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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

KUARUP RELANÇA OBRA-PRIMA DO SAMBA



Mais uma vez o selo Kuarup, de origem carioca, mas hoje com raízes fincadas na capital de São Paulo, arranca do fundo do baú pérolas do samba de autoria e interpretadas por artistas super especiais, como Paulinho da Viola e Elton Medeiros.Essas pérolas estão no CD Samba na Madrugada
Paulinho e Elton são geniais.
Outro dia o querido Eduardo Gudin dizia que era importante eu ter uma conversa com Elton, pois o Elton já não enxerga mais com os olhos que Deus lhe deu; e se enxerga, enxerga muito pouco. Ele sofreu deslocamento de retina como eu. Só que para ele, segundo Gudin, o mundo parece ter acabado. Ele esta triste. Desesperado ou beirando o desespero. Falemos disso outra hora.
O CD que me chega às mãos pela Kuarup foi lançado originalmente no formato de LP em 1966, com texto de contra-capa assinado pelo compositor Hermínio Belo de Carvalho. er
Arvoredo é o samba que abre o disco, tendo como interprete o seu autor Paulinho da Viola. Os primeiros acordes lembram a batida da bossa nova, mas só lembram antes de se transformar numa oba-prima. A segunda música do disco, Maioria Sem Nenhum, do Elton e por ele interpretada, não fica atrás da beleza que é Arvoredo e da beleza que são as músicas seguintes:
14 Anos (Paulinho), Sofreguidão (Elton), Momento De Fraqueza (Paulinho) e todas as outras, incluindo a derradeira intitulada expressa em dois títulos Alô, Alô (Paulinho ) e Sol Da Manhã (Elton).
O CD Samba Na Madrugada é mágico, como mágicos são além de Paulinho e Elton, os músicos que dele participam: Dino 7 Cordas (violão 7), Raul de Barros (trombone),Copinha (flauta), Canhoto (cavaco)... e como se não bastasse tem ainda Elton brincando com a caixa de fósforos.

Samba Na Madrugada é pra ser ouvido o tempo todo




sexta-feira, 25 de setembro de 2015

IGNORÂNCIA E CULTURA

Na vida tudo é muito simples, mas  complicamos  tudo.
O homem é homem  mulher é mulher, desde Adão e Eva.
Como a terra fértil  aguarda a semente, a mulher é semeada pelo homem e tudo acontece como num passe de mágica: e  tudo se multiplica!
Estatísticas apontam que a cada um segundo quatro bichos gente nascem n’algum lugar deste planetinha que estamos destruindo.
Estatísticas também apontam que  no ano passado  pelo menos 28 mil crianças de 10 a 14 anos viraram mães, no Brasil.
Ainda segundo estatísticas recentemente divulgadas é espantoso o número de crianças que dão a luz Brasil afora, especialmente na Bahia de São Salvador.
Como explicar essas estatísticas?
No seu primeiro governo, Lula criou um projeto a que deu o nome de  Fome Zero. A ideia, naturalmente, era acabar com a fome. Mas isso é impossível, utópico, porque o poder transforma para o bem ou para o mal.
Perdemos para a África Açoriana na estatística que dá conta de milhares  de brasileirinhas que dão á luz antes do tempo.
Mais de sete bilhões de pessoas habitam a Terra.
O artigo 26 da constituição em vigor diz que a base familiar se constitui por um homem e uma mulher. Não sei por que cargas d’água discutiu-se ontem na Câmara a exaustão  essa questão. O placar dessa discussão resultou em 17 pontos favoráveis ao que se lê na constituição e cinco contra.
A questão é muito mais séria: complicamos tudo por nada.
O analfabetismo é uma doença que tem cura. O Papa Francisco lembrou isso ontem, em discurso histórico na Organização das Nações Unidas – Onu.
A fome também tem cura.

