Seguir o blog

terça-feira, 28 de outubro de 2025

EU E MEUS BOTÕES (94)

Boa noite, pessoal!
Começo saudando meus queridos botões na casa do Zilidoro. Desnecessário é dizer que toda vez que nos encontramos numa ou noutra casa dos simpáticos botões sou saudado por urras e uma chuva de palmas. Quando a uma das casas vou acompanhado por Flor Maria a recepção é bem maior. Por que será, hein? Nem bem digo o que acabo de dizer, Zoião dirige a palavra à Flor Maria. 
- Dona Flor, a senhora costuma acompanhar a violência terrível que ocorre nos quatro cantos do nosso país?
- Sim, por que tal pergunta?
- Perguntei porque hoje cedo acordei ouvindo pelo rádio um monte de tiros disparados por policiais e bandidos no Rio. Um horror!
- Zoião, claro que costumo acompanhar tudo que ocorre no nosso país. Uma hora é floresta pegando fogo, outra hora é fogo verbal disparado por línguas afiadas no Congresso Nacional. Como se isso não bastasse, ainda há a violência contra crianças, adolescentes e mulheres. Agora o que ocorreu hoje no Complexo da Penha e no Complexo do Alemão, região habitada por cerca de 300 mil pessoas, foi terrível. Mais de 60 pessoas foram mortas à bala.
Barrica pede licença, levantando a mão. 
- Como pude, acompanhei tudo pelo rádio e pela TV. Usaram drone, helicóptero e uma porrada de coisas que nem sei direito dizer o que era tudo aquilo...
O mano Bio, de Barrica, interrompeu:
- Os policiais estavam armados até os dentes, andando e correndo pra lá e pra cá com os pés enfiados numas botinas que pareciam pequenos canhões ou sei lá! Uma verdadeira guerra!
Zé e Biu acompanham atentos o falatório. Como se tivessem ensaiado, disseram:
- O fim do mundo, parecia o fim do mundo!!!
O quase sempre sumido Olavim, lá do seu cantinho murmurou:
- Guerra, vocês nunca viram uma guerra! Guerra é a desgraça que está ocorrendo ali naquela parte por onde andou Jesus...
Zilidoro emendou:
- E onde se acham enterradom os restos do avô de Maomé.
Lampa se fazendo de besta, saiu-se com esta:
- Outro dia eu fui a casa de um amigo e lá tomamos um porre. Foi o ma ó mé! Hic!
Esse Lampa não tem jeito. E o lugar por onde andou Jesus foi a Palestina e tal. Em Gaza, a 5a. mais antiga cidade do mundo, Sansão foi preso e torturado depois de cortarem seus cabelos e vazarem os seus olhos, mas ainda assim ele matou milhares de filisteus e o resto a Bíblia conta. 
De repente, todos se levantam batendo palmas. Claro, pra Flor Maria.

sábado, 25 de outubro de 2025

HERZOG FOI MORTO HÁ 50 ANOS


O relógio marcava 9 horas quando Herzog chegava ao inferno para ser torturado até a morte. 
Era um sábado de pouco sol.
O dia era 25, o mês outubro e o ano 1975. 
O jornalista, que chefiava a editoria da TV Cultura caiu nas mãos de seus algozes sozinho, sem ninguém a acompanhá-lo.
Por que Vlado fez isso, hein?
Ingenuidade ou excesso de confiança por nada temer como cidadão livre que era?
Muita coisa já foi dita a respeito de Vlado, cuja memória se acha eternizada na memória do povo e o seu nome agora inscrito no Panteão dos heróis do Brasil. 
Ah, sim: Vlado entrou no DOPs às 9 e já no começo da tarde daquele dia estava morto.
Outra coisa: o alagoano Audálio Dantas (1929-2018) escreveu um livro muito importante para o entendimento mais completo da vida de Vladimir Herzog. As Duas Guerras de Vlado Herzog (2012) é o título do último livro de Audálio. 

quarta-feira, 22 de outubro de 2025

O CEGO NA HISTÓRIA (10)


Graciliano Ramos não era propriamente um tagarela, como o são geralmente os papagaios. 
Embora faça eu essa pequena observação, a mim também não custa lembrar que Graciliano foi o escritor que mais papagaios pôs como "personagens" em suas histórias. 
Histórias de Alexandre, de 1944, tem vários tagarelas plumados com a cor verde em destaque. 
Na obra-prima Vidas Secas, o autor alagoano de Quebrangulo põe entre a família retirante um papagaio e uma cadela de estimação. Logo no começo, o papagaio é servido como alimento para saciar a fome da família em fuga da seca. E a dureza permanece braba no correr das páginas. Ali pela metade, a cadela é sacrificada a tiro de espingarda. E mais não digo. 
Lembrei que Graciliano sofreu de cegueira nos seus primeiros anos de vida. 
Como Graciliano, houve outros autores que também experimentaram essa realidade. E até cientistas do calibre do inglês Isaac Newton (1643-1727).
Isaac, de tanto observar o céu sem fim, acabou ficando cego por alguns dias. Recuperou a visão após trancar-se no quarto, completamente escuro. 
Bom, você sabe quem foi Nicolau Copérnico? E sua teoria sobre o movimento da Terra?
O italiano Galileu Galilei (1564-1642), também investigador dos mistérios universais, depois de muitos estudos concluiu que a teoria de Copérnico era fato. E que teoria era essa?
O polonês Copérnico (1473-1543) tinha certeza de que a Terra sempre girou em torno do Sol. Quer dizer, pensamento completamente diferente do que divulgava a Igreja aos seus fiéis. Por isso, Galileu foi preso e condenado pelo tribunal da Santa Inquisição. 
Como já era muito famoso, Galileu recebeu a "benção" dos inquisidores assassinos para cumprir a pena em casa. 
Morreu cego. 
Cego também morreu o filósofo francês Denis Diderot (1713-1784).
É provável que tenha sido Diderot o primeiro filósofo a teorizar sobre a cegueira. 
Em 1749, Diderot publicou Carta Sobre os Cegos Para Uso dos Que Veem. Nessa obra, o autor põe em movimento nas páginas três ou quatro cegos como personagens. Tem uma cega entre eles que diz que a cegueira na mulher é diferente da cegueira no homem. 
Para escrever tal obra, Diderot costumava tapar os ouvidos e fechar os olhos. Fazia isso nos teatros, por exemplo. A ideia era sentir o que sentem as pessoas cegas 
A Igreja desceu-lhe o pau. Em palavras, ele disse:
"O homem só será livre quando o último déspota for estrangulado com as vísceras do último padre".
Entre os grandes nomes da Ciência e da Astronomia, quem não se deu bem foi Giordano Bruno. Esse foi amarrado vivo num mastro fincado no meio de uma grande fogueira e...
O pecado de Bruno foi discordar de tudo ou quase tudo do que pensava a Igreja, como a virgindade de Maria e a Terra como centro do Universo. 
Dito isso, voltemos à literatura tupiniquim 
Você sabe quem foi o bom Romeu?
Chega aí na estante e pega Grande Sertão: Veredas, do mineiro João Guimarães Rosa (1908-1967).

