Fevereiro de carnaval e alegria. Fevereiro de carnaval e tristeza pelo passamento de um dos mais importantes intelectuais brasileiros: Mário de Andrade. Fevereiro termina hoje trazendo a lembrança da finitude material do autor paulistano de Macunaíma. Mário Raul Moraes de Andrade, que no começo da carreira literária apresentava-se como Mário Sobral, foi o teórico e um dos organizadores da histórica Semana de 22 realizada no teatro municipal de São Paulo. Nascido no dia 9 de outubro de 1893, Mário foi romancista, poeta, pianista, musicólogo, compositor bissexto, político (foi secretário municipal de cultura de São Paulo), pesquisador (de campo), jornalista (de O Estado S.Paulo) e amigo dos amigos. Na madrugada de 25 de fevereiro, um sábado Mário sofreu um colapso e minutos depois já era saudade. Ao completar agora 70 anos do seu falecimento, toda a sua obra cai em domínio público. Você sabia que Viola Quebrada é uma moda de autoria de Mário de Andrade? Se sim ou se não, clique e ouça a belíssima gravação na voz de Inezita Barroso.
PESQUISA NO IMB O jornalista José Hamilton Ribeiro, acompanhado do craque da fotografia Ernesto, esteve hoje de manhã fazendo pesquisa sobre moda de viola e caipiras no acervo do Instituto Memória Brasil, IMB. No registro fotográfico acima, de Darlan Ferreira, Ernesto, Zé e Assis.
Roberto Luna em visita ao IMB;
abaixo, ele interpretando seu maior sucesso: Molambo
Valdemar Faria nasceu em Serraria no dia primeiro de dezembro de
1929.
Valdemar que o Brasil todo conhece pelo pseudônimo artístico de Roberto
Luna, começou a carreira de cantor quando tinha nem vinte anos.
E começou bem.
Cercado por grandes seresteiros da época, entre os quais Orlando Silva,
Sílvio Caldas e Nelson Gonçalves, Luna chegou a participar de uma das
últimas gravações do rei da voz Chico Alves.
Roberto Luna - Atenção! - integrou o coro que se ouve na regravação da
canção "Serra da Boa Esperança"
feita nos estúdios da RCA Victor, RJ, no dia 24/9/1952,composição do carioca Lamartine Babo. Detalhe: Desse coral também fazia parte Odaléa.
Não caiu a ficha?
Pois é, Odaléa era uma dançarina da noite carioca e para reforçar a bolsa
se virava como podia, inclusive participando de gravações em discos de 78
voltas.
Ainda não caiu a ficha?
Então, lá vai:
Odaléa veio a ser a mãe do cantor e compositor Luiz Gonzaga do Nascimento
Jr., que todo mundo passou a conhecer como o filho do rei do baião, Luiz
Gonzaga. Roberto Luna, o rei do bolero, tem muita história pra contar.
Trânsito
travado e eu dentro de um táxi em São Paulo, cidade selvagem que há anos
escolhi para viver – e trabalhar - de livre e espontânea vontade até o tempo
que me for possível.
Travada
e com trilha sonora ensurdecedora, recheada de gritaria, xingamento e buzinação
de timbres diversos.
Aparentemente
tranquilo, do alto de sua experiência o taxista com uma risadinha de lado, cínica,
diz que no Brasil é tudo assim mesmo, dotô.
Aquela
fala tranquila que diz ser nordestina ao incauto pode parecer estar se
referindo ao ano chinês, de cabra verde de madeira, que esta se iniciando. Mas,
não, é isso a que o motorista se refere.
A
sua observação me remete à máxima segundo a qual o ano brasileiro (de cachorro
louco?), todo ano brasileiro, começa mesmo depois do Carnaval.
Tudo
aqui começa depois do Carnaval. Mas não imediatamente após, pois por ai, se se
aguçar bem os ouvidos, é possível ouvir lá longe o gemido ou miado exausto de
um tamborim ou cuíca roncando na hora de sua morte, amém.
Ninguém
fez mais eu faço a seguinte pergunta: O Carnaval faz parte do universo da
cultura popular?
Visto
daqui diante da telinha própria da máquina de fazer doido a que se referia o
Ponte Preta, sim. Porém de outro prisma, não.
O
Carnaval desde as suas origens remotas, o povo não era parte excludente.
Hoje,
sim.
No
começo era o Entrudo (imagem ao lado)depois, e ainda no século dezenove, o Carnaval era ainda brincadeira
de rua, com cordões famosos, blocos e já no século vinte, escolas.
A
primeira escola no Rio chamou-se Deixa Falar; em São Paulo, Lava Pés.
Era
tudo feito e brincado de modo espontâneo, até que as escolas se profissionalizaram.
E
hoje o que se vê é a contravenção marcando presença num batecumbum que se ouve
a partir dos Sambódromos e a partir daí o povo foi excluído para dar lugar à
elite que não brinca em serviço.
Em
suma: Não há cultura popular sem povo.
Em
grandes cidades brasileiras, como Recife, a espontaneidade popular no Carnaval
ainda perdura com seus blocos atraindo milhares de foliões, mas há um detalhe:
essa espontaneidade ganha eco na forma antiga do Entrudo, em que se sentia
prazer e achava-se graça no mau comportamento em que o próximo era a vitima;
isso, aliás, tem ocorrido de maneira lamentável em bairros famosos como o
paulistano Vila Madalena, onde desajustados se divertem na sujeira e no
aperreio do próximo.
