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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

TOMANDO UMAS PARA LEMBRAR QUE O MUNDO É JÓIA

Como tantos, o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade andou dando mensagens sobre o Ano Novo.
Dele é o trecho que segue, do poema TEMPO, este:
“…Para você,
Desejo o sonho realizado.
O amor esperado.
A esperança renovada.
Para você,
Desejo todas as cores desta vida.
Todas as alegrias que puder sorrir.
Todas as músicas que puder emocionar.
Para você neste novo ano,
Desejo que os amigos sejam mais cúmplices,
Que sua família esteja mais unida,
Que sua vida seja mais bem vivida.
Gostaria de lhe desejar tantas coisas.
Mas nada seria suficiente…
Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos.
Desejos grandes e que eles possam te mover a cada minuto
ao rumo da sua felicidade”.

O poeta francês Victor Hugo, espelho do meu amigo Peter Alouche, também andou falando sobre desejo, palavra que significa vontade e que tão bem mestre Drummond aplicou no poema acima referido.
Hugo, no seu DESEJO:
“Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer...
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo, por sinal, que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia,
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom.
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal,
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga `Isso é meu`,
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem...
Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo homem
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem,
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar”.

Fantástico, não?
A vida é isso, é desejo, realização.
Eu gosto do Natal, mas não gosto dessa figurinha ridícula que o comércio maleficamente espalha entre nós e nossos filhos e netos, e a que dão o nome idiota de Papai Noel.
Machado de Assis, no seu SONETO DE NATAL inserido por ele próprio no livro Poesias Completas (W. Jackson Inc. Editores, 1900), resultante de Chrysalidas, Phalenas e Americanas (que ele chamava de Occidentaes) anteriormente publicados, à pág. 376, diz:
“Um homem — era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno, —
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,
Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.
Escolheu o soneto... A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.
E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
`Mudaria o Natal ou mudei eu?’".
Fica no ar a pergunta que pode ser estendida a todos nós.

Um telefonema há pouco me fez bem.
Tinhorão, ele, a antena à qual nada escapa com relação à cultura brasileira, me faz uma pergunta, na bucha:
“Você conhece a Ópera dos Três Vinténs, do Kurt Weill e Brecht, estreada em 1928, em Berlin?”.
Disse que sim.
“Você já ouviu o trecho overture dessa ópera?”.
Sim...
“Você conhece a canção Sabiá, de Tom Jobim (letra de Chico Buarque)?”.
Digo de novo que sim, que empatou com a guarânia Pra não Dizer que não Falei de Flores, de Geraldo Vandré, no Festival Internacional da Canção, FIC etc., em setembro de 68.
“E aí?”, ele pergunta de novo com a vontade da constatação da informação e do saber.
No Youtube: THREEPENNY OPERA OVERTURE Chamber League.
Pra encerrar, revelo: de João Pessoa, PB, me vem o e-mail:
“Caro Chico,
Que 2010 seja de glória para suas letras faladas e escritas.
O que faz do homem, homem, é a transcendência. Como matéria, tudo apodrece.
Lembre-me aos seus,
do irmão, Miguel”.
Lembrado, Miguel, lembrado. Sempre.
O vento nos dá trilhas e o mar somos nós.
Aproveitando o ensejo, quero mandar aqui o meu abraço querido, carinhoso e apertado aos amigos de sempre; aos conhecidos vindos de todas as vidas etc., como Isa, Chico de Isa, Vitória recém chegada, Gabriel gênio, Darlan solidário, Vandré único, Behring compreensivo, Peter além do óbvio, Paulo Benites ocupado, Marco Haurélio cuidando de cordel, como Klévisson e Arievaldo, sumidos; Gregório expandindo seus negócios, Roberto Luna que não sei por onde anda, Geraldo Nunes voando sobre Sampa, Aluizio Gibson resolvendo paradas, Cássio nos Stêites se firmando a cada dia no mundo da música, Wagner idem, Chinem quieto, Alcides preocupado, Alê sonhando, Vanzolini ensinando e quem quer apredendo... E o da Cuíca, como vai?
Deus do céu, como é bom viver!
Também de bom tudo quero desejar aos meus filhos e à neta, Iara.
Para todos, enfim, tudo de bom.
Ah! Sim, na foto acima eu e a minha vida; essa que atende por Andrea Lago.
E como não tenho muito o que fazer, agora vou almoçar, isto é jantar, e tomar mais uma que não sou de ferro.
Sozinho, naturalmente.
O mundo capitalista é uma bosta, e leva os moles à farsa!

É uma bosta capistalisno
Mas quem sou, Assis, pra dizer
Depois de andar tempos por aí
Que este mundo é bonito sem ser?
Prefiro umas e outras tomar
Para ficar bebo e esquecer.

A línguagem do título é dos 70, quem lembra?

