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quarta-feira, 30 de junho de 2021

OMAR CARDOSO NASCIA HÁ 100 ANOS

Omar Cardoso era um cara muito otimista. Via o bom e o bem em todo canto. Tinha sempre uma boa
palavra para quem dele esperava um alento. Não à toa foi o primeiro astrólogo a fazer grande sucesso nos rádios, tevês, jornais e revistas no Brasil, até pouco antes de morrer em novembro de 1978.
Paulista de Rio Preto, Cardoso começou a carreira aos 19 anos de idade.
Antes de popularizar-se como astrólogo, Omar Cardoso apresentou programas caipiras no Rádio Paulista. Chegou até a compor para a dupla Tonico e Tinoco. O DINHEIRO
O vozeirão de Cardoso, seu jeito de falar, de comportar-se, chamou a atenção da cantora Carmélia Alves, a Rainha do Baião. Num de seus discos, a artista convidou o astrólogo para com ela interpretar a canção Oração de São Francisco de Assis. Bela interpretação, diga-se de passagem.


Omar Cardoso, nascido no dia 30 de junho de 1921, gravou discos e publicou livros. Vários. Entre esses O Romance pela Astrologia, O Fim dos Tempos e Horóscopo sem Segredos.
Não chegou às paradas, mas o LP Omar Cardoso Aponta Os Sucessos deu o que falar. Entre esses sucessos se achavam nomes como Wanderley Cardoso, Paulo Sérgio, Nelson Ned, Cláudio Fontana, Wando e Raul Seixas.
Morreu de repente, do coração, aos 57 anos de idade.
Curiosidade: algumas previsões de Cardoso não se confirmaram. Como o início da 3ª Guerra Mundial em 1973, no Oriente Médio; e a morte do Papa Paulo 6º, que morreria 10 anos depois da “previsão” feita.

VIVA A IMPRENSA LIVRE!



Imprensa profissional faz a diferença em qualquer país, pois é base de sustentação da Democracia.
Temos imprensa livre, temos liberdade. 
Democracia sólida solidifica o bem estar de uma nação. 
Bolsonaro desconhece Liberdade e Democracia. Diz-se honesto, mas não bem assim. 
A corrupção faz parte da sua vida e do seu governo, incluindo rachadinhas e tudo mais. 
Ficou quase 30 anos como deputado federal e nada fez em prol do povo.
Como Presidente, ele incentivou a morte da população ao prescrever cloroquina e outra bobagens contra o novo Coronavírus. 
E é o que se vê: 520 mil mortos, pela Covid, em pouco mais de um ano. 

Já não são quinhentas mortes
Já não são quinhentas mil
A desgraça toma corpo
No coração do Brasil

Não são mortes naturais
As mortes de Silvas e Bragas
São mortes provocadas
Por vírus, pestes e pragas

Praga viva inda mata
Homem, menino e mulher
Mata completamente
Do jeito que o bicho quer

Maldito Coronavírus
Que pega e mata gente
O Brasil está morrendo
Nas garras do presidente

Presidente também morre
De morte matada ou não
Lugar de quem não presta
É lá no fundo da prisão!

A cadeia te espera 
Presidente matador 
Quem apanha hoje é caça
Amanhã é caçador 

Furo de reportagem é uma prática ainda usual no jornalismo brasileiro. A repórter Constança Rezende, da Folha, acaba de fazer um, ao encontrar caminhos para denunciar esquema de propina no Ministério da Saúde. 
O caso tá pegando fogo. 
O fim de Bolsonaro não será dos melhores. 





terça-feira, 29 de junho de 2021

JULIETTE DA PARAÍBA. VIVA!

Na noite do último dia 4 de maio e depois de fazer uns arrodeios em torno dos 3º e 2º lugares, o apresentador Tiago Leifert anunciou de bate pronto o nome vencedor do 21º BBB: Juliette Freire, 31 anos.
Juliette é paraibana de Campina Grande, filha de pais separados, com curso de Direito concluído na Universidade Federal da Paraíba, em 2017. "Ela é uma graça", diz a jornalista Cilene Soares. "Ela é muito inteligente", acrescenta a estudante de artes visuais Anna da Hora.
O 21º BBB, Big Brother Brasil, começou no dia 25 de janeiro deste ano de 21 com 20 participantes. 
Alguns participantes chamaram a atenção do grande público, como Karol com K, Gil do Vigor, Camilla de Lucas, Fiuk e Lucas Penteado, que desistiu da disputa na segunda semana do BBB.
Camilla (2º lugar), uma pessoa ativa, chamou a atenção pelo desembaraço como trata as pessoas do seu círculo e os internautas, de modo geral. Ela é youtuber.
Fiuk, que ficou em 3º lugar, "É um bobão e só ficou até a final por pura sorte", diz com franqueza da Hora.
Os primeiros movimentos de Juliette logo despertaram a atenção dos telespectadores, por sua simplicidade. Fora isso o amor que ela mostra ter por sua terra, o Nordeste. "Ela chegava a ser chata para algumas concorrentes, por falar o tempo todo sobre Campina, João Pessoa, Paraíba, o Nordeste", lembra Cilene. "Foi a sua simplicidade, inteligência e naturalidade que levaram Juliette a ganhar o prêmio máximo do BBB", arrisca da Hora.
O prêmio arrebatado por Juliette Freire, dedicado à mãe Fátima, foi de 1,5 milhão de reiais.
A Paraíba é um dos 9 Estados nordestinos. 
Das 5 regiões do Brasil, a Paraíba é a 2ª mais populosa: 53 milhões de habitantes.
O Hino da Paraíba é um dos mais belos, dentre todos os 26 Estados e o Distrito Federal. Autores: Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo e Abdon Felinto Milanês.
São da Paraíba grandes músicos como Geraldo Vandré, Zé Ramalho, Elba Ramalho, Vital Farias, Antônio Barros, Socorro Lira e Chico César, autor da belíssima Paraíba Meu Amor. E escritores como José Américo de Almeida, José Lins do Rego e tantos.
Em 2000, o cantor e compositor paraibano Zé Ramalho gravou no albúm duplo Nação Nordestina a música Paraí-Ba, de Antônio Barros. Uma pérola. Ouça: 

VOCÊ NUNCA ESTEVE SOZINHA

Hoje a Globoplay lançou o documentário Você Nunca Esteve Sozinha, que trata da trajetória de Juliette Freire. A agenda de Juliette anda cheíssima e na Internet, o público que a acompanha já passa de 30 milhões. É uma graça. Confira o trailer do documentário:

segunda-feira, 28 de junho de 2021

MAIS UM LAMPIÃO APAGADO

Foi não foi, aparece um Lampião e a polícia PÁ! PÁ! PÁ!
Foi assim com Lázaro Barbosa, o Lázaro de Goiás, que durante quase 3 semanas provocou susto nos moradores de Girassol, Cocalzinho e Águas Lindas de Goiás. Provocou susto e ira das autoridades locais e da polícia etc.
Não é difícil comparar Lázaro a Virgulino Lampião. 
Lampião morreu numa emboscada no ano de 38, em Sergipe.
Lázaro morreu de peito aberto.
Um monte de balas puseram fim à vida de Lázaro, como um monte de balas pôs fim às vidas de Mineirinho, Cara de Cavalo e tantos e tantos.
O povo ou sei lá comemorou com foguetões a morte de Lázaro.
Um fato chamou-me a atenção: os tiros pra cima, as centenas, disparados por inúmeros policiais que participaram da caçada ao perigoso assassino.
Pois é.
Barbárie.
Enquanto isso no Palácio...

LEIA MAIS: 

ESTÁ FALTANDO CANTORIA NO CÉU...

Chico Galvão
Pelo jeito o céu anda muito monótono, sem humor, sem cantor, sem cantador. E sem teatro.
Semana passada, só na semana passada, os caras lá de cima mandaram buscar uns caras cá de baixo.
Os lá de cima que classifico como anjos, arcanjos e querubins andam mesmo sorumbáticos. Por isso chamaram os cantadores Cícero Alves, Edezel Pereira, Chico Galvão e Generino Batista. Generino morreu com 85 anos, pois nascido no ano da graça de de 36. Na Serra do Teixeira, na Paraíba de tantas lutas.
Dos quatro, o único que não era paraibano, tinha por nome Cícero.
Cícero Alves além de cantador era operário da construção civil. E foi de um prédio que ele caiu e morreu no último dia 23, em São Paulo.
Edezel era irmão de outro grande cantador, João Paraibano.
Edezel foi vítima da Covid-19. Morreu no último dia 21, na Paraíba.
Na Paraíba também morreu na semana passada, dia 25, o veterano Chico Galvão. Tinha 75 anos de idade e deixou uma penca de discos. E uma canção: Uirapuru da Saudade (abaixo).
Generino Batista, que não tinha parentesco com os famosos irmãos Batista (Loro, Dimas e Otacílio), era uma referências na cantoria. "Seu Generino foi um dos meus mestres", diz o cantador fundador da Ucra, também paraibano, Sebastião Marinho. "O nosso mundo (da cantoria) está se acabando", completa Marinho.
Em 2009, Generino Batista foi tema de Mestrado pela Universide Estadual da Paraíba por Candice Firmino de Azevedo Nogueira. Leia: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=186388



XEXÉO

O jornalista e teatrólogo Arthur Xexéo morreu ontem no Rio. O câncer o levou, deixando-nos privados de um excelente QI. O jornalismo e a cultura estão de luto. 

domingo, 27 de junho de 2021

FOLHETO EM PROSA E VERSO

A expressão popularizou-se como "literatura de cordel".
Literatura de Cordel é literatura de cordel. Pode ser poesia ou prosa, pois a expressão é ampla.
Se fosse poesia de cordel, tudo bem. Mas a expressão repito é ampla: literatura de cordel pode ser também entendida como literatura popular.
Literatura popular pode ser um conto, um causo ou poesia em quadra, em seis, em sete, em oito (quadra dobrada), dez ou mais versos por modalidades: Sextilhas, Septilhas, Décimas...
Num folheto cabem poemas e prosas, causos e cousas. Até os difíceis e belos Alexandrinos.
Antes os folhetos como tal conhecemos eram chamados de "folhetos de feiras", "folhetos de cegos" ou "rumances", que eram folhetos de 64 páginas com histórias continuadas.
Nos arquivos do Instituto Memória Brasil, IMB, há milhares de folhetos em versos e alguns em prosa ou textos corridos, como também podem ser ditos ou classificados os folhetos que acolhem esses gêneros da literatura.
Até o poeta parnasiano Olavo Bilac (1865-1918), admirado sobremaneira pelo jornalista João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto (João do Rio), deixou-se embalar nas ondas do folheto ao permitir que publicasse um texto seu nesse formato.
João do Rio, a propósito, não deixou escapar o tema (folheto) no livro A Alma Encantadora das Ruas (1808).
Até eu cheguei a publicar um folheto com texto corrido, em 2003: Uma Breve História do Cordel.
Fica aqui a informação sobre conteúdos de folhetos. 
Detalhe: a palavra Cordel surgiu impressa pela primeira vez no dicionário Aulete (1881). 
Nesse mesmo 81 nasceu João do Rio.
Cordel é cordão e sobre esse cordão eram postos folhetos à venda em bancas de feira, por exemplo.
É isso.

sábado, 26 de junho de 2021

DE NOVO, ESAÚ E JACÓ

 Deus nasceu há 15 bilhões de ano, de uma explosão(Big bang) e muito tempo depois nasceram Adão e Eva, que foram expulsos do Édem por pecarem.