A desgraça ronda o mundo
Mas a desgraça tem cura
Basta apostar na vida,
Na educação e na cultura...




quinta-feira, 24 de setembro de 2015

BOLA DE FOGO E FIM DO MUNDO

A primavera é a estação que me serviu de berço para nascer. Foi num setembro. Mas, hoje, a primavera se confunde com as demais estações.
Nesse momento, parece verão: 36 graus.
Não é da primavera que eu quero falar.
Ontem à noite ouvi na TV que uma bola de fogo fora vista nos céus do sul do Brasil. Brilhava e assustava muito, diz quem viu. E aí não teve jeito, lembrei da minha vó Alcina.
Vó Alcina, mulher santa que acreditava em todos os santos –e também no diabo-, vaticinava que este mundinho-velho-cheio-de-poeira-de-meu-deus-do-céu, iria uma dia se acabar em fogo. Parece que começou.
O dólar sobe, a bolsa desce, o desemprego sobe, a crença popular pelo País desce, a inflação sobe e a esperança desaparece?
Em toda parte, o mundo dá sinais de que vai explodir. Em Meca, pessoas se pisoteiam e milhares morrem e se ferem.
Da Síria e de países em volta, milhões e milhões de pessoas procuram refazer suas vidas ultrapassando fronteiras.
Vários países da zona do euro, como a Hungria e Rússia, estão com suas forças de segurança orientadas para impedir que imigrantes acessem seus territórios. É êxodo jamais visto ou imaginado da história recente ou antiga.
Nem no tempo de Moisés.
A bola de fogo vista nos céus do sul do Brasil, e que minha vó Alcina acharia ser coisa do Demo, não passou de um meteoro.
Meteoro é assim: faz pluft antes mesmo de tocar o solo, espalhando faíscas que somem no espaço.

E pensar que no texto de hoje eu ia tratar da música parabéns a você, que o juiz norte-americano resolveu, ontem, pô-la no universo do domínio público. Com isso, a Warner deixa de faturar dois milhões de dólares/ano.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

PRIMAVERA, POESIA E CEGUEIRA




Após o inverno, a primavera.
Acordei com passarinhos trinando à minha janela como se formassem uma orquestra regida pela força da criação. Á essa orquestra pareceu juntar-se a voz de uma amiga que há muito não ouvia: Suzete.
A primavera, como se vê, nos traz sempre emoções e boas lembranças.
Eu perdi a luz dos meus olhos, mas continuo vendo de outras maneiras.
Viver pode ser, quando queremos, um belo e salutar exercício de aprendizagem.
Hoje, pela primeira vez, tive aula de como fazer da bengala uma espécie de bússula. E como espécie de  bússula, atravessei ruas e avenidas por cerca de um ou dois quilômetros.
Voltarei ao tema.
Ah! sim: há sempre quem me pergunte sobre o que ocorreu comigo, ou com os meus olhos.

Eu sofri descolamento
Da minha alma e visão
Levei surra do destino
Apanhei que nem um cão
E como se não bastasse
Perdi-me na multidão

É uma história danada
Essa de perder a visão
Quem sofre descolamento
Também sofre depressão
E pra sair dessa encrenca
Só com muita luta, meu irmão

E a luta não é fácil
É  luta de vida e morte
É luta do Eu contra o Eu
Da qual vence o mais forte
Mas para o mais forte vencer
Tem de estar ao lado da sorte

Tudo isso tem a ver
Com o belo verbo Amar:
Eu amo, tu amas, ele ama...
É preciso caminhar
E para chegar lá longe
Não tem como deixar de lutar! 

https://www.youtube.com/watch?v=D1BBJrvZC14







terça-feira, 22 de setembro de 2015

VANDRÉ É TEMA DE UM NOVO LIVRO

Há 47 anos completados no mês de setembro, como o de agora, o Brasil tomou conhecimento de uma das músicas que por décadas daria dor de cabeça aos poderosos de plantão, fardados ou não. Essa música, uma guarânia, era “Caminhando” ou “Pra não dizer que não falei de flores”, do paraibano Geraldo Vandré.
Dentre os autores da nossa música popular, Vandré, pseudônimo de Geraldo Pedrosa de Araújo Dias, é o mais polêmico e pouco compreendido por parte de todos.
Logo mais à noite, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, será lançado o quarto livro sobre a obra e a trajetória desse artista. Título:  “Vandré - O Homem Que Disse Não” (Geração Editorial), do jornalista mineiro Jorge Fernando dos Santos. Antes desse livro, foram lançados mais três, o penúltimo, do também jornalista Vitor Nuzzi, “Vandré, uma canção interrompida” (Independente; a nova edição será lançada ainda este ano pela Kuarup).
Dentre todos, até agora, o livro mais completo é o de Vitor Nuzzi. Entre o início e o término do livro, o autor demorou pelo menos 10 anos até lançá-lo. Em tempo: até o final deste mês, o jornalista paraibano Gilvan de Brito lançará em noite de autógrafo o livro: Não me chame Vandré”


sábado, 19 de setembro de 2015

OBVIEDADES

O pensar serve para tudo, para o bem e para o mal.