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

VÂNDALOS, UMA PRAGA A SER EXTINTA

Ainda estou chocado e pensando a respeito da notícia sobre os vândalos que mais uma vez atacaram a estátua do poeta Carlos Drummond de Andrade no calçadão de Copacabana, no Rio. Caso caiam nas garras da Polícia – e torço para que isso ocorra o mais rápido possível –, necessário será fazê-los pagar pelos danos provocados à memória drummondiana.
E qual pena a eles seria justamente aplicada?
Ora, simples: fazê-los ler e copiar à mão a obra completa do vate mineiro, de Itabira.
Aliás, acho que já está mais do que na hora de a Polícia fazer uma caça séria a quem cuida de destruir o patrimônio público.
O que leva alguém a fazer isso, hein?
Em São Paulo, os vândalos – essa raça não tem cor, sexo e nacionalidade, tampouco senso de cidadania e respeito ao próximo – se armam de sprays e saem na calada da noite pichando tudo o que encontra à frente: casas, edifícios, templos etc. Raramente um deles é pego em flagrante e quando isso ocorre a Polícia simplesmente o obrigo a limpar o que sujou.
É pouco.
Os vândalos, esses párias de cabeça oca, teriam no meu ponto-de-vista que fazer o lhe obrigam quando preso e mais: por um longo tempo, eles deveriam prestar serviço à comunidade e varrer ruas, como exemplo.
E claro, obrigá-los também a estudar.
Outro dia estive em Búzios, balneário do Estado do Rio com área de 70 km² e 30 mil habitantes aproximadamente, localizado nas proximidades de Cabo Frio e que fez a alegria da ex-cantora e atriz francesa Brigitte Bardot, no verão de 64.
A notícia foi publicada em todo canto.
Mas por que falo isso?
Porque achei Búzios uma cidade, limpa, muito bonita.
Tem lá no centro, claro, uma estátua de BB.
Tem lá também uma estátua de Juscelino e um belíssimo monumento aos pescadores.
Nenhuma dessas obras foi depredada.
Belo exemplo de respeito à preservação da memória os oriundos de Búzios e os seus visitantes têm nos dado.
Fico agora imaginando o comportamento de Drummond pela agressão sofrida.
O poeta era de pouca conversa, como o compositor paulista de Valinhos Adoniran Barbosa.
Pra se ter uma idéia: uma vez, como repórter da Folha de S.Paulo, eu lhe perguntei para qual partido político puxava as asas. Resposta fria, seca:
– Homem de partido, é partido.
Baixa o pano.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

GRUPO TRENDS É REFORÇO DO METRÔ PARA BEM-ESTAR DOS USUÁRIOS

Poxa...
Vocês leram a pergunta posta no “comentário” abaixo, a de nº 3?
Passo ao Peter, que é especializado no assunto, a indagação de Angelocca:
“Com prazer e alegria, respondo: As novas portas de plataforma do Metrô de São Paulo serão extremamente importante para a segurança dos usuários (criança que cai na via, pessoa que é empurrada na via, suicídio etc.), além de serem um fator de elevação da regularidade e confiabilidade do sistema (a todos objetos que caiam na via, como guarda-chuvas, bolsas etc., é parado o sistema para retirar tais objetos) e também um fator de tranquilidade psicológico para o condutor, na chegada à estação. Em linhas que operam SEM CONDUTOR (linha 14 de Paris, metrô de Lille, de Singapura e Linha 4 do Metrô de São Paulo, por exemplos), essas portas (de plataforma) serão indispensáveis para a operação do sistema, porque serão vitais para a segurança dos passageiros. Em Singapura (cidade ao nível do Equador, extremamente quente) as portas de plataforma de metrô vão até o teto, porque as estações são a ar condicionado. E como bem lembrou o Assis: são novidades em todas as Américas, detalhe que demonstra a preocupação do Metrô de São Paulo com o conforto de seus milhões de usuários/dia”.
O Grupo Trends Tecnologia está se somando ao Metrô de São Paulo, ao trtzer de fora novaas tecnologia, como a das portas. Parece besteira, ms aguardem os resultados disso.
Novidades costmam provocar discussões.
Espero que a resposta do engenheiro Peter L. Alouche atenda à curiosidade dos usuários, aqui representada por Angelocca.
A foto das novas portas publicada ontem neste espaço, como a de hoje, aliás, foi a primeira, publicamente. Até então, nenhum colega havia publicdo nada a respeito, tampouco fotos. Furo, pois, deste blog. Com isso espero, também, ter o leitor Marco Zanfra entendido o publicado até aqui.
Na foto, apareço com o engenheiro Alouche e outros profissionais do Metrô.

DRUMMOND, O POETA
Em sete anos – ouço a notícia na tevê –, arrancaram oito vezes os óculos do monumento que reflete o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, plantado solitariamente num banco do calçadão de Copacabana, a pouca distância de onde ele morava, no posto seis.
Deus do céu! Que tristeza.
Como pode alguém bater numa imagem de concreto armado e quebrá-lo sem razão?
Como pode, hein?