Adão e Eva geraram Caim e Abel.

Essa história se acha no Velho Testamento. Ou Antigo, como queiram.

Caim matou Abel, por inveja.

Em Gêneses tem a história de Esaú e Jacó. Dois irmãos. Brigavam que só, desde a barriga da mãe Rebeca.

Não terminou bem a história de Esaú e Jacó. 

A história, essa história caiu na pena do nosso Machado de Assis, pouco antes ou pouco depois do fim da Monarquia, no Brasil.

Por que conto isso?

Ontem 25 as atenções do Brasil voltaram-se à CPI da Covid do Senado. Lá estavam os irmãos Miranda, Luís e Luís.

O primeiro servidor público Federal e o segundo, deputado.

O servidor, irmão do deputado, foi à CPI dizer que estava sendo pressionado por figuras importantes da iniciativa privada e do serviço público. Entre esses, denunciou seus dois principais superiores hierárquicos. 

A pressão tinha a ver com uma assinatura que liberaria a bagatela de 45 milhões de dólares do cofre público tupiniquim para as mãos de sabe-se lá quem, no exterior.

Há ver com a tal vacina Covaxim. E por não ter a quem mais reclamar, já que os superiores etc, foi ao Presidente da República junto com o irmão.

O deputado irmão do servidor é bolsonarista de primeira hora. Era, né?

O assunto é muito sério. 

Se confirmado o que foi dito pelos irmãos ontem 25 à CPI, o presidente estará em maus lençóis. Isso porque poderá ser enquadrado na Lei que pune a Prevaricação.

Ruim para Bolsonaro, ruim para o Brasil.

Bolsonaro está nas mãos do Centrão, desde que tomou o Centrão pra si.

Por muito menos, Collor e Dilma caíram.

É triste, muito triste o momento que vivemos.

O Esaú e Jacó de Machado ganharam no romance homônimo(1904) os nomes de Pedro e Paulo.

Pedro era médico e deputado monarquista. E Paulo, advogado e deputado republicano.

Como os personagens bíblicos, Pedro e Paulo, também bíblicos, não se davam. Mas pelo jeito, Luís e Luís estão se dando bem, para o bem do Brasil.

Deus nasceu há 15 bilhões de ano.

Leia mais:

http://assisangelo.blogspot.com/2021/02/bolsonaro-nas-maos-do-centrao.html


HÁ 35 ANOS ACABAVA TV MULHER

O 7 de abril de 1831 foi um dia importante, importantíssimo para a história do Brasil.
Foi nesse dia que o imperador Pedro I abdicou a favor do filho Pedro II, à época com cinco anos de idade.
Os historiadores dizem que esse dia foi o dia da independência do Brasil, e não o 7 de setembro de 9 anos antes.
O 7 de abril de 1980 foi um dia muito importante, importantíssimo para a TV brasileira; para a Globo, especialmente.
Na manhã daquele dia, os telespectadores de São Paulo e Rio recebiam na telinha o programa TV Mulher, apresentado pela campineira Marília Gabriela e dirigido por Nilton Travesso. Sucesso imediato. O programa falava de sexo, feminismo e outros temas do dia.
Questões relacionados a sexo eram abordadas pela sexóloga Martha Suplicy, que anos depois ocuparia a cadeira de prefeita da Capital paulista.
O costureiro Clodovil (1937-2009) tornou-se uma figura polêmica, no programa do qual também participava o cartunista Henfil (1944-1988). Tanto que Luiz Gonzaga chegou a citá-lo em uma música: Deixa a Tanga Voar.
O TV Mulher também cuidava de questões jurídicas das telespectadoras. E quem respondia por isso era o jornalista e radialista Ney Gonçalves Dias.
Marília Gabriela é uma jornalista de grande prestígio, também cantora e atriz.
Entre 1982 e 1990, Marília gravou 3 LPs. Num deles, ela interpreta com segurança a canção Sampa, do baiano Caetano.
Faz 35 anos que o TV Mulher saiu do ar.
O programa durou exatos 6 anos, 2 meses e 20 dias.
Depois de entrevistar Fidel Castro, Yasser Arafat e tantos e tantos personagens marcantes do cotidiano brasileiro e mundial, Marília integrou a programação do SBT e outras emissoras.
Na TV de Silvio Santos, chegou a apresentar o SBT Repórter. Numas das edições, ela trata da história do Rei do Baião. Participo desse programa.
Curiosidade: Clodovil e Marília Gabriela não se davam bem no programa. Eram tipo cão e gato. Mas o tempo se incubiu de reaproximá-los. Confiram nessa excepcional entrevista: DE FRENTE COM GABI - CLODOVIL
Dom Pedro II assumiu as rédeas do Império no dia 23 de julho de 1840.

sexta-feira, 25 de junho de 2021

ATENÇÃO, BOLSONARO: LULA VEM AÍ!

Bolsonaro é um desequilibrado...
Bom, isso todo mundo sabe. Pelo menos as pessoas lúcidas, aquelas que sabem distinguir o bem do mal. 
No nordeste quando alguém diz o que não deve, destemperadamente, inopinadamente, sem medir consequências, diz-se: "Fulano perdeu as estribeiras".
Bolsonaro perdeu as estribeiras. E estribo é um apetrecho próprio de burros, cavalos etc. 
Bolsonaro está perdendo as estribeiras todos os dias, em todo canto. 
Ontem 24, no interior do Rio Grande do Norte, RN, ele foi recebido pela população como deveria ser: daquele jeito, sem mimimi. Num dos cartazes espalhados pelas ruas, lia-se: "Vacina salva, máscara protege e Bolsonaro mata!". 
Ele fez que não viu, mas viu. E até fez gracinhas contra crianças, tirando suas máscaras. Horror. 
Hoje 25 de manhã em Sorocaba, SP, ele voltou a xingar jornalista com a naturalidade de um quadrúpede. Dessa vez a sua vítima foi a repórter Victória Abel, da CBN, que quis saber se o ministério da Saúde vai cancelar ou não o contrato com a empresa indiana que fabrica a Covaxin. Destrambelhado, sem noção, daquele jeito, louco da cabeça, ele recomendou que a profissional voltasse à faculdade, depois para o ensino médio, em seguida, para o jardim de infância e aí "nascer de novo".  
Como não se bastasse, ele repetiu uma pérola: "Sou incorruptível, sou imbrochável".
Ridículo.  
Meu amigo, minha amiga, você sabe a razão de tal destempero? 
A razão é clara, muito clara: Lula está se aproximando, ele já esta na esquina... 


quinta-feira, 24 de junho de 2021

AINDA JOÃO DO RIO, 100 ANOS

Junho é mês de Santo Antônio, São João e São Pedro.
Junho é o mês de João do Rio e Eugênia Brandão.
João foi o primeiro repórter das ruas no Brasil. E Eugênia foi a primeira repórter, uma flor.
O dia 1º de junho é o dia da Imprensa. Nesse dia o Newsletter Jornalistas e Cia dedicou uma edição inteira a João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto, o João do Rio.
O Jornal Nacional, na sua edição de ontem 23, foi encerrado com uma necessária reportagem sobre o nosso João.
Ontem 23 também o Jornal O Povo, de Fortaleza, CE, dedicou um especial sobre o mesmo João. Participei desse especial com a crônica O Dia de Um Homem de 2021, feita naturalmente de improviso. Leia: 

O DIA DE UM HOMEM EM 2021

Por Assis Ângelo
Outro dia o Olegna perguntou-me por que eu ficava tanto tempo em casa: “Por que não sai para espairecer, ir ao parque, essas coisas?”. O Olegna é um querido amigo, bom papo e tal.
Mas fiquei pensando, cá com os meus botões. Sim, por que não saio?
Ele tem razão, mas o diacho é que esse tal de novo coronavírus está nos impacientando até demais. Esse novo vírus tem o poder de nos pegar pela boca e tal. E daí evolui para um tal de Covid-19. Diachos!
O novo coronavírus é uma praga, mas pragas a humanidade enfrenta desde os tempos de antanho. A primeira vez que a bubônica dizimou boa parte do mundo foi ali pelo século 13, 14, sei lá! Ela chegou, inclusive, ao Brasil, ali pelo século XIX, tempos que os primeiros maquinários de imprensa aportaram no Rio.
Eu gosto do Rio de Janeiro, quem não gosta?
No começo do século XX, o prefeito Pereira Passos chamou o sanitarista paulista Oswaldo Cruz para dar um jeito na onda virótica provocada pela febre amarela, pela varíola. Pois é.
Remexendo nos meus guardados, deparei-me com cartas de amigos cariocas como Paulo Barreto, Pedro Nava, Nelson Rodrigues, Drummond...grande Drummond!
Sim, o Paulo Barreto é aquele neguinho danado de inteligente, chamado por todo mundo de João do Rio. E aqui, nessa carta, ele me diz: “Não está na hora de você nos visitar?”. João do Rio - O dia de um homem em 2020.
Como se não bastasse o Olegna, vem o João me chamar para ir à terra dele. Diachos!
Como eu disse há pouco, gosto do Rio, dos bondes e até dos ricaços exibindo aqueles Ford Bigode.
Essa lembrança traz-me uma imagem que sempre me faz rir: o Olavo (Bilac) dirigindo o primeiro carro que chegou ao Rio de Janeiro. Era do Patrocínio. Figura incrível, o José do Patrocínio! Naquela ocasião, ali pela viradinha do século, o Olavo tascou o carro numa árvore. A árvore ficou incólume, mas o carro, em pandarecos. Os dois escaparam, mas dizem que jamais quiseram saber de aventuras desse tipo.
Traumas à parte, cá estou com o Paulo tomando um choppinho no café da Rua Carioca. Rua histórica, de muitas histórias achadas nos livros do Machado (de Assis).
Pois bem, como se vê: deixei o presente pandêmico de Covid-19, o futuro sempre foi incerto e o passado é o que é.
João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto é, de fato, uma figura inesquecível.
Acordei com um sorriso e o cuco espalhafatoso dando a hora: sete.
Lá fora uma chuva gostosinha batucava na janela.
 