A Madalena transformou-se numa espécie de
Sodoma e Gomorra. E isso não é folia, tampouco folia saudável.
Será
que estamos voltando ao pior da Idade Média?
ESCÂNDALO
O
homem corrompe e é corrompido desde que desceu da árvore e passou a andar
equilibrando-se em duas pernas. Rouba-se e mata-se com a naturalidade dos
anjos. Isso no mundo todo. Agora mesmo, no Brasil, as denuncias de corrupção
estão alcançando índices tsunâmicos. Da Europa vem à notícia de que milhares e
milhares de contas de ditadores, ladrões, assassinos, e outros e outros, incluindo
brasileiros foram abertas no HSBC suíço. Um detalhe me chamou a atenção: o
jornalista Peter Oborne pediu demissão do diário londrino Deily Telegrapg e
sabem o motivo? Simples: o Jornal não está cobrindo o escândalo provocado pelo
HSBC. Pois é! Que lição poderemos tirar daí?
Eu
desafio a qualquer seguidor deste blog ou não, a cantar de memória qualquer samba de enredo de quaisquer escolas de samba, seja do Rio de Janeiro ou de São
Paulo.
Claro,
talvez só seus autores e puxadores ou fanáticos em último grau das escolas.
Não
nego que a maioria desses sambas traz no enredo histórias interessantes e mais
das vezes necessárias ao conhecimento e lembrança. Os sambas de enredo são
feitos para fazer brilhar as suas escolas e seus puxadores, evidentemente.
Claro,
que no passado há autores cujos nomes permanecem vivos na memória: Mano Décio,
por exemplo.
Aliás,
o primeiro samba de enredo com essa denominação foi carimbado por Mano Décio e
Fernando Barbosa.
-> O Fim dos sambas de enredo
Não
quero falar aqui de saudosismo, mas não custa lembrar que os carnavais de
outrora traziam no seu bojo um charme muito especial, que era o brincar por
brincar.
La
atrás era o povo simples honesto e trabalhador que fazia o Carnaval para si.
Em
suma o Carnaval era do povo para o povo.
Hoje
o Carnaval virou um negócio com um quê de muita beleza e perigo mortal, por ser
produzido por profissionais de extremo requinte e financiado por “empresários”
do submundo do crime. E não duvidem, inclusive por que entrevista do puxador Neguinho
da Beija Flor à Rádio Gaúcha não deixa duvidas. Clique. Pois
é, e claro que isso não é surpresa.
Mais
tarde, a partir das 21hs, tem mais desfile na Marques de Sapucaí, no Rio. A
última a desfilar é a Campeã Beija Flor, com o samba de enredo patrocinado por
dinheiro sujo.
Depois
das cinzas, muito porre, orgia e arrependimento os foliões voltaram à vidinha
do feijão com arroz.
Os
estragos, como lembranças presas à retina ficaram para trás.
N'alguns
pontos da Capital paulista, como a Vila Madalena, ficaram os restos orgíacos de
quem não nasceu para conviver em sociedade.
Um
horror!
Muito
bicho com cara de gente foi visto nas ruas da cidade, em bandos.
Agora
juntem-se o horror e a beleza, O dinheiro sujo de sangue e miséria com risos,
brilhos e fantasias.
O
resultado é êxtase sob as palmas do mundo.
Não
dá para esquecer nesse processo a dinheirama que o ditador da Guiné Equatorial despejou na conta dos donos
da beija-flor.
Quatro
décimos levaram á vitória a Beija-flor.
Foi
tudo muito bonito, inclusive a poética contida no enredo. Entendo, porém, que a
ética é um bem impagável, e como tal, qualquer cidadão, de qualquer lugar dele
deva se orgulhar.
Um
cidadão aético não é cidadão.
Depois
de muito tempo, o Rio Piracicaba transbordou. Foi hoje. Com isso enormes
volumes d'água seguiram para o Rio Tietê e do Tietê para o Paraná, para a
Argentina e de lá, para o mar.
O
que quero dizer com isso?
Quero
dizer da incompetência e da indiferença dos nossos governantes que não mexem
uma palha para, por exemplo, criar um meio para guardar ou represar a água que
sobra dos rios.
É
pra chorar ou não é?