Repito, não sei se foi Kamie ou Sartre, quem disse que estamos de passagem. Parece óbvia a impressão, mas não é. Outra aparente obviedade é a do Espinoza, segundo a qual “a vida é feita de encontros”.

Mas o mundo como está, hoje, certamente terá dificuldade de distinguir o que é ou não é obviedade.

É óbvio gerar apátridas como hoje se gera?

É óbvio congelarmos nossa sensibilidade diante do caos que a vida humana está se tornando?

Portanto, o que é ou não é óbvio está bem embaixo do nariz.

É a velha questão do ser ou não ser, questionada em Hamlet pelo popular Shakespeare.

Sim, toda a obra do Shakespeare é baseada nos contos e demais histórias que ele colheu na sua região há uns 500 anos. E é popular, também, porque é o dramaturgo mais conhecido e aplaudido mundo afora nos últimos cinco séculos.

Mas por quê diabos estou falando dessas coisas hoje, de novo?

Vocês já perceberam que o Brasil poderia ser o palco em que melhor os personagens de Shakespeare se movimentariam?

Dilma cai ou não cai?

Pessoalmente, acho que a cria de Lula não deveria cair; até porque teríamos de enfrentar nova crise. Ou seja: uma crise dentro da outra.

Quem assumiria as rédeas da situação? Temer? Cunha? O fato é que nós, todos, continuaríamos perdendo.

Mais uma vez, estamos num beco sem saída. E nem vou falar, como sempre falo, a respeito de educação e cultura, ciências, matemática...

O professor finge que ensina, o aluno finge que aprende, e nessa brincadeira de empurra-empurra, mais uma vez, quem perde somos nós e quem virá depois de nós.

O Brasil é mesmo estranho. Estamos no inverno: 33 graus, no momento.



quinta-feira, 17 de setembro de 2015

PRA QUE SERVE PENSAR, VOCÊ SABE?

O mundo nos deus, através dos tempos, grandes pensadores. Filósofos que mergulharam no Eu, tentando explicar praticamente o inexplicável do pensamento humano, da dor humana, da vida em si. A esse tipo de estudo dá-se o nome de Existencialismo.

Camus e Sartre foram grandes pensadores que abraçaram essa linha de pesquisa para, supostamente, nos salvar.

O mundo está fervendo, está em polvorosa, gente matando gente como nunca se matou. Mas, claro, isso não é e nunca foi novidade. Textos bíblicos já tratavam do assunto. Caim matou Abel, não foi?

Façamos de conta que o mundo, hoje, é um ônibus. Um grande ônibus, um ônibus enorme, lotado de gente gorda, magra, de todo tipo. E aí, sádico, o motorista dá um brecada, uma forte brecada, para arrumar os passageiros.

É um inferno, não é?

Boa parte do mundo árabe está pegando fogo, com o Estado Islâmico queimando e matando gente ainda viva.

Acho que foi Sartre quem disse que somos todos estrangeiros. Somos estrangeiros em qualquer parte do mundo. Somos estrangeiros porque não somos pedras, nem árvores com raízes profundamente fincadas no solo. Em qualquer solo do planeta. Quer dizer, estamos de passagem por este mundinho que estamos explodindo.

E sabe você aí, meu amigo, como em certas horas eu me sinto?

Sinto-me que nem um barquinho de papel à deriva em alto mar, sem rumo nem capitão. E você?

O mundo está pegando fogo e nós com ele.

O adeus fica pra depois. Enquanto isso, veja:

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Lua Luana e Marimbondo Chapéu

O mundo está pegando fogo, incluindo o Brasil e seus dirigentes sempre insensíveis com o futuro do povo.
O mundo está pegando fogo.
Vejamos o que está acontecendo no mundo árabe, na Europa.
Tudo um horror, um horror pela incapacidade de nós todos e, principalmente dos dirigentes mundiais, que escondem em si a capacidade de contribuir amando o próximo.
Os sírios continuam tentando atravessar o mediterrâneo para chegar à Itália, à Alemanha, Europa.
As pessoas continuam correndo atrás da sobrevivência. Isso mostra a importância do que é a vida.
A busca pela vida é a negação da morte.