A edição completa do jornal O Povo pode ser acessada somente por assinantes. E é fácil fazer isso, né não? Clique: Cem anos sem a alma encantadora de João do Rio

SÃO JOÃO DA PANDEMIA

Santo Antônio, diz a lenda, viveu pouco e morreu solteiro. 
São João é um santo dorminhoco, diz a lenda: dorme que só!
E São Pedro?
Santo Antônio é 13 de junho, São João é 24 de junho e São Pedro é 29 de junho, junto com São Paulo.
São Paulo é um santo meio desgarrado, meio desconhecido, mas de muita importância para a religião Católica.
São Paulo tinha, de origem, o nome de Saulo.
Saulo era guerreiro de posses, inteligentíssimo.
Bom, São João é São João.
Foi São João quem batizou Jesus Cristo, nas águas do rio Jordão.
Num tempo lá atrás, bem atrás, não havia festa junina que tinha os santos citados como homenageados.
Mas há muito santo no calendário cristão.
É longa a história.
Eu cresci dançando quadrilha, comendo milho assado na fogueira e canjica e pamonhas fartas à mesa.
Lembro das bandeirinhas de São João penduradas nos cordéis, nos quintais e arraiais. 
Nestes tempos bicudos de pandemia, não dá pra trazer à prática as brincadeiras juninas de ontem.
Agora é tudo via internet, lives.
Hoje 24 tem live com Fafá de Belém, suas filhas e convidados, como Cajú e Castanha. A partir das 20h, pelo Youtube.
A história de São João eu conto no programa abaixo. Clique:

 
LEIA MAIS:

LEI É LEI E BOLSONARO, PASSAGEIRO

Figurativamente: Bolsonaro é um calango pulando numa frigideira quente, sem óleo.
Não figurativamente: Bolsonaro é um idiota, expressão por ele usada o tempo todo para definir jornalistas.
O incendiário do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pediu o chapéu a mando das forças que mandam no Bolsonaro.    
O pistoleiro da palavra Onyx Num-sei-o-quê, reuniu a imprensa pra dizer que o governo vai investigar a vida pregressa do servidor que acaba de denunciar o contrato irregular pra trazer a Covaxin.
As mumunhas continuam no império insustentável do Bolsonaro. E mais uma vez, hoje 24, ele disse: "Só quem me tira daqui é Deus".
Hmmmm...

Significado de Deus

substantivo masculino

O ser que está acima de todas as coisas; o criador do universo; ser absoluto, incontestável e perfeito.
[Religião] Nas religiões monoteístas, uma só divindade suprema, o ser que criou o universo e todas as coisas que nele existem.
[Figurado] Aquilo que é alvo de veneração; ídolo.
[Figurado] Sujeito que está acima dos demais em conhecimento, beleza.
[Religião] Ente eterno e sobrenatural cuja existência se dá por si mesmo; a razão necessária e o fim de tudo aquilo que existe.
[Religião] Cristianismo. Designação da santíssima trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.
[Religião] Nas religiões politeístas, mais de uma divindade superior, a divindade masculina. Etimologia (origem da palavra deus). Do latim deus.dei.

(https://www.dicio.com.br/deus/)

Pois é, Deus é Lei.

quarta-feira, 23 de junho de 2021

A MENTIRA COMO VERDADE

Nunca na história brasileira um presidente da República mentiu tanto, como Bolsonaro.
Bolsonaro mente, mente, mente, com maior cara de pau do mundo, sem enrubecer. O mesmo fazem seus filhotes, amigos e integrantes do seu desgoverno.
Ouvir os integrantes do desgoverno Bolsonaro na CPI da Covid é uma tarefa, um exercício, chato e cansativo.
Quem não se lembra do bla, bla, bla do Pazzuelo, Maíra (Capitã Cloroquina), Nise, Ernesto (Exterior), Wajngarten e Osmar Terra?
E das últimas do Bolsonaro, heim?
1. “Em nenhum momento o governo deixou de tomar medidas importantes tanto para combater o coronavírus quanto para combater o caos na economia, que poderia gerar desemprego e fome";
2. “O quinto país (Brasil) que mais vacinou no mundo”;
3. “Que compraríamos qualquer vacina desde que aprovada pela [agência de vigilância sanitária] Anvisa";
4. ”Intercedi pessoalmente com a fabricante Pfizer para a compra de mais doses”;
Bolsonaro tem se vangloriado de não haver corruptos no seu desgoverno.
Humm...

"cor·rup·ção
(latim corruptio, -onis, deterioração, sedução, depravação)
substantivo feminino
1. Ato ou efeito de corromper ou de se corromper.
2. [Antigo] Deterioração física de uma substância ou de matéria orgânica, por apodrecimento ou oxidação (ex.: após vários meses no mar, a corrupção dos mantimentos era inevitável). = DECOMPOSIÇÃO, PUTREFAÇÃO, PUTRESCÊNCIA
3. Alteração do estado ou das características originais de algo. = ADULTERAÇÃO
4. Comportamento desonesto, fraudulento ou ilegal que implica a troca de dinheiro, valores ou serviços em proveito próprio (ex.: os suspeitos foram detidos por alegada corrupção e desvio de fundos).
5. [Figurado] Degradação moral (ex.: corrupção de valores). = DEPRAVAÇÃO, PERVERSÃO
6. Sedução (ex.: o réu foi condenado pela corrupção de pessoa menor de 14 anos)."

"corrupção", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2021, https://dicionario.priberam.org/corrup%C3%A7%C3%A3o [consultado em 23-06-2021].

Não faz tempo que Bolsonaro deu de garra no telefone e ligou para o primeiro ministro indiano, pedindo que interferisse numa negociata denunciada pelos jornais brasileiros.
Superfaturamento de vacina?
O jornal O Estado de S.Paulo traz hoje notícia dando conta de uma fatura de 1000% em relação à Pfizer.
O personagem Pinóquio ficaria envergonhado ao tomar conhecimento dessas mumunhas.
Questionar é preciso: será que a Covaxin é o Fiat Elba de Bolsonaro? 
O TCU e a CPI da Covid estão investigando o caso.  

LEIA MAIS: LEMBRANDO A ZEBRA DE 64 E O 1º DE ABRIL


terça-feira, 22 de junho de 2021

HÁ 100 ANOS MORRIA JOÃO DO RIO



"Ela é uma quadrúpede (..."não por acaso ela foi eleitora no passado de outra do mesmo gênero".
O conteúdo das aspas acima foi exposto pelo presidente Bolsonaro, no último dia 2. O alvo foi a repórter Daniela Lima (CNN).
Antes, no último dia 6 de janeiro, o mesmo Bolsonaro partiu com unhas e dentes pra cima da jornalista e escritora nikkei Thays Oyama. 
Thays é autora do livro "Tormenta", sobre o atual governo. Aos berros, o triste personagem desacatou a profissional dizendo que ela não teria futuro no Japão. 
Antes, bem antes, no dia 18 de fevereiro de 2020o mesmo Bolsonaro atirou a sua ira na repórter Patrícia Campos Melo (Folha). Com sarcasmo, disse: "Ela quer o furo. Ela quer dar o furo".
Huum...
"mi·só·gi·no
(grego misogúnes, -ou)
adjetivo e substantivo masculino
Que ou aquele que revela aversão ou desprezo pelas mulheres (ex.: chocou a audiência com os seus comentários misóginos; não gostava que dissessem que ele era um misógino)."
O trabalho da Imprensa tem sido de suma importância, desde sempre. 
Se não fosse os repórteres, certamente a vida seria bem pior. 
Se o repórter João Paulo Emílio Cristóvão Coelho Barreto existisse nos dias atuais seria atacado por Bolsonaro, contumaz assassino da verdade.
João Paulo, ou Paulo Barreto, ficou conhecido pelo pseudônimo João do Rio. 
João do Rio foi o criador da reportagem como hoje conhecemos. 
Ele foi importantíssimo, para todos nós. 
João do Rio publicou, no jornal Gazeta de Notícias, uma série de reportagens sobre a vida do povo. 
João morreu no dia 23 de junho de 1921.
Entre os textos que publicou, o intitulado a Fome Negra. Leia. 
O texto aí integra o livro A Alma Encantadora das Ruas (1908). 



segunda-feira, 21 de junho de 2021

SÃO PAULO E SEUS PROBLEMAS

 

São Pualo não tem solução, pelo menos a curto prazo.

A afirmação é de um dos fundadores do Metrô paulistano, Peter Alouche, e foi dada em entrevista ao radialista Carlos Sílvio.

A declaração veio a propósito do momento caótico que vive São Paulo, especialmentte no tocante à mobilidade dos paulistanos. Da casa para o trabalho e  Do trabalaho para casa.

No decorrer da entrevista, Peter disse que o transporte público carece de investimento. VLT não é solução e Metrô é muito caro.

“Peter é uma pessoa rápida no raciocínio, brincalhona e encatadora”, diz o apresentador Carlos Sílvio.

E eu acrescentaria: “Peter ver problomas onde o olhar comum não vê”. Sabe aquela música Existe Amor Em SP? O povo sofre em SP. O caos urbano leva a isso.

Peter é do balacobaco!

Assista a íntegra da entrevista de Peter.

Clique:

BOLSONARO VOLTA A ATACAR A IMPRENSA. COM RAIVA

Quinhentos mil brasileiros mortos pela Covid-19 no Brasil, até agora.
Quantas dessas mortes serão debitadas à irresponsabilidade do presidente Bolsonaro?
Bolsonaro, com seu temperamento ridículo e idiota, continua matando brasileiros de todas as idades e cor.
O diário paulistano Folha de S.Paulo foi às bancas ontem 20 com a 1ª página em branco trazendo a pergunta: VAMOS MORRER ATÉ QUANDO?
Hoje 21 Bolsonaro voltou a atacar repórteres, em Guaratinguetá, SP, que lhe perguntaram sobre a razão de insistir de não usar máscara contra o Coronavírus. E ele: 

"Parem de tocar no assunto. [Presidente tira a máscara] Você quer botar… Me bota agora… Vai botar agora… Estou sem máscara em Guaratinguetá. Está feliz agora? Você está feliz agora? Essa Globo é uma merda de imprensa. Vocês são uma porcaria de imprensa. Cala a boca. Vocês são canalhas. Fazem um jornalismo canalha, vocês fazem. Canalha, que não ajuda em nada. Vocês não ajudam em nada. Vocês destroem a família brasileira. Destroem a religião brasileira. Vocês não prestam. A Rede Globo não presta. É uma péssima [sic] órgão de informação"

Como rebater isso, hein?
Hmmmmm...

Significado de Psicopata

substantivo masculino e feminino  

Pessoa que sofre de um distúrbio mental, definido por comportamentos antissociais, pela falta de moral, arrependimento ou remorso, sendo incapaz de criar laços afetivos ou de sentir amor pelo próximo.Indivíduo acometido por psicopatia, por esse distúrbio mental.Designação genérica para quem expressa qualquer tipo de patologia mental.

adjetivo  

Diz-se dessa pessoa: o criminoso psicopata confessou seus crimes.