sábado, 18 de outubro de 2025

O CEGO NA HISTÓRIA (9)

Pois é, nada a mim demove a ideia de que o craque do humor Chico Anísio tenha-se inspirado na personagem do folclore alagoano Cesária.
Cesária pra mim era Terta do Chico. 
E Pantaleão, hein?
Pantaleão pra mim foi Alexandre do folclore alagoano para o Chico. 
Alexandre e Cesária eram marido e mulher, tão íntimos como carne e unha.
O livro Histórias de Alexandre é obra pra ser lida sem se cansar. Maravilhoso!
Dentre os 13 ou 14 contos que formam o referido livro há pelo menos quatro referências a um personagem de asas: papagaio. 
O conto Um Papagaio Falador é simplesmente impagável. 
Alexandre é um nordestino todo pabuloso, cheio de onda. É um inventor de história que não tem pra ninguém. 
Inventa tudo e tudo que inventa é na hora. Na lata!
O conto, cujo título foi dito aí em cima, começa quando Cesária lembra ali na sala de tantas histórias como o casamento com seu Alexandre querido. Foi festa seguida de uma semana, segundo ela. Muita comida, muita coisa gostosa. 
Hilariante. De presente do sogro, ganhou a mulher e com ela um grande dote. E tal e tal.
Casado, Alexandre partiu em busca de mais grana. Consigo levou boiadeiros e tal. E também o pedido irrecusável da mulher.
E que pedido era esse, hein?
Cesária queria que Alexandre lhe trouxesse um papagaio. 
E foi, foi e foi e foi...
Antes de voltar à casa feliz da vida, Alexandre comprou um papagaio caríssimo. Mas era um papagaio que falava tudo e mais e mais. 
Alexandre fez um buraco num saco e nele pôs o papagaio, onde ficou uns dois ou três meses. 
Quando voltou, esquecido do papagaio, a mulher viu aquele saco esquisito e perguntou e perguntou: "O que tem aí?".
Alexandre deu um tapa na testa e disse: "É o papagaio que comprei pra você, mulher".
Ao abrir o saco, apareceu o papagaio balançando a cabeça e olhando fixamente nos olhos de Alexandre, dizendo com voz trêmula e bamboleante, algo como: "Isso é coisa que se faça?".
Pois é, morreu o papagaio. 
As histórias contadas do real ou do imaginário por Graciliano Ramos são muito bem "amarradas": têm começo, meio e fim, desenvolvidas com palavras e frases econômicas. 
Não é fácil um escritor começar publicando sua obra com um clássico. 
Em 1933, Graciliano tinha 41 anos de idade. Com essa idade, ele publicou Caetés. 
E por que estou dizendo isso?
No começo da sua vida, Graciliano era um menino cego. A sua cegueira se manifesta direta ou indiretamente em todos os seus textos. Em Caetés, inclusive. Obra-prima. 
O segundo livro de Graciliano foi São Bernardo. 
O narrador personagem de São Bernardo foi um guia de cego.
O terceiro livro de Graciliano foi Angústia. Nesse livro o autor fala de um cego vendedor de bilhete de loteria, de um padre com um olho de vidro, uma mulher cujos olhos não viram o marido morrer pendurado numa corda, um velho Acrisio com olhos comprometidos com a visão... sem falar no avó centenário do personagem que foi-se sem nada ver.
As Histórias de Alexandre têm um personagem incrível, que vê além dos olhos: cego preto Firmino. 
Ah! Sim: em Angústia há uma velha senhora chamada Vitória que passa boa parte da vida tentando ensinar um papagaio a falar. 
Claro, claro, não custa nada reafirmar que os contos reunidos no livro Histórias de Alexandre são do folclore alagoano adaptadas pelo autor de Vidas Secas.

domingo, 21 de setembro de 2025

BRASIL LIVRE, SEM POLÍTICOS CANALHAS!

Crédito CNN Brasil

Boa parte, e uma parte fantástica, do Brasil e brasileiros foi às ruas correndo com a esperança na cabeça gritando contra a canalhice da PEC da bandidagem e da Anistia.
Os canalhas da Câmara Federal estão fazendo tudo para nos lascar. E à frente disso tudo, tem um conterrâneo boboficado chamado Hugo não sei quê.
Hoje 21 deste mês gracioso da primavera chegando estamos prontos para sermos felizes. 
Ditadura, meu Deus do céu! Nunca mais!

sábado, 20 de setembro de 2025

A NOSSA LIBERDADE AMEAÇADA


Amanhã domingo 21, no começo da tarde, o povo todo do Rio de Janeiro e mais toda a gente seja de onde for teremos a oportunidade especial e única de ouvir ícones da nossa melhor música popular cantando e reivindicando com alegria a permanência da liberdade no nosso querido país. 
Quando a rebordosa caiu na cabeça da gente no Dia da Mentira de 1964, entramos todos em convulsão. E logo depois, mergulhamos  no poço profundo da inércia, da dormência. Da tortura e morte sem responsabilidade. 
Nessa linha, lembro os queridos cartunistas Jaguar, Millôr, Fortuna, Angeli, Glauco, Fausto...
Bons tempos aqueles, maus tempos aqueles.
Convido amigos e amigas a acessar entrevista que fiz com Chico.
Antes disso, quero dizer que estarei no Rio gritando por independência e liberdade ao lado de Chico, Gil...
Vamos lá?
Viva o Brasil de direito democrático!


quinta-feira, 18 de setembro de 2025

O CEGO NA HISTÓRIA (8)


Há um tempo que nunca acaba. Esse tempo é o tempo de ontem, mas pode ser o tempo de hoje. Em tese. Tempo, tempo, tempo...
Há quem diga que o Nordeste brasileiro é um Nordeste violento, carregado de coisas piores herdadas da Idade Média. 
Pois, pois!
Tanto ontem quanto hoje, a violência carregada de absurdos grassou e grassa mundo afora. 
Jesus, o JC, nasceu nas bandas do Oriente Médio pregando a paz e o bom viver.
Bom, o judeu é um povo historicamente sabido. E lá atrás, bem lá atrás, judeus botaram pra quebrar levando JC a se explicar ao bambambã Pilatos. Esse lavou as mãos e... Os romanos fizeram o que não deveriam ter feito: mataram o Salvador. 
Voltemos, voltemos...
Pais, principalmente pai, no tempo d'antonte, descarregavam no lombo dos filhos a insatisfação e frustração que tinham consigo. Na verdade, até hoje. 
O escritor Graciliano Ramos (1892-1953) comeu na mão da mãe e do pai o pão que o diabo amassou. Dos dois, pai e mãe, o bom Graça chegou a levar chicotadas e não foram poucas. 
Como eu disse, a violência não é marca registrada do Brasil, tampouco do nosso Nordeste. 
Lá longe, no século 19, um caboco chamado Franz Kafka sofreu na mão do pai. E na mão do pai, a mãe também sofreu. 
Não vou concluir aqui tema tão absurdo, porém normalizado no correr dos séculos e séculos. 
Antes disso, não custa dizer ou lembrar que Graciliano Ramos de Oliveira começou a sofrer profundamente quando perdeu a luz dos seus olhos. Sua infância foi a de um menino cego, que vivia o tempo todo escondido num quarto com os olhos em sangue. 
No livro Infância, de 1945, Graciliano lembra terríveis momentos que viveu, no capítulo Cegueira. 

