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terça-feira, 19 de novembro de 2024

BANDEIRA QUE TEM HISTÓRIA



Pois é, pessoal. Hoje 19 é o dia da nossa bandeira, que foi criada quatro dias após o golpe militar que levou o marechal Deodoro ao cargo de presidente da República. Isso ocorreu no dia 15 de novembro de 1889.
A bandeira é um dos quatro símbolos nacionais. Os outros são: o hino nacional, as armas e o selo.
A nossa querida Inezita Barroso, cantora que tão bem nos fez, chegou a gravar um LP inteirinho com hinos brasileiros. Nesse disco, lançado em 1967, se acha o Hino à Bandeira.
O amigo querido Paulo Garfunkel, conhecido mundo afora pelo apelido carinhoso de Magrão, fez a sua versão do hino num solo de flauta. Confira aí, clicando:


segunda-feira, 18 de novembro de 2024

JANJA: O PALAVRÃO DA DISCÓRDIA




Eu sempre gostei do Lula, de verdade.

Não direi aqui que conheço o Lula desde sempre. Não, claro que não. Porém recordo que como repórter das Folhas cobri as greves dos metalúrgicos.

Ele não presta, mas é bom.

Em 1979, Lula era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo. 

Varamos uma madrugada inteira, eu, Kotscho e ele. Ali pelas 7 horas da manhã, de um dia que não me lembro, chegou anunciado por um assessor de Lula o interventor da entidade.

O interventor era um representante da ditadura que vivíamos, que morríamos. 

O assessor do Lula disse: "o home chegou...".

Pois é, tantas coisas que o passado nos traz de volta ao presente...

E aí, neste presentíssimo que vivemos, ouço no rádio e na TV notícia dando conta de que Lula puxou a orelha da Janja pelo simples fato de mandar, corretamente,  Elon Musk se foder.

Lula, precisamos conversar...

Tomara que Elon Musk vá tomar no janjá!

domingo, 17 de novembro de 2024

VIVA RACHEL DE QUEIROZ!

Hoje é domingo... Mas não foi num dia como hoje, tampouco num sábado ou numa sexta-feira que nasceu no já distante 1910 Rachel de Queiroz. 

Rachel nasceu no dia 17 de novembro, uma quinta-feira. Cedo, muito cedo, ela passou a interessar-se pela vida brasileira a partir do seu Ceará.

Tinha ela 17 anos de idade quando começou a publicar poemas no jornal do Estado onde nasceu. 

Foi no jornal O Ceará que Rachel passou a publicar seus primeiros textos na forma de versos, utilizando o pseudônimo de Rita de Queluz. Não demorou muito, essa Rita passou a integrar a redação daquele jornal. 

Enquanto atuava no jornal, Rachel punha no papel a história da grande seca de 15 que testemunhou. Nessa história ela conta o sofrimento de uma família retirante, constituída por um pai, uma mãe e dois filhos. A fome toma conta desses personagens. Um menino come uma raiz pensando ser macaxeira. Engana-se e morre envenenado, pois o que comera foi mandioca.

No decorrer da história, o casal e o outro filho chegam esfarrapados e se desmilinguindo de fome na capital cearense. Lá são jogados num campo de concentração. Isso, antes da tragédia mundial provocada pelo nazismo.

O menino que tivera o irmão morto na estrada é adotado por uma jovem de nome Conceição, de família proeminente na região. 

Pois bem, é  a partir de Conceição que Rachel de Queiroz constroe grandes personagens femininas enriquecendo sua ampla bibliografia.

Em 1930, Rachel publicava seu primeiro romance com personagens fortes, fortíssimas e cheias de esperança, como essas que acabamos de lembrar. 

O Quinze foi lançado à praça de modo independente. A tiragem não passou de mil exemplares. 

Depois desse romance, que chamou a atenção de críticos do eixo Rio-São Paulo, Rachel continuou publicando livros como Caminho das Pedras; As Três Marias; A Beata Maria do Egito; Dora, Doralina... 

As personagens dessas histórias são incríveis. 

Em Caminho dss Pedras, Rachel mostra a força da mulher como política. O mesmo acontece nos seus outros livros. 

No começo dos anos 30, Rachel chegou a ser presa sob a acusação de ser comunista.

Com a advento do Estado Novo (1937-1945), livros seus e de Jorge Amado, Zé Lins e Graciliano foram queimados em praça pública, em Salvador, BA.

Isto também ocorreria com Pagu, que pela primeira vez foi presa na França também sob a acusação de ser comunista.

Pagu foi presa outras 22 vezes por agentes do Estado Novo. A última prisão lhe rendeu cinco anos de cárcere. O PC a abandonou, como abandonou Graciliano e outros e outros e outros grandes nomes da intelectualidade brasileira. Pagu morreu de câncer. Mas essa é outra história. 

Antes de se tornar a grande escritora que foi, Rachel traduziu uns 40 ou 50 livros do inglês e do francês para o português. Entre os autores que traduziu encontram-se Jack London, Dostoiévski, Jane Austen, Jules Verne, Emily Brönte.

