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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

LULA DÁ NÓ EM PINGO D´ÁGUA

Lendo O Que Sei de Lula, lembrei de uma passagem que tive como repórter da Folha com o personagem principal do novo livro de José Nêumanne.
Foi na madrugada da intervenção federal do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, ali nos fins dos 70.
Esperávamos o interventor, que enquanto não chegava jogávamos conversa fora em torno de uma mesa sentados e de pernas cruzadas, com Lula e Ricardo Kotscho que um dia assumiria a Secretaria de Imprensa da Presidência da República. Quando, enfim, o interventor apresentou-se, brinquei com Lula cantarolando um trecho de música de Roberto Carlos:
- O show já terminou...
Com olhar fulminante, irritado, ele reagiu com a rapidez de um raio:
- Show, que show? Aqui não tem show nenhum!
Logo depois, diria em entrevista que iria abandonar a liderança sindical.
Lembro isso para dizer que o personagem que dá título ao livro de Nêumanne não é sopa e nunca esteve pra brincadeira. E tal camaleão acuado, sai-se bem de qualquer parada, sempre.
Amigo de Deus e do Diabo, Lula aprendeu tudo o que sabe na escola da vida.
É um ás da política, capaz de dá nó em pingo d´água até em figurões já varridos pela morte da cena política nacional, como o general Golbery do Couto e Silva.
Um dia o general, diz a lenda, sonhou ter em Lula um aliado.
Lula, que faz da política um jogo de xadrez mortal, riu quando o general partiu.
O Que Sei de Lula é um livro bem-feito, bem escrito. Poderia ser confundido com um romance policial se não tivesse o título que tem, tamanha a quantidade de personagens inescrupulosas, inclusive, que se movimentam serelepes no virar de cada página.
É um enredo e tanto!
Dá filme.

domingo, 15 de janeiro de 2012

A FORÇA POÉTICA DE FERNANDO COELHO

Começo de ano é começo de tudo, também de pôr em dia leituras atrasadas.
É o que estou fazendo.
Nas mãos, a última página de Balada de Itapoã, novo livro do poeta baiano Fernando Coelho, jornalista fora da roda de engolir gente e sonhos, agora se dedicando à cata de pérolas que sua sensibilidade maiúscula não guarda pra si.
Essa balada é salutar; é obra boa de ler num fôlego a partir, mesmo, da dedicatória que lembra que “nossa história passa pela força do Nordeste”.
Aliás, o talento poético de Fernando Coelho é força de leão macho e de mil tempestades juntas.
Aparentemente sem nenhum esforço, ele dá cabo de seus propósitos ao extrair poesia até nas formas ocas e simples em que a vida se esconde.
Nessa sua poética, Fernando continua a brincar com palavras, fazendo jogo com elas.
O pretexto, aqui, é pedir o “de comer” a Iaiá para não passar fome na viagem que nos leva à Itapoã, sua "Bíblia do mar".
Ele quer marisco, quer caranguejo, quer arraia e sereia negra.
E quer mais, muito mais que o poeta não é bobo.
E taliquá cantador debaixo da aba de céu estrelado, o o cantor de Itapoã roga atenção dos habitantes encantados do mar, para se proteger.
Não dá, pois, para ficar indiferente aos versos de Fernando Coelho.
É tudo bonito o que ele põe nas páginas dos livros.
Leiam-no!

sábado, 14 de janeiro de 2012

SERRA DE NOVO PREFEITO? É PIADA

Ler que há gente – aliados – que querem, segundo o noticiário de hoje, que o ex-tudo e qualquer coisa José Serra volte a disputar a Prefeitura paulistana, é, no mínimo, um desvario.
Meu Deus!
Serra é algo chamado nada.
O PSDB, partido ao qual pertence, também.
Muro.
O partido do Serra é muro sempre, sem opinião construtiva.
Acabei de ler o livro A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr.
É um livro que todo mundo deve ler.
Não conheço pessoalmente o autor.
Mas um cara com o currículo desse Amaury, autor do livro agora necessariamente polêmico, não iria, com certeza, pôr no pescoço uma corda pra se matar.
Recomendo: leiam A Privataria Tucana.
Ante tudo que é dito nesse livro, o personagem Maluf, odiento e lamentável sob todos os aspectos, é fichinha.
Sem dúvida, o lobo não é Lula.
Amaury Ribeiro Jr., com esse livro, fez sua parte.
Claro, contra ele vão surgir muitos processos do PSDB.
Vão dizer que ele é mentiroso. E, pior: petista.
Parabéns, Amaury.
Seu livro é nota dez!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