"Afastou-me da escola, atrasou-me, enquanto os filhos do Seu José Galvão se internavam em grandes volumes coloridos, a doença de olhos que me perseguiu na meninice. Torturava-me semanas e semanas, eu vivia na treva, o rosto oculto num pano escuro, tropeçando nos móveis, guiando-me às apalpadelas, ao longo das paredes. As pálpebras inflamadas colavam-se. Para descerrá-las, eu ficava tempo sem fim mergulhando a cara na bacia de água, lavando-me vagarosamente, pois o contato dos dedos era doloroso em excesso. Finda a operação extensa, o espelho da sala de visitas mostrava-me dois bugalhos sangrentos, que se molharam depressa e queriam esconder-se. Os objetos surgiam empastados e brumosos. Voltava a abrigar-me sob o pano escuro, mas isto não atenuava o padecimento. Qualquer luz me deslumbrava, feria-me como pontas de agulhas. E as lágrimas corriam, engrossavam, solidificavam-se na pele vermelha e crestada. Necessário mexer-me à toa, em busca da bacia de água".

A crueldade praticada pelo pai e pela mãe deixaram marcas profundas no corpo e na alma do escritor.
Antes e depois de escrever Infância, Graciliano não deixou de lembrar os sofrimentos e aperreios provocados pelos pais. A mãe o ignorava e só o lembrava quando estava por aqui de irritação. 
As dores de infância que nunca abandonaram Graciliano aparecem sem pieguice em Memórias do Cárcere, obra de 1953 em quatro volumes. 
Em 1934, Graciliano publicou São Bernardo. Escrita incrível, como os personagens e, particularmente, Paulo Honório. 
Honório foi criado por uma vendedora de cocadas, pois órfão era. E por esse tempo, meninote ainda, foi guia de cego, como sabe o bom leitor. 
Em 1944, um ano antes de Infância, o mestre alagoano publicou um livro praticamente esquecido até hoje. Título: História de Alexandre. 
Alexandre é um senhor loroteiro. A mulher dele, Cesária, é conivente com suas mentiras. A plateia é basicamente formada por um cego preto Firmino, o cantador de viola Libório, o curandeiro Mestre Gaudêncio e a beata rezadeira das Dores.
Não sei não, mas acho que o humorista Chico Anísio inspirou-se na mulher de Alexandre pra criar Terta. Lembra? "É mentira, Terta?"

terça-feira, 16 de setembro de 2025

EU E MEUS BOTÕES (93)

Assis e Maria estão subindo a escada que leva ao 3° andar de onde mora um dos botões, Lampa.
Os dois chegam aonde tinham de chegar. Uma chuva de palmas e hurras desabou no ambiente. 
"Viva! Viva! Vivaaa!", disseram todos os botões efusivamente. 
Assis, seu Assis, de modo um tanto modesto agradeceu: "Obrigado, muito obrigado!".
Silêncio no ambiente. 
Lampa olhou pra um dos colegas, olhou pra outro colega e tomando coragem disse: "Seu Assis, se puder nos perdoe. A gente fez toda essa brincadeira batendo palmas em louvor e reconhecimento à dona Flor Maria, desculpe, desculpe".
Nada não pessoal, começou seu Assis, "Palmas para dona Flor são palmas para mim. Mas eu gostaria de saber porque tantas palmas foram dadas hoje aqui".
Zé, olhando de revés os colegas ao lado, levantou a mão e disse que ele e todos ali estavam alegremente felizes com o que leram nos jornais sobre o que dona Flor disse a respeito da gula por dinheiro dos donos de hotéis de Belém do Pará às vésperas do grande encontro internacional para discutir os problemas do meio ambiente que podem levar o planeta ao fim.
Um tanto acanhada, dona Flor fez uma reverência baixando sutilmente a cabeça para agradecer os louvores que ela minimizava: "Cuidar do nosso mundo, do planeta em que vivemos, é uma obrigação natural".
Foi a vez de seu Assis puxar as palmas. Antes disse: "Se todos pensassem e atuassem como dona Flor, este nosso mundinho estaria bem melhor".
Baixa o pano.

terça-feira, 9 de setembro de 2025

PAPUDA PARA O IMBROCHÁVEL

Crédito: Brasil de Fato

O esquisito pai do Bananinha, aquele, pode pegar uma pena grande pela loucura que ousou fazer para se perpetuar à frente do poder político que tanto nos aperreou.
Xandão, dileto amigo das leis, permaneceu hoje 9 no STF pronunciando publicamente o voto contra o Esquisito, sim, aquele que carrega consigo uma cara horrorosa pode pegar até 43 anos de cana, segundo especialistas. 
Lugarzinho bom seria a Papuda, mas seu exército de advogados está aventando a possibilidade do tal cumprir a pena na própria casa; uma casinha ou sei lá o quê que de aluguel consome mensalmente 90 mil pilas. 
O ministro Dino começou há pouco a pronunciar o voto contra o malamanhado golpista, aquele que cunhou a expressão "imbrochável". Hummmm...
E tenho dito!


domingo, 7 de setembro de 2025

INDEPENDÊNCIA E MAIS ESTADOS



O negócio é o seguinte: devo dizer que já passa da hora de tirarmos da história o papo que dá conta de que o imperador Pedro I, de batismo Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon, ao alcançar as beiras do riacho Ipiranga dissera com espada em punho a frase "Independência ou Morte!".
Isso teria ocorrido numa hora qualquer do dia 7 de setembro de 1822, quando subia a serra procedente de Santos onde fora cair nos braços da sua amante mais famosa: Domitilia de Castro Canto e Melo, a Marquesa de Santos (1797-1867).
O Pedro I não era tão valente como aparentemente se apresentava. Aliás, é fato corrente que esse imperador fora atacado de uma dor de barriga lascada ali mesmo onde até hoje corre água naquele já referido riacho.
E já que toquei nessa história de independência, não custa dizer que o grito ameaçador de morte não resultou imediatamente em independência do nosso território. A última província a romper com Portugal foi Pará, Grão-Pará.
A luta entre brasileiros do Pará e portugueses terminou em agosto de 1823. Antes outras províncias não aderiram logo ao Grito. Essas províncias foram Bahia, Maranhão, Piauí e Amazonas.
Ficou famoso o 2 de julho baiano. 
O poeta Castro Alves, filho da Bahia, fez um poema de animar até estátua.
O Brasil ímperial entrou e saiu de muitas confusões incluindo revoltas e guerras, como a do Paraguai. 
A guerra do Paraguai foi deflagrada em 1864 e durou seis anos. 
Até hoje não se sabe do saldo definitivo de mortes. Fala-se que os números andam entre 150 mil  e 300 mil de ambos os lados. 
Antes de quebrar o pau com o Paraguai, o Brasil bateu e levou muita porrada do Uruguai. 
Esse quebra pau começou oficialmente em dezembro de 1825, quando o território paraguaio pertencia integralmente ao Brasil. 
Pois é, o Uruguai foi anexado ao território brasileiro em 1821. O nome era outro e fácil a pronúncia: Província Cisplatina. Essa façanha coube a D. João VI, que em 1808 saiu fugido da sua terra, Portugal. 
A fuga desse João foi provocada pelo exército napoleônico. Nas suas memórias, Napoleão diz que o único mandachuva do pedaço daquele tempo a lhe passar a perna foi o pai de Pedro I. Mas essa é outra história. 
E história por história, lembro que o Brasil é formado por 26 Estados e um Distrito Federal, Brasília. 
Agora, atenção: em breve o Brasil pode ter mais dúzia e meia de novos estados. 
Meu amigo, minha amiga, você já pensou num Maranhão do Sul e num São Paulo do Sul? E que tal um Estado do Triângulo?
O referido Triângulo seria extraído do território mineiro, hoje com mais de 800 municípios. 
Pois é, o tema pode entrar em discussão no Senado a qualquer momento. Mas aviso logo: na minha queridíssima Paraíba ninguém mete a mão, e se meter também leva.
E tenho dito!

