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sexta-feira, 31 de maio de 2013

PINTO DO ACORDEON, NO PROGRAMA DO JÔ

Aprovada no início do mês pela Câmara Municipal de São Paulo e promulgada esta semana pelo prefeito Fernando Haddad, uma nova lei está entrando em vigor para alegrar e embelezar um pouco mais esta que é a 3ª maior cidade do planeta, ou seja: agora os artistas mambembes estão livres para mostrar sua arte aos motoristas e transeuntes que se movimentam no dia a dia por suas ruas e avenidas.

PINTO DO ACORDEON
Francisco Ferreira Lima, mais conhecido por Pinto do Acordeon, é a grande presença musical hoje no Programa do Jô, logo após o Jornal da Globo. Ele vai falar sobre as suas origens e trajetória artística, e também da sua amizade com o rei do baião Luiz Gonzaga e dos muitos espetáculos que dividiram juntos nos palcos do Nordeste.
Pinto, paraibano do Vale do Piancó, mais precisamente da cidade de Conceição, já se apresentou em Montreux, Suiça, ao lado de Gilberto Gil, Elba Ramalho, Milton Nascimento e Flávio José e por dois meses pelo Japão.
Ele tem duas dezenas de discos gravados, incluindo LPs.
Seu primeiro LP data de 1976, ano em que cantores e grupos musicais começaram também a gravar suas composições, entre eles Fagner, Genival Lacerda e Trio Nordestino.
A idealizadora do Troféu Gonzagão, Rilávia Cardoso, acompanhou o artista na entrevista ao apresentador Jô Soares. 
O juiz de Direito da Comarca de João Pessoa, PB, Onaldo Queiroga, está escrevendo a sua biografia, cujo lançamento deverá ocorrer ainda este ano.
CLIQUE, para ouvir Pinto cantar uma música em homenagem ao Rei do Baião: 
http://www.youtube.com/watch?v=bwPVt09gYQM

quinta-feira, 30 de maio de 2013

UM ARTISTA DE BEM COM TORTURADORES

Esta semana, vendo TV, eu sofri um aperto enorme na garganta.
Na telinha do SBT, o cantor brega Amado Batista e a jornalista Marília Gabriela, de tantos e bons serviços prestados ao Brasil através de seus programas, desde TV Mulher (Globo).
Marília incisiva, perguntadora e solidária, sempre ao lado do Brasil e dos brasileiros mais simples.
Um parêntese: em 1983, quando o governo de São Paulo me processava com alegada base na Lei de Imprensa por eu ter escrito e publicado uma reportagem (de 1ª pág.) sobre violência na região do chamado Grande ABC, na Folha, empresa das qual eu era repórter, ela fez comentários em minha defesa na TV Mulher, sem sequer me conhecer.
Como esquecer?
O editor do jornal era Boris Casoy, que - convenhamos - não estava e nunca esteve nem aí com essa tal de democracia... 
E como não ter a garganta apertada ao ouvir um brasileiro ídolo de milhões dizer na TV que mereceu ser preso e torturado pelos agentes da ditadura, por “acobertar pessoas que estavam querendo tomar este país à força"; e esse mesmo brasileiro afirmar com toda naturalidade do mundo que o passado para ele está enterrado e, por isso, não tem nenhum interesse e nem nada a dizer à Comissão da Verdade, formada para por os pontos nos is da nossa história recente? 
Doeu.
E doeu ainda mais por lembrar que eu mesmo, no correr do advento do processo Abertura de Geisel, que durou até 1985, publiquei entrevista de três páginas (clique na imagem) com o mesmo Amado falando da sua história de pessoa humilde, na extinta revista Homem (nov/1982; nº 52) da Ideia Editorial, um dos braços ou selos da Editora 3, que até hoje edita Istoé.   
A entrevista é curiosa, e dela se depreende que o objetivo do entrevistado era seguir o rastro de Roberto Carlos, seu ídolo, e ser famoso como ele, com muito dinheiro no bolso etc.
O cantor Amado Batista sempre foi um homem triste.
Conseguiu.
Freud explica?
Ah, sim. Depois do processo que o Estado me moveu, e do qual fui absolvido, jamais a Lei de Imprensa foi aplicada.

ANTONIO COMEÇOU A ANDAR...
No dia 4 de março do ano passado, eu iniciei o texto para este espaço, assim:
“Hoje, pouco antes de o sol nascer às 6h06 por estas plagas, mais uma vez o milagre da vida se concretiza num leito da Maternidade São Luiz, na capital paulista: a menina Dri deu à luz o menino Antonio (foto), que chegou forte e saudável pesando 2,97 kg, para a alegria do pai Alê, de primeira viagem, familiares e amigos.
O casal era só alegria após o nascimento de Antonio, ocorrido de parto normal e pontualmente às 5h39.
Antonio veio num dia de sol, com os termômetros girando em torno dos 20 graus e sob os bons fluídos da Lua Crescente”. 

Pois é, Antônio começou a andar faz duas semanas.
Ele rir à toa e a nós nos aparenta ser a prova de que Deus existe.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

DOMINGUINHOS CANTA HINO AO CEU

O único filho-homem de Mauro José Silva de Moraes, filho de Dominguinhos, tem o nome do avô: José Domingos de Moraes Neto. Com 15 anos, Netinho (aí na foto), como é chamado, joga futebol sério no juvenil do Botafogo, time que fez brilhar a luz de Garrincha.  

HINO
Eu e Gereba compusemos uma música para Dominguinhos cantar. Clique:
PARA A CHUVA CHEGAR
O cantador Santanna por telefone, da Bahia, declama uma estrofe de seis linhas de autoria atribuída ao cantador de improvisos ao som de viola Ismael Pereira, esta:

O sertão estava enxuto
De repente a chuva veio
A peixeira do relâmpago
Rasgou a nuvem no meio
O rio foi dormir seco
Quando acordou tava cheio

O diacho é que a seca continua pegando pesado com os nordestinos.
Até quando, hein?
E o projeto de desvio das águas do Velho Chico, que não anda.