Mas o que é que isso tem a ver com cultura popular?
O nome já diz.
Cultura Popular.
A cultura popular é feita pelo povo, povo de qualquer país.
Viver é um esforço de o povo se desdobrar em si, se desdobrar em arte.
O desdobramento do ser em si, em arte, é vida.
Quer ver?
Agora, a pouco, estiveram comigo na sede provisória do Instituto Memória Brasil (IMB), o maior cuiqueiro do Brasil, Osvaldinho, e o seu biógrafo: André Domingues. Com André veio o Gato com Fome, Cadu.
Foi uma conversa muito bonita a que nós tivemos hoje, aqui. Falamos de Brasil, de brasilidade, das incongruências da vida brasileira.
E na vida do mundo, em todos os tempos, tem e haverá, sempre, a lua.
A lua no nordeste é a lua que o mundo conhece. E tem a Lua Luana, o nome, um poema.

Na vida há tristezas, alegrias e, nisso tudo, a cultura popular.
Vocês querem saber um pouquinho sobre um fazedor de cultura popular?
O meu querido amigo jornalista Vitor Nuzzi gravou ontem as perguntas que fiz para Marimbondo Chapéu, um criador brasileiro. Leiam:




Quem é Marimbondo Chapéu? Nasceu quando, onde, e qual o nome verdadeiro?

Marimbondo Chapéu é da região dali de Alto Belo, próximo à cidade de Janaúba, vem da origem da espécie de marimbondo, foi o nome que eu ganhei, mas o meu nome mesmo é Ivanilton da Silva. Tenho 34 anos de idade, resido em Montes Claros, pretendo residir também em São Paulo, através de um grande projeto.


Você nasceu quando, exatamente?

Dia 27 do dois de 1981.


Pai e mãe, como chamam?

Maria de Fátima Marcelina Silva, Antônio Augusto Silva.


Todos mineiros?

Todos mineiros.


Quantos filhos o casal teve?

Nós somos nove filhos. Eu sou mais do meio. Tem mais três caçulas depois de mim.


E o pai e mãe, têm a ver com música?

A família já vem de origem de música, né, Assis? Desde contando com Jaquinho, Jackson Antunes, já vem do trabalho de ator. A nossa família já é direcionada a esse lado de trabalho. Eu parti para o lado da música porque gostava de ouvir o som da rabeca, pela primeira vez, com Zé Coco do Riachão. De lá para cá, apaixonei-me com a história.


E o Zé Coco, você conheceu?

Conheci, com certeza. Eu fui na casa dele quando era novinho. Um dia, vendendo picolé ainda na rua, vi ele fabricando as rabecas, as violas. Fiquei encantando com aquele trabalho dele, passei a ir lá várias vezes, fui aprendendo aos pouquinhos, depois vim a São Paulo para aperfeiçoar, porque não é fácil pegar uma perfeição de fabricar. 


O apelido, quem deu?

Foi José Osmar e Téo Azevedo.


Puxa, como assim?

Quando eu tinha 13, 14 anos, lá na Folia de Reis lá de Alto Belo, eu era meio traquinas, falavam que eu era um menino meio levado... Nisso, a gente estava foliando numa casa já antiga e na cumeeira da casa tinha a ... Aí, eu tocando a rabeca, vi a caixa, direcionei o arco da rabeca, coloquei o arco no meio dos marimbondos, os bichos veio caindo nas minhas costas, deu uma ferroada. Téo Azevedo olhou assim, deu uma risada e falou assim: "Esse aí é marimbondo chapéu, bicho". Aquela vozona rouca, estridente dele... Os dois (Téo e o declamador José Osmar) falaram na hora, né? Então ficou de autoria dos dois.


E você constrói rabeca, como é que é isso?

Assis, eu gosto de construir rabeca com pouquinha ferramenta. para mim não tem tanto maquinário para trabalhar. A rabeca é fabricada com amor, carinho, coração, você se entrega a alma, viaja no mundo. Cada vez que você dá um detalhe numa madeira, mais um sorriso você se encontra. Eu fabrico com facão, estilete, um serrotinho e o coração.


Quantas rabecas você fez até hoje, você tem ideia?

Já perdi a conta.


Quanto custa uma rabeca sua?

É baratinho, 300 reais.


E você escreve seu nome na rabeca?

Tem meu nome dentro da caixa da rabeca.


Que madeira usa pra fazer?