(https://www.dicio.com.br/psicopata/)

Já não quinhentas mortes
Já não são quinhentas mil
A desgraça toma corpo
No coração do Brasil

Não são mortes naturais
As mortes de Silvas e Bragas
São mortes provocadas
Por vírus, pestes e pragas

Braga viva inda mata
Homem, menino e mulher
Mata completamente
Do jeito que o bicho quer

Maldito Coronavírus
Que pega e mata gente 
O Brasil está morrendo 
Nas garras do presidente

Presidente também morre
De morte morrida ou não
Lugar de quem não presta 
É no beleléu ou prisão!
 

 

domingo, 20 de junho de 2021

LÁZARO, O FILME!

Dizem que Lázaro agora foi visto tomando cerveja no boteco de  Carapicuíba, cidade da região metropolitana de São Paulo.
Vai ser difícil pegar esse Lázaro.
Agora há pouco uma amiga telefona perguntando se "ele" já foi pego. Respondo que não, que as tropas legais e milicianas continuam no seu encalço. E ela: ninguém pode ficar por aí dizendo e fazendo coisa sem antes tomar vacinar.
A propósito, já passa de 500 mil o número de mortes provocadas pela Covid-19.
Agora pouco também ouvir o menino Murilo, do auto dos seus 12 anos, dizer que o "cara ainda não foi preso porque não é bobo: ele anda pra frente como se fosse pra trás, como Curupira".
Pois é, o Curupira é uma personagem do folclore brasileiro que anda pra frente como se fosse pra trás. E aí engana todo mundo, desorientando perseguidores.
Dizem que Lampião fazia isso: andava pra trás, mas ia pra frente.
Nos relatos que tenho ouvido, esse Lázaro é invisível e tem o corpo fechado.
Já dizem até que dorme pendurado nas árvores, entre cipós. E que se esconde em todo canto, até nas sombras daqueles que o perseguem.
Se brincar o caboco aí inté avoa que nem macaco das Alagoa.
Lázaro já tá virando mito. Hummmmm...
Eu disse e repito: a história mostra que bandido perseguido por bandos de policias, forças como dizem, acabam virando temas de música, peça de teatro, filme de cinema e tudo mais.
O pai biológico de Lázaro de nome Edenaldo, disse que o filho "é um monstro". Edenaldo é separado e o filho foi criado por outro homem que também é um monstro, um bandido", acrescentou.
É quando lembro de José Gomes, não Jackson do Pandeiro.
O José Gomes de quem lembro é o Cabeleira.
Cabeleira pôs em polvorosa pernambucanos do século 18. Atirava e matava que só.
A maldade de que era portador cabeleira aprendeu com o pai, Joaquim.
Joaquim Gomes ensinava, desde cedo, o filho a matar passarinho e outras aves. Depois ensinou-o a manejar facas e armas de fogo. E aí não custou a Cabeleira sair por aí atirando e matando gente.
Pois é, coisa igual anda fazendo o Lázaro. Agora só falta virar filme. Aliás, essa história já nsceu com roteiro pronto.
Recomendo que assista o filme O Cabeleira, que chegou a ganhar versão italiana(cartaz ao lado).
Clique:
 

sábado, 19 de junho de 2021

PETER ALOUCHE É PAPO COM CARLOS SÍLVIO


Meu amigo, minha amiga, você já ouvi falar em Peter Alouche. Peter Alouche nasceu num ponto qualquer das Arábias, entre várias línguas assumiu a francesa e a portuguesa brasileira quando por nossas plagas aportou. 

Engenheiro, ex-professor do Mackienze e da FAAP, Peter construiu um currículo pessoal admirável.
Um dos fundadores do metrô paulistano, Peter tem por hábito ensinar os dois lados da vida: o bom e o não bom.
O lado bom da vida, segundo Peter é ser amigo de todo mundo. 
O lado não bom da vida, segundo Peter, é não se amigo de todo mundo.
Letrista de belas canções como São Paulo de Todos Nós e cordelista apaixonado (Encontro no Metrô), Peter é daquelas pessoas que sozinhas são capazes de animar qualquer plateia. 
Peter é um cara cheio de graça e de saber. Conheça esse rico personagem na entrevista que irá ao ar logo mais (19h) no Instagram @cspaiaia.
O desassombrado Carlos Sílvio é quem entrevistará o Peter. Não perca, é papo bom.





COVID JÁ MATOU MEIO MILHÃO, NO BRASIL

No Brasil há 49 municípios com 500 mil ou mais habitantes. Desses, vinte e três são capitais.
Dentre todas as capitais, apenas quatro tem menos de 500 mil habitantes: Vitória(ES), Palmas(TO), Rio Branco(AC) e Boa Vista (RR).
Pois bem, é como si pelos menos uma dessas capitais tivesse amanhecido hoje 19 vazia. Totalmente vazia, sem nenhum habitante.
É como também se de repente a segunda maior cidade da Paraíba, Capina Grande, amanhecesse sem viv'alma. 
Pois é, acabo de ouvir no rádio que o Brasil acaba de atingir a marca macabra de 502 mil pessoas mortas pela Covid-19. E não custa lembrar: a primeira morte pela Covid ocorreu no dia 17 de março de 2020, em São Paulo.
E aí escrevi:

Já não quinhentas mortes
Já não são quinhentas mil
A desgraça toma corpo
No coração do Brasil

Não são mortes naturais
As mortes de Silvas e Bragas
São mortes provocadas
Por vírus, pestes e pragas

Braga viva inda mata
Homem, menino e mulher
Mata completamente
Do jeito que o bicho quer

Maldito Coronavírus
Que pega e mata gente 
O Brasil está morrendo 
Nas garras do presidente

Presidente também morre
De morte morrida ou não
Lugar de quem não presta 
É no beleléu ou prisão!

REALIDADE E CORDEL

 A figura parece que saiu do oco dos infernos. Ou das mais imaginosas páginas da literatura de cordel. 

É baixinho, atarracado, olhos castanhos e cabelos ondulados se derramando pelos olhos.

Ora é visto em Goiás, Paraíba, Pernambuco e até nas alagoas, onde a crença diz que macaco avoa.

Dizem que Lázaro se não for o Capeta é o filho do Capeta.

Pessoas assustadas juram tê-lo visto nu, de calças curtas e até de terno e gravata.

Também há quem jure de pé juntos que o tal tem rabo e até um par de chifres lustrosos. Pequenos, mas lustrosos.

O fato é que na história do nosso Patropi nunca tantos policias, da Guarda Nacional inclusive, saíram em bandos armados até os dentes à procura de um bicho, de um homem ou seja lá o que for. O tal Lázaro, de 32 anos, nasceu na Bahia. 

Na Bahia também nasceram o Diabo Loiro, do bando de Lampião e Antônio Carlos Magalhães. O tal em pauta matou num sei quantas pessoas. Até famílias inteiras, dizem.

Essa históia não vai acabar bem.

História de bandoleiro da pesada nunca acaba bem. Mas tem um detalhe: todos viram lenda, como cabeleira e tantos e tantos.

Até música viram, como Mineirinho.

Ouça:

sexta-feira, 18 de junho de 2021

LÁZARO, O CÃO EM PESSOA

Lázaro não é gente, é o Cão. Melhor: filho do Cão.
Como filho do Cão, Lázaro tem irmãos, o mais novo Bolsonaro. O mais velho, Nero. Alguns outros são: Cabeleira, Lampião, Mineirinho, Cara de Cavalo...
Cara de Cavalo, de batismo Manoel Moreira, tinha 23 anos de idade quando a polícia do Rio o abateu com 52 tiros.
A morte de Cara de Cavalo gerou o Esquadrão da Morte. Isso porque Cavalo, que protegia bancas e bicheiros, matou Le Cocq.
Le Cocq, como tantos e tantos milicianos, adorava pegar grana de quem tinha grana e agia na impunidade. Como hoje.
O lema do Esquadrão era: um tiro para matar, outro pra confirmar e outros pra comemorar.
Não há registro na história de uma caçada humana tão intensa a um homem só, como a que ora ocorre lá pelas bandas de Goiás, GO.
O caçado é Lázaro Barbosa, de 32 anos. 
A caçada começou há 10 dias.
A Imprensa fala de 270, 300, 400 e até 500 homens no encalço a Lázaro.
Lázaro não será capturado, Lázaro será assinado. Talvez com 52 tiros.
Dizem que Lázaro matou 4 pessoas de uma mesma família e feriu, à bala, outras três integrantes das equipes que o caçam.
Fico pensando: esse cara é mesmo o Cão. E como o tal, capaz de driblar todo mundo. Até quando?
O Cão não morre, o Cão se transforma. Metamorfoseia-se.
Será que Lázaro e Bolsonaro são a mesma pessoa?
Não, não. Bolsonaro já matou muito mais que esse Lázaro dos infernos.
Cabeleira, o Cabeleira, era filho de um José.
O José pai de Cabeleira, era filho do Cão.
Foi esse José quem ensinou Cabeleira a matar, a matar, a matar.
Isso é história.
Quem ensinou Bolsonaro a matar, hein?

 
SOBRE PERSONAGENS E VIOLÊNCIA DA CENA BRASILEIRA, LEIA:

quinta-feira, 17 de junho de 2021

CACÁ LOPES UM CRAQUE DA BOA MÚSICA

O cantor, compositor e violonista pernambucano Cacá Lopes é um craque. Ele faz da arte, sua vida. Com graça, sem traumas.
Cacá mora em São Paulo há muitos anos e sobre ele já falei muita coisa. Confira: UM BRAÇO, UM VIOLÃO. VIVA CACÁ LOPES!
Cacá tem mulher e filhas, para quem compôs músicas no correr dessa louca pandemia em que vivemos. Títulos: Deixa O Sol Brilhar Você, Fartura, Guerreiras, Três Sorrisos Três Meninas, Vem Cá Bonita, Meu Romance De Cordel e A Grande Rede Do Bem.
Ao contrário de muitos artistas, Cacá Lopes considera-se uma antena capaz de captar a história e as mazelas do povo. E é. Sem papas na língua. Ele:
“O Brasil no momento é um trem desgovernado. Um país tão rico está à deriva. A situação é caótica com a fome batendo na porta do nosso povo, a pele negra sendo massacrada, a Amazônia devastada e indígenas na mira do extermínio. A pandemia não provocou, apenas escancarou ainda mais as desigualdades motivadas pelo desmonte governamental. O racismo estrutural, a desinformação (Fake News) e o negacionismo são alguns dos pilares que regem o governo atual!
O Brasil virou chacota no cenário internacional.
É certo que há formas de enfrentarmos este caos - valorizar a ciência, a educação, a cultura, o meio ambiente, os povos e a diversidade são meios mais seguros para superarmos este momento triste da nossa história.
Acabo de compor uma música que fala disso tudo: A Grande Rede do Bem”.
Com vários folhetos de cordéis (32) e discos gravados lançados à praça, Cacá carrega consigo muitas boas histórias para contar. A vez em que conheceu o rei do baião Luiz Gonzaga, por exemplo. Lembra:
“Fui a Exú-PE para o penúltimo aniversário de Gonzagão. Ao ser apresentado a ele, dei meu segundo compacto autografado. Gonzaga enfiou a mão no bolso e tentou me pagar, perguntando qual o preço do disco. Falei que não precisava, agradeceu-me e convidou-me para cantar com ele no palco”.
Essa foi para Cacá uma história marcante. Outra ocorreu quando esteve pela última vez com o poeta Patativa do Assaré. Cacá:
“Estive algumas vezes com Patativa do Assaré, em sua casa. Ele sempre me pedia pra buscar meu violão no carro e tocar uma coisinha pra ele, era assim que ele falava. Eu tocava sempre Assum Preto do repertório de Gonzagão, uma de suas prediletas”.
Luiz Gonzaga e Patativa do Assaré foram artistas cujas obras marcaram profundamente a vida nordestina. Sobre Gonzaga, Patativa fez até poemas. E de Patativa, Gonzaga gravou a toada A Triste Partida (1964).
Curiosidade: ainda em 64, o Rei do Baião gravou O Fole Gemedor. Essa música fala pela primeira vez do município em que nasceu Cacá Lopes, Araripina.
Estamos no mês de junho, mês de São João. Na extensa discografia de Luiz Gonzaga, há dezenas de músicas sobre as festas dos três santos: Antônio, João e Pedro. E não custa lembrar: é de Cacá a biografia de Luiz Gonzaga em versos, a mais completa: 368 estrofes em sexilhas.