VISITA
Domingo passado tive a alegria de receber os amigos jornalistas Fernando Moura e Alarico Correia Neto. Fernando é o atual superintendente do diário centenário A União, da Paraíba. Alarico faz parte do seu staff.

terça-feira, 28 de maio de 2013

CYRO MONTEIRO: HOJE, 100 ANOS


Cyro Monteiro era um anjo.
É o que todos ainda dizem dele, inclusive o revolucionário da canção Geraldo Vandré, que o conheceu de perto.
Geraldo, que nunca foi de tecer loas a ninguém, testemunha:
“Ele era uma pessoa incrível, muito boa”.
O papa da bossa nova, João Gilberto, o considera uma das três maiores vozes da nossa música popular, ao lado de Orlando Silva e Lúcio Alves.
E numa canção feita como resposta a um presente dado à primeira de suas filhas, Chico Buarque começou:

Amigo Cyro
Muito te admiro
O meu chapéu te tiro
Muito humildemente...”.


Cyro era flamenguista e o presente que ofertou à filha de Chico, Sílvia, foi uma camisa do seu time, pois queria que ela também fosse flamenguista para contrapor com o pai, torcedor roxo do Fluminense.
Mas, enfim, hoje faz 100 anos que Cyro nasceu e nenhuma programação para lembrar a sua importância se acha em qualquer teatro ou casa de show.
O rádio não o toca mais e a TV não mostra sua imagem.
Especial sobre ele?
Lamentavelmente Cyro é passado, um nome esquecido e também por muitos - e há muito tempo - desconhecido.
Pena.
Cyro Monteiro entrou para a história da nossa música popular pelas mãos do seresteiro Sylvio Caldas. A primeira música que ele gravou foi a marcha Vê se Desguia, de Kid Pepe e João Barcelos, no dia 10 de dezembro de 1935.
Essa música foi lançada no ano seguinte.
Cyro, um simples carioca suburbano, gravou 65 discos de 78 RPM e alguns compactos e LPs na fase do vinil. Um deles, de 1965, foi produzido por Aloysio de Oliveira para o extinto selo Elenco. Esse disco era todo ocupado por músicas compostas por Baden Powell e Vinicius de Moraes, intitulado De Vinicius e Baden Especialmente Para Ciro Monteiro.
Esse é um LP raríssimo, ainda sem versão no formato de CD.
A primeira gravação feita por Cyro Monteiro saiu pela multinacional Odeon e a última pela etiqueta particular Rio.  
Curiosidade: no dia 17 de abril de 1949, Cyro entrou num dos estúdios da extinta RCA Victor, no Rio de Janeiro, e gravou o único samba inédito Meu Pandeiro (reprodução do selo acima, ao lado) do rei do baião, Luiz Gonzaga, e do parceiro ocasional Ary Monteiro, que, aliás, nenhum parentesco tinha com Cyro.

 
Um detalhe: esse samba acaba de sair no CD O Samba do Rei do Baião (reprodução da capa acima, ao centro), interpretado por Socorro Lira e pelo paulistano Oswaldinho da Cuíca e Regional com arranjo musical do pernambucano Jorge Ribbas. Um pedacinho para você curtir, clicando abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=vSz3WLaEmg8

JOSÉ MILTON
Depois de gravar uma faixa de seu novo disco com Zeca Baleiro, o cantor e compositor Chico Salles veio nos visitar junto com o produtor musical mais premiado do Brasil, José Milton (aí na foto, abaixo). Depois esticamos a prosa até o Sujinho, na Consolação, onde degustamos uma boa Original. E como não tínhamos muito o que fazer, apreciamos uma picanha no ponto!  

IVES GANDRA
Não assisti hoje de madrugada a entrevista do tributarista Ives Gandra da Silva Martins ao Jô Soares na Plim, Plim; mas ele me mandou e gostei. Tanto, que divido com vocês um pouco da sua inteligência e sensibilidade apresentadas no vídeo. Curtam-na, clicando:
http://glo.bo/18wxZ6q

segunda-feira, 27 de maio de 2013

O DESABAFO DE UM HOMEM TRISTE

Mauro José Silva de Morais, pai de Marcela, Milena, Priscila e José, é filho de José Domingos de Moraes, o Dominguinhos sanfoneiro, cantor e compositor pernambucano internado em estado de coma no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, desde o dia 13 de janeiro deste ano.
Mauro está triste, primeiro pelo estado de saúde em que se acha o pai.
Dominguinhos chegou ao Sírio-Libanês transferido do Hospital Santa Joana, de Recife, onde fora internado no dia 17 de dezembro do ano passado.
Foi nesse hospital, aliás, que o rei do baião, Luiz Gonzaga, expirou no dia 2 de agosto de 1989, aos 76 anos de idade.
Mauro também se diz um homem triste por se ver “atirado à opinião pública como um bandido, como uma pessoa interessada” nos possíveis bens que Dominguinhos possa um dia deixar, mas ele ensina:
“A maior herança que um filho pode receber de um pai, eu já recebi: os seus ensinamentos. Através do meu pai, eu aprendi a respeitar as pessoas. Por isso, eu gostaria de ser respeitado também. O que estão fazendo comigo é desumano”, ele desabafa, numa referência delicada à Liv e à mãe dela, Guadalupe.
Mauro, 53 anos, é o filho mais novo de Dominguinhos com a carioca Janete Silva de Moraes, cujo casamento o Rei do Baião relutou em aceitar (ler trecho acima de depoimento constante do livro Dicionário Gonzagueano, de A a Z”). 
Dominguinhos também foi pai de uma irmã de Mauro, Madaleine, já desaparecida.
“Agora Guadalupe diz por aí que é a esposa de Dominguinhos. Não é. Os dois estão separados há 20 anos e pelo menos há dez ela vive com outra pessoa. Esquisito, não é? E eu apareço como vilão nessa história. Esquisito também eu não poder levar meus filhos para ver o avô no hospital. E não posso fazer isso simplesmente porque ela (Guadalupe) não deixa. Sabe, é muita humilhação que eu estou sofrendo”, de novo ele desabafa.
Segundo Mauro, nem o irmão de Dominguinhos, Valdomiro (um dos integrantes do há muito extinto conjunto musical Os Três Pinguins), tem autorização para lhe fazer visita.
“Situação como essa já me fez chorar muito”, conta.
Mauro José Silva de Moraes pede que eu diga que ele não está para brigar com ninguém, tampouco com membros da família; que é de paz e sobre o pai, diz: “Seu estado de saúde é muito delicado e inspira milagres. O meu pai continua inconsciente, mesmo com os médicos fazendo tudo que podem para trazê-lo de volta à vida. É uma luta constante, essa. Temos que continuar orando, e muito!”.