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O METRÔ A SERVIÇO DOS USUÁRIOS: NOVIDADES À VISTA

Assisti Avatar, o novo filme de James Cameron, o mesmo de Titanic.
Ficção, ação, aventura etc. e tal em tela privilegiada. Som idem.
Ficção e realidade se misturam entre si, se fundem; não por acaso, confundem.
Avatar é exemplo.
Os Sertões, de Euclides da Cunha, também.
O que um tem a ver com o outro?
Pra começar, dois coronéis de exército.
Um do passado, outro do futuro.
O primeiro, de Avatar, se chama Miles Quaritch e é um troglodita completo, vilão de primeira linha e minudezas. Irretocável.
O segundo, de Os Sertões, Antônio Moreira César.
Na hora do vamos ver, Quaritch promete a seus comandados que vai “jantar” em Pandora, lua fictícia do fictício mundo virgem de Polifemo criado por Cameron, onde ele, o troglodita Quaritch, imagina pôr fim a tudo que se mova nesse mundo de pureza total, de beleza incomum, com o peso da sua ignorância e armas mortíferas, impensáveis ainda na realidade de hoje.
O mesmo fizera César, com ligeira variação ao prometer a seus comandados que iria “almoçar” em Canudos, tão certo estava do massacre que promoveria com seus homens e canhões de último tipo em poucas horas contra os fiéis seguidores do beato Antônio Conselheiro, no interior da Bahia de fins do século 19.
O primeiro se lascou, o segundo também.
Quaritch é um celerado, asqueroso, mal dos males.
César, também.
O primeiro embota a ficção.
O segundo, a história do Brasil.
A promessa do primeiro se vê em tela larga e em 3D, na batalha final de Pandora, em Avatar.
A promessa do segundo se lê à página 327 da 9ª edição (definitiva; Livraria Francisco Alves, 1926) de Os Sertões.
A história de Cameron se passa num tempo não muito longe da nossa imaginação, quando tudo parece final e a salvação da raça dá sinais de vida na selva de Pandora – ou da Amazônia, se me entendem.
Nesse ponto, a “mensagem” de Cameron é primorosa, cabendo aos poderosos do momento assumi-la.
Sem dúvida, além de lição exemplar, o Avatar de James Cameron é uma boa diversão para crianças dos 8 aos 80.
Fica o recado: cuidemos do nosso planeta.

O CIDADÃO, EM PRIMEIRO LUGAR
Se o que se passa em Pandora é ficção, o que se passa no Metrô de São Paulo é realidade das boas, diferentemente do que se viu em Canudos do beato Conselheiro.
A realidade que se colocará já, já, nos trilhos das novas estações a serem entregues ao público garantirá mais vida e segurança aos três milhões e tanto de usuários/dia do nosso sistema metroviário, o primeiro do País, fundado em 68.
Digo o que vi:
Ontem à tarde, conferi pessoalmente a ação dos trabalhadores – a maioria formada por nordestinos – nas obras da futura estação Sacomã da Linha-2 Verde, na região Sul-Sudeste de Sampa.
Bonito,
Incrível o empenho de todos em prol da coletividade.
Perguntei ao engenheiro Peter Alouche, um dos fundadores do Metrô de São Paulo e hoje requisitadíssimo profissional de consultoria na área de transportes do Grupo Trends Tecnologia, quais as novidades a serem implantadas nas futuras estações, além da reformulação da linha de bloqueio anunciada pelo secretário dos Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella.
Peter destacou as vantagens do sistema de porta-plataformas novísissimo nas Américas (a novidade vem da Ásia) que está sendo implantado primeiramente na estação Sacomã:
“Segurança dos usuários e confiabilidade da operação, evitando paradas provocadas por quedas de objetos no vão entre os trilhos. Além disso, esse novo sistema de portas evitará suicídios, quedas de crianças e adultos no mesmo vão...”.
Voltarei ao assunto.
Ah! Na foto, o novo sistema de portas sendo instalado na estação Sacomã que será entregue em breve à população.