Para
lembrar uma cantiga que trata do Rio Piracicaba, clique:
Mesclada por meninas recém saídas da adolescência, uma multidão de mães e vovós pra frentex como se dizia lá atrás, nos anos de 1970, ocupou, no último fim de semana, as mais de um mil salas de projeção de filmes espalhadas Brasil a fora, doidas para ver cenas picantes e de maus tratos saídas das páginas de três tijolões intitulados 50 tons de cinza, da londrina Erika Leonard James, que estão sendo consumidos pelos rabos de saia do mundo todo. Na estreia, o filme dirigido por Sam Taylor-Johnson, faturou cerca de 150 milhões de dólares nos EUA. No Brasil, até agora cerca de nove milhões de reais. A história é babaca. Trata-se de uma jovem estudante que vai entrevistar para um jornal da sua faculdade. Os dois se envolvem nos lençóis e lá fazem tudo o que o diabo manda. E aí rola de tudo. Além de chicote e algemas, tem até serrote, frigideira, martelo e prego! Eu, hein! ... Ontem, ouvindo o programa Cartão Verde da TV Cultura, me deliciei com as histórias do ex-craque de futebol dos campos brasileiros Dadá Maravilha. Dentro ou fora do campo, Dadá sempre foi e é uma maravilha! Indagado sobre se fora proibido de transar antes dos jogos da Seleção, ele respondeu com a maior tranquilidade do mundo algo como: não se perdia na solidão, se completava por si próprio. Viva o Dadá! ... Como eu disse ontem, a Vai-vai conquistou esse ano o seu 15º título. A festa pelo novo título rolou na quadra da escola na Bela vista até de manhã. E atenção, no próximo ano, os foliões da Vai-vai, vão estar noutro lugar, pois no atual deverá surgir uma nova estação do Metrô. A informação nos foi passada pelo amigo Tobias. Daqui a pouco, saberemos qual será a campeã do carnaval carioca. Eu gostei muito da Unidos de Vila Isabel, que levou a Sapucaí, merecida homenagem e corpo presente ao paulistano Isaac Karabtchevsky, um dos maiores maestros do mundo. Tem 80 anos de idade. ... Muitos amigos tem me telefonado para falar da minha presença na banca de pitaqueiros do Jornal da Cultura anteontem. Foi legal, quem não assistiu, clique:
Oitenta
e cinco anos depois de fundada, a escola de samba Vai-vai fatura o seu 15º
título: o de campeã do carnaval paulistano 2015.
O
novo título foi conquistado após um belíssimo desfile no sambódromo, onde
outras 13 escolas desfilaram para gaudio dos milhares de espectadores que
lotaram as arquibancadas e camarotes mesmo com os preços custando os olhos da
cara.
A
Mancha Verde e a Tom Maior, caíram.
No
Rio de Janeiro, as escolas também fizeram bonito.
O
resultado se saberá amanhã.
Eu,
particularmente, gostei muito da Unidos de Vila Isabel, que homenageou o
paulistano maestro Isaac Karabitchevsky.
A
festa de comemoração ao 15º título da Vai-vai começou agora pouco, por volta
das 18 horas, no bairro da Boa Vista, sua sede.
Essa
festa se prolongará até o ano que vem, com muita cerveja, chuva e alegria.
Os
canais de TV e emissoras de rádio não param de falar do carnaval que ainda prossegue
em várias cidades brasileiras, como Salvador, onde folia não tem hora pra
começar nem dia pra terminar.
Em
Recife o frevo também continua.
O
resultado disso tudo é o seguinte: a música está ganhando. Explico: a Vai-vai
ganhou comemorando Elis Regina e, no Rio de Janeiro, quem sabe? A música também
se reafirmará na batuta do maestro.
Detalhe:
além da Vai-vai, outra escola que também abordou o tema música, a Tucuruvi,
também brilhou. O seu tema para o samba
foi as antigas marchinhas do carnaval de outrora. Ficou em 6º lugar.
Um
fio invisível separa a cultura popular da cultura erudita, mas, a fonte que abastece
a cultura erudita é visível e tem um nome: cultura popular. Exemplo disso é a
obra de Shakespeare, de Alighieri e Cervantes. A obra de mistérios e calafrios
de Poe também tem tudo a ver com o popular, por ser baseada no cotidiano banal
da sua época. Porém, é do banal que se extrai a essência das qualidades literárias,
musicais etc.
Na
verdade, nem precisamos ir à Inglaterra de Shakespeare, à Itália de Alighieri e
à Espanha de Cervantes, tampouco à Boston (EUA) do autor de O Corvo. Aqui mesmo,
no Brasil, temos Augusto dos Anjos, Gilberto Freyre, Machado de Assis e outros
grandes literatos de ontem. De hoje, Dalton Trevisan.
Carlos
Gomes, o maior compositor operístico das Américas, foi quem levou pela primeira
vez o nome Brasil para a Itália e outras partes do mundo. Isso a partir da
segunda metade do Século XIX, que é quando ele apresenta O Guarani no Scalla de
Milão.
São
muitos os exemplos de arte popular e arte erudita, com a segunda bebendo diretamente
na fonte da primeira. E para ilustrar tudo isso, não custa lembrar que a escola
de samba Unidos de Vila Isabel, este ano com o enredo O Maestro Brasileiro Está
na Terra de Noel, tem Partitura Azul e Branca da Nossa Vila Isabel, (para
ouvir, clique abaixo) confirma que a nossa rica diversidade étnica se une com
perfeição numa só unidade cultural, como bem diz o jornalista e escritor José
Antônio Severo, autor do livro “os Senhores da Guerra”.
A
escola que leva o nome do bairro onde o bamba do samba Noel Rosa nasceu, homenageia
o maestro Isaac Karabitschevsky que tantas alegrias já nos deu nas salas de
concerto afora. Nessa madrugada, na própria avenida, mostrou toda sua grandeza
ao reger em campo aberto uma orquestra. Foi coisa de encher os olhos. E
ouvidos.
Quero
dizer com isto que o Brasil, com todas as suas mazelas e incongruências, ainda
tem jeito. Viva o samba!