SÃO JOÃO SEM OSWALDINHO?
Pois é, eu não consigo entender o que está se passando na cabeça dos produtores e programadores culturais deste meu país, que não convocam Oswaldinho do Acordeon para abrilhantar os festejos juninos. Será porque ele é bom demais, como diria Dominguinhos naquele arrasta-pé que fez com Nando Cordel?

SÉRGIO SAMBA SAMPAIO
O paraibano Chico Salles acaba de telefonar para dizer que daqui a pouco entrará em estúdio, no Mosh, SP, para gravar participação de Zeca Baleiro no seu novo disco, Sérgio Samba Sampaio. Com ele, o produtor Zé Milton. Também participam do novo CD de Chico, Fagner e Zeca Pagodinho. A direção geral é do craque Henrique Cazes.

PINTO DO ACORDEON
E não é que o Pinto entrou no Programa do Jô? A gravação, que será levada ao ar pela Globo na próxima sexta-feira, está sendo feita agora. A agitadora cultural Rilávia Cardoso está a seu lado, dando segurança.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

PARA LER, FORRÓ DE CABO A RABO

Gonzaga rei do baião é o artista da nossa música popular mais biografado da história.
Aliás, nunca se falou tanto dele como agora.
Uma glória.
A seu respeito têm-se descoberto histórias e façanhas incríveis no correr da carreira que iniciou no final dos anos 1930, após servir o Exército como corneteiro.
Eu mesmo descobri, recentemente, que ele fez parte de um belíssimo conjunto musical formado e dirigido por um músico português, José Lemos. Detalhe: desse conjunto, Portugália, participavam Donga, Pixinguinha, Luiz Americano e Cláudio Santoro, entre outros artistas de inegável talento e gabarito.  
O Rei do Baião foi gravado desde o começo dos anos 1950 por intérpretes como as portuguesinhas Carmen Miranda e Ester de Abreu em discos de 78 rpm, naturalmente. E também por Peggy Lee, a deusa loura da música popular norte-americana. E também pelo conjunto Los Pascuenses, da Ilha de Páscoa, em rapanuí – a língua de lá. E também por Dizzy Gislepie, criador do bebop, junto com Charlie Park. E também pela japonesinha Keiko Ikuta, entre outros e outras.
Luiz Gonzaga foi maior do que nós, brasileiros, pensamos; inclusive porque a maioria dessas gravações nunca chegou por aqui.    
Eu lembro isso para falar do novo livro Forró de Cabo a Rabo (acima, reprodução da capa e contracapa), do competente e ousado jornalista paraibano Ricardo Anísio, que li num fôlego só num vôo quarta entre Campina Grande, PB, e Salvador, BA.
Em Forró de Cabo a Rabo (Edições Bagaço, 2012, PE) o Rei do Baião aparece em todas as páginas mesmo não sendo, digamos, o personagem central.
O livro reúne 39 perfis bem traçados de artistas de origem nordestina, incluindo Gonzaga e Jackson do Pandeiro etc.
O “porém” que se capta no livro é que Anísio não acha Gonzaga assim tão grande ou importante, mas não liguem: é uma provocação naturalíssima desse jornalista “antenado” com as coisas do Brasil e que deveria ser disputado a preço alto por todos os jornais sérios; não só da Paraíba, mas de outras plagas também.
O provocador Ricardo Anísio escreve bem, sim sinhô!
Vale a pena ler esse seu livro.
 
REALIDADE
Os jornalistas Mylton Severiano, paulista de Marília mais conhecido nas lides por Myltainho; e o santareno Palmério Dória criado em Belém reunirão amigos amanhã, às 15 horas, no espaço Plínio Marcos, na Vila Madalena. A razão disso são os livros que estão lançando: Realidade, História da Revista Que Virou Lenda e Honoráveis Bandidos, de Mylton e Palmério, respectivamente.
O ator Paulo Cesar Peréio e o cartunista Junior Lopes já garantiram presença.
Eu também.
Vamos lá?

quinta-feira, 23 de maio de 2013

TROFÉU GONZAGÃO, TROFÉU DE RESPEITO!

Cidadania, reconhecimento de talentos artísticos do Nordeste e identidade cultural do Brasil.
Foi esse o tom temático que marcou de modo indelével a noite de anteontem 21, no Centro de Convenções da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba, FIEP, em Campina Grande, PB.
A temática soma-se à ideia que tem como ponto de partida homenagear o rei do baião, Luiz Gonzaga, e a partir dele todos os talentos nascidos na região, como Bahiano (o primeiro cantor a gravar disco no Brasil; 1870-1944), Minona Carneiro, Humberto Teixeira, Zé Dantas, Zé Marcolino, Manezinho Araújo, Dorival Caymmi, Capiba, Gordurinha, Elomar, Jackson do Pandeiro, Geraldo Vandré, Zé Ramalho e muitos mais, incluindo em breve cantadores repentistas, como o Cego Aderaldo, Pinto do Monteiro, Otacílio Batista, Ivanildo Vila Nova e Oliveira de Panelas, além de cordelistas de peso do passado, como Leandro Gomes de Barros, Firmino Teixeira do Amaral, Francisco das Chagas Batista, João Martins de Athayde, José Camelo de Melo Rezende, José Pacheco e outros mais novos, como Klévisson Viana e Marco Haurélio.
Gonzaga faz parte da história da música popular brasileira também como compositor e cantor de grande originalidade; por isso, e por ter sido um artista extremamente preocupado com o destino e bem-estar do seu povo e da sua terra, foi escolhido pelos empresários Ajalmar Maia e Rilávia Cardoso para representar o Nordeste com a sua música e história, daí a original criação do Troféu Gonzagão, que este ano chega à 5ª edição homenageando também, in memoriam, Severino Dias de Oliveira, o Sivuca, e seus conterrâneos ainda em ação, Genival Lacerda e Antônio Barros & Cecéu.
A noite de terça última foi, de fato, muito bonita em Campina Grande.
Empresários, políticos, jornalistas e escritores se somaram às quase 2.000 pessoas que se confraternizaram em torno do Troféu Gonzagão, no Centro de Convenções da FIEP.
Subiram ao palco dezenas e dezenas de artistas, que cantaram e tocaram até as primeiras horas da madruga de ontem. Os mais aplaudidos foram Glorinha Gadelha, Elba Ramalho, Alcymar Monteiro, Chambinho do Acordeon, Flávio José e Fagner (na foto acima ao meu lado, e Maíra e Antônio Barros & Cecéu).
A ideia de Ajalmar e Rilávia (na foto, abaixo), do Centro de Ortodontia Integrado de Campina Grande, cresceu tanto que virou projeto abarcado pelo SESI Cultura Tradição da Paraíba, Federação das Indústrias, Governo do Estado da Paraíba, Prefeitura Municipal de Campina Grande e pela Universidade Estadual da Paraíba, com apoio de empresas da iniciativa privada, entre as quais Havaianas.
O Troféu Gonzagão chega como remédio para a autoestima do povo nordestino e embrião de um movimento espontâneo que visa por a música do Nordeste na parte mais visível da vitrine Brasil.
Claro que gostei de ter sido um dos escolhidos para receber esse troféu. 
Viva o melhor do Nordeste!
Viva o melhor de todos nós!