Eu uso pinho, cedro, uso aquela caixa de bacalhau. São madeiras fáceis de encontrar, porque tem aquela madeira de lei, que é difícil, então uso madeira mais tradicional mesmo.





terça-feira, 15 de setembro de 2015

PACOTE DE MALDADES E MARIMBONDO

A Igreja do Diabo é um conto do sempre bom Machado de Assis. Eu gosto muito desse conto. Nesse conto o Diabo, cansado dos ensinamentos de Deus e cheio de inveja pela quantidade enorme de seguidores de Deus, o Diabo inventa de fazer concorrência com Deus. Mas antes disso, o Diabo vai ao Céu pedir permissão a Deus para fundar a sua própria Igreja. E assim é feito. Ao descer a Terra, o Diabo resolve criar uma filosofia própria para destronar Deus.

Na sua nova investida contra Deus e as coisas Divinas, o Diabo inverte tudo. Inverte os valores sociais, os valores de cada um de nós. Assim, por exemplo, a venalidade vira a principal virtude humana. Se a mulher pode vender o seu cabelo, o homem o seu chapéu, as botas, por que não pode também vender a sua palavra, a sua crença, a sua fé, o seu voto?

Essas questões se acham no conto A Igreja do Diabo.

Ouvindo ontem no Rádio os feiticeiros Barbosa e Levy justificando o injustificável perante o povo brasileiro, não deixei de pensar no Diabo e na sua igreja.

Pois bem, do forno da danação planautina acaba de sair um bolo amargo e indigesto. Esse bolo, chamado de “Pacote de corte de gastos” pela imprensa d’aqui d’acolá tem gosto de jiló. Um horro, na verdade, é bem mais amargo do que jiló, pois nesse bolo não há tempero que o torne digesto.

Mas, diachos, de novo não era bem isso o que eu queria dizer.

O povo brasileiro é muito, muitíssimo, maior do que as feitiçarias e maldades contra ele praticadas.

Ontem eu fiz uma referência, cá, neste blog a respeito do compositor, cantor e luthier Marimbondo Chapéu.


Hoje tem mais Marimbondo, clique:




segunda-feira, 14 de setembro de 2015

FREVO, SECA E CANTORIA

No centro do poder político, Brasília, feiticeiros estão em ação contra o humor de nós todos, brasileiros. O clima lá está fervendo, frevendo, do jeito que o diabo gosta.
          
Eu disse frevendo. O frevo veio daí. Digo: a origem da palavra frevo vem de “frever”. E hoje é o dia Nacional do Frevo, mas não é desse dia que eu quero falar e nem da “frevança” política que ora se desenvolve em salas secretas do Planalto.
          
Estamos nos últimos dias do inverno, mas a seca predomina em boa parte do território nacional. Inclusive São Paulo, onde o governo nega – mas há – racionamento da água. Há racionamento de água também, em Campina Grande, que é a principal cidade paraibana depois de João Pessoa, a capital do Estado.
          
No Piauí, há municípios que não tem o solo molhado por água de chuva há mais de 04 anos.
          
E o Rio São Francisco, hein?
         
O Rio São Francisco está secando, pedindo socorro.
          
A seca atinge o velho Chico há pelo menos dois anos seguidos. A sua nascente, na Serra da Canastra já secou, faz tempo. Em alguns pontos dos seus dois mil e setecentos quilômetros já é possível fazer a travessia a pé. Terrível, não é?
          
O rio passa por cinco munícipios beneficiando cerca de 16 milhões de pessoas. Mas e agora?
      
Há quase 200 anos já se falava na sua transposição. Parte dessa transposição foi inaugurada em Cabrobó, PE, há coisa de dois meses.
           
A próxima novela da Globo, Velho Chico, vai abordar o tema. A novela tem estreia prevista no segundo semestre do ano que vem, de acordo, como nos disse a autora, Edmara Barbosa, em visita ao Instituto Memória Brasil, IMB. Na ocasião ela estava acompanhada de um de seus colaboradores, o cordelista Marco Haurélio.
         