Não
faz tempo brincava-se o Carnaval por três dias seguidos, tanto que o período era
chamado de “tríduo momesco” que culminava com a quarta feira de cinzas.
Eram
brincadeiras simples, de cantigas simples, de marchinhas, de confetes e
serpentinas nos clubes.
Hoje
isso mudou nem confetes e serpentinas há por ai. O que há é muito exagero
acompanhado de muita coisa que não presta como crack e desrespeito ao vizinho.
O
tempo em que o Carnaval era brincado de modo simples e espontâneo e seu período
chamado de tríduo momesco não existe mais, pois foi substituído por um tempo
que é o tempo todo. Não tem mais esse negocio de três dias. Na Bahia, por
exemplo, o Carnaval começa em Janeiro, ou antes.
Para
ilustrar isso, basta lembrarmos que na Bahia quando não se esta dançando está-se
ensaiando, como certa vez me disse o menestrel Juca Chaves.
Refiro-me,
claro, ao nosso Carnaval.
O
povo brasileiro é um povo difícil de ser entendido.
Como
definir um povo que sofre e ao mesmo tempo ri tanto, até de si próprio.
Será
que temos algo a ver com hiena?
Andei
escrevendo mais longamente a respeito do nosso Carnaval, dos seus personagens
compositores, da musica característica do período...
Na última madrugada perdi o
sono e pelos meus ouvidos entrou o manjado e - quase sempre - irritante baticumbum
das escolas de samba do grupo especial paulistano, no sambódromo, criado pela
conterrânea Luiza Erundina, ex-prefeita de São Paulo.
O
baticumbum começou com a Mancha Verde, cujo enredo tratou do centenário de
criação do Esporte Clube Palmeiras, seguido dos Acadêmicos do Tucuruvi.
O
enredo do samba da escola da Zona Norte da cidade tratou das antigas marchinhas
de carnaval.
A
última escola a desfilar no sambódromo paulistano foi a Nenê de Vila Matilde.
O
baticumbum continua hoje.
Nas
ruas do centro e da Vila Madalena, principalmente, o que se viu e ouviu foi a
zoeira de dezenas de blocos de sujos.
Um
bloco feminino, afro, chamado Ilu Obá de Min, foi um dos que, como sempre,
encheram de alegria olhos e ouvidos dos foliões.
Hoje o desfile no sambódromo
será aberto pelo samba da Vila Maria e encerrado com a X9 paulistana, escola
pela qual desfilei há dois anos, em cima daqueles enormes carros alegóricos (acima,
coisa que certamente jamais voltarei a fazer).
O
baticumbum no Rio de Janeiro começará amanhã, na Marquês de Sapucaí.
Mas o
carnaval de escola de samba, tanto no Rio quanto em São Paulo, está vendido:
quem paga mais, vai pra avenida.
A
Beija-flor de Nilópolis, é um exemplo disso: o ditador da Guiné
Equatorial, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo,
que detém a oitava fortuna pessoal do mundo, segundo o ranking da revista norte-americana
Forbs, comprou a sua alegria pela bagatela de dez milhões de reais,
em dinheiro vivo. E mais: ele ainda entendeu de enfiar um "verso" seu
na letra do samba intitulado "um griô conta a história: um olhar sobre
a áfrica e o despontar da guiné equatorial. caminhemos sobre a trilha
de nossa felicidade".
Que
vergonha, ter os bolsos cheio de dinheiro sujo procedente de um país que vive
na miséria, como a Guiné Equatorial.
Desde já, zero para os
dirigentes da Beija-flor.
TV CULTURA
Depois de amanhã, segunda,
estarei integrando a mesa de pitaqueiros do Jornal da Cultura, a partir das 21
horas. Meus pitacos serão expostos após a apresentação das mazelas em forma de
notícia em destaque no correr daquele dia. Um exemplo? Digamos que o apresentador dê a notícia que o mundo acabou. O meu comentário certamente será: "já não era sem tempo, acabou porque não prestava".
Quem não tiver muito o que fazer, sintonize
a Cultura nesse horário.
É
a festa mais popular do Brasil e uma das maiores do mundo.
Começou
com o Entrudo, no século 19.
O
carnaval como nós conhecemos, é brasileiro. Mas as suas origens remontam há
muitos séculos, desde os tempos em que galinha tinha dente. No entanto, repito:
Como tal o conhecemos é brasileiro.
Nos
barracões a bagunça está organizada há meses e ganhará a avenida logo mais às
23 horas.
A
primeira escola a desfilar é ....
Na
telinha de fazer doido, como dizia o bem humorado Stannislaw Ponte Preta, é uma
mesmisse só com muito colorido e pernas e outras coisas de fora. Mas há
alternativa para olhos cansados dessa mesmisse: O rádio.
Aliás,
hoje é o Dia Mundial do Rádio, criado pela ONU - Organização das Nações Unidas.
Quando
o carnaval começou a substituir o entrudo, a bagunça começou a ser organizada.
Tão organizada que o Barão do Rio Branco chegou a falar a respeito:
E
aí vieram as marchinhas.
Vieram
as marchinhas, os sambas de ritmos diversos e só bem depois, os sambas de
enredo.
O
primeiro disco com sambas de enredo, foi gravado nos fins de 1950.