EUGÊNIO LEANDRO CANTA HISTÓRIAS

O Brasil realmente é um país rico, em tudo.
Há muitos anos, o pintor Miguel dos Santos me surpreendeu adquirindo piano para tocar valsas e sonatas.
Depois, o mesmo Miguel voltou a me surpreender publicando um livro de poesias.
O Miguel de quem falo é uma espécie de Picasso melhorado, nascido em Caruaru, PE, e vivido na capital paraibana, João Pessoa.
É um criador e tanto, o Miguel; e um ser sempre bom e bem-humorado.
Agora quem me surpreende é o cantor e compositor cearense Eugênio Leandro, de quem acabo de receber, via Correio, um belíssimo livro que recomendo: A Noite dos Manequins (Expressão Gráfica Editora; Fortaleza, CE).
O livro, Prêmio Moreira Campos de Conto 2011, traz pérolas bem-acabadas como a que lhe dá título.
Gostei muito da história O Mar é Grande, Vincenta!, que começa na página 29 e termina na 37.
É historinha de um cantador de viola desgarrado e uma professorinha do interior sonhadora.
Ele, dono do mundo.
Ela, querendo ser dona do mundo dele.
Não daria certo.
E tudo acaba nos conformes.
O conto da página 81 que vai até à 90, também é bonito, singelo.
O personagem central é Aluizio, delegado de um povoado sem graça distante horas e horas de Fortaleza, cidade onde vive a paixão do delegado, sua noiva Izabele.
Ele pensa nela o tempo todo, inclusive na sexta-feira de lua que tirou pra comer no bar de Donanja.
O dr. Aluizio é ciumento, o que acontecerá ao fim do conto, hein?
Parabéns, Eugênio Leandro!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

MARIA DO CAPITÃO É LIVRO BONITO

Merece destaque em qualquer estante o livro Bonita Maria do Capitão, assinado por Vera Ferreira e Germana Gonçalves de Araújo e chancelado pela editora da Universidade do Estado da Bahia. O livro, ricamente ilustrado, conta a trajetória da Maria que morreu abraçada com seu amado capitão Virgulino ao raiar do dia 28 de julho de 1938, nas quebradas de Aracaju.
Ela tinha 27 anos quando a fatalidade lhe bateu à porta.
Ele, quase 40.
A noite de lançamento da obra foi ontem na Livraria da Vila, unidade de Pinheiros.
Concorridíssima.
Lá estiveram alguns cangaceiros das letras, como José Nêumanne e Ruy Gandra, que eu não via há muito.
Abrilhantando o evento, Antônio Amaury, principal biógrafo do Cangaço, chamou a atenção de muita gente.
Amaury pesquisa e estuda o movimento cangaceiro do Nordeste há 62 anos.
Na prática, pois, tem dedicado a sua vida à compreensão do fenômeno que teve na pessoa do capitão Virgulino o símbolo maior.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

HISTÓRIA E BELLE ÉPOQUE

Tenho andado fora do ar, como uns e outros devem ter notado.
Pulei fora do Natal, pulei fora do tal ano novo.
Festividades que a mim nada me dizem.
Tibunguei no mar torto do sul da Bahia para trazer de volta a esperança de viver.
Tomei umas, claro, e apreciei o vento bater no peito.
O céu do Sul baiano tem coisas que nunca vi em lugar nenhum. Exemplo é que o tempo de repente se fecha, com nuvens pesadas e tudo, e umas canequinhas de chuva sem mais nem menos parece cair do nada para refrescar corpos.
Achei muito interessante.
Um sol danado e, de repente, um chuá em pingos.
Beleza.
Também aproveitei pra ler.
Um dos livros foi sobre a belle époque paulista, melhor: sobre a cidade de Franca, chamado Modernização Urbana na Belle Époque Paulista, de Fransérgio Follis, resultado de dissertação de mestrado para a Faculdade de História, Direito e Serviço Social da Unesp.
Se mais mestrandos fizessem o que Follis fez, certamente outro Brasil viria à tona. Para isso, e pra começo de conversa, bastaria um mergulho nos anais das câmaras municipais e bibliotecas públicas.
Fica a dica.