PANDEMIA É TEMA DE CORDEL

A Covid-19 continua matando gente no brasil e no mundo todo.
Músicas tem sido feitas por ai afora. No Brasil, inclusive. E poemas. Eu mesmo fiz vários. Confira: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/verso/veja-como-a-pandemia-foi-retratada-pela-literatura-de-cordel-desde-marco-de-2020-1.3097486
Folhetos de cordel também tem sido compostos e publicados. Eu mesmo fiz vários (capas acima).
O jornal Diário do Nordeste publicou esta semana uma reportagem de página inteira contando essa história. História de pandemia provocada pelo novo Coronavírus. Leia: https://assisangelo.blogspot.com/2021/04/o-brasil-esta-morrendo.html

quarta-feira, 16 de junho de 2021

HOJE É DIA DE IVAN LINS

Ivan Lins, cantor e compositor considerado um craque do jazz brasileiro nasceu em 1945 num dia como o de hoje.
A obra de Ivan Lins é uma obra muito bonita, iniciada com Madalena (abaixo). 
Ivan Lins é um boa praça, bom caráter, uma figura e tanto.
Conheci Ivan Lins nos tempos em que eu era repórter da Folha. Lembro-me como se fosse hoje: uma entrevista com ele e seu parceiro Vitor Martins. LP novo. Lançamento. Num hotel de no Firenze, na rua Frei Caneca. Ali naquela curvinha, pouco antes do prédio onde morava o compositor e instrumentista Marcus Vinicius. 
Por onde andará o Marcus Vinicius, hein?
Marcus foi diretor do selo CPC/Umes. 
Por esse selo cheguei a gravar um CD (ao lado). 
Mas essa é outra história. 
Uma historinha: certa noite dos anos 70, tomávamos uma aguinha de coco do bar do Miranda, ali de lado da Folha, na Barão de Limeira, SP. Eu, o finado Roberto Jardim e Fernando Paiva. Mais um ou outro. Alguém propõe que fechemos a conta e que partamos ao Rio, pelo aeroporto via Congonhas. 
Era umas sete da noite. Eu disse que não ia. Mas fui. 
O destino era a casa do Ivan.
Eu fui, mas voltei sem ir à casa do Ivan. 
Os amigos ficaram lá, dormiram lá e depois disseram que eu perdi uma belíssima noite. Bobos. 
Todo dia e toda noite é bela quando estamos com que queremos e com quem nos queira. 

ÚLTIMA HORA, 70 ANOS

Antônio José de Azevedo Amaral foi médico e jornalista. Nascido no Rio de Janeiro, defendeu tese do curso de Medicina na França e durante 10 anos foi correspondente do jornal Correio da Manhã, na Inglaterra.
Autor de vários livros, Amaral alinhava-se ao ideário conservador.
Amaral conheceu Samuel Wainer (1910-1980), que conheceu Álvaro Moreyra, Carlos Lacerda, Nelson Werneck Sodré e Graciliano Ramos.
Samuel gostava de se escorar nos intelectuais.
Em 1938, esse pessoal levou à publicação textos inéditos na revista Diretrizes, que tinha como correspondentes estrangeiros Ernest Hemingway e Aldous Huxley.
O forte da revista era política, economia e cultura.
No dia 12 de junho de 1951 Samuel revolucionava a Imprensa brasileira com o lançamento do diário Última Hora.
Antônio José de Azevedo Amaral nasceu em 1881 e morreu cego em 1942 no Rio, quando Diretrizes virara publicação semanal dirigida pelo já polêmico Samuel Wainer.
Samuel estava longe de ser considerado um anjo, mas era amado. E odiado.
Em junho 1953, Última Hora foi alvo da primeira CPI criada para apurar supostas falcatruas na fundação de um jornal. Deu em nada.
Última Hora teve edições em São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Minas Gerais.
O último editor desse jornal foi o paulista Oswaldo Mendes, em 1979. OSWALDO MENDES, UM CARA PORRETA
Nessa história toda, uma pessoa sentiu-se traída: Antônio José de Azevedo Amaral.
Para sua decepção, Samuel Wainer tomou para si em cartório o título da revista Diretrizes. Essa informação veio à tona num artigo assinado e publicado pelo historiador Danilo Wenseslau Ferrari, na Revista do Arquivo do Estado SP, em 2008.

terça-feira, 15 de junho de 2021

DESABAFO CEGO E SEJA O QUE FOR

Pessoas do mundo todo são bombardeadas a cada segundo por informações de origens diversas.
Isso não é diferente no Brasil, onde diariamente temos que engolir Bolsonaro e as Fake News detonadas por sua tropa de paramilitares digitais. 
O Brasil tem cerca de 210 milhões de habitantes, dos quais 46% sofrem algum tipo de deficiência. 
O dados, de 2010, são do IBGE que Bolsonaro quer acabar. 
Bolsonaro é um idiota. Até eu, que sou cego, vejo isso:


Perdi a luz dos meus olhos faz uns oito anos. E sofro com isso. Acho que não me acostumarei com isso, nunca, dure eu o tempo que sei lá!
Vivo cercado de livros, discos, histórias. 
Há muito não leio um livro. Jamais voltarei a ler um livro. Infelizmente. 
Ouvir livros é diferente de ler livros. 
Que diachos!
A internet não me serve pra nada. 
Dizem-me que na internet há tudo, inclusive no que se refere ao campo da arte e cultura. 
Bach, Beethoven, Chopin, Chico, Taiguara, Caetano, Vandré, Gonzaga e Manezinho ajudam-me a chegar ao dia seguinte. 
É isso. 

segunda-feira, 14 de junho de 2021

JOÃO DO BRASIL

O mundo mudou com a invenção da prensa pelo alemão Gutenberg, no começo da segunda parte do século 15.
O primeiro desafio de Gutenberg foi imprimir a Bíblia. A impressão durou cinco anos, de 1450 a 1455. 
Não se sabe quantos volumes foram impressos, mas essa é outra história. 
O primeiro jornal impresso de que se tem notícia foi o Nieuwe Tijdinghen, lançado em 1602 na Bélgica. 
No Brasil, o primeiro jornal foram dois: Correio Braziliense, editado por Hipólito José da Costa, em Londres; e Gazeta do Rio de Janeiro, editado pelo frei Tibúrcio José da Rocha. 
Esses dois jornais começaram a circular no mesmo ano: 1808. 
Logo após essas publicações, surgiram outras em diversas partes do País. 
Daquele tempo, três jornais ainda sobrevivem: Diário de Pernambuco (1825), O Estado de S. Paulo (1875) e o paraibano A União (1893). 
Choveu impressos no Império, feitos por escritores e políticos. 
Alguns marcaram época, como Diário Mercantil (1824-1827), Jornal do Commercio (1827-2016), Cidade do Rio (1887-1902) e Gazeta de Notícias (1875-1942). 
Escreviam nesses jornais Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar, Machado de Assis, Franklin Távora, Lima Barreto, Alfonso Guimarães, Olavo Bilac e outros mais, incluindo o autor do livro Os Sertões. 
Os Sertões, de Euclides da Cunha, conta a história da Guerra de Canudos (1896-1897). 
A história é longa. 
Na virada do século 19, surgiu nas páginas do jornal Cidade do Rio aquele que seria considerado o nosso primeiro repórter: João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto, que ficaria famoso pelo pseudônimo João do Rio. 
As primeiras reportagens assinadas por esse João apareceram na Gazeta de Notícias. Tema: religiões. João foi um repórter destemido e seus textos, brilhantes, como brilhantes eram os textos de Machado de Assis e Lima Barreto. 
Lima não se dava com João, que nutria grande admiração por Machado. 
Machado mantinha distância de Lima e João. Sem explicação. 
Machado de Assis, Lima Barreto e João do Rio eram negros e de origem humilde. Não tiveram filhos. Esses três brasileiros deixaram uma obra fabulosa. 
Machado foi o primeiro jornalista a cobrir debates no Senado. 
Como Machado e Lima, João contou a história do Rio em formato de reportagem. Pelo avesso. 
Alguns estudos já foram feitos sobre a obra do repórter, que também foi contista. A propósito, leia: O HOMEM DA CABEÇA DE PAPELÃO 
A importância de João do Rio na cultura brasileira é referida por muita gente, inclusive por Carlos Lacerda (1914-1977) num LP dos anos 1970. 
Viva Gutenberg!

BELA ENTREVISTA DE RUY CASTRO À TV CULTURA

O jornalista mineiro Ruy Castro apareceu ontem 13 no programa Provocações, apresentado por Marcelo Tas.
Foi uma bela entrevista.
Confesso que nunca ouvi Castro falar tão bem e com tanta naturalidade sobre a história do Brasil.
Conheci Ruy Castro no tempo ainda em que eu era repórter do jornal Folha de S.Paulo e colaborador frequente do suplemento dominical Folhetim.
Lembro que eu havia  feito uma entrevista exclusiva com o cantor e compositor paraibano Geraldo Vandré. A primeira depois dele voltar do exílio. Essa entrevista ganhou capa do Folhetim e chamada de 1º página do Folhão, como chamávamos a Folha de S.Paulo.
À época Ruy Castro era editor da revista Playboy, da Abril.
Castro queria que eu escrevesse um artigo sobre Vandré. Eu disse não. E ele não gostou. Aproveitei para sugerir uma entrevista com o menestrel baiano Elomar. E aí ele ficou puto. E bateu o telefone.
Mas tudo passa, como diz a canção do também mineiro Nelson Ned (1947-2014).
Não podemos guardar raiva, mágoa de ninguém.
Parabéns pela entrevista, Ruy Castro.

domingo, 13 de junho de 2021

O FORRÓ EM SÃO PAULO

 
Em 1949, nos fins, Luiz Gonzaga lançou para o mundo um novo ritmo musical: forró.
Forró de Mané Vito foi, pois, o primeiro forró constante da discografia Brasileira.
É muito bom ouvir forró. Vamos lá?
Clique:

VOCÊ SABE QUEM É CACÁ LOPES?