Era
tudo muito simples, tudo muito natural, tudo, a bem dizer, familiar.
Em
São Paulo, havia corsos, como no Rio de Janeiro.
Lembro
que certa vez, o maestro - vejam só! - Eleazar de Carvalho contou-me da beleza
que era desfilar na Rio Branco dos anos 50; ele, tocando tuba; Pixinguinha,
flauta; João da Baiana, Villa-Lobos e Almirante, entre outros bambambans da
época.
Uns
20 anos antes, o mesmo Eleazar estreara em disco "de 78 voltas", acompanhando
com a sua tuba a portuguesinha abrasileirada Carmem Miranda.
Mas
essa é outra história.
Em
São Paulo, as escolas de samba datam dos anos de 1930.
Em
São Paulo, o carnaval passou a ser notícia de rádio, com narração inclusive, no
começo dos anos de 1960. Quando, por iniciativa do radialista Moraes Sarmento,
a gravadora Continental levou à praça o primeiro LP reunindo sambas de enredo
interpretados pelo paulistano Geraldo Filme e a rainha do baião, a carioca
Carmélia Alves.
A
televisão encontrou nos desfiles carnavalescos um modo simples de ganhar
audiência e faturar alto para seus cofres.
Só
anos depois, e me refiro aos anos 60/70, é que o rádio também entrou na parada.
A
partir de hoje por exemplo, a Rádio Estadão promete por seu bloco de
jornalistas/radialistas na rua e no ar, sob o comando do craque Emanuel Bomfim.
Com Bomfim, estarão Leão Lobo, Renê Rodrigues, a compositorta, deputada e
cantora Leci Brandão e o veteraníssimo Moisés da Rocha, titular há quase 40
anos do Programa O Samba Pede Passagem, pela rádio USP.
A
palavra Carnaval aparece escrita pela primeira vez no dicionário Aulete,
impresso em Portugal no ano de 1842. Diz o verbete:
"Carnaval
(kar-na-vál), s. m. os dias próximos e anteriores á quaresma, e principalmente os
três dias antes da quarta feira de cinzas. // Folguedos, mascaradas; orgias.//
F. ital. Carnavale.
Como
se vê, pouco mudou da essência do carnaval desde as suas origens.
Os
sambas de enredo do carnaval paulistano deste ano de 2015 são, na sua maioria,
muito bonitos. Destaque para "Entre confetes e serpentinas, Tucuruvi
relembra as marchinhas do meu, do seu, do nosso Carnaval", dos
compositores Fábio Jelleya, Henrique Barba, Leandro Franja, Serginho Moura,
Gabriel, Fabinho Chaves, Edu Borel e JC Castilho.
Clique:
NOTA
TRISTE
Da
página do Facebook do amigo cordelista Marco Haurélio, o seguinte registro:
Morreu
ontem, como um passarinho, em Brumado, Bahia, Dona Maria Rosa Fróes, contadora
de histórias, cantadeira de romances, rezadeira, mestra da cultura baiana,
brasileira, universal.
Conheci-a
em 2005, apresentado por minha colega do curso de Letras da UNEB e neta de Dona
Maria, Giselha Rosa Fróes. Registrei com a sua voz dezenas de contos e lendas,
espalhados nas seguintes obras:
_Contos
folclóricos brasileiros_ (Paulus, 2010);
_Contos
e fábulas do Brasil_ (Nova Alexandria, 2011);
_O
Príncipe Teiú e outros contos do Brasil_ (Aquariana, 2012);
_Contos
e lendas da Terra do Sol_ (com Wilson Marques, Folia de Letras, 2014).
Também
devo a Dona Maria talvez a versão mais estruturada em língua portuguesa da
milenar “História dos três Conselhos”, que registrei em sua forma original e
depois verti para o cordel, conservando sua estrutura básica.
Reproduzo
aqui, em sua homenagem, o conto “Toco Preto e Melancia”, que faz parte da obra
_Contos e fábulas do Brasil_.
Era
uma vez um homem que vivia com a mulher e as filhas. Uma de suas filhas se
apaixonou por um rapaz que morava nas redondezas. Pelo fato de o moço ser
tropeiro, o pai dela não permitia o casamento, alegando que ele viajava muito e
não parava em casa. Ela respondeu que ele viajava para ganhar a vida, mas que
se tratava de um bom rapaz:
—
Quem vai casar com ele sou eu, e não o senhor, meu pai!
Como
não adiantava reclamar, a moça e o rapaz começaram a namorar escondido. Um dia,
combinaram um encontro na roça de mandioca do pai dela, onde tinha um toco
preto no lugar de uma árvore queimada. Ele disse:
—
Nós vamos nos encontrar toda semana no dia tal.
E
assim foi feito: eles se encontravam para conversar sem o pai da moça saber. De
noite, ela dizia que ia à casa da vizinha e, desviando do caminho, ia ao
encontro dele. O namorado, então, fez essa proposta:
—
Vamos nos tratar com outros nomes: você me chama de Toco Preto e eu a chamo de
Melancia. Assim ninguém vai desconfiar. O casal continuava a se encontrar nos
dias marcados. Mas, depois do último encontro, ele ficou um ano sem vir,
viajando com sua tropa. Nesse espaço de tempo, apareceu um moço chamado Antônio
de Zé Moreira que queria casar com Melancia. A moça disse aos pais:
—
Ele é muito bom, mas não para casar comigo. — Mas, depois de pensar que já
fazia um ano sem ver o seu amado, resolveu aceitar o casório. O casamento foi
marcado no mesmo dia em que se davam os encontros entre Toco Preto e Melancia.
