Lampião e Maria Bonita, mais nove outros cangaceiros, foram
surpreendidos na região denominada Grota do Angico, SE, no começo da manhã do
dia 28 de julho de 1938. O bando do Rei do Cangaço foi destroçado naquela
ocasião. Só sobrou história pra contar. Eu mesmo entrevistei alguns cangaceiros,
como Sila, no programa São Paulo Capital Nordeste, transmitido pela rádio
Capital (AM 1.040). Também entrevistei Dona Mocinha, irmã de Lampião, que disse
ser ele uma criatura maravilhosa, simples, natural, incapaz de fazer mal fosse
a quem fosse. Um trecho, clic: https://www.youtube.com/watch?v=ioS3GpIa7Kc.
Uma coisa que poucos sabem: o apelido Maria Bonita dado a
Maria Gomes de Oliveira (1910-1938) foi uma iniciativa de jornalistas da
editoria de Polícia do jornal carioca Diário da Noite. A informação é do
historiador Frederico Pernambucano de Mello. A inspiração foi o romance do baiano Afrânio
Peixoto (1876-1947). Esse livro (acima) teve a sua primeira edição publicada em
1914.
A Maria Bonita de Peixoto é uma personagem simplesmente
fantástica. Ela é filha de Isabel e André. Tem um irmão, Lucas. Com seis anos
de idade já despertava a atenção dos marmanjos. Com 11, 13 anos, apegou-se a
Luís, um moleque da sua idade filho de uma fazendeira, Mariana, muito rigorosa.
Luís tinha um irmão que tentou estuprar Maria. E a partir daí o romance cresce,
ganha contornos inimagináveis. Encurtando: Lucas defende a irmã com unhas e
dentes, e tiros. O que faz o pai, também. O pai é preso e a mãe morre de
desgosto. A essa altura, Maria é posta pra fora da terra onde morava com o
irmão e pais. Essa terra era de Mariana. Maria casa-se com o canoeiro João, que
mata Luís por assédio à Maria. E Maria, que fica só com o filho de 4 anos.
Os jornalistas que deram o apelido a Maria de Lampião, antes
por todos chamada de Maria de Déa encontraram nas fotos do sírio-libanês
Benjamin Abrahão uma relação próxima à personagem de Afrânio Peixoto, que foi
médico, legista, historiador e mais um monte de coisas. Que história! Mas é bom
que fique claro: Maria Bonita morreu por excesso de beleza.
A personagem de Peixoto desencadeou uma tragédia por sua
beleza espontânea, como Helena filha de Zeus que acabou por provocar a lendária
Guerra de Tróia.
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