BOLSONARO: IMBROXENTO E INCOMÍVEL

 Não era para tanto, mas arrepiei-me ao ouvir o nosso preclaro presidente definir-se na primeira pessoa: "sou imorrível, imbroxável e incomível".

Ele poderia seguir na linha da auto definição, dizendo: sou idiota, imoral, inútil, irresponsável, imbecil, ignóbil, ignorante...

Sabe o que eu penso?

Bolsonaro foi eleito sem saber da importância do cargo de presidente da República.

E por não saber o que é isso, e pela incapacidade de preparar-se, preferiu botar a faixa no peito e continuar a vidinha de porra-louca que sempre teve entre seus amigos e comparsas. É isso.

Ser presidente da República do Brasil é um cargo altamente importante na vida qualquer pessoa. Seja homem ou mulher.

Comandar um país de mais de 200 milhões de habitantes é um privilégio, mas nem todos percebem isso. Pena.

O Brasil não aguentará mais um mandato Bolsonaro.

Digo isso e digo mais: por essas e por outras, a democracia brasileira corre perigo.

INSÔNIA

Outro dia, para novo espanto meu, ouvir o rádio dizer que Bolsonaro costuma acordar a mulher, coitada, de madrugada. Hummm... Pra quê?

sexta-feira, 11 de junho de 2021

A CULTURA DO FORRÓ

 

A Sociedade de Moradores dos Jardins das Imbuias e Adjacências, SOMJIA, apresentou no decorrer dos meses de abril e junho o projeto Abraços e Versos: Um Encontro entre o Forró e o Cordel.
Esse projeto foi viabilizado através de um edital, o primeiro, criado especialmente para valorizar e difundir o cordel e o forró como expressões culturais. 
Em oito ocasiões, vários pesquisadores compositores e intérpretes do forró como ritmo ou gênero musical foram espalhadas pelo mundo da internet. Em "lives", como se diz.
Os convidados para participar do projeto foram o radialista e forrozeiro pernambucano Luiz Wilson, o sanfoneiro Cicinho Silva e o percussionista Sandrinho do Pan. Além desses participaram a cordelista paulistana Cleusa Santo, o também cordelista (baiano) Marco Haurélio, o capoeirista Vagner Souza e a presidente do Fórum do Forró de São Paulo, Isabel Santos.
O cordel é uma expressão antiga, oriunda da península ibérica e adjacências. Chegou ao Brasil há cerca de 200 anos.
Um dos primeiros folhetos de que se tem notícia é da Donzela Teodora, escrito por anônimo dos começos dos séculos 4 e 5 a.C.
Quanto ao forró posso dizer que ganhou forma musical em fins dos anos de 1940.
Os pernambucanos Luiz Gonzaga e Zé Dantas foram os artistas que assinaram a primeira composição desenvolvida no ritmo do forró: Forró de Mané Vito, gravada no segundo semestre de 1949 e lançada no ano seguinte em abril, pela marca norte-americana RCA Victor.
A partir do momento em que Gonzaga levou à praça a composição feita em parceiria com Zé Dantas, o forró ganhou alturas, ultrapassou mares e fronteiras. Em resumo: o forró, como o baião, viraram belíssimas pragas brasileiras.
São muitos os representantes e praticantes do forró, no Brasil e no Exterior.
O forró chegou em São Paulo nos finais de 1960, com iniciativa do próprio Luiz Gonzaga, que convenceu o baiano Pedro Sertanejo que abriu a primeira casa de espetáculos dedicado especialmente ao forró.
A produtora do projeto Suelen Garcez, paraibana, foi a responsável pela realização do projeto Abraços e Versos: Um Encontro entre o Forró e o Cordel.
"Eu conto a história do forró em São Paulo num folheto que será distribuído, gratuitamente, nas oito casas de cultura que receberam nosso projeto", diz o artista Cacá Lopes.
Daqui a pouquinho estarei encerrando esse projeto, a convite do compositor e cantor Cacá Lopes e da cordelista Elielma Carvalho. Detalhe: qualquer pessoa, de qualquer lugar, pode nos acessar já já pelo link Casa de Cultura Manoel Mendonça
Quer ver mais? Acesse: https://cacalopes.com.br/

 

LEIA MAIS:

AMADO BATISTA ABRE A PORTA PRA SEU AMADO

Algumas pessoas me telefonaram pra dizer que ouviram no rádio e na televisão notícia dando conta, ontem 10, de que o cantor Amado Batista abriu a porta de sua casa pra receber com reverência o aloprado presidente da República, Bolsonaro.
Pois é, já não me surpreende.
Amado Batista é um grande admirador dos militares. Por eles, ainda alimenta saudade dos tempos da ditadura.
Conheci o cantor há muitos anos, quando lançava seus primeiros discos, pela extinta gravadora Continental. Eu o entrevistei, em 1983, para uma das revistas da Editora 3. Leia mais: https://assisangelo.blogspot.com/2013/05/amado-batista-de-bem-com-torturadores.html?m=1



LIVE: ORIGENS DO FORRÓ


Daqui a pouco, às 17 horas, estarei falando sobre as origens do forró com o cantor e compositor Cacá Lopes. Coisa boa. A transmissão ocorrerá pela página do facebook Centro Cultural Santo Amaro, espalhe! Para aquecer, ouça:

quinta-feira, 10 de junho de 2021

TRAGÉDIA NO NORDESTE, EM CORDEL

A pandêmica Covi-19 continua matando que só, no mundo todo.

Sobre esse assunto, já escrevi e publiquei 4 folhetos de cordel. Todos na modalidade Sextilha. Essa modalidade é desenvolvida em estrofe de seis versos de sete sílabas, o segundo rimando com o 4º e o 6º e os demais, livres.

Agora acabo de publicar em folheto a história fictícia intitulada A Morte como Tragédia/E um Cego por Testemunha (ao lado, na minha mão). Dessa vez, resolvi desenvolver a história na modalidade Quadra. 

LEIA MAIS: A VIDA COMO TRAGÉDIA...

quarta-feira, 9 de junho de 2021

HÁ 100 ANOS MORRIA ALFHONSUS DE GUIMARÃES

No ano em que o paulista de Campinas Antonio Carlos Gomes (1836 - 1896) estreava no Teatro Ala Scala de Milão a ópera de sua autoria Il Guarany, baseada na obra homônima do romancista cearense José de Alencar (1829 - 1877), nascia em Mariana, MG, o poeta simbolista Afonso Henrique da Costa Guimarães.
Guimarães, Alphonsus de Guimaraens, muito novo ainda, apaixonou-se perdidamente por uma prima de nome Constança, filha do escritor Bernardo Guimarães (1895 - 1884).
Constança morreu com menos de 20 anos e o namorado entrou de cabeça no poço da tristeza. 
Jornalista, advogado e poeta famoso, Alphonsus de Guimaraens casar-se-ia anos depois com uma jovem que lhe daria 15 filhos. 
A história desse poeta é uma história tocante. Seu primeiro livro, Septenário das Dores de Nossa Senhora, foi publicado em 1899 (Capa ao lado).
No dia 15 de julho de 1921, esse mineiro pendurou-se numa corda e morreu. A sua obra é tocante. 
Um dos mais belos poemas de Guimaraens, Ismália, ganhou interpretação da cantora paulistana Inezita Barroso (1925 - 2015). Ouça:


JOÃO DO RIO: JORNAL É CHIBATA DO POVO

O Carioca João do Rio, pseudônimo de João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto, foi o inventor da reportagem no Brasil. De importância fundamental a sua presença no jornalismo Tupiniquim. Baixinho, gordo, preto, gay e de uma inteligência invejável. Nasceu em 1881 e morreu dois meses antes de completar 40 anos, em 1921. A "entrevista" que segue, mistura realidade com ficção. Tomara que gostem.


Para Oswaldo Mendes, craque do teatro e do jornalismo, último editor do jornal Última Hora

João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto…
Não se perca pelo nome
Meu colega jornalista
Meu colega de bancada
Meu colega de revista

Antes dele não havia
Reportagem de verdade
Entrevista com o povo
Falando de liberdade

Ele foi um bam, bam, bam
Foi um cara especial
Inventor da reportagem
Pra revista e pra jornal

Foi ele quem botou luz
Onde tinha escuridão
A imprensa deve a ele
Muito mais que gratidão


A história de João do Rio é uma história incrível.
É a história de um homem que profissionalizou o jornalismo, que inventou a reportagem. Foi o cara que pôs no jornal a cara do povo, a cara das ruas, da vida fora do aconchego capitalista.
Era um cara destemido. Subia e descia morros à procura de histórias.
Todos pensam que ele morreu aos 39 anos de idade. De colapso num táxi, enquanto se dirigia a um teatro num começo de noite.
Eu conheci esse João em 1975.
Eu o procurava havia muito tempo. E falando com um aqui e outro ali, descobri que vivia num bairro de Salvador. Discretamente, num casarão muito bonito. Daqueles antigões. Bem conservado, com cheiro de passado e de histórias. Nada lhe faltava.
Era tranquilo até no arrastar das pernas.
Cheguei por volta das 10 horas de um sábado primaveril, sem avisar. Bati à porta, e um senhor de poucos cabelos, rosto liso, sem barba, atendeu-me com um sorriso. “Quem é você?”, perguntou baixando delicadamente os óculos banhados a ouro, ou de ouro, não sei. Bonitos.
Identifiquei-me e ele, generosamente, convidou-me a entrar.
“Como você chegou até aqui?”, perguntou, olhando-me fixamente. “Quem me deu seu endereço foi Olegna”.
E antes de eu dar mais detalhes, ele balançou a cabeça dizendo de modo até engraçado: “Ah, o Olegna, amigo do Caymmi. Que linguarudo! Mas enfim, o que traz você até mim?”.
Fui direto: “Uma entrevista para o jornal O Trabuco. Gostaria que o senhor respondesse algumas perguntas sobre a sua trajetória na imprensa”.
Ele fez hmmm... E perguntou: “O que é que você sabe a meu respeito?”.
“A seu respeito, seu João, eu sei o que a história conta. Sei da sua trajetória, da sua presença forte no jornalismo brasileiro. Sei de seus livros. Seus livros me encantam. Seus livros me ensinam. Pra mim, o senhor é um grande professor de jornalismo. Um mestre”.
Ele riu com carinho, acolhendo-me nos pensamentos.
Antes de me levar à sua biblioteca, pediu licença para abrir as janelas. “Está meio abafado”, comentou.
Em seguida elogiou-me pela fala franca, puxou uma cadeira, duas e nos sentamos um à frente do outro.
Depois de um gostoso cafezinho trazido por uma jovem de nome Ana, Aninha, contou enquanto levava a xícara à boca: “Essa menina é filha de uma grande amiga minha, a Cilene. Linda, não é?”.
Num assobio discreto fez que viesse ao nosso encontro uma cachorrinha catita. “Essa belezinha, Lilica”, disse ele, “ganhei de um amigo que chegou há pouco de uma viagem à Inglaterra”.
O amigo em referência era o historiador e crítico literário Nelson Werneck Sodré.
“O Nelson tem dedicado a vida a estudar o nosso País. É dele o livro A História da Imprensa no Brasil. Se não leu, leia”, disse.
Separava-nos uma mesa de madeira de lei. Muito bem esculpida.
O vento malemolente entrava pelas janelas. Lá fora um silêncio gostoso, quebrado apenas pelo pipilar de sabiás, curiós e bem-te-vis.
Um paraíso.
Comecei:

Eu − Antes de mais nada, gostaria de saber se o senhor realmente nasceu no dia 5 de agosto de 1881.