domingo, 18 de dezembro de 2011

DIA DE MORTE ONTEM NO BRASIL, DE BAILE HOJE NO JAPÃO

Ontem o dia foi de morte, pois partiram para longe, numa viagem sem fim, o ator que sabia tudo de teatro no Brasil, Sérgio Britto; o carnavalesco que sabia tudo de carnaval no Brasil, Joãozinho Trinta; e uma das cantoras que cantavam a vida como poucas na nossa língua, Cesária Évora.
De certa forma, hoje também o dia foi de morte: o “Peixe” morreu afogado, suicidado. E todo mundo viu essa tragédia a partir das 8h30, horário de Brasília. Foi um baile, um chamamento à morte como o fazem as sereias.
Mas poderia ter sido pior o suicídio para quem viu. Por essa ótica, o resultado de 4 x 0 bastou.
Por que isso?
Porque ao invés de jogar, a equipe do Santos estranhamente optou por reverenciar o time de Messi.
Apenas isso, e por isso perdeu o título que poderia ter disputado pau a pau, de campeão de Mundial de Clubes.
Bom, fica para o Corinthians ano que vem.

DO BAÚ
Procurando nos meus arquivos um registro fotográfico de entrevista que fiz há anos com os craques paulistanos da nossa literatura Marcos Rey e Lourenço Diaféria, para o programa Gente e Coisas do Nordeste que apresentei na extinta Rádio Atual, achei uma foto (acima) em que me revejo magro e metido a besta ao lado do querido amigo Paulo Vanzolini, e mais à frente, todo de branco da paz, incluindo o sorriso, o poeta brasileiro nascido no Egito Peter Alouche, autor de uma das mais belas letras sobre a cidade de São Paulo, que republico abaixo.
Antes, um doce para quem adivinhar o nome dos outros personagens que aparecem na foto.

Vim de terras bem longínquas
Abrigar-me no teu calor;
Fugi da fome de solos áridos
Fugi de guerras de almas secas;
Vim da Sicília, vim do Japão,
Sou português, sou catalão,
Sou libanês, perdi meu chão,
Não tenho pátria, sou judeu errante,
Vim procurar paz, lar e pão.
Sou branco, sou negro, sou oriental,
Sou nordestino do sertão
Deixei a casa onde eu nasci,
Ah! Que saudades do Cariri!
Vim descobrir minha esperança
Ao te pedir chão e trabalho;
Com muita lágrima e suor,
Fui perseguir teu futuro,
Edifiquei tua riqueza,
Tornei-te forte e poderosa,
A mais altiva da nação.
São Paulo, São Paulo de todos nós
Ao te ver de braços abertos,
Te adotei no coração.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

LUIZ GONZAGA NÃO MORREU

Caso ainda estivesse entre nós de corpo e alma, o que seria muito bom, Luiz Gonzaga rei do baião estaria completando hoje 99 anos de idade.
A sua extensa obra já gerou quase uma trintena de livros e centenas de folhetos de cordel e músicas  umas 500 em sua homenagem, compostas e gravadas pelos mais importantes artistas do País, como Chico Buarque.
A propósito, vocês já ouviram o novo disco do Chico?.
Ouçam também a última edição do programa Vira e Mexe, apresentado por Paulo Rosa na Rádio USP.
Gonzaga não morreu.
Exemplo disso é o belo poema elaborados aos moldes dos cordelistas que está sendo lançado agora pelo pernambucano de Araripina Cacá Lopes, Vida e Obra de Gonzagão - O Mais Completo Cordel Ilustrado Sobre Luiz Gonzaga (capa ao lado), para o qual escrevi o texto de contracapa que segue abaixo:
O mundo do repentismo, isto é, da improvisação poética ao som de violas, é recheado de modalidades, ao contrário, por assim dizer, do mundo do cordelismo, que é basicamente habitado por sextilhas, setilhas e décimas. Desse mundo, porém, grandes nomes se sobressaíram e se eternizaram no Brasil a partir dos últimos anos do século 19, como Silvino Pirauá, Leandro Gomes de Barros, João Martins de Athayde, João Melchíades, Firmino Teixeira do Amaral, Francisco das Chagas Batista, José Camelo Rezende e o mais biografado deles: Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré, que alcançou o tempo da televisão e da internet.
Depois desses, muitos outros têm surgido espontaneamente ou através de concursos como os realizados em São Paulo em 2002 e 2003, que trouxeram à tona nomes em gestação, pouco conhecidos, mas de grande talento, como Pedro Costa, Rouxinol do Rinaré e Varneci do Nascimento.
Esses concursos renderam 410 mil folhetos, que foram distribuídos gratuitamente na rede estadual de ensino.
Da nova geração, há muitos outros nomes já firmados no mercado, como os irmãos Klévisson e Arievaldo Viana, Allan Sales, Moreira de Acopiara, Cícero Pedro de Assis e Marco Haurélio, além dos profissionais que fazem cordel e música ao mesmo tempo, como Chico Salles, Costa Senna e Cacá Lopes.
Cacá passou cerca de dez anos gerando as quase 400 estrofes deste livro, que recomendo a todos que gostam de leitura versificada, feita com categoria e sensibilidade.
Vida e Obra de Gonzagão, O Mais Completo Cordel Sobre Luiz Gonzaga é diferente dos outros que contam a história do Rei do Baião por ser todo escrito em estrofes de seis versos.
Até agora, ninguém havia se dedicado a desenvolver tal façanha.
Por isso, mas não só por isso, o autor está de parabéns.
À leitura!