sábado, 30 de agosto de 2025

EITA, BRASIL SEM GRAÇA!

Crédito: CNNBrasil


Triste e frios ventos da madrugada de hoje 30 trouxeram a má notícia do indesejável desaparecimento do gaúcho da cepa Luis Fernando Veríssimo (1936-2025).
Veríssimo era um cara raro entre os raros. Era filho de outro deus da nossa briosa literatura, Érico.
Eu conheci esse Veríssimo através do querido Fortuna, que é certo estar no céu esperando seu colega. 
Fortuna foi quem propiciou esse encontro entre nós dois, Veríssimo e eu. Lembro-me como se fosse hoje. 
Corria o ano de 1992, quando eu fazia lançamento do livro O Coronel e a Borboleta E Outras Histórias Nordestinas. A capa trazia a marca do genial Fortuna e dentro, no miolo, uma ilustração do imortal Jaguar.
Bom, pessoal, Luis Fernando Veríssimo disse uma vez que um brasileiro com um mínimo de visão e bom senso seria, naturalmente, de esquerda. E explicava ele acrescentando que "Ser de esquerda não é opção, é decorrência".
Veríssimo vai, como o seu pai, mas pra nós ficam seus livros e exemplo de vida.
Viva Luis Fernando Veríssimo!

domingo, 24 de agosto de 2025

O HUMOR ESTÁ SEM GRAÇA

Crédito: BandNews


Jaguar, o humorista Jaguar, de batismo Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe acaba de nos dar adeus ao ter o coração parado. 
O passamento de Jaguar foi agora já neste fim de tarde no Rio, onde morava.
Eu conheci Jaguar ali pelos fins dos anos 70.
Publiquei entrevistas e reportagens no velho e bom Pasquim, criado por Jaguar e Ziraldo. Além desses, Millôr, Tarso de Castro e Fortuna. Esses aqui citados estão fazendo gracinhas hoje lá em riba pra Deus, JC e santos e santas de todos os calibres, além de anjos, arcanjos e querubins. 
Lá longe, bem pra cima da nossa cabeça, deve estar ocorrendo uma zoeira danada. Ops!
Pois é amigos e amigas, este mundinho de zosta está cada vez mais ficando pior.
O Pasquim de Jaguar, Ziraldo, Millôr, Tarso, Fortuna e tantos mais morreu. 
E eu, hein?
Lembro de meus encontros com Jaguar, Ziraldo, Tarso, Fortuna...
Uma vez Fortuna me carregou pra lançamento do livro O Coronel, a Borboleta e Outras Histórias no Salão de Humor de Piracicaba. O primeiro que recebeu o livro foi Jaguar, que se disse surpreso com a qualidade do livro (capa de Fortuna) e de uma ilustração por ele assinada e publicada numa página que já não sei qual. 
É isso, não é Fausto?
Adeus Jaguar, me aguarde...

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

SAFADEZA AMERICANA

Crédito: Poder360


Outro dia eu disse que os EUA não são flores que se cheire.
Amigos, amigas, o que está ocorrendo neste mundinho doido onde vivemos é uma loucura total. É gente se candidatando a matar gente.
Não precisamos espichar os olhos para ver a desgraceira que países ditos do "primeiro mundo" estão a fazer contra o que resta do mundo. Sim, este em que vivemos.
O que o tal Trump está fazendo é um jogo canalha, como ele, a favor dele.
Esse cara, repito canalha, foi eleito por seus seguidores radicais para derrubar a democracia. E não custa lembrar que foi eleito democraticamente e o que está fazendo é completamente diferente do que universalmente proclama a democracia: liberdade. 
Os EUA sempre acharam que os países da nossa América eram deles. 
Amigo, amiga, no dia 2 de dezembro de 1823 um cara chamado James Monroe (1758-1831), 5° presidente gringo daquelas bandas do Norte, ocupou espaço no Congresso lá deles para dizer que, entre outras coisas: "América para os americanos".
A ideia era, segundo a doutrina Monroe, controlar o continente americano. O lance era: proteger os países da nossa América, do Sul e Latina. 
No que toca ao México, em 1847, os EUA subtraíram, pra dizer o mínimo, mais da metade do território desse país.
E vou parar por aqui, porque o que os EUA fizeram com os países da nossa América foi muito violento.
A relação comercial do Brasil com os EUA data da segunda metade do século 19. O café, como produto, era a grande novidade degustada por todos.
O café continua sendo nos EUA e no mundo afora uma preferência especialíssima.
Em 1893, o paulistano Eduardo Prado (1860-1901) já falava da safadeza que os EUA estavam fazendo contra o Brasil. Sugiro que leiam o livro A Ilusão Americana. 
Sim, voltarei ao assunto. 

terça-feira, 12 de agosto de 2025

O CEGO NA HISTÓRIA (7)


Pois bem, o romance Esaú e Jacó foi publicado em 1904. Antes disso, o nosso Machado publicara Dom Casmurro (1899).

Sem dúvida, Esaú e Jacó transformou-se num dos dez romances clássicos do bruxo do Cosme Velho. 

Depois de publicar Esaú e tal, Machado deixou-se publicar o seu último livro: Memorial de Aires.

Machado era fluminense, como se deve saber. 

Machado morreu em casa na madrugada de 29 de setembro de 1908. Nesse mesmo dia, madrugada, mês e ano nascia na terra mineira um cara que o futuro haveria de aplaudir: João Guimaraes Rosa. 

Rosa, como Machado, inovou a literatura brasileira. 

Muitos outros autores do nosso patropi fizeram-se importantes. E não são poucos. 