Rachel de Queiroz casou-se duas vezes, teve uma filha que morreu com um ano e pouco de idade. E ela própria no dia 4 de novembro de 2003. Dormindo...

Foi a primeira mulher a conquistar uma cadeira na masculina Academia Brasileira de Letras, ABL, em 1977.

Rachel foi também a primeira escritora brasileira a ganhar o prêmio Camões, em 1993.

É de 1992 o último romance de Rachel: Memorial de Maria Moura.

Maria Moura é uma cangaceira arretada, como a sua autora!

Curiosidade: em 1961, o presidente eleito Jânio Quadros convidou Raquel a ser ministra da Educação do seu governo. Ao declinar o convite, a escritora disse ser apenas uma jornalista, mas que ele poderia contar com ela...

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (148)

Sobre Lima Barreto já falamos um pouco. Mas não custa lembrar que na sua obra ele põe a mulher como em alto patamar. Heroína, quase deusa. Na visão dele, o homem beira o comportamento de uma besta. Não era brinquedo esse Barreto. Ele próprio sentiu na pele os horrores de uma sociedade racista, machista, hipócrita.
No romance Cemitério dos Vivos, que não teve tempo de concluir, Barreto cita curiosamente uma mulher que viveu em tempos da Idade Média. Seu nome: Heloísa de Argenteuil (1092-1164). Essa mulher comeu o pão amassado por todos os diabos, depois de ser seduzida e desvirginada por um cara chamado Pierre Abélard (1079-1142). Era religiosíssimo, vejam vocês!
Heloísa conheceu Bernardo quando tinha uns 17 anos de idade e ele uns 30.
Heloísa e Pierre trocavam cartas entre si de modo muito discreto. Em uma dessas cartas, ela diz a seu amado: “Eu preciso resistir àquele fogo que o amor instiga nos corações jovens. Nosso sexo (o feminino) não é nada além de fraqueza e tenho grande dificuldade em me defender pois me agrada esse inimigo que me ataca”. Em outra carta, Heloisa desabafa:

Enquanto gozávamos dos prazeres de um amor inquieto e, para usar um termo mais vergonhoso, mas mais expressivo, nos entregávamos à fornicação, a severidade divina perdoou-nos. Mas logo que legitimámos esses amores ilegítimos e cobrimos com a dignidade conjugal a ignomínia da fornicação, a ira do Senhor abateu pesadamente a sua mão sobre nós e o nosso leito imaculado não encontrou favor diante daquele que outrora tinha tolerado um leito manchado. Para um homem apanhado em flagrante adultério, a pena que sofreste seria suficiente como castigo. Mas o que outros merecem por adultério, caiu sobre ti pelo casamento, relativamente ao qual estavas convencido de já ter reparado todas as injustiças. O que as mulheres adúlteras fizeram aos seus fornicadores, a tua própria esposa fê-lo a ti…

Leolinda Figueiredo Daltro (1859-1935) foi uma das primeiras brasileiras a lutar a favor da cidadania feminina em todos os sentidos. Era baiana e de profissão enfermeira. Fundou jornais e pelo menos uma revista, Tribuna Feminina, no Rio, para onde se mudou em fins dos anos 80 do século 19. Promoveu discussão e até passeata que tinha a mulher como figura central.

Foto e Ilustrações de Flor Maria e Anna da Hora

sábado, 16 de novembro de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (147)

Grandes brasileiras marcaram presença no campo minado da poesia erótica como a paulista Hilda Hilst, a paulistana Adelaide Colombina e a carioca Gilka Machado. Todas fizeram o que bem quiseram, inventando ou narrando momentos por elas vividos entre lençóis.
Hilst respirava tesão que transformava em amor e cuspia palavrões com a graça de uma pavoa. Exemplo é Filó a Fadinha Lésbica. Um fragmento: 

Ela era gorda e miúda.
Tinha pezinhos redondos.
A cona era peluda
Igual à mão de um mono.
Alegrinha e vivaz
Feito andorinha
Às tardes vestia-se
Como um rapaz
Para enganar mocinhas.
Chamavam-lhe “Filó, a lésbica fadinha”.
Em tudo que tocava
Deixava sua marca registrada:
Uma estrelinha cor de maravilha
Fúcsia, bordô
Ninguém sabia o nome daquela cô.
Metia o dedo
Em todas as xerecas: loiras, pretas
Dizia-se até...
Que escarafunchava bonecas.

O conteúdo aqui tem um quê do perfil do personagem de Memórias do Abade de Choisy Vestido de Mulher (1868), não? O título já diz tudo: o personagem se vestia como tal e como tal dava prazer à mulherada.
Colombina, que nasceu em 1882 e morreu em 1963, era de classe social abastada. Não deixou uma obra monumental, mas ainda assim bons poemas que ficaram na memória de quem aprecia o gênero. Um desses poemas, Intimidade:

Toda alcova em penumbra. Em desalinho o leito,
onde, nus, o meu corpo e o teu corpo, estirados
na fadiga que vem do gozo satisfeito,
descansam do prazer, felizes, irmanados. 

Tendo a minha cabeça encostada ao teu peito,
e, acariciando os meus cabelos desmanchados,
és tão meu… Sou tão tua. Ainda sob o efeito
da louca embriaguez dos momentos passados. 