PS- O livro está sendo lançado pela Ensinamento Editora. Contato: poeta@cacalopes.com.br

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

BONI, JORGE MELLO E MÁRIO LAGO


Fila interminável ontem à noite na Livraria Cultura, ali na Paulista.
O assunto era Boni, que estava autografando livro sobre a sua história – e da Globo.
Encontrei um monte de amigos e conhecidos.
Lá estavam Júlio Medaglia, Solano Ribeiro, Tarcísio Meira, Lima Duarte, Marília Gabriela e tantos.
Como a fila não terminava nunca, só aumentava, dei meia volta e cá estou, desde então.
Eu queria saber de Boni que fim levou o tape do Festival da Canção que registrou o alvoroço provocado por Geraldo Vandré (foto) na madrugada de 29 de setembro de 1968, no ginásio do Maracanãzinho, ao ficar em 2º lugar na disputa com Sabiá, de Chico e Tom.
O que eu queria saber, o amigo Darlan Ferreira também queria. E sem meias palavras, perguntou. Rindo, Boni disse que também tem curiosidade de saber o paradeiro do tape.
Ao saber disso, Vandré, que deseja também ver o tape, ficou pasmo, sem acreditar.
A busca continua.

JORGE MELLO
Outro dia eu trouxe de Paris um CD com várias músicas de autores brasileiros, e de intérpretes. Entre os quais, o piauiense de Piripiri Jorge Mello. Ele achou curioso e não deu muita bola, pois dissse que havia no Rio um artista homônimo. Hoje, porém, por acaso pôs o disco para ouvir e, surpresa! Era ele mesmo cnatando, só que a música Se Acaso Você Chegasse, de Felisberto Martins e Lupicinio Rodrigues, estava com título diferente: Se Caso Você Não Chegasse, assim mesmo. Pois, coisas da vida.

MÁRIO LAGO
No evento comemorativo aos 100 anos de Mário Lago, realizado no dia 26 do mês passado, no Rio, uma pessoa querida da família do ator foi vítima da emoção, desmaiou e morreu. Pois é, coisas da vida.

domingo, 4 de dezembro de 2011

CORINTHIANS, PENTACAMPEONATO
Hoje 4, 12 de 11
Uma data inesquecível
Que existiu para provar
Que o Timão é imbatível
Jogando contra quem for
Jogará de modo incrível

E hoje no Pacaembu
Desembaraçado e pimpão
Respeitou o adversário
Faturou mais um jogão
Que dedicou ao Dr. Sócrates
Grande mestre da emoção

Torcedores estão felizes
Por vibrar com o Timão
A equipe do grande Parque
Que vive na contramão
Provocando rebuliço
Na mente e no coração

Mas Coringa é Coringa
Aqui e em todo lugar
Por ser ele o time que é
Um motivo pra se amar
A torcida fica feliz
Sem ter o que reclamar