Quando Toco Preto retornou da viagem, ficou sabendo do casamento de sua amada.
Então ele disse:
—
Não tem nada, não. — E chamou um empregado, dizendo:
—
Vai na casa da moça que está se casando e faça tudo o que eu mandar. — E passou
todas as informações para o empregado.
A
festa rolava solta com os noivos no salão. Naquilo, chegou um homem e começou a
jogar uns versos que diziam:
Lá
na serra da Taquara
Desceu
hoje um cachorrinho
Tomando
sol pela testa
E
vento pelos ouvidos.
Lá
no toco preto, ingrata,
Eu
deixei o seu gemido.
E
o homem continuou dançando e cantando:
—
Samba pra trás, rapaziada! Samba pra trás, rapaziada! — enquanto jogava os
versos. Mas Melancia só ouvia, sem desconfiar do que se tratava:
Oh!
que moça tão bonita
Tão
custosa a desconfiar.
Minhas
avistas, Melancia.
Toco
Preto está no lugar!
Bastou
ele cantar estes versos para ela entender tudo. Pediu licença à madrinha,
dizendo que ia se deitar um pouquinho para descansar. Em casa, chamou uma
empregada que lavava a louça, e disse:
—
Ana, pegue uma lata, coloque uma galinha cheia e um lombo com farofa, feche-a e
ponha numa sacola e traga para mim, rápido!
As
outras empregadas pensaram que era presente para alguém na festa. Com toda
cautela, Melancia saiu pelos fundos com a empregada Ana. Na estrada para a
roça, tinha uma porteira. Ana segurou-lhe o vestido para não se sujar e as duas
seguiram viagem. Quando chegaram na roça de mandioca, no toco onde se davam os
encontros, o rapaz que jogou os versos já as esperava. Toco Preto ordenou,
então, ao empregado que pegasse os cavalos, que estavam arreados. Montaram
rapidamente e tocaram viagem para a terra de Toco Preto.Na festa, quando deram
por falta da noiva, a mãe perguntou à madrinha:
—
Cadê Ana?
—
Está na cozinha lavando louça!
—
E minha filha?
—
Ah, ela foi se deitar um pouco porque estava cansada, mas já faz um bocadinho.
A
mãe resolveu, então, ir ao quarto procurar a fi lha, mas não a encontrou. Na
cozinha, soube que ela e Ana saíram com uma sacola, e que já fazia um tempinho.
Desta
forma, Melancia saiu para encontrar-se com seu Toco Preto e deixou noivo, festa
e todos para trás.
A marchinha de carnaval como tal conhecemos nasceu livre no ano da graça de 1899, logo após a princesa Isabel alforriar os negros que se matavam de trabalhar em prol do progresso dos seus senhores.
A marchinha à qual me refiro é Ó Abre Alas, criada pela carioca Francisca Edwiges Neves Gonzaga a pedido dos foliões do histórico cordão Rosa de Ouro. Essa marchinha porém só foi gravada integralmente em disco no começo da década de 70, pelas irmãs Batista - Linda e Dircinha -, filhas do cantor e compositor cômico Bastista Jr.
Chiquinha, portanto, foi a mãe da marchinha.
O frevo, que nasceu também por aquela época teve como pai Matias da Rocha.
Os continuadores direto da marchinha e do frevo, foram respectivamente, Braguinha e Capiba.
O nome de batismo de Braguinha era Carlos Alberto Ferreira Braga e do Capiba era Lourenço da Fonseca Barbosa.
Naquele tempo o carnaval estava ainda tomando forma, pois o que existia era o Entrudo, que era uma brincadeirinha de péssimo gosto em que uns agrediam outros das formas as mais lamentáveis.
O frevo só passou a ser conhecido nacionalmente por volta dos anos 30 e 40 do século passado. Hoje o frevo ocupa espaço apenas em Pernambuco, especialmente na capital recifense.
O auge das marchinhas carnavalescas ocorreu entre os fins de 1930 e começos dos 60, mas vez por outra põe as unhas de fora como agora, em São Luís de Paraitinga e nas capitais do Rio e São Paulo.
Curiosamente, as marchinhas estão embalando os blocos que ora se multiplicam Brasil afora.
A primeira vez que a palavra Carnaval aparece impressa é no Aulete, primeiro dicionário da língua portuguesa.
A palavra frevo aparece impressa pela primeira vez em 1908, num jornal pernambucano de pequena tiragem.
Mas tudo tem seu tempo.
As marchinhas já não são as mesmas, embora o frevo ainda resista com sua bela coreografia e passos que desfiam passistas e encantam as pessoas que os acompanham.
Mas, como eu disse, o frevo ocupa apenas uma parte do território pernambucano.
Os pernambucanos são uns privilegiados!
E o Galo da Madrugada hein?
Dizer
que o frevo pernambucano existe desde que existe Pernambuco, seria exagero. Mas
certamente dizer que o frevo pernambucano existe há mais de cem anos não seria simplesmente
uma verdade; Mas, sim, uma verdade
definitiva.