Porém, na tua carne insaciável, ardente,
o desejo reacende, estua…E, de repente,
dos meus seios em flor beijas a rósea ponta… 

E se unem outra vez a lúbrica bacante
do meu ser e o teu sexo impávido, possante,
na comunhão sensual das delícias sem conta…

Gilka Machado, por sua vez, fez barulho e tanto. 
Nem o paulistano Mário de Andrade ficou indiferente ao ler o que Gilka escrevia. Ora falava mal, ora falava bem. 
Ao contrário de Mário, o mineiro Carlos Drummond de Andrade foi direto ao referir-se à autora de Cristais Partidos, lançado em 1915: “Gilka foi a primeira mulher nua da poesia brasileira”. 
Nessa mesma linha de enaltecimento à poesia de Gilka, se sobressaem os escritores Henrique Pongetti, Agripino Grieco e Medeiros e Albuquerque.
Sobre a destemida e invulgar poetisa disse Albuquerque: “É impróprio o elogio do corpo masculino pela mulher, pois parece coisa brutal, luxuriosa, cínica”.
Mas não foram poucos os intelectuais que aplaudiram Gilka já nos seus primeiros poemas e livros. Entre seus admiradores mais entusiastas se achavam Lima Barreto, Afrânio Peixoto, Osório Duque Estrada e o cri-cri poeta e prosador Humberto de Campos, fundador da revista ilustrada A Maçã. Essa publicação durou nove anos, de 1920 a 1929. A sua característica óbvia era o erotismo. Carioca.

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

ESCRITORES POLÍTICOS DO BRASIL (7)




Em 1898, Epitácio Pessoa conheceu Machado de Assis. Epitácio foi logo dizendo: "não vamos aqui falar de peste, de pandemia, doença...!".

O encontro foi rápido. 

Epitácio era ministro da Justiça e logo depois acumulou o cargo de ministro da Indústria, Viação e Obras Públicas no governo de Campos Salles (1898-1902). E por um desses acasos da vida, Machado era o secretário desse ministério. 

O tempo passou como tudo passa, como uva...

Epitácio Pessoa (1865-1942) foi uma figura e tanto da política brasileira. Nasceu no município paraibano de Umbuzeiro.

De família remediada, Epitácio estudou em colégios públicos. Inteligentemente cresceu rápido, tornando-se uma cachoeira ou um tsunami de ideias originais e irrefreáveis. Mais ou menos isso. Ou mais e mais, mais. 

Foi jornalista, diplomata; antes, deputado e depois de presidir o Brasil entre 1919 e 1922, senador pela Paraíba. E foi por aí, Epitácio. 

Como não bastasse, Epitácio foi o cara que abriu todos os caminhos para Rui Barbosa brilhar em Haia.

Foi, Epitácio, o primeiro e único paraibano ministro do Supremo Tribunal Federal, STF.

Foi Epitácio também o primeiro e único paraibano a ir à França para participar de um congresso e de lá voltar como presidente da República dos Estados Unidos do Brasil. 

Esse foi o nome de batismo da primeira República brasileira. E não custa lembrar: Epitácio foi, junto com Rui Barbosa, um dos mais importantes autores da segunda Constituição, promulgada no dia 24 de fevereiro de 1891.

A história é longa...

O 15 de novembro marca o dia da proclamação da República, em 1889. 

Deodoro, o marechal, encampou o golpe político-militar que derrubou o Império. O proclamador desse histórico evento traz a assinatura do vereador José do Patrocínio. É muito longa essa história...

O fim do governo de Epitácio Pessoa ocorre no dia 15 de novembro de 1922. O tempo foi junto com ele passando e, o assassinato do sobrinho João Pessoa no dia 28 de julho de 1930, o levou a abandonar a política partidária. 

Deixou vários livros de grande importância para a formação do Brasil. 

Não a toa, esse paraibano foi o presidente que até então se preocupava com a educação formal dos brasileiros. Mais: foi o primeiro presidente a se preocupar com a preservação da história da cultura do nosso país. Nesse sentido fez projetos que, infelizmente, não foram aprovados pelo Congresso. Isso porém, não impediu a admiração que os modernistas tinham por ele.

Epitácio Pessoa foi o cara que inaugurou o rádio no Brasil. 

E  vejam vocês: um dia Adoniran Barbosa me disse que fora garçom do ministro da Guerra João Pandiá Calógeras.

Calógeras, civil, virou ministro da Guerra.

Raul Soares de Moura, também civil, virou ministro da Marinha. 

Pandiá e Moura foram os primeiros ministros civis a ocupar essas pastas.

A decisão, escolha, de Epitácio não agradou aos militares. E aí veio o Tenentismo...

Uma vez, Epitácio disse que Machado de Assis era um péssimo secretário. 

Péssimo porque era minucioso, detalhista, cônscio de seus deveres como funcionário público. E político. 

Isso é história. 

Não custa lembrar que Machado tinha por Epitácio alta consideração. Dizia: "quando estimo alguém, perdoo; quando não estimo, esqueço". 

