilúvio, que matou gente e bichos.
O movimento tenentista, liderado em São Paulo pelo general Isidoro Dias Lopes, tinha por objetivo derrubar o governo de Artur Bernardes, em vão.
Isso tudo se acha registrado em folhetos de cordel, livros, fotos e em vários discos de 78 voltas da época, como a história da grande cheia daquele ano (acima).
Os reservatórios de água de São Paulo estão em rápido processo de esvaziamento, sem que medidas concretas sejam tomadas para evitar o racionamento, como ocorreu no passado.
Quando chove muito e as águas engolem a cidade, as autoridades caras de pau dizem que os estragos são culpa de São Pedro. Quando não chove, como agora, a culpa é também do santo Pedro.
Durma-se com um barulho desse.

AI-1
Hoje faz 50 anos que o governo militar legitimou a tomada de poder, através da decretação do Ato Institucional n 1, que já nas suas primeiras linhas diz que "A revolução vitoriosa se investe no exercício do Poder Constituinte. Este se manifesta pela eleição popular ou pela revolução. Esta é a forma mais expressiva e mais radical do Poder Constituinte. Assim, a revolução vitoriosa, como Poder Constituinte, se legitima por si mesma".
Fica o registro.

terça-feira, 8 de abril de 2014

SÃO PAULO E A SECA DE 1924

O outono por estas bandas do Sudeste tem sido incrível, com frio e calor nas madrugadas e calorzões no correr dos dias, e nada de chuvas, chuviscos ou garoas em quaisquer horas do dia ou da noite.
Os paulistas, principalmente os paulistanos, estão à beira de um ataque de nervos generalizado pela eminência de um colapso no fornecimento de água potável.
O reservatório da Cantareira, que abastece boa parte da população da cidade, já está com a sua capacidade minguando para o nível péssimo dos 12% de sua capacidade total.
O governador Geraldo Alkmin se não sabe rezar já está aprendendo, pois a situação do abastecimento de água é deveras preocupante.
Situação pior do que os moradores de São Paulo estão vivendo só se viu entre 1924 e 1925, quando foi decretado um rígido racionamento.
Aquela foi a pior seca que São Paulo viveu, e de algo parecido estamos perigosamente nos aproximado.
Em reportagem da Revista Brasileira de Engenharia, num exemplar de 1926, lê-se:
"Durante o primeiro quarto do século XX as explicações oficiais mais utilizadas para o fenômeno da escassez recorrente de águas na cidade foram o aumento da população em proporções vertiginosas e as sucessivas e prolongadas estiagens. De fato, São Paulo ultrapassou o Rio de Janeiro no censo industrial de 1920 e as estiagens eram recorrentes. No período de 1924-1925 a falta de chuvas foi muito severa, sendo que o índice pluviométrico atingiu apenas 900 m/m em 1924: Foi a seca mais forte ocorrida nestes últimos trinta e seis anos”.
A seca de 24, que seguiu até 25, gerou a construção da represa Billings, que tem 800 quilômetros de margens de mananciais, quatro vezes a extensão da represa Guarapiranga e abastece cerca de três milhões de pessoas na Grande São Paulo.
As desculpas que as autoridades da época davam para a escassez d´água nas torneiras da continuam praticamente as mesmas 90 anos depois.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

O FIM DA MÚSICA

À indústria cultural e do entretimento não interessa mais alimentar artistas e nem gravar músicas no formato convencional, como se fez no correr de todo o século passado.
Isso acabou, independentemente do gênero.
Música de autor tampouco tem importância para a indústria, inclusive porque o descarte, diante da falta de bons ouvintes, está na ordem do dia.
O pior é o que presta.
O que vem por aí ainda não se sabe, mas os tempos são outros.
Sim, os museus continuarão a existir.
A poética improvisada ao som de viola está fora de moda, pois só os mais antigos ainda cultuam esse tipo de expressão artística.
As cantorias continuarão para poucos, e para piorar os cantadores estão virando cantores de estilo brega, ruins.
Esses e outros assuntos permearam durante horas uma pauta espontânea ontem, cá em casa, com a presença e participação do historiador José Ramos Tinhorão (no registro acima, feito por Darlan Ferreira) e de compositores, cantores e instrumentistas como Geraldo Vandré, Osvaldinho da Cuíca e Ibys Maceioh, além do poeta repentista Sebastião Marinho e do contista Roniwalter Jatobá, vice-presidente do Instituto Memória Brasil, IMB.
Foi uma tarde pra lá de boa, com o sempre cáustico, conciso, ferino e bem humorado Tinhorão encerrando o encontro com a frase “Quero morrer com raiva”.
Vandré soltou uma risada, enquanto eu dizia que compartilhava com a frase.