CANTORIA NO IMB
          
Nesse último final de semana, esteve em visita no Instituto Memória Brasil o luthier e instrumentista Marimbondo Chapéu. Marimbondo, que faz parte da trupe do ator mineiro, Jackson Antunes, atualmente na novela das 09 (Globo), tocou e cantou belas páginas do cancioneiro rural, entre as quais Luar do Sertão.
Clique:

domingo, 13 de setembro de 2015

NA VIDA, TUDO É POPULAR

Os últimos dias do inverno estão se indo. A temperatura aqui, na capital paulista, está pra lá de baixa. Ali pelos 14, 15 graus.
O Coringão acaba de abater o Joinville, por 3 a 0. E aí, naturalmente, a temperatura aumentou... E como se não bastasse, amigos e amigas chegam trazendo luzes à minha mente: Daniel, Celia e Celma...
A Celia chega toda feliz de Minas Gerais. Passou por Ubá, São João del Rei, Tiradentes, Bichinho... Em Bichinho, elas apresentaram a seus amigos Marisa e Osvaldinho Viana –excelente dupla de artistas-, que as acompanhavam, as doceiras da região, Maria e Osni.
A apresentação de Celia e Celma a Osvaldo e Marisa, foi só o começo de uma festa consagrada pela mágica das doceiras e da cantoria, que contou no repertório belíssimos clássicos da música brasileira, como Tristezas do Jeca, Luar do Sertão e Chalana. Fiquei encantado.
Puxa, como é a vida!
Hoje eu ia só falar de um cara que nasceu em 1265. Esse cara partiu com 56 anos de idade. Eu quero falar de Dante, o autor de A Divina Comédia.
No século XIV, a obra prima do poeta italiano já era conhecida do público na sua primeira e segunda partes.
A Divina Comédia, originalmente escrita como A Comédia, é dividida em três partes: o Inferno, que trata de ciclos terríveis relacionados ao humano; o Purgatório, que trata dos pecados capitais e ameniza o humano; e, por fim, o Paraíso, que é a parte em que o autor, na sua grandeza genialíssima, carrega para a felicidade, em pensamento, o amor da sua vida: Beatriz.
Beatriz já faz parte da música brasileira, por intermédio de Edu Lobo.
A Beatriz de Edu é, naturalmente, inspirada no poema do Dante.
Esse poema gerou muitas inspirações, como a Canção do Exílio, de Gonçalves Dias. O nosso Belchior espraiou-se por inteiro nesse famoso poema de Dante.  Salvador Dali, também. Em tempo mais distante, Franz Liszt, também espraiou-se numa composição totalmente baseada nas três partes de A Divina Comédia.
Dante Alighieri é incrível! E é tanto, que não me espantei quando o Papa Francisco disse que ele, Dante, foi o Poeta da Esperança.
E a esperança, cá pra nós, está na mágica das doceiras Maria e Osni, e, é claro, em Dante.
A vida é popular.


sábado, 12 de setembro de 2015

GERALDO VANDRÉ, 80

Todos nós deveríamos ser como vinho, ou seja: quanto mais velho, melhor.
Mas não é sobre isso que eu quero falar.
Há  750 anos, nascia na Itália o poeta Dante Alighieri (1265 – 1321), autor da obra-prima A Divina Comédia.
Mas não é sobre Dante que eu quero falar.
Houve um tempo em que todos nós éramos jovens.
Eu sou da safra de 1952 e o conterrâneo Geraldo Pedrosa de Araújo Dias, de 1935.
Geraldo é o criador do mais polêmico personagem da música popular brasileira: Vandré.
Eu conhecí Geraldo em agosto de 1978 e um mês depois, precisamente no dia 17, um domingo, publiquei no extinto Folhetim, do paulistano Folha de S.Paulo, a primeira entrevista que o criador de Vandré deu ao retornar do exílio.
A entrevista intitulada O Desaparecido provocou grande polêmica dentro e fora da imprensa. Recebi centenas de telegramas e cartas de leitores espalhados Brasil a fora.Desde então eu e o entrevistado temos conversado muito. Ontem mesmo, à noite, conversamos um pouco sobre seus 80 anos hoje completados. Brincando, ele disse:
 - Vou comemorar a data no próximo  ano.
Também ontem falei com Boldrin, que conheço desde o começo dos anos 80.
À época ele gravava o programa Som Brasil no teatro Nydia Lícia. Bom, disse Boldrin:
- Há muito tento trazê-lo ao meu programa. Cheguei a convidá-lo para estar comigo na gravação do programa de dez anos na TV Cultura.
Geraldo é um ícone da nossa música popular e, como tal, por muita gente considerado uma pessoa “muito difícil”.
Ano passado ele me perguntou se eu poderia pô-lo em contato com a cantora Joan Baez, também ícone da música norte-americana. Realizei o seu desejo pondo-o frente a frente a Baez. Na ocasião, ela disse estar a sua disposição, inclusive para gravarem juntos um disco. Enigmático,  Geraldo riu e não
respondeu se aceitaria ou não a inusitada proposta.
Viva Geraldo Vandré!





clique: 

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

NO FLA-FLU DA VIDA TEM VANDRÉ

Um amigo meu, Vitor Nuzzi, me disse outro dia que não poderia morrer sem assistir um Fla-Flu no Maracanã, Rio de Janeiro.