domingo, 27 de dezembro de 2009

O RADIOJORNALISMO PERDE O SAMURAI MUÍBO CURY

A história dos samurais de Kurosawa a que me referi ontem neste espaço vem do século 16, como Ran, Os Senhores da Guerra, outro filme imperdível e plasticamente perfeito do grande diretor japonês que veio a este mundo só para fazer obras primas.
E foram muitas.
Os Sete Samurais e Ran são exemplos, como Kagemusha, Derzu Usala e Madadayo, cujo lançamento nacional, em 1993, eu assisti encantado numa sala do Conjunto Nacional, na capital paulista.
Pois bem, a história de Os Sete Samurais (Schichinin no Samurai) tem origem nos tempos feudais da vida japonesa, quando ponteavam homens corretos e treinados militarmente pelo império para viver – e morrer – com honra em nome da paz e da justiça, custasse o que custasse.
Ao fracassarem, se matavam.
Seu tempo durou cerca de 800 anos.
Na história de Kurosawa, o samurai Kambei (Takashi Shimura) é contratado por indefesos camponeses a preço de quase nada para defendê-los das garras de um bando de celerados que os assaltam nos tempos de colheita.
Kambei escolhe a dedo os companheiros que o seguirão na árdua tarefa, entre os quais o bem humorado Kikuchiyo (Toshiro Mifune).
E se dá bem.
No Nordeste de padre Cícero e Gonzagão, a história e os personagens dessa história encontrariam alguma equivalência no Cangaço e, forçando um pouco a barra, nos pistoleiros de aluguel que pululam por aí.
Lembram de Billy, the Kid?
E de Robin Hood?
Pois é, o detalhe nessa história toda é que Kurosawa bota pra lascar, filmando melhor do que todos os jovens Barretos de hoje juntos e quase tanto quanto o velho Lima, de O Cangaceiro.
No começo dos anos de 1960, o norte-americano John Sturges levou à tela uma cópia da história dos samurais kurosawanos: Sete Homens e um Destino, com Charles Bronson, Yul Brynner e Steve McQueen, entre outros durões.
Fica o registro.
Ah! Sete Homens e um Destino é também um filme muito bom.
Acabei de assistir Avatar.

TRISTE PERDA: MUÍBO CURY
O paulista de Duartina Muíbo César Cury, uma espécie de samurai do radiobrasileiro, partiu silenciosamente ontem aos 80 para a Eternidade, sem se despedir de ninguém. Era calmo, discreto, e foi tudo muito rápido. Ocorreu após complicações no coração. Ele era uma pessoa exemplar, um profissional correto, inconteste, descoberto por Ariowaldo Pires no começo dos anos de 1950. Dono de uma voz muito bonita, Muíbo ocupou os microfones da Rádio Bandeirantes por quase 60 anos. Compôs músicas, gravou discos, fez dublagem para cinema e televisão. Era um monumento do radiojornalismo brasileiro. A última vez que nos vimos foi no ano passado, quando tive o prazer de lhe entregar exemplares do CD Inéditos do Capitão Furtado & Téo Azevedo, que produzimos ao lado de Inezita Barroso, Tinoco, Moacyr Franco e duplas como Irmãs Galvão, Mococa & Paraíso e Rodrigo Mattos & Praiano. O primeiro depoimento que se ouve no disco é o de Muíbo, sobre seu amigo o Capitão.
Fica entre nós o seu exemplo de vida por um mundo melhor. Saudade.

sábado, 26 de dezembro de 2009

KUROSAWA E ROBERTO CARLOS, ALGO EM COMUM?

Fazia tempo que eu nada fazia.
Isto é, que não dava bolas a relógio, horários etc.
Anteontem saí por aí, à toa, engolindo vento.
Fui ao mercadão da Cantareira após passar por um sebo na Mooca.
Fiz compras e conversei com um monte de gente que não conhecia.
Tomei umas; poucas, mas tomei.
Já nos meus domínios na cozinha, caprichei numa bacalhoada.
Liguei o rádio e ouvi notícias sobre a cidade, o trânsito e também sobre a lamentável figura do velho de barbas brancas e postiças induzindo gente pobre a gastar o que não tem, enquanto bufa seu hô, hô, hô idiota pelas ruas da vida.
Li bastante, menos jornal.
Antes de bater a hora de matar a fome, me deitei na rede e me balancei um pouco.
Por um instante, dei de garra do controle e passei a zapear.
Lá pras tantas, o P&B Os Sete Samurais de Akira Kurosawa aparece na telinha.
Colossais, o filme e o diretor.
Fez-me lembrar o filme de três horas e meia o fax de Kurosawa à poeta paulista de Planalto Mariazinha Congílio, amiga querida fundadora da inesquecível Pensão de Jundiaí, outrora frequentada por Hernani Donato, Fábio Lucas, Jayme Martins, Mário Albanese, João Marcos Cicarelli, Geraldo Vidigal, Ives Gandra da Silva Martins e o seu irmão, o pianista hoje maestro João Carlos; Expedito Jorge Leite, Paulo Bomfim, Marcello Glycerio de Freitas, Rhadá Abramo, Inezita Barroso, eu mesmo e tantos outros.
Mariazinha, que já está no céu, teve em 1992 a salutar ideia de criar o Dia Internacional do Homem, com estatuto e tudo que guardo como relíquia.
Os primeiros homenageados foram o jurista/filósofo Miguel Reale, o pintor Inos Corradin e Paulo Vanzolini, de Ronda e Volta por Cima. Depois Mandela, Kurosawa, o palhaço Arrelia, o historiador Sebastião Witter, o professor Pasquale, o cientista Clodowaldo Pavan, o jornalista Oliveiros Ferreira, entre outros.
Na impossibilidade de comparecer pessoalmente à solenidade de entrega de um diploma e um mimo, a Moringa da Pensão, no caso, Kurosawa mandou um fax agradecendo a iniciativa e a escolha de seu nome.
Lembro isso para lembrar a grandeza dos homens simples.
Ser simples por si só é ser grande, é ser sábio.
A pureza anda de mãos dadas com a simplicidade, quem não sabe?
Grande Akira Kurosawa!
Ainda num zap e noutro, aparece na telinha Roberto Carlos cantando suas coisas resultantes de pesquisas e tal.
Lembro dele, sim.
Nos meus tempos de repórter da Folha, nos 70/80, fui escalado para cobrir, numa madrugada fria, uma passagem de som sua, no Ibirapuera.
Fiz a cobertura, claro, mas sem entrevista.
Quem me ajudou no cumprimento da pauta foi o empresário, Marcos Lázaro.
Tudo bem que a vaidade e o lucro estejam acima de tudo nos planos de vida de Roberto, mas que ele é esquisito, isso é.
Como pode alguém se irritar tanto, ao ponto de acionar advogados para retirar do mercado um livro tão bem-feito a seu respeito, no caso Roberto Carlos em Detalhes, do historiador Paulo Cesar Araújo, que conheci de entrevista ao programa São Paulo Capital Nordeste que apresentei por anos a fio na Rádio Capital paulista?
Eu, hein!
Ah! A foto que ilustra este texto, vem dos meus arquivos e lembra o registro da cobertura de passagem de som de Roberto. À esquerda, eu. À direita, Lázaro.