sábado, 5 de abril de 2014

ADEUS, WILKER

Este sábado de outono chegou com cara de verão, com o sol sem vento judiando olhos incautos e pondo em teste a resistência de retinas repuxadas, como as minhas e as de outros 20% da população verde-amarela.
Este sol sem vento é um danado, faz a gente suar e querer timbungar num mar, poço ou piscina que dos nossos anseios esteja mais perto.
E foi assim que senti este dia chegando, e no íntimo torcendo por um convite – que não veio - para dividir impressões recentes de coisas e gentes e almoçar fora das quatro paredes que indubitavelmente nos levam a pensar o mundo na solidão do espaço a que cabe cada ser.
A invenção do Meucci, antes atribuída ao apressadinho Graham Bell, me levou a falar com a Cla, Ana, que aniversaria amanhã; Andrea, Peter; Luciana Freitas, Darlan Ferreira e Oswaldinho do Acordeon, sempre atencioso e solícito.
A água que faltava, também chegou pelo telefone.
E cá estou com meus botões.
Ao ligar a CBN, ouço a triste notícia que o ator cearense José Wilker, fora achado morto em casa, vítima, provavelmente, de um fulminante ataque cardíaco.  
Eis aí uma forma elegante e supostamente sem dor de se despedir deste mundo ingrato.
Aliás, comigo eu gostaria que fosse assim, como foi com Manezinho Araújo e Charles
Chaplin...

sexta-feira, 4 de abril de 2014

A PETROBRAS E O REI DO BAIÃO

Dá pena ouvir o falatório negativo em torno da maior e mais resistente empresa brasileira de exploração de petróleo e derivados, a Petrobras, que em 1959 mereceu do rei do baião, Luiz Gonzaga, uma bela homenagem na forma de música:  Marcha da Petrobras http://pordentrodamidia.com.br/chegam-ao-brasil-os-homens-miudinhos-que-querem-passar-as-pernas-nos-eua/.
Estatal de economia mista, a Petrobrás opera hoje em quase 30 países; e na sua especialidade, é, de acordo com dados da Bloomberg, a maior de todo o continente americano e a segunda do mundo.
Em outubro de 2010 a Petrobras galgou na sua especialidade o posto de segunda maior empresa de capital aberto do planeta a realizar uma operação de capitalização da ordem de US$ 72,8 bilhões. Foi a partir daí, aliás, que Lula da Silva passou a usar a frase que se tornou jargão “Nunca na história deste País...”.
Hoje a Petrobras, criada em outubro de 1953 por lei sancionada pelo presidente Getúlio Vargas, é uma das 20 maiores empresas do mundo todo dentre todos os ramos, segundo anotações da revista Forbes.
Sim, dá pena ouvir falar mal da empresa símbolo do orgulho nacional.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

O GOLPE DE ABRL

Trocando ideias ontem à noite cá em casa com Geraldo Vandré, ele concordou:
- 1964 teve início em 1961, com a renúncia de Jânio.
Pois bem, a esta hora da tarde de 31 de março de 1964 soldados e oficiais do Exército se achavam em total prontidão nos quartéis, aguardando ordens para por tanques nas ruas e bater, prender e até matar suspeitos e incautos em geral.
O motivo da prontidão do golpe militar que se avizinhava era a instabilidade politica reinante no País, provocada por setores radicais descontentes sem dó nem piedade com o governo de alinhamento à esquerda do gaúcho de São Borja João Goulart.
O golpe contra o povo e a democracia seria desfechado nas primeiras horas de 1 de abril, Dia da Mentira.
Mergulhado em tétrica escuridão, o Brasil penou durante 21 anos.

LITERATURA INFANTIL E VANDRÉ

Hoje 2 de abril é comemorado em boa parte do mundo o Dia Internacional do Livro Infantil, criado para homenagear o autor dinamarquês Hans Christian Andersen, nascido nesse dia e mês, em 1805.
A data foi lembrada efusivamente (acima) na Livraria Cortez, em Perdizes.
Na ocasião o editor e fundador da Cortez Editora, o nordestino do Rio Grande do Norte José Cortez, falou um pouco sobre Andersen e da sua própria trajetória a dezenas de autores e amigos convidados para um café da manhã. Ele contou que Andersen o inspirou para criar, há dez anos, uma linha editorial com vistas a valorizar e a levar à praça livros destinados ao público infanto-juvenil.
“Hoje já temos no nosso catálogo mais de 300 títulos de autores brasileiros, alguns até republicados no exterior”, disse.
A Cortez Editora tem títulos negociados em vários idiomas, entre os quais o chinês e o espanhol.

CAMINHANDO COM VANDRÉ
A reportagem sobre Geraldo Vandré publicada domingo passado no caderno Aliás do Estadão http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,seguindo-a-cancao,1146727,0.htm,
assinada pelo repórter especializado Jotabê Medeiros, tem sido uma das mais comentadas e compartilhadas pelos leitores nos últimos anos. Por enquanto, só uma reportagem do mesmo Jotabê a respeito Bob Dilan, mereceu tanto destaque da parte dos leitores do jornalão paulistano, um dos mais expressivos do mundo.
Geraldo Vandré não canta no Brasil desde fins de 1968.
O seu último disco, um LP, data de 1971, e foi gravado em Paris.
Abaixo, uma música que compusemos - e o cantor Emídio Santana gravou - em homenagem à marca Geraldo Vandré, cujo criador e dono é o paraibano Geraldo Pedrosa de Araújo Dias.
Cliique:
https://www.youtube.com/watch?v=JeRMSqOXfYk

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