terça-feira, 21 de maio de 2013

AINDA TROFÉU GONZAGÃO

http://www.youtube.com/watch?v=eS1jwhyyXKI&feature=youtu.beClique aí na linha azul para curtir um pouquinho do espetáculo O SAMBA DO REI DO BAIÃO, também título de um CD que já se acha no mercado.  
..................................................
Nenhuma cidade, nem mesmo Exu, em Pernambuco, ou estado brasileiro vem prestando nos últimos cinco anos, ininterruptamente, homenagem tão singela ao rei do baião Luiz Gonzaga, como Campina Grande, na Paraíba, através do Troféu Gonzagão criado para essa finalidade.
A iniciativa é do Centro de Ortodontia Integrado e da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba, FIEP, através do SESI e seu Projeto Cultura Tradição, com apoio do Governo do Estado, Prefeitura campinense, Universidade Estadual da Paraíba, Sandálias Havaianas e Indústria Duraplast.
O troféu é uma pérola e sua edição deste ano é dedicada, in memoriam, ao mestre do acordeon Sivuca.
Cerca de 1 mil pessoas, entre artistas, políticos, juízes e professores de destaque local e nacional, estarão presentes.
O Troféu Gonzagão será entregue a Glorinha Gadelha, viúva de Sivuca, pelo cantor e compositor cearense Raimundo Fagner. Elba Ramalho e João Gonçalves e Alcymar Monteiro farão o mesmo com a dupla Antônio Barros & Ceceu e Genival Lacerda, respetivamente.
Depois contarei mais.
Mas antes, para lembrar, um trecho da letra do clássico baião PARAÍBA, lançado por Emilinha Borba em março de 1950:

Quando a lama virou pedra
E Mandacaru secou
Quando a ribação de sede 
Bateu asa e voou
Foi aí que eu vim-me embora
Carregando a minha dor
Hoje eu mando um abraço 
Pra ti pequenina
Paraíba masculina
Muié macho, sim, sinhô
Eita, pau pereira!
Que em Princesa já roncou
Eita, Paraíba,
Muié macho sim, sinhô...


Vocês já leram a última edição da revista BRAVO!?
Vocês conhecem o Instituto Memória Brasil?
CLIQUEM:
http://www.institutomemoriabrasil.org.br/

segunda-feira, 20 de maio de 2013

TROFÉU GONZAGÃO 2013, EM CAMPINA GRANDE

Tudo correu maravilhosamente bem ontem 19, à tarde, no Palco Paulo Vanzolini; desde a talentosa e paciente equipe técnica que contou com Fábio, Rafael e Edson, ao local escolhido pelos organizadores da 9ª Virada Cultural (Pateo do Collegio) e nomes dos artistas homenageados (Paulo Vanzolini e Luiz Gonzaga).
O paulistano Paulo (1924-2013) conheceu o pernambucano Luiz (1912-89) no município de Exu, durante uma das muitas expedições científicas que realizou Brasil a fora, em busca de espécies desconhecidas do mundo habitado por cobras e lagartos.
Na abertura do espetáculo O Samba do Rei do Baião, também nome do CD (Genesis Music) que acaba de chegar à praça, subi ao palco para juntar numa rápida fala os pontos dos fatos que aproximaram um do outro e culminaram com a acertada escolha do nome do palco para a realização do espetáculo que reuniu uma multidão de gente cantando e dançando alegremente na frente do colégio onde o jesuíta José Anchieta celebrou a missa de fundação da cidade, no dia 25 de janeiro de 1554.
O Samba do Rei do Baião foi apresentado por Oswaldinho do Acordeon e Socorro Lira, numa sintonia perfeita com os mestres Osvaldinho da Cuíca e Papete – dois verdadeiros shows à parte -, mais Rosa Macedo (coro), Ricardo Valverde (percussão), Cidão (violão 7 cordas), o maestro-arranjador Jorge Ribbas, que veio especialmente de Campina Grande, PB, para tocar, e a multi-instrumentista Ana Eliza Colomar, que encantou a todos tocando triângulo e se revezando no sax, flauta e clarineta, como uma mágica.    
O Samba do Rei do Baião levou ao conhecimento do público quatro músicas inéditas de Luiz Gonzaga: Tudo é Baião, Ai, Ai Portugal, Dúvida e Meu Pandeiro, com direito até a reportagem da Globo levada ao ar no programa Fantástico (registro aí, à direita). A virada levou em locais diferentes da capital paulista cerca de 4,5 milhões de pessoas, que curtiram mais de 900 atrações artísticas. A virada custou R$ 10 milhões.