Ele − Sim. Nasci nesse dia, mês e ano, no Rio de Janeiro. Meu pai, Alfredo, era professor de Matemática, de 23 anos, e minha mãe, Florência, de 15 anos incompletos, aluna dele. Tive um irmão, Bernardo, que morreu cedo. Meu pai queria que eu fosse professor. Professor de qualquer coisa e aí enveredei pelos caminhos do Jornalismo. Eu tinha uns 16, 17 anos. O primeiro jornal que me abriu as portas foi Cidade do Rio, do abolicionista José do Patrocínio. Amigo do meu pai. Ele olhou pra mim e foi logo dizendo: “Faça um texto sobre os negros”. Deu-me prazo. Eu tinha dois dias para fazer aquilo. Fui à rua e no mesmo dia entreguei o texto.

Eu − E nesse texto já aparecia o nome João do Rio?

Ele − Não, usei outro pseudônimo. Não lembro qual. Tive vários. Joe, Claude, Caran D’ache. João do Rio nasceu nas páginas da Gazeta de Notícias.

Eu − Quanto tempo o senhor ficou no jornal do Patrocínio?

Ele − Err… Pouco tempo.

Eu – O senhor começou fazendo textos diferentes dos que se faziam na época...

Ele − Sim, claro. Todo mundo ficava na redação escrevendo coisas. Era assim com Machado (de Assis), por exemplo. Eu gostava dele, mas ele era muito fechado. E com Alphonsus de Guimarães e tantos… Eu sempre me senti muito à vontade nas ruas. Ia pra casa só pra dormir. Mas escrevia nas praças, nos cafés, nos trens. Em todo canto.

Eu − E o Lima Barreto?

Ele − Ah, o Lima era complicado, mas muito talentoso… Era da minha cor. E pobre. A gente não se entendia. Quer dizer, ele não me entendia. Ele dizia umas coisas horrorosas a meu respeito. Não sei por quê. Até me fez personagem de um dos seus livros, o primeiro: Recordações do Escrivão Isaías Caminha. Não liguei. Pra falar a verdade, eu gostava do Lima. Mas ele era complexado, coitado. Chegou a ser internado com doença de doido. Era mais velho do que eu uns três meses. Morreu em 1922. Assis, não é? Pois bem, seu Assis, pela primeira vez vou dizer uma coisa: não participei, mas assisti aos três dias da Semana de Arte Moderna. Ninguém me reconheceu. Achei foi bom.

Eu − Mas como ninguém o reconheceu, se o senhor era um rosto tão conhecido?

Ele − Parabéns, meu filho. Você é atento ao que ouve. Bem, eu estava meio escondido. Entende? Num canto sem luz. Eu e uma amiga minha.

Eu − O que o senhor achou daquela Semana?


Ele − Interessante, muito interessante. Gostei muito da apresentação do Villa-Lobos com aqueles pezões branquelos à mostra, mas gostei mais foi das vaias que ganhou. O Mário, o Oswald, o Menotti, muito bons. Bons mesmo! E, à parte disso, sempre gostei de São Paulo. Bela cidade.

Eu − E o senhor escreveu alguma coisa a respeito?

Ele − Não, não. Estava ali como espectador. Eu já havia abandonado a carreira de jornalista.

Eu − O senhor mudou a forma de fazer jornal, indo às ruas em busca de notícias. Seguindo seus passos, apareceu uma menina chamada Eugênia Brandão…

Ele − Ah… Eu amava a Geninha. Uma mineirinha muito meiga, muito inteligente, sem preconceito nenhum. Estava em todas. E gostava de um choppinho… Foi com ela que acompanhei a Semana de 22. Ela foi a segunda mulher a escrever num jornal. A primeira foi a maranhense Maria Firmina dos Reis. Negra.

Eu − O senhor foi a primeira pessoa a defender o voto feminino, o divórcio e os direitos do trabalhador.

Ele − Sim, meu filho. A Eugênia compartilhava dos meus pensamentos. Mas ela casou-se e foi cuidar dos filhos. Teve oito. E deixou a profissão.

Eu − No seu tempo existiam muitos jornais e revistas. Quem fazia as melhores charges, caricaturas?

Ele − O Ângelo Agostini, K. Lixto, Belmonte, J.Carlos e Nássara eram muito bons nas ilustrações que faziam. A Rian, também. Rian era o pseudônimo de Nair de Teffé, esposa do marechal presidente Hermes da Fonseca. Éramos amigos.

Eu − E os mais novos?

Ele −
A charge e tudo mais evoluíram com Ziraldo, Fortuna, Millôr, Claudius, Elifas Andreato, Miécio Caffé, Jaguar, Jô Oliveira, Henfil… Esses caras.

Eu − O senhor já ouviu falar dos irmãos Caruso (Chico e Paulo), de Angeli, Alcyr, Fausto?

Ele − O Fausto é ótimo.

Eu − De quem eram os bons textos?

Ele − Viriato Correia, Carlos Lacerda, Samuel Wainer, Tinhorão, Nelson Rodrigues, Moacir Assunção, Kotscho, Castelinho, Moacir Werneck, José Antonio Severo, José Maria dos Santos, Milton Coelho da Graça... Todo mundo diz que foi o Nelson quem criou a expressão “idiotas da objetividade”. Não, não foi. O autor dessa graça foi Werneck.

Eu − O que quer dizer idiotas da objetividade?

Ele − Era como pejorativamente chamavam o redator ou copydesk, na expressão norte-americana. É um texto jornalístico sem alma, digamos assim. O repórter ia à rua, trazia a notícia e o copydesk fazia o que queria com essa notícia. Padronizava-a. É assim até hoje.

Eu − E a nova geração de repórteres?

Ele − Dia desses o Audálio (Dantas) veio me visitar acompanhado de uns jovens chamados Zé Hamilton, Wilson Baroncelli, Eduardo Ribeiro e Marco Zanfra, os dois últimos ainda na faculdade de Jornalismo. Impressionei-me com a história do Zé Hamilton. Ele foi cobrir a guerra no Vietnã. Corajoso. O primeiro a cobrir guerra no Brasil foi Euclides (da Cunha). O trabalho do Euclides foi muito bom. Tem também umas meninas muito boas surgindo na reportagem, como Cremilda Medina, Lu Fernandes, Dora Kramer, Miriam Leitão.

Eu − Jornais e revistas começaram a publicar fotografias no começo do século, não foi?

Ele − A Revista Ilustrada foi a primeira a fazer isso. Mas fotos jornalísticas, propriamente ditas, começaram a ser publicadas na metade do século. Eu gostava muito da diagramação dos jornais Diário da Noite, Correio da Manhã e Última Hora. Esse jornal inovou, fez uma revolução danada. Foi lançado, eu lembro, em junho de 1951, no Maracanã. Gratuitamente. O Samuel (Wainer) chegou a me chamar pra com ele fundar esse jornal, mas não topei. Por trás do Samuel, tinha o Getulio (Vargas) e eu não gostava do Getulio. De mais a mais, eu queria era sossego.

Eu − Foi Getulio quem viabilizou alguns direitos que o senhor defendia, como o voto feminino, direitos trabalhistas…

Ele − Bom, essa é outra história. Se não fosse ele, seria outro.

Eu − Até onde percebo, Samuel inspirou-se no senhor pra fazer jornalismo. Ele instruiu os repórteres a fazerem reportagens com um toque de “romance” e de “humanismo”, certo?

Ele − Você é muito observador. Parabéns! Em toda boa reportagem há um quê de literatura. O Samuel começou na Diretrizes, uma revista provocadora. De esquerda, como se diz.

Eu − O Getulio chegou ao poder através de um golpe. E dentro desse golpe, ele deu outro. Ditadura, Estado Novo. Em 37.

Ele − Tenho horror a ditaduras.

Eu − O que o senhor sentiu ao saber do suicídio de Getulio?

Ele − Nada, aquela foi a maneira que ele encontrou para se livrar dele mesmo e de seu algoz, o Lacerda. Mas não posso negar que há uma grande carga de dramaticidade na carta de despedida deixada pelo finado: “Deixo a vida para entrar na história...”. Era vaidoso, não era?

Eu − Lacerda e Wainer eram amigos...

Ele − Eram, você disse bem, mas o Lacerda contribuiu na desgraça do Samuel. Foi ele quem provocou a primeira CPI no Senado. Queria provar que Getulio e o Banco do Brasil deram dinheiro ao Samuel pra fundar o Última Hora. Não deu em nada. Foi em 1953. Lacerda chegou até a sugerir que fosse aberto um processo de impeachment contra Getulio. Também não deu em nada.

Eu − Quanta história...

Ele − É a idade, meu filho. Com o tempo a gente acumula muita, muita coisa. Você já ouviu falar em Pagu?

Eu − Já. Pagu foi uma libertária. Foi presa mais de 20 vezes. Os homens de Getulio adoravam prendê-la e espancá-la.

Ele − E viveu no jornalismo. Era um texto muito bom o dela.

Eu − A República começou com Deodoro, Floriano, Prudente de Morais…

Ele − Prudente foi o nosso primeiro presidente civil. Mas ele tinha espírito de militar, de porco, tanto que ordenou a matança de Canudos pelas forças que estavam sob seu comando. Militar no poder é uma praga! Lugar de militar é no quartel, ou no fronte defendendo o país de invasores. O governo do Getulio perseguiu e matou muita gente. O Graciliano (Ramos) sofreu muito na cadeia, como na cadeia sofreram Eugênia, a Olga, mulher do Prestes, e tal. Muita gente também morreu nas garras dos militares que assumiram o poder em 1964. Há poucos dias, os agentes da ditadura mataram Vladimir Herzog. Um horror! Você viu? Muitos foram exilados, sem culpa, como Miguel Arraes e Brizola. Esses governos veem comunistas em todo canto...

Eu − O senhor é de um tempo de muitas mazelas...