domingo, 20 de dezembro de 2009

MENINA VITÓRIA, CHICO-ISA E CORINTINHIANS. VIVA A VIDA!

Vitória, filha primeira do casal Chico-Isa, veio ao mundo ontem, 353º dia do calendário gregoriano.
Ela, Vitória, chegou a este mundo com saúde de ferro e pesando, pra comprovar, 3,5 quilos.
A boa-nova veio do Hospital São Luís, no Itaim, cá em Sampa.
Eu, pai, pensei no primeiro filho que tive há vinte e tantos anos, pois grávido também fiquei, ora!
O filho é filha.
Chama-se Luciana, maravilhosa, e que até uma netinha igualmente maravilhosa Lu já me deu: Yara.
Quase quatro anos depois de tão importante acontecimento na minha vida, inda me sinto assim, assim, com sorriso largo me alumiando a cara redonda que a Paraíba e dona Maria Anunciada e seu Severino Ângelo me deram, em setembro de 52.
Ê, coisa boa!
É a vida se reproduzindo; é a gente se reproduzindo pensando num mundo melhor.
Que o diga o meu amigo Flávio Tiné, pernambucano dos bons...
Beleza ter filhos e netos!
Andrea, mãe de Pedro e Marina, me disse que Isa pariu legal às 7 da manhã. Menos de 12 horas depois, ela, Isa, já tava pedindo algo pra molhar a goela e um cigarro pra relaxar, antes de se meter espontaneamente numa sessão de exercícios no hospital, para admiração e medo de médicos e enfermeiras que lhe pediam calma e repouso.
Mas Isa, embora calma, tranqüila como sempre, nunca foi pessoa de repousar, tampouco a pedido. Ela gosta mesmo é de trabalhar, de produzir.
Um dínamo é o que ela é.
Através de Andrea, minha companheira de vida e sonhos, eu fiquei sabendo que Chico de Isa, o pai de Vitória, não perdeu um segundo para inteligentemente enaltecer o Corinthians – opa! –, pondo na porta do quarto do hospital da consorte o aviso óbvio: “Aqui nasceu gente!”, e o símbolo, naturalmente, do Timão agora às vésperas do seu 1º centenário de nascimento.
Grande Chico, que acha no campo da vida a razão de torcer. E por ser o que é, um corinthiano da gema, lhe dedico e dedico também a ela e a “ela” a letrinha cuja melodia está se gerando no útero cerebral do meu parceiro Osvaldinho da Cuíca, esta:

UMA BATUCADA PRO CORINTHIANS
Assis Ângelo

Neco, Teco,
Teleco e Neto,
Corinthians!
Maestros no campo.
Mestres da bola.
No gesto do drible.
No gesto do riso.
No rito da glória.
À vitória!
Corinthians!
Corinthians!
Corinthians!
Gilmar, Wladimir,
Baltazar e Sócrates
Mais o Pequeno Polegar.
Ó glória!
Cláudio, Idário, Basílio,
Rivelino, Dida e Tupã,
Palhinha, Viola e Grané,
Todos grandes
Como Maria, o Superzé.
Maestros no campo,
Mestres da bola.
No gesto do drible.
No gesto do riso.
No rito da glória.
Corinthians!
Corinthians!
Não sai da minha mente,
Nem do meu coração.
É preto e é branco
É Corinthians campeão!
É guerreiro,
É valente,
É brasileiro,
É o time da gente.
Corinthians!
Corinthians!
Corinthians!
De ontem, hoje e sempre,
Corinthians!
Corinthians!
Corinthians!