O DR. SÓCRATES FOI JOGAR NO CÉU


O Dr. Sócrates cansou desta vidinha besta, pegou o chapéu e partiu. Antes, deu ao povo alegria e provocou polêmica de todo tipo.
Ora, ora, onde já se viu um jogador de futebol ter cabeça pra pensar, e acima de tudo de modo próprio e sem ninguém mandar, hein?
Pois isso ele fez, e fez com a categoria que lhe foi peculiar no correr de meio século.
Ele foi o artífice da idéia que gerou a Democracia corintiana, lembra?
Também brigou pelas eleições Diretas, subindo em palanques e dizendo o que pensava.
Ciente dos diretos e deveres do cidadão, Sócrates era um ser e tanto!
Algumas vezes nos encontramos para prosas em torno de música, futebol e literatura.
Isso mesmo, literatura.
Ele gostava dedilhar violão, cantar, ler e escrever.
Chegou a gravar um LP (capa, acima) interpretando músicas que lhe marcaram a vida.
Ele levava a vida numa boa, sem traumas ou dramas.
Era resolvido.
Uma vez me surpreendeu declamando poesias suas e do português Fernando Pessoa.
Guardo comigo algumas dessas declamações que gravei em fita-cassete, e também alguns textos poéticos de sua lavra, escritos à própria mão.
Cheguei a publicar algo a respeito em jornais e revistas.
No D. O. Leitura, por exemplo, extinto suplemento cultural do Diário Oficial do Estado de São Paulo, dei até capa desenhada pela pena brilhante de Ionaldo Cavalcanti, com quem ele deverá se encontrar daqui a pouco prum porre, no céu.
Eu estou triste com sua partida, logo hoje quando o Corinthians se sagrará pentacampeão do Brasileirão.
Vários artistas cantaram Sócrates.
A letra abaixo, Sócrates Brasileiro, de Zé Wisnik, coube a Ná Ozzette gravar em 1988.

Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira
Deu um pique filosófico ao nosso futebol
O sol caiu sobre a grama e se partiu
Em cacos de cristais
As cores vestiram os nomes
E fez-se a luta entre os homens
Até os apitos finais
(Disseram os deuses imortais)
A história não esquece que a bola
Se negou, mas chorou nosso gol
E vai se lembrar para sempre
Da beleza que nada derrotou
Mas quem será que diz que venceu
No país em que o ouro se ganhou e perdeu
(Derreteu)
O futebol é a quadratura do circo
É o biscoito fino que fabrico
É o pão e o rito o gozo o grito o gol
Salve aquele que desempenhou
E entre a anemia a esperança
A loteria e o leite das crianças se jogou
Com destino e elegância dançarino pensador
Sócio da filosofia da cerveja e do suor
Ao tocar de calcanhar o nosso fraco a nossa dor
Viu um lance no vazio herói civilizador
(O Doutor).

sábado, 3 de dezembro de 2011

LEITE MATOU CARLOS PARANÁ, HÁ 41 ANOS

Eu não conheci o compositor paranaense Luiz Carlos Paraná, morto no Hospital Oswaldo Cruz em São Paulo num dia e mês como os de hoje, 3 de dezembro, há 41 anos.
Quem sempre me falou a seu respeito, e muito bem, foi o autor de Ronda e Volta por Cima Paulo Vanzolini, seu amigo e parceiro no Jogral dos movimentados anos de 1960 e 70.
O Jogral, que teve endereço ali na Galeria Metrópole, no centro de Sampa, marcou época.
Lá Vanzolini chegava a fazer vezes de garçom e, entre uma prosa e outra, bebericava, sem culpa, com um ou outro frequentador.
Também ora ou outra arriscava cantar, contar causos e declamar antes de se "apresentar" à seleta platéia no melhor estilo dos cantadores repentistas do Nordeste, em sextilha:

Eu sou Paulo Vanzolin
Animal de muita fama
Que tanto corre no seco
Como na varge de lama
Mas quando o marido chega
Corre pra baixo da cama