Leiam sempre Machado. 






quarta-feira, 13 de novembro de 2024

CARLOS ARANHA NÃO MORREU

 Puta que pariu...!

Meu amigo querido José Nêumanne, paraibano lá de Uirauna, acaba de dizer no meu ouvido que o nosso Carlos Aranha morreu. 

Doeu-me à alma a notícia. 

Aranha, paraibano de João Pessoa que nem eu, foi um cara absolutamente fantástico. 

Carlos Aranha e eu fizemos e participamos de muitas histórias. 

Lembro que o colega jornalista João Bosco, que deve estar nas redondezas do Céu e do Inferno, era editor chefe do Jornal Correio da Paraíba. Eu era subchefe. E o Aranha era um dos meus repórteres, quer dizer,  estava sob as minhas ordens. 

Um dia, e outros dias mais, Aranha me pedia aumento de grana no holerite que, na sua opinião, estava completamente defasado. Concordei. 

Levei a questão ao chefão Bosco. Riu da minha cara. E rolou o seguinte: Aranha pediu demissão do jornal e com ele eu também fui. 

Doidura?

Bom, Carlos Antonio Aranha foi um cara do caralho!

Aranha, além de jornalista, foi poeta e produtor musical. 

A história de vida de Carlos Aranha foi uma história fantástica. 

Tem até um momento na vida de Aranha que entra o conterrâneo Zé Ramalho. 

Aranha escreveu no jornal coisa de que Zé não gostou. No começo da carreira. Zé partiu pra cima de Aranha e no Aranha jogou um monte de bofete. 

Aranha chegou a ser presidente da Associação Paraibana de Imprensa, API.

Eu fui um dos primeiros integrantes dessa associação. Cheguei até a proferir palestra lá, junto com o compadre José Nêumanne.

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

A ONDA AGORA É PODCAST

O rádio anda bambo das pernas, como a televisão.
Os jornais diários, semanais, mensais estão gemendo. Muitos na UTI e outros mais já devidamente mortos e sepultos. 
Isso tudo deve-se à chegada abrupta da Internet, que espalhou e continua espalhando novidades mil em todas ou quase todas as línguas conhecidas. Para o bem ou para o mal.
A Internet oferece muitas opções: jornais eletrônicos, emails, que substituiu os telegramas antes postados nos Correios e Telégrafos. E tem uma coisa boa, muito boa já correndo com pernas firmes e fortes: os Podcasts.
Há pouco, Poliana Helena e o camarada Julian Cuccarese fizeram comigo um papo que gostei muito. Interessantíssimo. Confiram:



CONFIRA O INSTAGRAM DO BLOG: https://instagram.com/assis_angelo/ 

domingo, 10 de novembro de 2024

DE QUEDA EM QUEDA PODE SE CHEGAR AO CÉU


A vida, apesar de tudo, é boa demais.
É frágil a vida, frágeis somos todos nós. Mesmo assim, a vida é uma dádiva. Por cá, por essa terrinha de ninguém, pagamos apenas impostos para civilizadamente em tese, vivermos.
Pois é meu amigo, minha amiga. Eu gosto de viver. Pois adoro desafio...
Outro dia, tomei conhecimento de um acidente sofrido por Lula. Ele entrou no banheiro e tá-tá-tá, caiu. O resultado disso é que além de uma boa lição, levou não sei quantos pontos na nuca.
Isso me fez lembrar que há uns 10 anos, talvez um pouquinho mais, eu cá em casa me balançava na rede quando facilitei e caí. Tasquei a cabeça ali quase na nuca na quina de um banco que tinha bem atrás da bendita rede. O resultado disso foi que, no PS daqui de perto, recebi como prêmio dessa desastrada balançada, 13 pontos.
Pois é, 13 é o número do PT...
Hoje, acho que é hoje, faz uma semana que o cantor abaritonado Agnaldo Rayol levantou-se no meio da madruga e foi pipizar no banheiro. Resultado: escorregou e dançou.
Há 30 anos completados há pouco, foi a vez do músico sertanejo de verdade Tonico, da dupla Tonico e Tinoco, falsear e cair em casa. Na casa lá dele. Morreu, pois.
Sem falar do apresentador Gugu Liberato, que inventou de subir em uma escada, pra fazer sabe-se lá o quê, e dançou!
Não morreram na hora vítimas de queda a cantora Inezita Barroso e o cantador repentista Sebastião Marinho. A queda que sofreram, no entanto, o levaram à cama e na cama ficaram até o dia que Deus os chamou.
Há uns 20 dias foi a vez de, mais uma vez, eu sentir na pele as consequências de uma maldita queda. Fraturei pé esquerdo e desse pé tirei o gesso há pouco. Mas ficou o drama, né?
O pior disso tudo, especialmente na última queda por mim sofrida, é que eu estava completamente sóbrio. Quer dizer, sem água no gogó que passarim não bebe. Ai, ai...
Estou sem correr na bicicleta e na esteira desde os últimos 20 dias. Na medida do possível, vou exercitando os músculos do corpo cá no chão. As fotos estão aí em cima, que não me deixam mentir.
Bom, de queda em queda é possível chegar até o céu.
Ei, vocês viram/ouviram a entrevista que o queridíssimo amigo e baita profissional da fotografia Jorge Araújo deu ontem 9 sábado no programa Paiaiá?
E mais não digo, apenas sugiro. Clique aí para acompanhar a belíssima entrevista que o amigo Jorge deu ao radialista Carlos Silvio:


TINÉ

Enquanto dito as palavras aí à querida Anninha, colaboradora aqui há tanto tempo, recebo com alegria a visita do meu queridíssimo amigo pernambucano Flávio Tiné.
Flávio Tiné meus amigos e amigas, é o cara!
Flávio Tiné é pernambucano de Caruaru. Ele falou das coisas loucas que estão acontecendo no nosso Nordeste, no Brasil e no mundo todo. 
Tiné lembra que sua avó costumava dizer que "pobre não gosta de pobre, pobre não vota em pobre".
Disse isso pelo fato de o prefeito aqui de Sampa ter sido "reeleito". 
Tiné tem 87 anos de idade, mas continua insistindo em ser um grão positivo da democracia brasileira. 
E se você não sabe, fique sabendo que Tiné é pai de Paulo professor de música da Unicamp. E que a nora Paola é a violonista do grupo musical As Choronas. Esse grupo existe há uns 30 anos.
Viva Tiné, As Choronas e a vida!
Quer saber mais?
Clique: Blog do Tiné

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (146)

Pessoa morreu de morte natural, ao contrário de Quental e Carneiro, que suicidaram-se.
José Régio, negro de grande inspiração poética, marcou época em sua terra e em boa parte da Europa. Dele é o poema Monólogo a Dois:

Sábia talvez inconsciente,

Doseando com volúpia, uma ancestral sofreguidão,

Ali onde o desejo mais me dói, mais exigente,

Me acaricia a tua mão.

De olhos fechados me abandono, ouvindo

Meu coração pulsar, meu sangue discorrer,

E sob a tua mão, na asa do sonho, eis-me subindo

Àquele auge em que todo, em alma e corpo, vou morrer…


Régio, além de poemas, escreveu contos situados no campo do sagrado e do profano. Exemplos são os livros Sorriso Triste e O Vestido Cor de Fogo.

Em 2020, Samara Mariana Cândida da Silva desenvolveu dissertação de mestrado sobre a sua obra apresentada à Universidade Federal de Goiás. Lá pras tantas, destaca:


A sutileza erótica presente nos contos de José Régio permite refletir acerca do paradoxo que engloba corpo, carne, amor e reprodução. Um matrimônio segurado somente pelos filhos e pela convenção social de que devemos construir uma família, não é capaz de completar a existência do ser humano, assim como também não lhe permite preencher tal vazio que o 

acompanha. 

A plenitude divina não se dá somente pelas orações e templos religiosos, mas acontece no encontrar-se, no compreender-se, no desvendar do significado do corpo que está para além do físico, que se configura no metafísico, que permite ser morada do sagrado e que contemple o desejo erótico sem necessariamente estar cometendo um pecado que lhe acarrete em uma condenação eterna.


E Florbela Espanca, hein?

Ela era altamente depressiva. Sua boca parece que não fora feita pra sorrir. Estava sempre fechada. Mesmo triste escorregando pelos cantos da parede, Florbela escrevia sobre o amor o tempo todo sem, porém, se cansar. Um dos seus poemas, Fanatismo, foi musicado pelo cantor e compositor cearense Raimundo Fagner, em 1981. Fez sucesso.

Dessa autora, que findou-se por iniciativa própria em 1930, é o poema Nervos d'Oiro:


Meus nervos, guizos de oiro a tilintar

Cantam-me n'alma a estranha sinfonia

Da volúpia, da mágoa e da alegria,

Que me faz rir e que me faz chorar!

Em meu corpo fremente, sem cessar,

Agito os guizos de oiro da folia!

A Quimera, a Loucura, a Fantasia,

Num rubro turbilhão sinto-As passar!

O coração, numa imperial oferta,

Ergo-o ao alto! E, sobre a minha mão,

É uma rosa de púrpura, entreaberta!

E em mim, dentro de mim, vibram dispersos,

Meus nervos de oiro, esplêndidos, que são

Toda a Arte suprema dos meus versos!


Foto e Ilustrações de Flor Maria e Anna da Hora

sábado, 9 de novembro de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (145)

Em 1975, o escritor inglês James Clavell lançou ao mundo Xógum. Tem muitos personagens, destaque para Mariko e Anjin-san.
Anjin-san é personagem nascido de pai inglês e mãe holandesa. Fala várias línguas, incluindo português e latim. É um lobo do mar que por acaso cai nas mãos de japoneses. Sua inteligência desperta atenção de poderosos e logo uma mulher, Mariko, é designada para ser sua intérprete perante Toranaga. Esse é o rei do pedaço, invejado por muitos e com todo poder possível nas mãos. Há movimentos para derrubá-lo.
A personalidade de Mariko é fortíssima. Chega a enfrentar samurais em campo aberto e em ambientes fechados. Ali pelo final da trama Mariko morre.
Além dos literatos portugueses aqui já citados, acrescento ainda Fernando Pessoa (1888-1935), Antero de Quental (1842-1891), Mário de Sá Carneiro (1890-1916), José Régio (1901-1969) e Florbela Espanca (1894-1930).
Pessoa, que criou dezenas e dezenas de heterônimos, tornou-se clássico pela obra publicada. Escreveu muito sobre muitas coisas. De amor e sexo, por exemplo: 

O amor é essencial;
O sexo é só um acidente. 
Pode ser igual 
Ou diferente.