E especialmente à filha de Chico-Isa, esta sextilha:

Seja bem-vinda, Vitória,
A este mundo desigual,
Aproveite e plante nele
Uma semente genial,
Pois sem isso não se vive:
É preciso ter um ideal

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

GRUPO DEMÔNIOS DA GAROA VAI VIRAR FILME, EM 2010

Isso mesmo!
A história do grupo musical mais antigo em atividade profissional ininterrupta do mundo, o Demônios da Garoa, vai ser contada na tela grande, no ano que vem.
Bom, não é?
Até o diretor já foi escolhido: Pedro Caldas; o mesmo de Versificando, que tem enchido os olhos – e ouvidos – de muita gente, mundo a fora.
Quem me deu tão boa notícia foi a produtora cultural Andrea Lago, aniversariante de hoje, 17 de dezembro.
O filme será baseado no livro Pascalingundum, que escrevi e o Grupo Trends Tecnologia pôs nas mãos de seus amigos e clientes durante um show na empresa, há um ano.
Andrea lembra que ainda há espaço para patrocínio. A pessoa jurídica que se habilitar... Sairá ganhando.
Sobre o assunto, falarei daqui a pouco ao vivo, ao meio-dia, no programa Em Cartaz, de Atílio Bari, acessado nos canais 9 (Net) e 72, 99 e 186 (TVA).

PETER EM REVISTA

A nova edição da revista argentina Vial, traz longa entrevista com o engenheiro Peter L. Alouche, consultor especializado em transprotes na área de tecnologia para o Grupo TGrends, Banco Mundial e Agencia Francesa de Desenvolvimento (AFD). Ele falou sobre transporte, naturalmente, e sustentabilidade. Leitura imperdível.

METRÔ E NORDESTINOS

Em primeira mão: o Metrô de São Paulo vai homenagear os nordestinos em São Paulo, com uma nova estação a ser entregue à população no começo do ano que vem. Já era tempo! A respeito, falarei mais depois.

domingo, 6 de dezembro de 2009

PETER ALOUCHE EM DICIONÁRIO DE MÚSICA BRASILEIRA

Um ganha, outro perde.
É o jogo da vida.
No correr das últimas rodadas esportivas, os torcedores palmeirenses perderam um pouco a alegria de viver. E isso foi mais do que óbvio e necessário, no meu ponto-de-vista, pois as besteiras que o time do Parque Antarctica cometeu são, simplesmente, imperdoáveis. E não vou aqui enumerá-las para não fazer os marcelos da vida palmeirense sofrerem mais, não é mesmo Aluizio?
Tudo é triste e é só.
Eu disse marcelos?
Pois bem: o Marcelo Cunha, sempre verde de raiva quando seu time perde, deve estar se mordendo como o personagem de quadrinhos Hulk, de Jack Kirby e Stan Lee...
O que fazer?
Dizer miau, ora!
Os são-paulinos, também.
De certa forma, nós, corinthianos, temos algo a ver com isso tudo.
Adivinhem.
Estamos na Libertadores e isso por ora basta!
Claro: o Palmeiras, não.
Quem deve também está sofrendo muito com o resultado do Brasileirão findo ontem é o Paulo Benites.
Nada grave, um bom uísque resolve.
Paulinho, como o querido Ives Gandra da Silva Martins, irmão do maestro João e presidente do Conselho Consultivo do São Paulo Futebol Clube – sou democrático! – e prefaciador do meu opúsculo A Presença do Futebol na Música Popular Brasileira, lançado primeiramente pelo Metrô de São Paulo e depois pela Paulus, esperneou, fez, desfez, quis, mexeu, doeu, ai, ai, ai, pulou miudinho, chorou, berrou, mas teve de segurar a onda numa boa.
E...?
Ano que vem já sabemos: é Coringão na cabeça.
100 anos!
Ninguém ou instituição nenhuma chega a 100 a toa.
...Uma vez Flamengo, sempre Flamengo!
Boa.
Grande Lamartine Babo (1904-63).
Lamartine compôs 13 grandes hinos, seis dos quais num dia só.
O primeiro, para o time do seu coração, o América.
Depois, para o Fla, Vasco, Flu, Bangu e Botafogo, que faturou o Palmeiras no Brasileirão findo ontem, por 2 x 1.
Digo mais? Digo não.
Mais tarde os jornais dirão.
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PETER ALOUCHE EM DICIONÁRIO