TROFÉU GONZAGÃO 
Acabo de receber convite para participar da solenidade de entrega do Troféu Gonzagão 2013, dedicado à memória do grande sanfoneiro paraibano Sivuca (de nascimento, Severino Dias de Oliveira; 1930-2006). Será amanhã às 20 horas, no Centro de Convenções da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (Fiep), em Campina Grande. São esperadas mais de 1.000 pessoas, além de 110 artistas que participarão diretamente da festa, como Glorinha Gadelha (viúva de Sivuca), Fagner, Flávio José, Elba Ramalho, Nando Cordel, Alcimar Monteiro, Biliu de Campina, Cesinha do Acordeon, Adelmário Coelho, Pinto do Acordeon e Maciel Melo. Os homenageados nessa 5ª edição do Troféu Gonzagão são Antônio Barros & Cecéu e Genival Lacerda. A festa de entrega do troféu tem marcado nos últimos anos o início dos festejos juninos.

 
As cantoras Celia e Celma emocionaram quem as assistiu interpretando músicas sacras na capela da Igreja da Ordem Terceira do Carmo sábado à noite, na região da Praça da Sé. A apresentação fez parte da programação da Virada Cultural 2013. Elas estão com CD novo na praça, intitulado Lembrai-vos das Procissões e Devoções de Minas. Na foto acima, feita por Clarissa de Assis após o espetáculo O Samba do Rei do Baião, as duas, que são irmãs gêmeas, aparecem junto comigo (ao centro), Papete, Osvaldinho da Cuíca, Oswaldinho do Acordeon e Alessandro Azevedo, criador do personagem Charles sempre presente nos saraus de São Paulo. 
Acesse:

sábado, 18 de maio de 2013

NOTÍCIAS BOAS E MÁS

Uma boa noticia: de acordo com a programação da 9ª Virada Cultural de São Paulo, as mineirinhas Celia e Celma vão cantar daqui a pouco, mais precisamente às 21h30, na Igreja da Ordem Terceira do Carmo, também conhecida como Capela Venerável da Ordem Terceira do Carmo, ali na Nestor Pestana, 230, quase de lado da estação Sé do metrô, no Centro da cidade. No repertório, cantos sacros de séculos e uma jóia rara de Lamartine Babo, Maria. A capela foi construída entre 1747 e 1758, por leigos e bandeirantes.
Outra boa: logo mais às 20 horas e na virada de hoje para amanhã, domingo 19, o ator Alessandro Azevedo leva a sua criação Charles, um palhaço inspirado em Chaplin, para o Palco Parque da Luz. A apresentação, no coreto pequeno do parque, faz parte da programação da maratona multicultural iniciada às 18 horas com a baiana Daniela Mercury no grande Palco Luz. 
Uma má notícia: Manaus vira capital da Paraíba e Belém, de Pernambuco. Esse absurdo consta como verdade publicada na apostila M-5 do segundo bimestre dos 56.420 alunos matriculados na rede de ensino público municipal do Rio de Janeiro. A isso, meus amigos, dá-se o nome de descaso ao ensino no Brasil. Uma vergonha!. 
Outra boa: amanhã às 14 horas, no Pateo do Collegio num palco instalado em homenagem ao paulistano Paulo Vanzolini será apresentado o espetáculo O Samba do Rei do Baião, com Socorro Lira, Oswaldinho do Acordeon, Osvaldinho da Cuíca, Papete e um regional que tem à frente o maestro-arranjador e instrumentista pernambucano Jorge Ribbas.  
E mais uma má: Oswaldinho do Acordeon se apresentou ano no chamado Maior Forró do Mundo, de Campina Grande, foi aplaudido etc. e tal, mas até hoje não viu a cor do cachê. A isso dá-se o nome de safadeza.
Boa: o paraibano Rômulo Nóbrega está em meio a pesquisas para formatar um livro sobre a vida - e obra - do pernambucano de Macaparana Rosil Cavalcanti, cujo centenário de nascimento ocorrerá em dezembro de 2015. Rosil é autor da belíssima Tropeiros da Borborema.
Má: Roberto Carlos está mesmo doente de vícios e manias, tanto que depois de processar o governo da Venezuela por uso de uma de suas cantigas (Detalhes), anuncia através dos seus advogados que vai mover ação na Justiça para tirar do mercado o livro Jovem Guarda: Moda, Música e Juventude (Ed. Estação das letras e Cores/Fapesp), resultante de doutorado de Maíra Zimmermann.
Boa: editora 34 vai editar está pondo no mercado um clássico da literatura japonesa O Livro do Travesseiro, de Sei Shônagon. A obra foi escrita há mais de mil anos. A tradução é de um grupo de professoras da Universidade de São Paulo, USP.
Má: sem querer, acabei de quebrar um dos 52 discos de 78 RPM da série Cornélio Pires.
Boa: o médico. Dráuzio Varella publicou hoje no caderno Ilustrada, da Folha, um belo texto (amostra acima) sobre o dublê de cientista e compositor Paulo Vanzolini. Imperdível. Paulo vazia música por divertimento. "Eu não sou homem de duas profissões", dizia.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

SAMBA DE GONZAGA É DESTAQUE NA VIRADA

A Prefeitura paulistana, agora sob a batuta de Fernando Haddad, chega amanhã 18, a partir das 18 horas, à 9ª Virada Cultural, isto é: há nove anos a prefeitura, através da Secretaria de Cultura, agora sob a batuta de Juca Ferreira, põe um enorme bloco multicultural nas ruas desta que é a 3ª maior cidade do planeta, São Paulo.
Tem de tudo esse incrível bloco: cinema, teatro, circo, dança e música de todo tipo à escolha do freguês; do erudito ao popular, incluindo rap, valsa, rock, forró, xote, baião, maracatu e samba; muito samba, do melhor ao pior.
Enfim, tudo para todos os gostos.
E folheando há pouco o Guia da Folha, leio à página 13 os destaques “para não perder”, o espetáculo preparado pelo Instituto Memória Brasil, IMB (http://www.institutomemoriabrasil.org.br/), em parceria com a Associação Raso da Catarina, O Samba do Rei do Baião, que será apresentado domingo 19, às 14 horas, no Palco Paulo Vanzolini instalado na praça do Pateo do Collegio.
É para não perder mesmo!