Através de um de seus mais famosos heterônimos, Álvaro de Campos, Pessoa escreveu Ode Marítima. Um trecho:

…Ah, torturai-me para me curardes!
Minha carne — fazei dela o ar que os vossos cutelos atravessam
Antes de caírem sobre as cabeças e os ombros!
Minhas veias sejam os fatos que as facas trespassam!
Minha imaginação o corpo das mulheres que violais!
Minha inteligência o convés onde estais de pé matando!
Minha vida toda, no seu conjunto nervoso, histérico, absurdo,
O grande organismo de que cada acto de pirataria que se cometeu
Fosse uma célula consciente — e todo eu turbilhonasse
Como uma imensa podridão ondeando, e fosse aquilo tudo!...

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

ESCRITORES POLÍTICOS DO BRASIL (6)




Quem proclamou a República do Brasil, você sabe?

Mesmo antes de novembro de 1889, militares golpistas assediavam o marechal Deodoro com o propósito de convencê-lo a comandar tropas para depor o imperador Pedro II. 

E como todo mundo sabe, o milicão de pijama topou a parada, mesmo contra a fala da sua mulher, Mariana.

À época o Brasil todo, e não só o Rio, vivia momentos de grandes tensões. Era uma revolta aqui, outra acolá e tudo mais.

Os escravocratas temiam a queda de Pedro II que fazia vistas grossas ao comportamento dos proprietários de pessoas escravizadas.

A Lei do Ventre Livre já fora posta em prática. 

Grupos abolicionistas se multiplicavam, à frente Joaquim Nabuco e José Carlos do Patrocínio (1854-1905).

Patrocínio, farmacêutico, jornalista e escritor, era um admirável orador. Seus discursos tinham o poder de mobilizar multidões. Além do mais, os textos de Patrocínio publicados nos jornais eram muito bons, muito bem escritos. 

Começou a publicar artigos nos jornais em 1870, quando tinha apenas 17 anos de idade. 

Foi dono de dois jornais: Gazeta da Tarde e A Cidade do Rio. 

Foi no jornal do Rio que o João do Rio iniciou prestigiosa carreira de jornalista. 

Em 1877, uma seca dos infernos assolou o Ceará e parte dos demais Estados nordestinos. 

Sensível às dores humanas, Patrocínio esteve na capital e em outras cidades cearenses registrando as misérias que via.

Além de publicar sua opinião nos jornais do seu tempo, em 1879 José do Patrocínio publicou um livro meio romanceado contando as agruras do povo cearense. Título: Os Retirantes. 

Humanista e dono de boas ideias, não demorou muito José do Patrocínio candidatou-se e ganhou cadeira na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. 

Pois é, a pergunta que não cala: quem proclamou a República?

Meu amigo, minha amiga, se você disser que o proclamador da nossa República foi o marechal Deodoro.... Erra re-don-da-men-te!

Pois bem, se não sabe, saiba: foi naquele 15 de novembro de 89 que o vereador aí citado foi a plenário e mandou ver com uma moção proclamando a República que dura até os dias de hoje. Esse gesto levou o povo às ruas. 

José Carlos do Patrocínio, o Tigre da Abolição, deixou inacabado um romance e a tradução de Guerra e Paz de Tolstói. 

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

ESCRITORES POLÍTICOS DO BRASIL (5)



"Esse menino vai longe", disse uma vez o professor Antonio Gentil. E disse mais: "Em apenas 15 dias, ele aprendeu análise gramatical, a distinguir orações e a conjugar os verbos regulares". 

O referido professor prognosticava bom futuro ao menino Rui que tinha então só cinco anos de idade. 

Tal prognóstico foi feito no distante ano de 1854.

O Rui aí é o Rui Barbosa de Oliveira, baiano de Salvador que entrou para a história como "Águia de Haia", depois de chamar a atenção do mundo pelas palestras e intervenções intelectuais que fez em Conferência da Paz, realizada  na Holanda entre junho e outubro de 1907.

O epíteto Águia de Haia veio a coroar de sucesso e admiração a carreira de intelectual que já tão bem desfrutava.

Rui foi deputado três vezes e senador cinco. Foi também o primeiro ministro da Fazenda e da Justiça no começo da República (1889).

Coube ainda a Rui a responsabilidade de escrever praticamente sozinho a Constituição de 1891.

Além dessas práticas importantíssimas, constam do currículo do admirável baiano a disputa pela presidência da República em 1910 e 1919, que perdeu para o marechal Hermes da Fonseca e Epitácio Pessoa, respectivamente. 

Incansável, Rui deixou excepcionais discursos e livros de conteúdo jurídico. Aliás, foi o inspirador da criação do Supremo Tribunal Federal. 