Enquanto o Flamengo ganhava, o Palmeiras perdia e o São Paulo ganhava sem muita precisão, eu dava um pulo na livraria Cultura, ali na Paulista, acompanhado de Peter Alouche, coringa por causa do Gordo.
Quada-cais... Eita!
Pois...
Num instante, mas por acaso, ele achou o Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira.
Alegria dez, tal qual outro amigo se fez e a mim: Paulo Vanzolini, quando o Aurélio há trinta anos fez verbete sobre o “volta por cima” e o citou.
Parecia menino o Paulo, naquela ocasião.
Parecia menino o Peter, hoje len do seu nome no dicionário do Houaiss.
Bonito.
Deve ser bom em vida saber-se reconhecido pelas belezas feitas.
Quem sabe, chegarei lá...
Posteridade: na foto que ilustra este texto, da direita (epa!) para a esquerda, as figurinhas exibidas, são: Paulo Vanzolini, eu, Peter, Sérgio Salvadori (por onde anda?) e o atual presidente do Metrô de São Paulo, Jorge Fagali, que não tem tempo pra falar comigo. O ambiente em que foi feita essa foto: livraria Cultura, de Pedro Hetz.

RONIWALTER

Do amigo Roniwalter Jatobá, escritor dos maiores que o nosso País tem, recebo neste instante a indagão que nos faz a goela tremer:
"Você soube? Tenho acompanhado o drama do dramaturgo que foi baleado cruelmente na praça Roosevelt. Terrível, né? Violência de quem? O mundo precisa beber mais, sem raiva".
O dramaturgo aqui lembrado é Mário Bortolotto, que está vai não vai na Santa Casa de Misericórdia...
Meu deus!
Quarta que vem vou tomar um porre com Roni, no Consulado Mineiro do amigo Geraldo Magela. Quem sabe assim a gente ajeita o mundo, hein?
É o jeito, viu Zanfra?

LUIZ GONZAGA
Logo mais às 22 horas de hoje 7 do mês, um especial sobre o rei do baião Luiz Gonzaga, na TV Brasil. Tem Fagner, Dominguinhos, Lirinha, do Fogo Encantado, e eu... Ui! O especial vai no programa De Lá Pra Cá, do Ancelmo Gois e Vera Barroso.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

DE IMPROBIDADE FEDERAL, POESIA E MÚSICA

No emaranhado miolo brasiliense da ilha da fantasia, e entorno, há uma fieira de calango tangos de coloração político-partidária diversa pulando miudinho sobre a frigideira da Justiça.
Hoje, e não por coincidência, está se completando uma semana que o governador DEM José Roberto Arruda, do Distrito Federal, deu de garra de uns maços de grana viva oferecida por corruptores amigos donos de empresas prestadoras de serviço ao DF por meio de editais e outras ferramentas legais que a gula torna ilegais.
A sede incrível por dinheiro do governador distrital desencadeou mais um escândalo nacional.
E que escândalo!
Mas o moço corrupto que já colecionava antecedentes do gênero, pensava que o bote que deu ficasse sob segredo de Estado.
Eita!
Os instrumentos de uso corrente aplicados nestes tempos bicudos previstos por George Orwell no livro 1984 impediram que o esfomeado governador ficasse impune ao gesto lamentável que cometeu, junto com sua corriola. Resultado: até o instante presente em que batuco estas linhas, oito pedidos de impeachment foram despejados no colo da Procuradoria da Câmara Legislativa da ilha da fantasia exigindo a sua saída imediata do cargo que o voto direto o colocou.
Dos oito, dois estão sendo analisados em caráter de urgência.
Mas não vou me alongar aqui no assunto, pois os jornais de amanhã, e as revistas de fim-de-semana certamente o farão. Deixo, antes, palavras versificadas do indignado poeta popular cearense Moreira de Acopiara:

Nosso velho Brasil requer ajuda,
Pois tem muito bandido nessa praça.
Outra vez vi José Roberto Arruda,
Esse incréu, esse truste, essa desgraça,
Comandando em Brasília uma quadrilha.
Essa corja nos rouba, nos humilha,
Faz a gente de besta, de imbecil.
Esse Arruda de Serra ia ser vice,
Mas caiu na fraqueza, fez tolice,
Será menos um DEMO no Brasil.

Para quem não se lembra, vou dizer
Quem é esse José Roberto Arruda.
Serei breve, pra não me aborrecer
Ainda mais nessa vida tão sisuda.
Não faz muito esse traste foi flagrado
Violando um painel lá no Senado
Pra saber quem foi quem votou em quem.
ACM, outro traste da Bahia,
Nessa fraude foi sua companhia,
Muita gente se lembra muito bem.

Ia mal o governo FHC,
Que já tinha comprado uns deputados,
E esse Arruda no PSDB
Era mais um dos grandes aliados.
Questionado, negou. Mas levou vaia.
Aliou-se ao larápio Sérgio Naia,
Mentiu muito. Mas pra não ser cassado
Foi de novo à tribuna, confessou,
Fez teatro, chorou, renunciou,
Pra sair candidato a deputado.