RAZÃO DE VIVER
O novo número da revista francesa Paris Match traz entrevista com o veterano ator Alain Delon. Ele diz estar de saco cheio com o mundo e que por isso mesmo anda vivendo à toa.
O seu desabafo me fez lembrar Marlon Brando, que abandonou a vida para ficar obeso e assim morrer.
O desabafo de Delon também me lembrou de artistas brasileiros como Vandré, que não se apresenta mais em público e vive aparentemente de bem com a vida, rindo até.
Lembrei-me também de Belchior, que deu um chute na barraca e sumiu deixando para trás mãe, mulher, amigos, casa, carros...
E agora me vem à mente o samba de Vanzolini:

Levanta sacode a poeira
Dá a volta por cima...

quinta-feira, 16 de maio de 2013

TEM COISA BOA NA VIRADA CULTURAL

No próximo domingo 19, às 14 horas, estaremos representando o Instituto Memória Brasil, IMB, no Palco Paulo Vanzolini com o espetáculo O Samba do Rei do Baião, que conta com Socorro Lira, Oswaldinho do Acordeon, Osvaldinho da Cuíca e Papete.
Do repertório constarão 14 gêneros musicais diferentes e obras de Luiz Gonzaga que ele, Gonzaga, jamais gravou. Entre essas obras se acham o samba Meu Pandeiro, a valsa Dúvida e o fado Ai, ai, Portugal recolhidas do acervo do IMB.
Socorro Lira, paraibana de Brejo do Cruz, foi uma das artistas escolhidas pelo júri do 23º Prêmio da Música Brasileira de 2012 para receber o prêmio de Melhor Cantora no segmento regional.
O carioca Oswaldinho do Acordeon é há muito um nome conhecido e reconhecido nacional e internacionalmente como um dos nossos melhores sanfoneiros.
Ex-integrante do grupo Demônios da Garoa, o compositor e instrumentista paulistano Osvaldinho da Cuíca, Cidadão Samba de São Paulo desde 1975, já esteve em dezenas de países mostrando a sua arte e o samba do Brasil.
O maranhense Papete, de renome internacional, é considerado um dos três maiores percussionistas do mundo, ao lado de Naná Vasconcelos e de Airto Moreira, ex-integrante do Trio Novo formado em 1966 por Theo de Barros (contrabaixo e violão) e Heraldo do Monte (viola e guitarra) para acompanhar Geraldo Vandré em suas incursões.
O Samba do Rei do Baião - também título de um CD que acaba de chegar ao mercado (ao lado, reprodução da capa assinada por Luciano Tasso) - é um espetáculo produzido por Andrea Lago, também por isso imperdível.
Um regional que tem à frente o maestro-arranjador e instrumentista pernambucano Jorge Ribbas acompanhará Socorro, Oswaldinho e artistas convidados. 
CLIQUE: http://www.youtube.com/watch?v=r0Kr6bhgsu0

ERUDITO E POPULAR
Acompanhadas por João Marcondes ao violão e por Micaela Marcondes ao violino, as cantoras mineiras Celia e Celma (foto acima) participam sábado do concerto Do Sacro Erudito à Devoção Popular, na Igreja da Venerável Ordem Terceira do Carmo, à Avenida Rangel Pestana, 230, Sé. O concerto contará também com o alaudista Guilherme de Camargo e a soprano Marília Vargas. Celia e Celma desenvolveram pesquisas e recolheram cantigas populares devocionais de Minas Gerais dos tempos da Idade Média, que renderam o CD Lembrai-vos das Procissões e Devoções de Minas. A apresentação, gratuita, faz parte da programação da Virada Cultural.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

FOME NÃO É NOTÍCIA PRA JORNAL

A fome não alisa, dizia a minha sábia avó Alcina.
Na última segunda 13 discutiu-se à exaustão um tema premente e atual no teatro da Pontifícia Universidade Católica, PUC-SP: a fome e as desigualdades sociais no mundo.
Os debates foram iniciados com o sociólogo suíço Jean Ziegler dizendo que a fome está massacrando milhões e milhões de humanos a cada ano, sem que os governantes das grandes potências, como os Estados Unidos, movam uma palha sequer.
Nos próprios EUA, pesquisa de 2007 indicava que uma em cada grupo de seis crianças passava fome e vivia a terrível insegurança da falta de alimento na mesa, o que significava dizer que no país de Obama havia pelo menos 12 milhões de crianças à beira da fome e outras 3,5 milhões sem ter o que comer.
De lá para cá, a situação pouco mudou.
Dados de setembro de 2010 a agosto de 2011 divulgados em dezembro último davam conta de que 49,1 milhões de norte-americanos viviam na pobreza e que continuava crescente o número de sem-teto, sem falar que por lá continuava assustador o índice de desemprego disparado com a quebradeira de 2006.
Agora estudiosos do Departamento Florestal da ONU - Organização das Nações Unidas - vem a público recomendar que troquemos as proteínas e minerais das carnes bovina, caprina, suína, e também das aves e peixes do mar e dos rios pelos sabores exóticos de quase 2.000 espécies de insetos que se acham à disposição de qualquer um por aí.
...E pensar que o britânico Vincent Holt publicou em 1885 um livro a que deu o título Por que Não Comer Insetos?
Pois bem, por eso y otras cositas mas é bom que nos acostumemos logo com a ideia de Holt.
Ziegler falou da banalização da fome – um escândalo mundial - e da violência crescente em todos os quadrantes, do Brasil à Síria.
Depois foi a vez de o ensaísta e tradutor José Paulo Netto (acima, no destaque) expressar seus pontos de vista sobre o abismo que vive o mundo todo hoje. Ele citou o guerrilheiro argentino Chê Guevara, os pensadores alemães Marx e Engels e o poeta chileno Pablo Neruda.
Paulo Netto disse em fala inflamada, de mais de hora, que a fome aumenta na China e aqui, que somos o país mais poderoso e democrático da América Latina e do mundo e que o que se tem praticado contra o povo é uma coisa chamada "crime famélico". Após elogiar Jean Ziegler dizendo ser ele “o homem-chave no combate à fome”, Netto, cético, indagou: “Onde está a esperança?”. E concluiu com uma frase de Chê: “Os poderosos podem matar uma, duas, três flores, mas jamais deterão a primavera”.   
Foi muito aplaudido.
Muito aplaudido também no teatro da PUC foi o líder do MST e da Via Campesina, João Pedro Stédile, que começou dizendo ser a “fome não um fenômeno da seca, mas da cerca”.
Após enaltecer as qualidades de Josué de Castro, autor do clássico livro Geografia da Fome, “que morreu de saudade do Brasil no seu exílio em Paris”, o líder campesino atacou sem dó nem piedade o capitalismo mundial.
Ele lembrou que as lutas de classe são das classes “até que as massas, estando no inferno, resolvem dar uma tapa no diabo”. E disse mais, que “a luta do povo é contra o capital, cuja hegemonia se internacionalizou” e que “o povo quer, agora, pão, terra e liberdade”.
Após criticar a classe dominante pela “acumulação primitiva de bens”, Stédile findou prometendo que “logo, logo, as massas voltarão às ruas para mudar o mundo”.
No dia seguinte não li nenhuma linha nos jornais sobre o tema fome nos jornais, por que, hein?
Se a minha avó estivesse ainda viva, certamente teria aplaudido com entusiasmo os conferencistas que participaram da mesa onde se achava Stédile.