O
frevo, Patrimônio Imaterial da Humanidade, como boa parte
do Nordeste e do Brasil conhece saio da cuca de Matias da Rocha, que compôs a “frevente”
Vassourinhas. Ouça:
Isso na virada do século XIX para o século XX, embora a sua
primeira gravação date do final da primeira metade do século passado.
Frevo
é uma corruptela da palavra ferver.
A
primeira vez que essa palavra aparece na discografia brasileira é na composição
Frevo Pernambucano, numa gravação do rei da voz, Chico Alves.
Essa
música é de Lupece Miranda e Osvaldo
Santiago. Hoje é o Dia do Frevo.
O samba existe desde o semba, que é um gênero de origem
africana e que tem rigorosamente, tudo a ver com os nossos conhecidos lundu e
batuque.
O samba tal e qual hoje conhecemos, fincou suas raízes primeiramente
no interior de São Paulo, embora boa parte dessa história nos remeta à primeira
década do século XX ao Rio de Janeiro.
No correr dos anos pós descoberta do Brasil pelo navegador
Cabral, navios negreiros despejavam escravos no incipiente porto de São
Vicente, a mais antiga cidade brasileira assim nomeada por Américo Vespúcio em
1532. Muitos desses escravos separados de suas famílias, eram encaminhados para
o trabalho duro no interior do estado. Para lazer, o máximo que seus senhores
permitiam era que cantassem e dançassem ao som dos instrumentos que eles próprios
construíam. O som era o batuque, tirado de rústicos tambores.
Batuque e semba tinham e têm tudo a ver.
E do semba para o samba foi um passo.
No ultimo mês de 1916, no Rio de Janeiro, o jornalista Mauro
de Almeida e o batuqueiro Donga se apropriaram do ritmo que rolava na casa da
velha bahiana Tia Ciata e o registraram na Biblioteca Nacional. No ano
seguinte, o nosso primeiro cantor profissional, Bahiano, gravou para a Casa
Edson o que se chamou de samba: Pelo Telefone.
Mas bem antes disso, os negros vindos de Portugal deixaram a
sua marca nas senzalas paulistas.
Em 1914, na capital de São Paulo, o negro descendente de
escravos Dionísio Barbosa criava o primeiro cordão carnavalesco, no qual o
samba era o ritmo mais forte.
Essa história é comprida.
A primeira escola de samba criada para o carnaval surgiu no
Rio de Janeiro, em 1928.
A segunda escola de samba criada para o carnaval surgiu na
capital paulistana, em 1934.
A segunda escola de samba paulistana chamou-se Lavapés e surgiu
em 1937, e que existe até hoje.
Desde os primórdios, o carnaval era um divertimento popular.
Com o advento das escolas, isso foi mudando.
Hoje as escolas são atrações que levam as pessoas a gastar
dinheiro, muito dinheiro, restando ao blocos, hoje em processo de
fortalecimento, a levar a alegria espontânea às ruas.
Neste carnaval de 2015, cerca de um milhar de blocos
carnavalescos estão programados para irem às ruas do Rio de Janeiro. O mais
antigo de lá é o Bola Preta, que reúne, anualmente, mais de um milhão de foliões.
Este ano em São Paulo, foram catalogados 302 blocos, muitos
deles recebendo apoio financeiro da Prefeitura de Fernando Haddad.
Não custa dizer que antes de o povo descobrir e brincar o
carnaval, o carnaval era coisa da aristocracia europeia, que usava máscaras e
dançava valsas em amplos e requintados salões.
Quem sabe um dia o carnaval volte a ser a alegria do povo.
Cego
no mundo existe desde que o mundo é mundo. E há cegos de todo tipo: magro,
gordo, cabeludo, careca, rico, pobre, negro, branco, alto, baixo, feio, bonito
e também mulheres e crianças.
Na
Bíblia, cegos aparecem em vários versículos.
Antes
mesmo de Cristo, muitos cegos se celebrizaram, como Homero e Diógenes.
Não
são poucas as pessoas que andam no mundo tateando.
Deficientes
visuais são quaisquer pessoas que apresentam obviamente algum tipo de
deficiência visual, como estrabismo, miopia, catarata, etc.
No
Brasil, calcula-se em cerca de 80% o numero de pessoas que apresentam problemas
de visão.
Em
suma, qualquer pessoa que usa óculos de graus é pessoa deficiente visual. Eu, por
exemplo, por não ter muito o que fazer andei pensando na Santa padroeira dos
cegos e escrevi isto que Darlan Ferreira postou com a minha voz:
VITAL
FARIAS/CANTORIA
Acabo
de receber do cantor e compositor Vital Farias duas pérolas que ele conservou no
seu baú de coisas de ontem:
A
gravação do espetáculo cantoria que fez ao lado de Elomar Xangai e Geraldinho,
que ele agora para o formato CD. Ponto pra ele. Acho que tudo que é bom deve
chegar ao alcance do público.
Assis, Antônio, Jurandy da Feira, Luciana Freitas, Moisés da Rocha e Germanno Júnior . (Foto: Darlan Ferreira)
Jurandy
da Feira, de Batismo Jurandy Ferreira Gomes, cantor,
compositor e violonista de recursos inimagináveis para
um forrozeiro, como assim ficou conhecido desde que
o rei do baião, Luiz Gonzaga, passou a gravar músicas de sua autoria.