Ele − Eu passei por muitas tempestades, muitas pragas. Passei pela peste bubônica, pela febre amarela, pela gripe espanhola. Você sabe que a meningite chegou ao Brasil em 1906? Pois é. E pra ver como são as coisas: a meningite voltou a matar. E os militares proibindo os jornais de noticiarem essa praga. Há pouco, Clóvis Rossi (Estadão) e Eliane Cantanhêde (Veja) escreveram reportagens sobre o tema, mas a censura brecou. Censura não pode existir.

Eu − E a Revolta da Vacina, como é que foi?

Ele − Um problemão. O prefeito do Rio era Pereira Passos, o homem que endoidou e derrubou tudo quanto foi casa de pobre. Queria fazer do Rio uma Paris. A febre estava pegando, até que o prefeito contratou o paulista Oswaldo Cruz pra dar conta da coisa. Deu. Vacina é a solução. A espanhola também foi fogo. Morreu muita gente, mas no fim teve até um Carnaval maluco com muitos comemorando a vida como se fosse o fim do mundo. A polícia bateu, prendeu e matou no correr daquela Revolta.

Eu − A febre foi em 1904, a espanhola em 1918. No meio disso, teve a Revolta da Chibata, que também foi uma praga.

Ele − Um horror! Foi a Marinha batendo e matando marinheiros negros. João Cândido foi um herói.

Eu − E o senhor, foi preso alguma vez?

Ele − Não, não...

Eu − Sofreu algum tipo de censura?

Ele − Também não. Tudo o que escrevi publiquei.

Eu − O senhor tem uma obra muito bonita. Muitas crônicas, muitas reportagens, muitos contos e até um romance. Faltou-lhe fazer alguma coisa?

Ele − Não, fiz o que tinha que fazer. Sei que inovei no Jornalismo. Antes de mim, ninguém fazia reportagem. Ninguém ia às ruas, aos cabarés, às favelas, às cadeias, aos centros de macumba. Eu fui! Entrevistei bandidos, malandros. Frequentei a casa da tia Ciata. Foi lá que nasceu o samba. Amaxixado, mas samba. Em dezembro de 1916. Cantei, dancei. Fui amigo de artistas como Donga, Bahiano, Pixinguinha, Patápio Silva, Eduardo das Neves... Eu vivia o ar das ruas.

Eu − Mas o senhor também frequentava o palácio do Catete...

Ele − No Catete eu falei com presidentes. Na Câmara e no Senado, falei com deputados e senadores. Falei com todo mundo, de mendigos a endinheirados. As ruas me encantavam. Os pés descalços me encantavam. Eu me misturava com eles. Você já leu Victor Hugo?

Eu − Sim. Os Miseráveis é uma obra-prima. A propósito, quais são os seus autores prediletos?

Ele − Além de Hugo, gosto de Shakespeare, Cervantes, Maquiavel, Petrarca, Flaubert. E de Homero, claro. Homero era cego... só dos olhos, você sabe.

Eu − O senhor não citou nenhum brasileiro entre os seus autores prediletos.

Ele − Na prosa, Machado foi o maior de todos. Gosto muito também de Mário de Andrade, Zé Lins do Rego, Érico Verissimo, Guimarães Rosa e Rachel de Queiróz. A Rachel foi uma grande escritora. O Alphonsus de Guimarães, na poesia. O Augusto (dos Anjos), também. Estilos diferentes, fortes.

Eu − E na música?

Ele − Bach, Beethoven, Ravel, Chopin. E Carlos Gomes, claro. Sempre fui um grande apreciador de ópera. Mas também gosto de música popular, como Noel Rosa e Chiquinha Gonzaga.

Eu − E os novos artistas?

Ele − Chico, Caetano, Vandré. Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro são ótimos.

Eu − A nação brasileira é uma nação miscigenada. Dizem que é a maior do mundo. Mas o fato é que há uma grande discriminação contra pobres e negros. Mas tivemos negros de grande importância, como Nilo Peçanha, certo?

Ele − Certo.

Eu − A propósito, tem uma história de que o presidente Nilo Peçanha indicou o senhor para trabalhar na Gazeta de Notícias. É fato?

Ele − É fato. Mas todo mundo me convidava para escrever nos jornais e nas revistas. Mas foi o Lima (Barreto) quem espalhou o boato de que eu estava em má situação e que fui salvo pelo presidente. Pura maldade.

Eu − Mas o senhor também teve muitos amigos. Teve inimigos?

Ele − Não, que me lembre, não. Tive grandes amigos: Coelho Neto, Olavo Bilac, João Ribeiro…

Eu − A propósito, Bilac foi o primeiro motorista do Brasil a enfiar um carro numa árvore.

Ele − Pôxa, você sabe disso?

Eu − Sim. E o carro era de José do Patrocínio. Lembra?

Ele − É verdade. Você é uma pessoa muito interessante.

Eu − Na Gazeta o senhor começou a trabalhar em 1903 e ficou até 1915.

Ele − Sim, sim. Cheguei ao cargo de diretor, substituindo o Irineu (Marinho). Eu e o Irineu formamos sociedade para criar A Noite. Foi esse jornal que serviu de base para O Globo, que foi lançado em julho de 1925. A Noite, em junho de 1911.

Eu − E a Academia Brasileira de Letras?

Ele − Eu me dava bem com o Machado, que era presidente. Na primeira vez em que me candidatei à ABL, perdi. Na segunda, também. Só ganhei na terceira. O Coelho Neto me recebeu muito bem, com um discurso belíssimo.

Eu − Antes de ocupar cadeira na ABL, o senhor andou viajando pela Europa e até virou membro da Academia de Ciências de Lisboa, certo?

Ele − Certo. Andei por Itália, Portugal, Inglaterra. Gostei muito de Portugal.

Eu − E aquela história do Itamaraty, em 1902?

Ele − Lamentável. Pelo fato de eu ser negro e um pouco gordo, o barão do Rio Branco me vetou.

Eu − Preconceito?

Ele − Sim. Preconceito é uma desgraça. Somos pessoas, independentemente de cor, política ou opção sexual. Pena. Mas como você lembrou, fiz uma obra bem legal.

Eu − Acho que é no livro A Alma Encantadora das Ruas que o senhor fala de folhetos de cordel. É isso?

Ele − Sim. Numa viagem que fiz a Recife, conheci grandes poetas de cordel como Silvino (Pirauá), Leandro (Gomes de Barros) e o autor de Pavão Misterioso. Como era o nome dele? Isso! José Camelo de Melo Rezende. Coitado, até hoje ninguém sabe como ele morreu. O corpo nunca foi encontrado. Era paraibano, acho. Conheci também Minona Carneiro e Manezinho Araújo. Esses eram emboladores incríveis. Cantavam depressa, tudo rimado, na ponta da língua.

Eu − O senhor escreveu belos livros. Na sua opinião, quais são os melhores?

Ele − Gosto de todos, mas As Religiões do Rio marcou por ter sido o primeiro. Eu tinha 23 anos quando o lancei.

Eu − Religiões do Rio foi uma série de reportagens publicada originalmente na Gazeta de Notícias...

Ele − Sim, nesse mesmo jornal publiquei uma série de perfis de intelectuais. Virou livro também. Nele estão Osório Duque Estrada, Clóvis Bevilaqua, Guimarães Passos, Mário Pederneiras, Afonso Celso. Tentei entrevistas com Machado de Assis, Graça Aranha, Augusto dos Anjos, Emílio de Menezes, José Veríssimo, Euclides da Cunha... Eles foram adiando, adiando e nada... Mas o livro ficou bom.

Eu − Gosto desse livro. Momento Literário, não é?

Ele − Esse mesmo.

Eu − Euclides da Cunha cobriu a Guerra de Canudos, no interior da Bahia. Muita gente acha que foi ele quem inventou a reportagem. O que o senhor tem a dizer?

Ele − Euclides era um militar do Exército e engenheiro de profissão. Foi a Canudos pra fazer um livro. Aproveitou pra mandar notícias para um jornal de São Paulo, A Província. Bom, eu diria: Euclides foi o primeiro correspondente de guerra no Brasil. O seu trabalho é ótimo. Eu, da minha parte, fui às ruas para entender o povo. Eu pus o povo nas páginas do jornal.

Eu − Euclides foi documentarista, romancista e poeta. O senhor não escreveu poesia, mas escreveu peças para teatro, certo?

Ele − Certo.

Eu − Que peça sua fez mais sucesso?

Ele − A Bela Madame Vargas, que tinha nada a ver com a mulher de Getulio. Fez sucesso talvez pelo fato de a personagem encarnar o society que se vivia à época, no Rio.

Eu − Muita gente já disse que o senhor é a cara do Rio de Janeiro cuspida e escarrada. Por que trocou o Rio por Salvador?

Ele − Apaixonei-me. Uma pessoa maravilhosa me pôs no seu coração.

Eu − Foi a dançarina Isadora Duncan?


Ele − Não, não. Deixa pra lá...

Eu – O senhor nos ensina que o repórter tem que ser persistente, tem que ir a fundo nas questões que considere essenciais na formação da sua matéria. Em função disso, pergunto: o senhor é homossexual?

Ele – Sem problemas. Sou sim.

Eu – E nunca enfrentou preconceito por isso?

Ele – Sim, sim, meu filho. Mas nunca neguei a minha condição de homossexual. Que diferença faz? Sou um ser humano como você. E viva a diversidade!

Eu − Todo mundo diz que o senhor morreu em 1921, num táxi.

Ele − Pois é. Incrível. E como você vê, estou vivo!

Eu − E aquela multidão de 100 mil pessoas acompanhando o féretro de João do Rio? Como explicar?

Ele − Mistéééério, mistééério… Ainda pretendo contar essa história num livro.

Eu − O senhor nunca deu entrevista. Por quê?

Ele − Você é um ótimo repórter. Quantos anos você tem?

Eu − Vinte e três. Na virada do século 19 já havia o que chamamos hoje de furo jornalístico?

Ele – Essa coisa de furo é recente. No meu tempo de repórter ativo usávamos a expressão “notícia nova” ou “a boa”. O editor gritava lá do lugar dele: “Tem a boa hoje?” Pessoalmente, acho isso uma bobagem, mas é importante para incentivar os repórteres a irem às ruas em busca de notícias novas. É lá que elas estão. No mais, nada.

Eu − Como o senhor define o jornalismo?

Ele − O jornalismo é a chibata do povo. Melhor: a imprensa é a voz do povo. A verdade e a liberdade serão sempre a principal pauta do jornalismo. Repórter bom é caçador, é o que caça a verdade. Sem a verdade, prevalece a mentira. E esse é um campo perigoso, propício a ditaduras.

Eu − Que mensagem o senhor daria aos jovens?

Ele − Estudem e leiam, leiam, leiam! É como disse o Lobato: “Um país se faz com homens e livros”. Quem lê mais, sabe mais.

Um ano e meio depois desta entrevista, João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto foi encontrado morto num quarto do casarão onde morava. Parecia tranquilo. Nos lábios, um sorriso maroto. E para minha surpresa, no testamento que fez doou-me a sua biblioteca. Tempos depois, essa mesma biblioteca eu doei ao Instituto Memória Brasil (IMB).

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