Como se não bastasse, Rui Barbosa é o patrono do Senado. 

Ah! Sim: Ao mesmo tempo que exercia a profissão de advogado, Rui exercia o cargo de chefe de  redação do jornal Diário da Bahia.

Morreu com 74 anos de idade em 1923.

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

TRUMP? QUE DEUS NOS ACUDA!

Uma facada levou um cara à presidência do Brasil. 

Um tiro levou um cara à presidência dos EUA.

A história conta coisas incríveis, 

História é história. 

Bolsonaro, negativista ao extremo, nos quatro anos em permaneceu na presidência da República, fez o que fez.

Bolsonaro andou de braços dados com a morte, defendendo a Covid-19 e levando o Brasil ao buraco mais profundo do inimaginável. 

Não sei que lá Trump promete repetir o que fez no primeiro período em que esteve à frente da presidência dos EUA. E não foi brincadeira o que ele fez.

Encurtando a história que aí já se deslumbra: os EUA vão se fechar, vão expulsar milhões de pessoas de nacionalidade diversas e tudo mais. 

Negacionista que é, Trump é contra tudo.

Não custa lembrar que os EUA são o segundo país que mais compram produtos do Brasil. 

Que Deus nos acuda!

A LITERATURA EM FESTA

Começa amanhã 7 vai até sábado 9 a 9ª Festa Literária de Cidade Tiradentes, a FLICT. Dessa festa participarão autores da região.
Segundo o poeta cordelista Pedro Monteiro "neste ano a FLICT homenageia Milton José Assumpção, poeta, palhaço e dramaturgo que viveu em Cidade Tiradentes e escreveu sobre as histórias do nosso povo".
Da programação da 9ª FLICT constam, ainda segundo Pedro, "saraus, slam, batalha de rima, circo, teatro, música e conversa com escritores".
A Festa Literária de Cidade Tiradentes ocorrerá nas dependências do Centro Cultural Arte em Construção, localizado à Av. dos Metalúrgicos, 2100, Bairro Cidade Tiradentes.

terça-feira, 5 de novembro de 2024

ESCRITORES POLÍTICOS DO BRASIL (4)





Filho de um Francisco português e de uma Francisca brasileira, Evaristo Ferreira da Veiga e Barros nasceu em 1799, no Rio de Janeiro. 
Ainda muito novo de idade,  Evaristo devorava tudo quanto era livro que o pai trazia de Portugal. 
O gosto pela literatura levou o jovem Evaristo a escrever poemas que encheram suas gavetas. 
No campo da poesia ele começou a escrever já ali pelos 14 anos de idade, mas não teve coragem de torná-las públicas em livro. Isso só ocorreria em 1915.
Estudou Direito, Filosofia, Latim, Francês, Inglês...
Não demorou e mesmo de letras ilustrado, abriu uma livraria junto com o irmão Pedro e lá passou a vender livros e a fazer amigos. 
Entre um momento e outro, o intectual livreiro escrevia letras para hinos. Entre essas letras destaque para o Hino da Independência, cuja melodia foi feita pelo imperador Pedro I.
O imperador apreciava os seus escritos.
Evaristo Ferreira da Veiga e Barros tinha 30 anos de idade quando foi escolhido deputado. Àquela altura, ele já havia contraído matrimônio. Teve três filhas. 
Antes de virar deputado e o cargo exercer até a morte em 1837, Evaristo passou a colaborar modestamente com os pasquins da cidade onde nasceu. Acabou comprando um deles, Aurora Fluminense (1827-1835). Tinha quatro páginas e depois seis. Saía às ruas três vezes por semana. 
Seus artigos no jornal provocaram irritação em figuras de destaque do seu tempo. 
Politicamente identificado como moderado, Evaristo acabou sendo alvo de um atentado, em 1832.
Até hoje não se sabe quem mandou ou quem pessoalmente atentou contra a sua vida.
Depois, bem depois, por iniciativa de Rui Barbosa, Evaristo virou patrono da cadeira 10 da Academia Brasileira de Letras, ABL.
Evaristo morreu de morte morrida. 

domingo, 3 de novembro de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (144)

Gregório de Matos e Guerra estudou em Coimbra, de onde saiu com diploma de advogado. 
Em Recife, esquecido e agora e naquela hora da sua morte fechou os olhos acreditando em Deus. Amém.
Mas é bom dizer que antes de Aretino, bem antes de Aretino, houve outro poeta veneziano de pena ferina e completamente desbocado. Seu nome: Caio Valério Catulo (84 a.C - 54 a.C).
Caio escrevia coisas assim:

Meu pau no cu, na boca, eu vou meter-vos,

Aurélio bicha e Fúrio chupador,

que por meus versos breves, delicados,

me julgastes não ter nenhum pudor.

A um poeta pio convém ser casto

ele mesmo, aos seus versos não há lei.

Estes só tem sabor e graça quando

são delicados, sem nenhum pudor,

e quando incitam o que excite não

digo os meninos, mas esses peludos

que jogo de cintura já não tem

E vós, que muitos beijos (aos milhares!)

já lestes, me julgais não ser viril?

Meu pau no cu, na boca, eu vou meter-vos.