SUSTO
Para encerrar, uma historinha: em 2007 participei de uma palestra com Stédile, na PUC-BA. Ele falando dos malefícios provocados a nós humanos pelos agrotóxicos e eu sobre a importância de as pessoas permanecerem em suas terras, principalmente os agricultores, pois a cidade grande nada tem a lhes oferecer além de problemas. E lembrei as tantas músicas que falam disso. Foi legal. Antes, ainda em Salvador, almoçamos na casa do cantor, compositor e instrumentista Fábio Paes. Depois da palestra, tomamos uma cervejinha no aeroporto e embarcamos. Era noite. Ao se levantar para ir à toalete, Stédile desabou no corredor do avião e desmaiou. Foi um corre-corre danado. Imediatamente comuniquei às aeromoças de quem se tratava. Um passageiro médico o atendeu e logo tudo voltava à paz. Pegamos um táxi em Guarulhos e já recuperado Stédile me deixou em casa e seguiu.
Ufa!

terça-feira, 14 de maio de 2013

MORREU ARECESSONI DE ALMEIDA E SILVA

A inteligência brilhou ontem na mesa que discutiu o capitalismo, a destruição, as lutas e a “proteção social” no teatro da Pontifícia Universidade Católica, PUC-SP.
Formada pelos professores Jean Ziegler, José Paulo Netto, Ivanete Boschetti e o fundador do MST e da Via Campesina, João Pedro Stédile; a mesa, coordenada pela professora Mariângela Belfore Wanderley, fez parte da programação do 6º Seminário Anual de Serviço Social promovido pela Cortez Editora.
A Cortez está lançando o livro Destruição em Massa (Geografia da Fome), do suíço Ziegler.
José Xavier Cortez abriu o seminário falando das suas origens e trajetória. Ele disse com naturalidade ser parte da porcentagem de 42% de seus irmãos sobreviventes.
As lembranças de Xavier Cortez referentes aos dilemas e catástrofes provocadas pelas longas estiagens no Nordeste - como a atual, que já dura quase três anos - serviram de mote para os debates que foram ponteados de referências e reverências ao pernambucano Josué de Castro, pioneiro no estudo da fome.
Geografia da Fome (A Fome no Brasil), de Josué, publicado em 1946 e traduzido em muitas línguas, é um clássico do gênero.
Jean Ziegler foi o primeiro conferencista a expor e a explicar questões que levam à morte pela fome cerca de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo. Misturando inglês, francês e espanhol, ele conseguiu fazer-se entender pela plateia que lotou os 672 lugares do Tuca.
Sartre e outros pensadores dos séculos 19 e 20 foram bastante citados.
Voltaremos ao assunto amanhã.

ARI MORREU
Arecessoni (de Almeida e Silva; o zabumbeiro da foto), Ari, irmão de Oswaldinho do Acordeon e filho de Pedro Sertanejo, morreu no começo da madrugada de hoje, aos 60 anos de idade. Ele morava sozinho, na zona leste de São Paulo. Deixa quatro filhos. O velório será às 6 horas e o sepultamento três horas depois, no Cemitério Parque do Carmo, à rua Professor Hasegawa, 727, Itaquera.

REENCONTRO
E hoje à tarde tivemos a alegria de receber no Instituto Memória Brasil, IMB, o cordelista baiano Marco Haurélio, o cartunista paulista Fausto e os artistas da nossa música popular Oswaldinho da Cuíca , paulistano; e o cantor, compositor e instrumentista alagoano Ibys Maceioh.
Foi um reencontro e tanto!
A foto abaixo é um registro.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