Em 1892 nascia, em Alagoas, um menino que ganharia fama como escritor: Graciliano Ramos de Oliveira. 

Leitor amigo, você saberia dizer os pontos de identificação entre Machado de Assis e Graciliano Ramos?

Bom, houve um momento na vida de Machado em que a visão lhe falhou completamente. 

Houve um momento na vida de Graciliano em que seus olhos lhe negaram visão. Foi na infância, mas o problema minimizado o acompanhou no decorrer dos seus 60 anos de vida. 

Como se não bastasse, há outros pontos em comum entre Machado e Graciliano. 

Machado era poeta no começo da vida literária. 

Graciliano também foi poeta, embora tenha iniciado a carreira como prosador. Seu primeiro conto teve por título O Pequeno Pedinte, publicado num jornalzinho da sua infância. Detalhe: tinha o futuro autor a idade de 12 anos.

Além de poeta, Machado foi quem todos nós sabemos. 

Graciliano, por sua vez, foi quem todos nós sabemos. 

A história de Machado de Assis e de Graciliano Ramos se cruzam em vários momentos. 

Machado nasceu pobre de marré marré e aleluia!

Graciliano não nasceu em berço de ouro. O pai, um brutamontes, o castigava aos gritos e chicotadas. A mãe o humilhava de todas as formas, chamando-o de "bezerro encourado" e/ou "cabra-cega".

Bezerro encourado significava, lá no passado nordestino, pessoa enjeitada pela mãe, humana ou vaca de rebanho. 

A expressão cabra-cega tem origem antiquíssima. Data de muito antes da Idade Média. Surgiu como brincadeira infantil e como brincadeira acabou. A base era vendar os olhos de uma criança, pois brincadeira de criança era e fazer com que a vendada conseguisse segurar outra criança a quem passasse a venda.

No Nordeste essa brincadeira tinha outra versão: uma criança tinha os olhos vendados e de vara em punho tentava quebrar uma panela ou pote de barro pendurada em algum lugar. Tal panela estava recheada de balas e outras guloseimas. Era uma festa.

Na obra de Machado de Assis há referências à cegueira. Na obra de Graciliano também. 

Em 1938 o famoso alagoano levaria às livrarias o livro São Bernardo. 

Em São Bernardo, o narrador é um ex-guia de cego.

Órfão de pai e mãe, Paulo Honório foi adotado por uma mulher chamada Margarida, que compatilhava a vida com um cego.

O tempo passou e Paulo, que nunca tirou da cabeça a ideia de ficar rico custasse o que custasse, levou a sua mãe para morar consigo na fazenda que comprou por meios questionáveis. 

É uma história fortíssima a que se lê em São Bernardo. 

Por questões de ciúme por uma jovem com quem teve a primeira vez na cama, Paulo é preso e condenado a três anos, nove meses e 15 dias depois de esfaquear um rival. Alfabetizou-se na cadeia, graças a um sapateiro com quem dividia a cela.

E fiquemos por aqui.


segunda-feira, 4 de agosto de 2025

ATENÇÃO: OS EUA NÃO SÃO FLORES QUE SE CHEIRE



Os Estados Unidos da América, EUA, formam um país que carrega na sua história presidentes escravocratas.

Presidentes houve nos EUA que presidiram o país de dentro da própria casa para fora.

Isso aí dito, é história do começo do século 20. Procurem ler mais a respeito. 

Sem falar nas putarias, nas loucuras de Carter e de Clinton. 

Meus amigos, minhas amigas, vocês já leram o romance O Presidente Cego (1977), de William Safire.

Este arrodeio todo que eu estou a fazer tem a ver com um pateta troglodita chamado... Como é mesmo o nome dele?

Outro dia uma repórter da TV Globo em Washington perguntou ao atual ocupante da Casa Branca se conversaria com o presidente do Brasil, Lula.

A resposta, escrota, do ocupante da Casa Branca foi: "Se ele me ligar, eu atendo a qualquer momento".

Esse cara que hoje ocupa a principal casa de Washington nasceu para menosprezar o ser humano. Quer dizer: sente prazer em humilhar, achando-se o dono do mundo. 

Amigos e amigas, se ainda não viram, vejam o filme O Grande Ditador (1940), de Charles Chaplin.

Brasil, brasileiros de bom senso, é preciso não perdermos de vista as manobras infernais que ora estão sendo arquitetadas por um bruxo do "reality show".

As manobras desse tal podem prejudicar imensamente o nosso País.

No dia 4 de dezembro de 1893, o paulistano Eduardo Prado lançou em São Paulo o livro A Ilusão Americana. O lançamento teve a obra toda esgotada em menos de uma hora. A polícia de Floriano Peixoto partiu pra cima e arrebentou. 

Voltaremos ao assunto. 

quarta-feira, 23 de julho de 2025

EU E MEUS BOTÕES (92)

"Dona Flor...", começou Zé: "A senhora acredita na vida depois daqui?".

Hummmm... 

"Dona Flor, a vida é muito bonita, rápida e eu nem sei como lhe fazer perguntas", continuou Zé.

Mané, quieto o tempo como quase sempre fica Zé, perguntou: "Eu não sei como fazer, mas procuro ser uma pessoa de bem com todo mundo. Faço isso naturalmente, sem esperar qualquer tipo de compensação vinda de onde vier".

Hummmm... Vocês estão impressionantemente incontroláveis!

"Dona Flor, depois que a senhora pintou por cá a nossa vida mudou. A senhora abriu nossos olhos para o Conhecimento", disse em tom solene o poeta Zilidoro. 

Zé a tudo observava, sem se mexer. De repente, perguntou: "Dona Flor, a senhora é de uma grandeza impressionante. De onde a senhora veio?".

Hummmm... 

De repente, não mais do que de repente, os irmãos Biu e Barrica se levantam já quase gritando: "Seu Assis! Seu Assis!".

Vocês endoidaram?

Risada geral.

"Seu Assis...", começou Zoião: "A vontade da gente hoje era saber se dona Flor acredita na vida depois daqui, exatamente como o nosso Zé puxou a conversa. 

Pois então, essa história é interessante. Amigos, eu não sei se tem vida depois da morte. O assunto me interessa. Vamos conversar a respeito no nosso próximo papo?

"Seu Assis!", dá o ar da graça o Fuinha: "Seu Assis, eu tenho uma coisa pra lhe contar. Tem a ver com Olavim".

Olhei fundo no olhos de Olavim e ele fez que não viu. Fuinha sugeriu, puxando minha orelha: "Vamos lá para o boteco e lá lhe contarei algumas coisas que têm a ver com Olavim".

terça-feira, 22 de julho de 2025

O CEGO NA HISTÓRIA (6)


A cegueira de três dias do caçador de cristão Saulo, sempre rendeu e ainda rende inspiração para textos literários e religiosos. 

Não são poucos os fanáticos de rua, Bíblia em punho, a ressaltar as proezas divinas. 

O nosso bruxo Machado, cuja obra continua viva entre nós, usou e abusou de personagens bíblicos nos seus contos e livros como Esaú e Jacó (1904). Ali atrás, lembramos O Caminho de Damasco. Pérola. 