Elegeu-se também Arruda para
Governar o Distrito Federal.
A memória do povo é coisa rara,
E não diferencia o bem do mal.
Veja a tal de Ieda lá no Sul!
Lá debaixo daquele céu azul,
Tem da mídia local a proteção.
Pinta e borda, nos chama de imbecis...
Rouba e mente! E o meu pobre País
Cada dia acoberta mais ladrão.

No passado tivemos mensalão,
Doações de carrões, grana em cueca,
Malas cheias andando de avião...
E essa fonte eu não sei se um dia seca.
Esse escândalo que agora se repete
Envergonha, chateia, compromete,
Mostra a fragilidade do sistema.
Esses DEMOS vestidos de pastores
Furtam, mentem, maltratam os eleitores...
E ninguém bota um fim nesse problema.

Na TV vimos cenas muito feias
Envolvendo dinheiro de propina,
Que encheu bolsas enormes, encheu meias,
Mais os bolsos das aves de rapina.
Deputados que são remunerados
Muito para serem aliados
Dos munícipes e serem defensores
São flagrados botando a mão na massa.
Do meu canto imagino o que se passa
De obsceno naqueles bastidores.
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PROJETO GURI: 15 ANOS

De Hedylaine Boscolo, da Lead Comunicação e Sustentabilidade (hedy@lead.com.br), recebo e repasso outras palavras:
Mais de 380 alunos, 23 compositores, 18 faixas, 11 polos, 18 meses, 160 horas de gravação.
Estes são alguns dos números que envolvem o projeto do CD Guri Convida, que a Associação Amigos do Projeto Guri (AAPG) lança no próximo dia 13 de dezembro. O CD dá início às comemorações do 15º aniversário do Projeto Guri, iniciativa nascida na Secretaria de Estado da Cultura e gerida pela AAPG desde 2004.
Com direção artística do produtor Beto Villares, o CD é fruto de um trabalho que uniu estudo, disciplina e dedicação de centenas de alunos do Projeto Guri, sob a regência e orientação dos educadores musicais da AAPG. Os meses de ensaios resultaram em 18 faixas inéditas, compostas e gravadas por artistas especialmente convidados para o projeto.
André Abujamra, Andréia Dias, Arnaldo Antunes, Anelis Assumpção, Antônio Pinto, Catatau, Curumin, Fernanda Takai/ John Ulhoa, Iara Rennó, Maurício Pereira, Max B.O., Rappin’ Hood, Renato Dias, Siba, Grupo Sonantes (que tem como vocalista a cantora Céu), Thalma de Freitas e Zélia Duncan são os artistas que participam do Guri Convida, que resultou numa mistura moderna e criativa de gêneros e gerações.
Os artistas de destaque no cenário musical entraram em estúdio com os guris dos seguintes polos do Projeto: Amácio Mazzaropi, Espaço Aberto Jardim Miriam, Fundação Casa Mooca, Ibiúna, Indaiatuba, Polo Regional de Jundiaí, Osasco, Pirassununga,
Ponte Brasilitália, Julio Prestes e Comunidade Harmonia. Dessa forma, os alunos do Projeto Guri puderam apresentar a bagagem musical que estão adquirindo em sala de aula, com resultado aprovado por quem entende de música. “Eu desenhei o projeto de forma que o Guri fosse o principal músico”, explica Beto Villares. “O CD é um verdadeiro encontro entre nossos alunos-artistas e nomes de destaque da música brasileira. Significa mais uma forma de desenvolvimento social. Além disso, representa também a qualidade técnica do ensino musical que oferecemos, pois demonstra a capacidade e profissionalismo dos alunos durante ensaios e gravações”, observa Alessandra Costa, diretora executiva da AAPG.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

BICHO, BICHO, BICHO. MEU DEUS! É GENTE. É GENTE?

O pernambucano Manuel Bandeira narrou a seu jeito seus próprios versos, nos fins dos anos de 1950:

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus
Era um homem.

Arrepiei-me todo há pouco quando vi esse bicho, que não era homem, que não era gente, que não sei o que era.
Esse bicho também era não/era mulher, meu Deus!
Estava ali esse bicho nos baixios do viaduto Minhocão, bem perto de onde moro entre Campos Elíseos, Barra Funda e Higienópolis, terreno do humorista Jô Soares, do político ex-presidente da República FHC e tantos.
Meu Deus!
Era nada tudo aquilo que vi:
- Um jovem puxando cachimbo craqueano com os olhos virados...
- Uma jovem, bem jovem, barriguda de um bebê sabe-se lá de quem...
- Outros jovens em volta fumando coisas... E outros bebendo eu não sei o quê.
Havia no meio também uns desnudos, dizendo coisas sem coisas e exalando um fedor dos infernos.
E chovia.
Eu vi.
Vi também um monte de sombras chegando com coisas/comidas nas mãos, oferecendo sei lá o quê aos oferecidos que pegavam autômatos engole-engole às cegas o que lhes oferecia sem saber o quê.
Meu Deus!
Manuel Bandeira viu tudo.

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