Ele é paulistano da Aclimação, bairro que faz divisa com a Liberdade.

O bairro da Liberdade é o que acolhe o maior número de japoneses no Brasil, desde 1908. Uma curiosidade: 100 anos antes, em 1808, era implantada no Brasil a Imprensa Régia.

Tanta coisa a dizer...

O meu amigo, ao contar que não poderia partir sem assistir um Fla-Flu, fez-me lembrar o tempo em que os grandes clássicos de futebol eram disputados naturalmente em campo e comemorados ao sair do campo.

Nuzzi, paulistano, como já disse, espantou-se com o fato de que as torcidas de Fla e Flu deixaram o estádio em confraternização, brincando, cantando, se divertindo. Um passatempo natural de domingo, com famílias inteiras assistindo e brincando, comemorando, se confraternizando...

A fala do Nuzzi me lembra também os grandes embates medievais entre mouros e cristãos.

Também me lembra os embates entre cantadores repentistas, aqui no Brasil...

A fala lembra ainda os embates entre compositores da nossa música, como Vandré, Chico, Gil, Sérgio Ricardo...

Mas tudo é paz, e tudo deve ser feito em disputa em paz.

No Maracanã, meu amigo realizou a sua vontade de assistir um Fla-Flu. Um Fla-Flu em que as torcidas se uniam e brincavam entre si, comemorando a vida, a alegria de viver.

Assim é que é a vida.

Ou assim é que deveria ser.

Por lembrança, o mineiro Rosa (1908-1967) dizia que todo ser inteligente deveria ser necessariamente torcedor do Flamengo.

Ninguém é perfeito, o Nuzzi é são-paulino.

Amanhã 12, um amigo em comum, e aqui me refiro a mim e ao Nuzzi, está fazendo 80 anos de vida.

Geraldo Pedrosa de Araújo Dias, paraibano de João Pessoa, torcedor do Botafogo da Paraíba, nasceu no dia 12 de setembro de 1935.

E um dia, quem sabe, o levaremos a assistir a uma partida histórica entre o Juventus e o Nacional, cá da capital paulistana. Essa partida, certamente, ocorrerá no mítico estádio da rua Javari, que fica ali localizado no centro do mundo: Mooca.

Amanhã 12, quem sabe, voltaremos a falar um pouco mais a respeito de um cara que quer um Brasil para brasileiros, brasileiros cidadãos. Esse cara é Geraldo Pedrosa de Araújo Dias, que nós todos conhecemos como Geraldo Vandré.


Fla-Flu!