Sem Olhos é um conto de Machado publicado originalmente em novembro de 1876, no Jornal das Famílias. Começa com um certo casal Vasconcelos recebendo em casa um grupo de amigos: Maria do Céu e o marido Bento Soares, o bacharel Antunes e o desembargador Cruz. 

O encontro tinha por finalidade a lembrança de tempos idos.

Papo vai, papo vem, de repente histórias do outro mundo caem da boca pra fora ali naquele ambiente. Medo de fantasmas?

O além é terreno desconhecido por todos, na casa dos Vasconcelos e alhures. 

Um suspiro aqui, outro ali, Cruz é provocado a contar sobre o assunto. Tentou sair de fininho, mas não deu. E contou, então, um caso que se passara com ele nos seus tempos de estudante. 

Enquanto Dr.Cruz falava, o jovem bacharel Antunes esticava os olhos nos olhos tímidos da mulher do Soares. 

A história narrada pelo desembargador dava conta de que no passado conheceu um cara chamado Damasceno. Era meio aluado. Ora dizia coisa com coisa, ora sem coisa dizia. 

Uma hora, Damasceno quis saber se Cruz sabia falar hebraico. Não sabia, mas quis saber a razão da pergunta. Ouviu de Damasceno explicação que remetia ao profeta Jonas, herói da Bíblia hebraica. Segundo o tal, discípulo preferido de Deus, havia uma cidade lá pras bandas do Oriente com 120 mil pessoas que não sabiam distinguir a mão direita da mão esquerda. 

Era figura curiosa Damasceno. 

Noutra ocasião, o mesmo Damasceno contou ao estudante que estava desenvolvendo uma tese sobre a Lua. Pra ele, a Lua nunca existiu. O que víamos era uma ilusão de ótica. Coisa da retina...

O mais estava por vir. Damasceno caiu de cama. Foi quando confessou um segredo que trazia consigo há anos. 

Que segredo seria esse, hein?

Tal segredo tinha a ver com uma linda mulher de nome Lucinda, que teria casado com um sujeito pra lá de ciumento. Ele suspeitava que a mulher o traíra e a vingança veio logo, a galope: o enciumado sujeito puniu a mulher arrancando-lhe os olhos. 

E mais não digo, porém peço ao leitor que não esqueça do bacharel Antunes. 

A obra de Machado de Assis é toda recheada de movimentos idílicos, paixões, amores proibidos e tragédias provocadas por adultérios. 

Autores de sempre e do mundo todo, abordaram tal temática. 

segunda-feira, 14 de julho de 2025

VIVE LA FRANCE!

Eu não lembro bem quem, mas um cara de apurada inteligência disse certa vez que o ser humano não tem salvação. Quer dizer: Deus, tipo moleque, inventou de inventar Adão e Eva e antes Lilith, deixou-nos todos à própria sorte. Daí todo mundo foi a campo tirar proveito um do outro. 

E o resultado é o que se vê por aí.

As guerras estão se multiplicando, como sempre.

Hoje 14 de julho, o mundo livre bate palmas pela decisão firme do povo oprimido da França que foi à rua armado de pau e coragem para acabar com o obscurantismo reinante por lá desde o século 17.

Estamos aqui a falar sobre Revolução Francesa, cuja marca inicial foi a tomada da Bastilha. 

Foi na manhã de 14 de julho de 1789 que o povo derrubou a famosa prisão e mandou para o Inferno o déspota Luís 16 e seus apaniguados. 

Pela Bastilha passaram, como prisioneiros,  intelectuais como o Marquês de Sade.

Quando o mundo livre comemorava os 200 anos da Revolução Francesa, humildemente pedi a Deus que trouxesse para dar paz à Terra uma menina a quem dei o nome de Clarissa.

E findando essa história, deixo aqui o registro de que a França hoje iluminou a Torre Eiffel com as cores do Brasil. Mais: de tabela, a França pôs na Lua, por assim dizer, a maravilhosa cultura popular  brasileira. 

Quanto à Lilith, é papo pra depois. 

sexta-feira, 11 de julho de 2025

EU E MEUS BOTÕES (91)

"Que som é esse que estou ouvindo, Assis?", pergunta-me Flor Maria enquanto subimos a escada que dá direto na sala especial de uma das casas dos botões. Apurei o ouvido e pra nossa surpresa nos deparamos com Lampa tocando viola e cantando. Em silêncio, ouvimos:

"Taxou aqui/A gente taxa lá/É nessa toada/Que agora vou cantá...".

Eu e dona Flor entramos batendo palmas. Ao nos virem, o ambiente ficou mais do que legal.

"Seu Assis, o Lampa não é brinquedo não", disse de pé e entusiasmado o amigo poeta Zilidoro. 

"Antes que o senhor diga qualquer coisa, adianto que até o Fuinha e o Olavim se surpreenderam com o canto à viola de Lampa", disse Barrica.

Realmente, pra mim e Flor Maria foi de fato uma grande surpresa ver  o Lampa cantando e tocando a viola...

"E de im-pro-vi-so", atalhou o nosso surpreendente cantador dizendo que estava desenvolvendo um "mote" que ouviu de Lula na TV. Explicou: "O presidente estava com a gota serena, e a razão tinha ou tem a ver com o que Trump está ameaçando fazer com o Brasil, taxando tudo".

Canta mais um pouco Lampa. Estamos gostando. 

"...E cantando digo/Taxou aqui/A gente taxa lá/Frango, ovo e caqui".

"Caraca, esse Lampa é o cão", diz batendo palmas Zoião, seguido pelos demais botões".

Bom, até outro dia pessoal!

quarta-feira, 9 de julho de 2025

NÃO, "COMPANIA" NÃO!

Sei lá, mas eu fico diacho da vida quando ouço no rádio e TV repórteres, apresentadores e entrevistados engolindo provocativamente o "h" da palavra companhia. Um horror! 

Ouço a palavra companhia sendo violentada pela boca de meio mundo e meio.

Companhia é um substantivo feminino usado nas suas origens para identificar pessoas que se juntam ou andam juntas. Ou ainda: pessoas que se juntam para viver a vida. Exemplo: fulano de tal é companheiro de fulana de tal. Quer dizer: fulano é companheiro e faz companhia com fulana ou fulano.

Essa história toda meu amigo, minha amiga, tem tudo a ver com uma coisa: já não se lê tanto nesta vida. E isso não é legal. Legal e ideal seria que todo mundo tivesse o bom vício de ler, de contar histórias...

Ler é aprender brincando de viajar por todos os mundos reais ou não.

domingo, 6 de julho de 2025

O HERÓI É VIRA LATA

O final da tarde do dia 5 de julho deste ano da graça de 2025, friíssimo, findou com bom papo, palmas e inteligência pairando no ar na livraria Megafauna, que fica ali no Copan. Cá em Sampa.

O motivo disso tudo foi o lançamento do livro que conta a incrível história de um moço cujo nome foi trocado. 