Entre nós, brasileiros, o poeta é praticamente desconhecido. Aqui e acolá, porém, um intelectual se diverte com suas coisas.

Em 1996, a Edusp lançou à praça O Livro de Catulo. Nesse livro, do professor-doutor João Ângelo Oliva Neto, lê-se com destaque:


Um poeta, quanto mais sofisticado e diverso for, mais sujeito a controvérsia: ou não se atinge a complexidade própria de sua sofisticação ou rejeitam-se, por escrúpulos de toda ordem, temas integrantes de sua diversidade. Catulo foi um desses. A julgar pela opinião de T. S. Eliot (1888-1965), era um rufião, e pela de Baudelaire, ele e seu bando eram poetas grosseiros e puramente epidérmicos, sem misticismo algum. Cícero, contemporâneo do grupo de Catulo, mais de uma vez referiu-se a eles com desdém: chamava-os pelo termo grego neóteroi, "juvenis", com que implicava aversão não só à novidade dos poemas, mas também compreensível num louvador dos costumes dos ancestrais à juventude, supostamente temerária, daqueles poetas. Mais tarde, tachou-os de poetae noui, "poetas modernos", e, acusando-os por não apreciar Enio, antigo poeta latino, diz serem cantores Euphorionis, expressão cujo sentido deletério é "repetidores de Euforião", poeta grego do período helenístico.


Catulo, embora italiano de origem, gostava como todos os intelectuais do seu tempo de escrever em latim. Seus poemas são quase todos nessa língua, hoje morta.


Foto e Ilustrações de Flor Maria e Anna da Hora

sábado, 2 de novembro de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (143)

Brasil teve e tem poetas e poetisas de grande talento.

O Brasil já deu um poeta com as características de Aretino: Gregório de Matos e Guerra. 

É muito improvável que esse Guerra nunca tenha tido conhecimento da existência do italiano Aretino. Falavam o que falavam com palavrão e tudo o mais. Eram destabocados.

Aretino tinha intimidade com religiosos da Igreja Católica e o baiano Guerra também, que chegou a ser até padre na terra onde nasceu, embora não acreditasse em Deus.

Ele escrevia coisas assim: 


O Muleiro, e o Criado

tiveram grande porfia

sobre qual deles teria

mor membro, e mais estirado:

pôs-se o negócio em julgado,

e botando ao soalheiro

um, e outro membro inteiro,

às polegadas medido,

se viu, que era mais comprido

O caralho do Muleiro.


Disto Criado apelou,

e foi a razão, que deu,

que o membro então mais cresceu,

porque então mais arreitou:

logo alegou, e provou

não ser bastante razão

a polegada da mão

para vencer-lhe o partido.

que suposto que é comprido,

É feito de papelão.


Item sendo necessário,

disse mais, que provaria,

que se era papel, se havia

abaixar como ordinário:

que o membro era mui falsário

feito de um pobre quaderno,

tão fora do uso moderno,

que se uma Moça arreitada

lhe dá no verão entrada,

É para foder no inverno.


E que depois de se erguer,

é tão tardo, e tão ronceiro,

que há de mister o Muleiro

seis meses para o meter:

porque depois de já ter

aceso como um tição,

engana a putinha então,

pois pedindo a fornicasse,

lhe dizia, que esperasse

Para foder no verão


sexta-feira, 1 de novembro de 2024

CONDENADOS ASSASSINOS DE MARIELLE

Depois de longa sessão de júri, no Rio, os assassinos confessos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes foram condenados unanimemente pelo corpo de jurados.
Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram condenados respectivamente a 78 e 59 anos de cadeia.
Isso foi ontem 31.
Outros três envolvidos no duplo assassinato deverão ser julgados pelo STF, até o primeiro trimestre de 2025.

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

ADEUS A ARTHUR MOREIRA LIMA





O pianista carioca Arthur Moreira Lima nos deixou ontem 30 à noite, aos 84 anos, três meses e quatro dias (1940-2024).

Arthur, que conheci de perto deixou uma obra monumental. Cerca de 60 discos formam a sua discografia. Era o erudito mais popular do Brasil, na minha modesta apreciação. 

Arthur Moreira Lima afeiçou-se ao piano ainda nos seus tempos de infância. Tinha, apenas, uns 6 anos quando começou a domar as teclas. Cresceu e correu mundo: Moscou, Viena, Paris,  Roma...

Gravou discos com Elomar Figueira Mello, Heraldo do Monte, Nelson Gonçalves... Antes disso, em 1975, gravou um LP duplo com joias de Ernesto Nazareth e tal. 

Na extinta TV Manchete Arthur apresentou um programa que juntava artistas populares como Moreira da Silva, João Nogueira, Milton Nascimento e tantos mais.

Claro que o encantamento de Arthur nos deixa cheios de tristeza. 

A última vez em que ele e eu nos encontramos foi  num teatro que existia ou existe ainda na frente do Teatro Bandeirantes, ali na Brigadeiro cá em Sampa. Juntos estávamos com Luiz Vieira e Carmen Costa. Lembro disso como se fosse hoje.

No mais a vida segue, né mesmo?


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