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

UM MIILHÃO E MEIO DE LIVROS A PREÇO DE BANANA

Padam, Padam...
Fico ouvindo na vitrola o disco rodar com Piaf repetindo quase a exaustão:
Padam, Padam...
Padam, Padam talvez não queira dizer nada, não há tradução.Mas Padam, Padam, na memória de Piaf traz uma história de amor que termina em “coração de madeira”.
Padam, Padam, talvez seja essa expressão entendida na interpretação da Piaf como o “tam, tam, tam, tam”, do Beethoven; o “pararam”, do amigo Luiz Guerrero. É como se de um modo ou de outro usássemos o et-cetera para dizermos coisas que tais. Assim, como...Reticências servem para deixar no ar uma imagem, uma repetição, uma ideia de algo por vir. Também quase uma obviedade.
Padam, Padam...O amigo José Cortêz me telefona,um tanto decepcionado, com os rumos inda indefinidos ora hoje o Brasil passa.
Através dele, José, fico sabendo que a Bienal do Livro de Recife foi abreviada.
E também através dele, José, fico sabendo que houve – a imprensa não noticia – que como tão rapidamente chegou da mesma forma acabou a Bienal, ou algo que o valha, do Rio de Janeiro. O assunto é música, o assunto é poesia, o assunto é conhecimento.
E também através do meu amigo José, fico eu sabendo que o governo deixou de comprar livros para distribuição entre as escolas do meu Brasil brasileiro.
È, também não gostei. É como se a Pátria Educadora fosse uma mera referência a educação.
E aí o meu amigo José, um louco educador, fundador de uma tradicional editora que leva o seu nome (Cortêz Editora), como espécie de protesto achou de presentear o Brasil com algo em torno de 1,5 milhão e meio de exemplares de livros que editou distribuindo praticamente de graça. De graça porque cada exemplar, desse milhão e meio, custará pra todo mundo reais de cincoenta 50 centavos, um, dois, três...
A tristeza de José Cortêz reflete na grandeza dele em distribuir todo o seu estoque de livros a preço de banana. De banana não, pois banana esta com o preço pela hora da morta, como o tomate, o abacaxi, o limão...
As bienais ou feiras de livros no Brasil, estão em extinção.
Que pena.
E a educação do Brasil para onde é que vai?
E a cultura popular do Brasil, meu Deus!



segunda-feira, 7 de setembro de 2015

O 7 DE SETEMBRO CINCO ANOS DEPOIS

Nós, brasileiros, lutamos desde sempre pelo direito de ir e vir. Está na Constituição, em todas as nossas Constituições; desde a primeira, de 1824. E desde ontem, vivemos problemas de todos os tipos. Problemas graves. Problemas de corrupção...
O Regente Feijó (Diogo Antônio Feijó, 1784 -1843), foi o nosso primeiro governante.
Bastardo, criado entre padres, fez a sua época o que hoje ninguém faz: dedicou-se completamente ao Brasil, querendo, desejando, lutando de todas as formas para que o Brasil ganhasse a liberdade.
Em 1821, o Regente Feijó, paulista, herdou da família que o criou um volume bastante de dinheiro.
Em 1822, Dom Pedro disse num berro “independência ou morte”.
Foi num dia como hoje, 7 de setembro.
Era um sábado. Hoje, tantos anos depois, segunda, ainda não o entendemos.
O grito do Ipiranga, ou seja: foi um grito pela insatisfação que o seu autor, a essa altura, já nutria por sua terra Portugal. Mas esse seu gesto, só foi reconhecido cinco anos depois.
Que eu quero dizer o seguinte: a liberdade tão ansiada por nós, todos, é um passarinho que deve ser, sempre, bem tratado.
O grito do Ipiranga passou a ser reconhecido como importante verdadeiro, repito, só cinco anos depois.
A Inglaterra e França foram os primeiros países, depois de cinco anos, a reconhecer o ato de Dom Pedro como um berro de liberdade.

Agora, que tal você aí procurar saber o que é que  tem o Regente Feijó com a independência do Brasil?

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

CORDELISTAS E AVIÃO BRASIL

O dólar no céu, cutucando o sol que está meio doido, torra os miolos do Brasil. Quer dizer:: dólar subindo, alto estima descendo e o prato na mesa do pobre cada vez mais minguando ...
A crise política e a crise econômica se abraçam pondo a vida brasileira em estado de alerta.
A imprensa mundo a fora,  especialmente The Economist e o Financial Times, bota lenha na fogueira dizendo que dona Dilma e a sua equipe econômica perderam o rumo tipo: Apertem o Cinto Que o Piloto Sumiu.
Pois é, é como se todos nós estivéssemos sozinhos dentro de um avião a três mil pés e a três mil km/h voando em direção ao  inferno. Mas, calma, pensemos como Gramsci  (1891 -1937). Segundo ele ser pessimista na avaliação é correto, como é correto também  sermos otimistas na ação.
O mundo, desde a sua origem, tem se apresentado a nós pobres mortais  crise, crise, crise, crise e crise, mas de todas as crises, pequenas, médias e catastróficas, temos saído. Portanto, não vai ser essa merrequinha, ou marolinha como dizia Lula, que vai nos levar as profundas do inferno.
O Brasil não é propriamente o Olimpo, embora alimente deuses de todas as matizes.
Eu Gostaria de saber como é que os cordelistas deste Patropi estão acompanhando a turbulência que o avião Brasil esta sofrendo.  

O Brasil é muito grande
É um país continental
Que tem passado por turbulências
Desde os tempos de Cabral....


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