Trocado por que, hein?

Não quero aqui entrar em detalhes na troca do nome do moço. Melhor é continuar seguindo a trilha da lenda: Vira Lata é o herói tupiniquim dos fracos e oprimidos, de oprimidas e fracas.

Vira Lata é um personagem justo, justiceiro, que de nada tem medo. 

Não tem medo, mas tem propósito de grande intensidade humana.

O personagem é na sua origem um ser que tem dificuldade em aceitar, e não aceita, a loucura corrupta e corruptíva que é a vida praticada pelos poderosos de plantão. 

A cara e toda compleição do personagem foram reveladas pelas pena mágica de Libero Malavoglia.

A raça masculina bate palmas para o Vira Lata.

A raça feminina, meu Deus!

Vira Lata é um cara resultante de muitos amores da mãe. Sem berço, foi criado na rua.

A rua foi a universidade do Vira Lata e essa universidade, prestem atenção, deu-lhe os conhecimentos necessários para salvar o mundo a que ele pertence: o mundo da violência e da injustiça. 

Pois bem meus amigos, minhas amigas, a noite de ontem 5 foi marcante. Lá na livraria do Copam, prédio idealizado e criado por Oscar Niemeyer, foi local em que tudo de bom aconteceu: o lançamento do livro O Vira Lata: A Origem. 

Reencontrei nesse lançamento histórico pessoas muito queridas como Yuri Garfunkel, autor da capa e ilustrações do livro aqui referido, junto com Líbero; Marcelo, cineasta que está preparando filme sobre os Demônios da Garoa, a quem a respeito já prestei depoimento; Jarbas Mariz, Dráuzio Varella...

Dráuzio é o autor do prefácio do livro O Vira Lata: A Origem. 

Meus amigos, minha gente boa, eu não disse, mas digo agora: o criador do Vira Lata e autor do livro é um cara genialíssimo chamado Paulo Garfunkel, para os mais próximos Magrão. 

O Vira Lata vai virar série ou mini série da TV Plim Plim. 

E tenho dito!

terça-feira, 1 de julho de 2025

O CEGO NA HISTÓRIA (5)


O Papa Francisco morreu aos 88 anos após suceder a Bento XVI. Esse Bento enfrentou problemas seriíssimos nos olhos, levando-o a perder a visão do olho esquerdo. 

Claro que os papas, grosso modo, são pessoas que gostam muito de ler. Francisco, ex-professor de literatura em Buenos Aires, chegou a dar entrevista dizendo que "Não podemos formar sacerdotes burros que nunca leram Dostoiévski".

Alguns escritores que enchiam de alegria Francisco eram, além do russo Fiódor Dostoiévski (1821-1881), os franceses Proust, Baudelaire, o britânico T.S Eliot e o argentino Jorge Luis Borges. Chegou até a ser amigo de Borges. Curiosidade: uma vez, o ainda Jorge Mario Bergoglio, foi num carro apanhar o escritor conterrâneo num hotel onde estava hospedado para uma palestra. Demorou-se. Ao voltar, o motorista perguntou o motivo da demora. Respondeu discretamente e baixinho que estava fazendo a barba do escritor, a pedido. 

Isso ocorreu em 1960, por ali, Borges já estava cego. 

Curiosidade por curiosidade, mais uma: Bento XVI era fã ardoroso do escritor italiano Dante Alighieri. O detalhe é que o autor do clássico A Divina Comédia chegou a ser condenado à morte numa fogueira. A sentença foi dada pela Igreja, mas ele escapou fugindo. 

Mais uma: Baudelaire, Charles Pierre Baudelaire (1821-1867), foi um moço revoltado desde sempre. Ficou órfão do pai aos 6 anos de idade. A mãe casou de novo para seu desgosto. Deu no pé de casa logo cedo. Antes, ainda adolescente, foi expulso por mau comportamento de um colégio interno. Seu pai tinha recursos, mas ele não ligou. Passou dificuldades em Paris. Bebia, fumava e enchia a cabeça de drogas e relacionava-se sexualmente com homens e mulheres, diz a história. É dele o livro Flores do Mal, publicado em 1857. Esse livro o levou a "ajustar contas" com a Justiça. 

Flores do Mal é cheio de tristeza, raiva, adultério e mais coisas outras que costumam habitar cérebros nervosos. 

Ah! Sim: o Papa Francisco escreveu e publicou vários livros. Um mês antes de partir, foi lançada sua última obra representada em Viva a Poesia.

Em 2024, Francisco levou a público uma carta ressaltando a importância da literatura na formação das pessoas. Um trecho:


"Com poucas exceções, a atenção à literatura é considerada como algo não essencial. A este respeito, gostaria de afirmar que tal perspectiva não é boa. Ela está na origem de uma forma de grave empobrecimento intelectual e espiritual dos futuros sacerdotes, que ficam assim privados de um acesso privilegiado, precisamente através da literatura, ao coração da cultura humana e, mais especificamente, ao coração do ser humano".


Baudelaire não era cego, pelo menos dos olhos. Era anarquista. Respeitava todos, quando todos o respeitavam. Na verdade, a sua visão era alargada além do natural. 

A Igreja teve pouquíssimos homens de Deus cegos e muitos e muitos com a visão ampla para tudo o que se conhece no tocante à putaria. Teve um que chegou a mandar pintar de ouro uma criança, para demonstrar que o seu papado seria rico em tudo. Seu nome: Leão X. Quanto à criança, morreu. 

Da linhagem "leonina", a Igreja pôs no posto de papa Leão XIII, que em fevereiro de 1888 recebeu com toda a naturalidade possível o brasileiro de Pernambuco Joaquim Nabuco (1849-1900).

Nabuco foi ao papa pedir apoio para a causa abolicionista. O papa atendeu o pedido publicando uma encíclica condenando a escravidão. O documento, no entanto, chegou após a Abolição assinada pela princesa Isabel. 

O mesmo Leão XIII abriria depois as portas e os braços para receber, em 1898, o padre cearense Cícero Romão Batista (1844-1934). No encontro, o Padim Ciço pediu pra si clemência por ter tido suas atividades religiosas suspensas pela Igreja, devido a denúncia de que forjara um milagre ao levar à boca da beata Maria Magdalena do Espírito Santo de Araújo (1862-1914) uma hóstia que desmanchou-se em sangue. 

O caso dessa beata virou tema musical do chamado rei da embolada Manezinho Araújo (1910-1993).

Bom, o padre Cícero morreu cego e surdo. 

Parece brincadeira dizer que houve conversões entre os mandatários da Igreja. 

Num ano qualquer do tempo antigo ou logo depois, um cara chamado Saulo andou correndo numa via de Damasco doido para prender seguidores do catolicismo. 

Um passo ali, outro acolá, Saulo foi surpreendido por uma voz tonitruante vinda das nuvens que lhe perguntava por que estava a perseguir pessoas de quem não gostava. No caso, cristãos. 

Ao ouvir o que ouviu, inexplicavelmente, logo ficou cego. 

A cegueira durou três dias. 