Germanno
Júnior, que um dia já foi Zé do Coco, é um compositor de múltiplas qualidades.
A
primeira música que o Rei do Baião gravou de Jurandy foi o forró "Nos
Cafundó de Bodogó", inserido
no LP capim novo (RCA), produzido pelo compositor, instrumentista e arranjador pernambucano
Rildo Hora, em 1976.
O
que Jurandy e Gernanno têm em comum?
Simples:
Qualidade e talento.
O
disco novo de Jurandy, Outras Cantorias, é duplo e traz no total, 21 faixas,
das
quais apenas uma (Movimento) que traz um parceiro: Almir Padilha.
É
um álbum muito bonito esse do Jurandy, com ritmos lentos e outros apressados
que não deixam a
desejar por agradar a gregos e baianos. Na escala de zero a dez, a nota é dez.
O
novo disco do Rio-grandense do Norte Germanno Júnior, Forró do Tempo dos
Mestres, é também um disco muito bonito, com
compassos alterados de faixa a faixa e igualmente incapaz de deixar quem quer
seja indiferente. Começa com Dominguinhos
cantando e tocando (Eterno Rei do Baião) em homenagem a Luiz Gonzaga, ao lado
de Germanno. O mesmo Dominguinhos volta a fazer duo com
Germanno na última faixa, interpretando a música - título do seu LP de estreia,
em 1964, Fim de Festa, que saiu pelo selo Cantagalo do original
forrozeiro baiano Pedro Sertanejo, pai do mestre Oswaldinho do Acordeon.
A
nota para esse disco do Germanno é a máxima.
Os
dois artistas estiveram recentemente exibindo as suas qualidades no Instituto
Memória Brasil, IMB.
Para
ouvir as músicas do LP de estreia de dominguinhos, clique no link abaixo:
Uma
trintena de pessoas do mundo artístico compareceu à sede do Instituto Memória
Brasil, IMB, no último fim de semana. O motivo desse encontro foi discutir os
rumos da entidade e escolher a sua nova Diretoria, incluindo o Conselho Fiscal
e Consultivo. Entre os artistas presentes estiveram também os jornalistas
Audálio Dantas, Eduardo Ribeiro, Roniwalter Jatobá, Luciano Martins Costa,
Ricardo Viveiros, que esteve acompanhado de seu filho Miguel; Vitor Nuzzi,
Matias José Ribeiro, Luciana Freitas e Rivaldo Chiném.
No
decorrer do encontro discutiu-se questões pertinentes aos diversos meios da
cultura brasileira, como música, teatro, cinema e literatura.
No
sábado, 31, as discussões em torno da nossa cultura no IMB, se iniciaram por
volta das 11 horas , com a presença do contador Cícero Afanso e dos advogados Jorge
Mello (que também músico) e Armando Joel.
O
cordelista e estudioso da cultura popular Marco Haurélio, autor de mais de 40
livros, discorreu amplamente a respeito das suas atividades e da pobreza que se
vê hoje em dia nos meios de comunicação de massa, especialmente a televisão. A
sua fala provocou muitas observações. Foi unânime. O editor José Cortez, da
Cortez Editora, não só concordou com Marco como enalteceu a importância do
Instituto Memória Brasil como guardião da história da nossa cultura popular.
Ele disse, entre outras coisas, que "O IMB é uma instituição que merece
toda a atenção de quem pensa Brasil pela via da formação do indivíduo na
sociedade", acrescentando ainda que "Não dá para dissociar educação
de cultura". O poeta e jornalista Ricardo Viveiros seguiu falando na mesma
linha do editor Cortez. Ele lembrou da
dificuldade de se fazer pesquisas a respeito de cultura popular, a partir de
discos de 78 rpm por exemplo. "Esses velhos discos são muito importantes,
mas onde achá-los para pesquisa? Acho que só no IMB".
O
maestro e compositor Mário Albanese, criador do gênero musical Jequibau, junto
com Ciro Pereira, falou da importância de grandes artistas de passado não muito
distante, como o violonista Garoto.
Enfim,
o encontro que reuniu expressivos nomes das artes no IMB, foi marcante. Todos
falaram sobre tudo referente às suas atividades: Osvaldinho da Cuíca (Primeiro
Cidadão Samba de São Paulo, título conquistado em 1975), Théo de Barros
(coautor da moda de viola Disparada) e Papete, compositor e um dos maiores
percussionistas do mundo, junto com Naná Vasconcelos e Airto Moreira.
Escolhidos
os novos membros da Diretoria e Conselho, seguiu-se um sarau com os artistas
Jarbas Mariz, Jurandy da Feira, Luiz Wilson, Natanael e Janaína Pereira, do
grupo musical paulistano Bicho de Pé.
O
produtor Darlan Ferreira, encerrou o encontro com esta pérola: "E olha que
dessa vez, não estiveram presentes Vandré, Tinhorão, Anastácia, José Hamilton
Ribeiro, Oswaldinho do Acordeon, Bráz Baccarin e nem Deus". Viva
a cultura popular brasileira! (Fotos by: Daniel Justi/Clarissa de Assis)