A FOME QUE AINDA TORTURA E MATA GENTE

O sistema capitalista continua fazendo grandes estragos na barriga do povo do mundo todo, através da fome que só no ano passado provocou a morte de pelo menos 18% de um total de 70 milhões de pessoas. Isso significa que a cada cinco segundos alguém morre de fome, ou: 57 mil por dia, o que quer dizer que nem o nazismo e o fascismo juntos foram páreo para o capitalismo que ainda massacra e assusta os povos de todos os recantos.
O assunto é conhecido e muito sério, com direito a lançamento de livro e debates que serão abertos daqui a pouco pelo rio-grandense do Norte José Xavier Cortez, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC. Os debates contarão com a presença de intelectuais mundialmente conhecidos como o sociólogo suíço de Berna Jean Ziegler e o economista e ativista social gaúcho João Pedro Stédile, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, MST, e da Via Campesina.
Ziegler autografará seu novo livro Destruição em Massa, Geopolítica da Fome (376 pág., Cortez Editora, SP), com texto de contracapa assinado por Stédile.
Em 1946 o médico pernambucano Josué de Castro, especializado em doenças de nutrição, publicou o desde então necessário livro Geografia da Fome (A Fome no Brasil), enquanto o mineiro João Guimarães Rosa publicava o belíssimo livro de contos Sagarana e a Assembleia Constituinte promulgava a 5ª Constituição dos Estados Unidos do Brasil e o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias extinguindo o fantasma da pena de morte e reafirmando as liberdades constantes na Carta anterior, a de 1934.
Josué de Castro foi deputado federal por sua terra e o mais votado no Nordeste, em 1958, e embaixador do Brasil junto à Organização das Nações Unidas, ONU. Foi ele quem primeiro abordou com rigor e método próprio os estudos que tratam da fome no mundo, até então um tabu intocável, delicado e perigoso.
A sua obra, constituída por 30 livros e centenas de artigos publicados em cerca de 30 idiomas, tem por base a fome, uma questão que considerava política e achava ser resolvida só com uma distribuição séria e metódica de renda e o respeito às leis da natureza mundo a fora.
Josué, que teve seus direitos políticos cassados pela ditadura militar, morreu triste no exílio em Paris, com 65 anos de idade.
O livro de Jean Ziegler, cuja capa traz uma reprodução da obra-prima Criança Morta, de Portinari, é dividido em seis partes. A primeira (O Massacre), a segunda (O Despertar Das Consciências) e a quarta (A Ruína do PAM e a Impotência da FAO), trazem referências importantes a Josué e à sua obra.
Ziegler conta a história e as mazelas da fome com base nas informações que colheu no correr de anos, em organismos internacionais.
Atualíssimo e de denúncia responsável, Destruição em Massa traz uma radiografia da fome no mundo e indicativos de solução que provavelmente jamais se serão aplicados porque, grosso modo, não é essa uma questão de interesse dos governos; e não sendo do interesse dos governos essa questão nunca terá um fim feliz, o que o autor lamenta com todas as letras quando lembra que a riqueza atual da terra daria para alimentar com folga quase o dobro da população do mundo, hoje estimada em 7 bilhões de pessoas.
E você que está nos lendo agora, quer saber a opinião de Ziegler sobre a fome que ainda faz sofrer e matar gente no Brasil? Então, leia o livro Destruição em Massa.

CARTUNISTA FAUSTO
Como costumo fazer, ontem estive na Praça Benedito Calixto, na região de Pinheiros, e para minha alegria revi, depois de anos, o amigo Fausto (abaixo, no clique de Andrea Lago), que é um baita cartunista. Revi também o compositor e cantor Ibys Maceioh. Aproveitei para almoçar com eles, depois de adquirir livros e discos na feirinha de bugigangas da praça.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

POIS É...

Num recente fim de tarde, o jornalista e historiador santista criado no Rio de Janeiro José Ramos Tinhorão chegou dizendo que acabara de se deixar aplicar uma injeção no posto de saúde que fica aqui perto de casa, para depois resumir puxando no “r” que ganhou dos cariocas quando trabalhou para jornais e revistas como Correio da Manhã, Última Hora, Cruzeiro e Veja:
- Ser velho é uma merda!
Isso não pelo fato de às vezes sentir no corpo algum cansaço, mas por fazer parte, involuntariamente, do chamado grupo da “terceira idade” ou “melhor idade”, para ele outra “merda”.
O incômodo de Tinhorão merece reflexão pela discriminação silenciosa que mais das vezes lhe é dirigida e a outros que igualmente “passam da idade”, mas que idade?
Reflexão merece também o texto criterioso Cemitério de Elefantes, de Gabriel Priolli, que a revista Imprensa acaba de publicar na edição que se acha nas bancas.
Jornalista de currículo invejável e hoje produtor independente de TV, Priolli lembra que o fato de a imprensa norte-americana manter desde priscas eras nos seus quadros repórteres de “idade avançada”, isto é, ali pelos 60, sempre lhe impressionou.
No Brasil, exceções à parte, um jornalista de 40 e poucos anos já é considerado “velho”; e por ser o que acham que é o jornalista de 40 e poucos anos vai ficando cada vez mais na redação e menos na reportagem.
E Priolli confirma o que estava longe de se duvidar: “Lugar de tiozinho, no jornalismo pátrio, é na retaguarda, não na linha de frente. Isso para os poucos que ainda restam na ativa. Para a maioria, lugar de jornalista veterano é a rua mesmo. A da amargura”.
Lamentável, não é?
De clima tropical, bonito, gostoso, bom de viver, sem guerras, vulcões, terremotos, maremotos ou tsunamis para nos castigar além daqueles provocados pela gula insaciável dos políticos de espírito canalha, o Brasil é um país com quase 200 milhões de pessoas falando uma mesma língua e ocupando um espaço calculado em mais de 8,5 milhões de km2, o que o torna o 5º maior do planeta em termos territoriais, atrás apenas da Rússia, Canadá, China e Estados Unidos.
Vistos por esse ângulo, somos privilegiados.
Mas se é assim, o que nos falta?
Desde tempos remotos, o mínimo que nos faltam é uma boa formação escolar, respeito e igualdade no item cidadania, questões essas que passam naturalmente pelo explosivo quesito distribuição de renda.
Pois é, e ainda há gente passando fome e vivendo na linha da miséria no Brasil.
Pois é, continua assombroso o índice de analfabetismo no Brasil.
Pois é, povo analfabeto é povo oprimido e dominado.
Pois é, e como se não bastasse a falta de vergonha na cara, ainda nos vestimos e saímos por aí cantando a música dos gringos, sem nem sabermos a nossa língua direito.
Pois é, precisamos de uma injeção contra safadezas.
Agora vem o governador de São Paulo dizer mais uma obviedade: que faltaria guilhotina para punir corruptos.
Uma vez publiquei entrevista com Jece Valadão na Folha, em que ele dizia que se o povo soubesse a força que tem não deixaria que lhe pusessem canga.
Pois é, mas nós deixamos.
Deixamos de lado tanta coisa boa que poderíamos fazer e não fazemos, como tentar entender os caminhos da formação da cultura popular no nosso país.
Mas para isso é preciso ir às bibliotecas, aos museus etc.
Pois é...
Já se acha nas bancas a revista Bravo! (reprodução da capa, acima), com matéria à pág. 10 sobre o Instituto Memória Brasil, IMB.
Acesse e comente:
www.jornalistasecia.com.br/edicoes/culturapopular13.pdf

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