Quando voltou a ver, virou o mais dedicado cristão de que se tem notícia. 

Entre maio a junho de 1883, Machado de Assis publicou na Gazeta de Notícias o conto O Caminho de Damasco. 

domingo, 29 de junho de 2025

CADÊ A BOA MÚSICA NO RÁDIO?

Cá pra nós e todo mundo de bom gosto, que pensa e opina: o que é que está ocorrendo nas ondas hertzianas, hein?

Uma vez o mago das antenas, Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto), disse que a televisão é uma caixinha de fazer doido. Isso porque o que se via e ainda se vê é banalidade dia e noite.

O rádio, agora que acabou o AM, está piorando numa velocidade atroz. É notícia de crime, de corrupção e tudo o mais pensável e impensável que sai se multiplicando pelas ondas de Hertz. 

Além de uma programação praticamente una, o rádio bota pra frente muita bobagem, sem falar que boa parte dessas bobagens é escrita numa linguagem quase ininteligível, principalmente, quando a notícia vem do estrangeiro. 

E os erros de dicção e pronúncia frequentes, hein?

Tremo quando ouço, e ouço muito, repórteres e apresentadores transfigurando palavras. 

Fora tudo isso, a música que se ouve é música de baixo nível. 

Boa música ainda se ouve na rádio Cultura e rádio USP. Nessas ainda podemos ouvir o erudito e o popular. 

Hoje 29 é dia de São Pedro e de São Paulo. 

São Pedro foi, dentre os apóstolos, o mais próximo camarada de Jesus. Morreu crucificado de cabeça pra baixo, por determinação do incendiário Nero. 

Morto de modo violento também foi São Paulo. O mandante de tal crime foi o mesmo Nero, que mandava e desmandava nas velhas terras de Roma. 

Não ouvi neste mês, nem no rádio e nem na TV, nenhuma música inteira do amplo e rico repertório junino. 

Há algum tempo fui convidado para apresentar um programa semanal na rádio Cultura de São Paulo. Na última hora me bloquearam e o programa se quer chegou a estrear, embora já pronto para ir só ar num 24 de junho, pouco antes da pandemia da Covid-19. Confira procurando Raízes do Brasil no YouTube. 

quarta-feira, 25 de junho de 2025

O CEGO NA HISTÓRIA (4)


"O cego que conhece a sua cegueira não é de todo cego porque, quando menos, vê o que lhe falta: o último extremo da cegueira é padecê-la e não a conhecer". (Padre Antonio Vieira)


Padre Antonio Vieira (1608-1697) nasceu em Lisboa e veio para o Brasil com os pais e irmãos quando tinha 7 anos de idade. Começou os estudos em Salvador, BA. Após ordenar-se, voltou a Portugal uma ou duas vezes. Numa dessas vezes como exilado, pois fora expulso pelos poderosos do Maranhão. 

A inteligência e brilho de Vieira encantavam plateias. Falava e escrevia com rara facilidade em pelo menos sete línguas, aprendidas entre os originários desta nossa boa terra. 

Ficaram famosos os seus mais de 200 sermões. 

Deixou muitos outros escritos de cunho analítico, incluindo cerca de 700 cartas. 

A citação que abre este texto foi extraída do livro Sermões, volume IV. A propósito, o padre chegou a mergulhar fundo nas questões que tanto afligem pessoas portadoras de mazelas gerais, incluindo a cegueira. Ele:

"O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia e um morto que vive".

A Igreja é historicamente uma das mais poderosas organizações do mundo. São milhares e milhares de padres, bispos e arcebispos, cardeais e milhões de seguidores mundo afora. 

Historicamente, não custa lembrar, que a Igreja tem um passado lamentável, recheado de tudo quanto é denúncia de maus feitos. 

São raríssimos os representantes da Igreja que cegos oficializam missas. 

Tiago Varanda foi o primeiro cego português a se ordenar padre, em julho de 2019. Ficou cego aos 16 anos, vitimado por glaucoma. Chegou a pensar que seria preterido no Seminário. Mas enganou-se. Hoje ele oficia a missa lendo em Braille. 

O primeiro sacerdote cristão cego do Brasil foi Francisco Ferreira de Azevedo (1765-1854). Nasceu na Bahia e encantou-se em Goiás. Entrou para a história como o Bispo Cego. 

A Igreja por si só tem acumulado pecados desde tempos os mais remotos. 

Pela Igreja, incluindo a sede no Vaticano, religiosos profanaram a memória divina roubando, matando, estuprando e tudo mais impensável pela inteligência comum. 

Houve cardeais e papas que abusaram dos cargos investidos. 

No correr dos tempos, vieram à tona horrores praticados por muitos e muitos "representantes" de Deus na Terra. 

Teve um até que foi pai 12 vezes. Outros que tiveram várias amantes e também, entre os 266 papas, que montados em robustos e briosos cavalos provocaram perseguições e morticínios à frente das temíveis cruzadas. 

Sem falar num moleque de 18 ou 20 anos transformado em papa por interesse dos papagranas daqueles tempos d'antanho. 

Pois é, tempos aqueles malucos da Idade Média. 

A cadeira de papa também foi ocupada por homens que seguiram à risca o que reza a Santa Igreja. 

O papa italiano Clemente XII (1730-1740), na pia batismal recebeu o nome de Lorenzo Corsini. Morreu aos 87 anos. Seis anos antes, ficou cego. Marcou época pelas boas coisas que fez. Entre essas, a investigação do desvio de muita grana dos cofres do Vaticano à época do papa que o antecedeu, Bento XIII. 

quinta-feira, 19 de junho de 2025

VIVA CHICO, VIVA ANDERSON!

Anderson Gonzaga é um paulistano, filho de seu Luís e de dona Elza. De profissão, Anderson é professor de educação física. Ministra numa academia do bairro de Santa Cecília. 

Chico Buarque é o que todo mundo e mundo e meio sabem: mestre inigualável da música popular brasileira, com cerca de 600 títulos gravados e vários livros publicados. 

A alegria de Anderson é ver seus alunos de bem com a vida. 

A alegria de Chico é fazer o mundo pensar com alegria de viver, por isso compôs e continua compondo belíssimas músicas enaltecendo a vida com naturalidade e, por que não dizer, complexidade. 

O compositor, instrumentista e cantor Chico Buarque de Holanda nasceu no Rio de Janeiro, RJ, no dia 19 de junho de 1944. 

Quando Anderson nasceu, no dia 19 de junho de 1984, a democracia ensaiava passos para se firmar na nossa queridíssima terra brasileira. 

Quando Chico nasceu, Hitler ainda assustava o mundo com loucuras infernais.

O que há em comum entre Anderson Gonzaga e Chico Buarque, além de serem bons cidadãos que desejam um mundo livre e saudável para todos?

Bom, parabéns aos dois aqui lembrados. 

ENTREVISTA

Foi num ano qualquer dos 70 ou 80, que conheci e entrevistei Chico Buarque. Foi um papo bom, regado a bom whisky. 



POSTAGENS MAIS VISTAS