O Jogral foi um lugar one se podia beber e ouvir música de qualidade.
Era frequentado por intelectuais e artistas do naipe de Martinho da Vila, Luiz Gonzaga, Ismael Silva e o bom Manezinho da Flata, sobrinho de Pixinguinha. .
Lá Paraná também cantava, tocava e servia a todos com sorrisos de paz e alegria.
Ele era o dono do ambente, como Paulo.
A obra de Paraná é pequena no tamanho, mas não no requinte e grandeza.
De Paulo, Paraná gravou alguma coisa como Capoeira do Arnaldo.
De Paraná muitos gravaram, entre os quais Adauto Santos, Cascatinha e Inhana e Roberto Carlos, que defendeu Maria Carnaval e Cinzas no III Festival de MPB em outubro de 1967, classificando-a em 5° lugar, para insatisfação de muitos.
Naquele tempo e naquele templo, tudo era festa.
Luiz Carlos Paraná nasceu em 1932 e morreu, de cirrose, em 1970, sem nunca ter ingerido uma gota sequer de álcool.
Só leite, pode?
Por isso, acho que leite faz mal.
O Paulo também, que foi radical e parou de compor desde o fim de Paraná, embora contnui tomando umas e outras em sua homenagem.
Inezita, que dizem andar meio adoentada nos seus 86 anos, concorda também.
Outro dia, ela me disse que vai trocar de médico.
A razão, explicou:
- Ele está com a idéia de me tirar do paladar o gostinho do bom vinho.
E caiu na risada.
Ah! Esses médicos de hoje!

RESTAURANTE ENVENENA SÓCRATES


Pena: mais uma vez Sócrates (na foto aí ao lado comigo, nos tempos de democracia corintiana) volta ao hospital Einstein para tratamento. Foi quinta à noite, em estado grave. E mais grave: vítima de intoxicação após almoço num restaurante de São Paulo, ao lado da mulher, Kátia, e de um amigo.
A mulher e o amigo também passaram mal, segundo Juca Kfouri no seu blog posto há pouco no ar.
Outros absurdos, como esse do envenenamento do cidadão Sócrates num restaurante de Sampa, leio no espaço livre da Internet.
Dizem que ele está com problemas de saúde porque bebe etc. e tal.
Ora, pro inferno tais falas!
Cada um cuida de si como acha, pode e deve.
A Sócrates o que é de Sócrates, inclusive o direito de viver - e morrer - como quer.
Que restaurante é esse, hein, Juca?

MÁRIO LAGO
Atendendo a convite do agitador cultural da Benedito Calixto, Edson Lima, falei ontem à noite na Biblioteca Alceu de Amoroso Lima sobre outro grande brasileiro: Mário Lago, jornalista, advogado, ator, poeta, escritor, o escambal. Mário foi um cidadão que acreditou enormemente na vida e no ser humano. Queria um Brasil melhor e viver 100 anos. Ele deixou nas suas ações a beleza de viver, ao participar de tudo que indicasse o caminho do bem-estar coletivo, independentemente de raça, cor e religião. Em todos os momentos ele procurava dar cor à vida, até na prisão por onde várias vezes passou acusado de ser comunista. Sim, Mário Lago foi um dos maiores revolucionáros brasileiros do século XX. Deixou saudades e uma extensa e bela obra. Viva Mário!   

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O BRASILEIRO QUE ACOMPANHOU GARDEL, EM PARIS


Já estamos às vésperas de novo ano e até agora ninguém se deu à tarefa de sequer lembrar os dez anos do desaparecimento do mais importante sanfoneiro-compositor do Brasil, o mineiro de Uberaba Antenógenes Silva.
Professor informal de Luiz Gonzaga nos tempos de vaca magra, Antenógenes construiu ao longo de seus de 70 anos de carreira, oficialmente iniciada com a gravação de dois discos de 78 RPM, em 1929, uma das mais completas e belas discografias da música brasileira.
Seus primeiros dois discos traziam o choro Gostei de tua Caída e a valsa Norma; o maxixe Saudade de Uberaba e a valsa Feliz de quem Ama, de sua autoria e gravadas num mesmo dia: 4 de novembro.
As gravações de Antenógenes em discos de 78 RPM somam exatos 150, duas dezenas e pouco mais do que conseguiu gravar o Rei do Baião, que curiosamente iniciou a carreira com dois discos gravados num dia - 14 de março -, na mesma gravadora de Antenógenes, a Victor, em 1941.
Cerca de cinco anos antes de partir, no dia 9 de março de 2001, Antenógenes me deu entrevista na qual revelou, com emoção, ter sido o único sul-americano a se apresentar com o rei do tango Carlos Gardel, em Paris, na condição de acordeonista.
Não custa lembrar que nos fins dos anos de 1950, Antenógenes, depois de ganhar o 1º lugar num festival de música internacional, na Alemanha, foi considerado o mais importante acordeonista do mundo.
Antes disso, ele participou de filmes e gravou em discos de Katherine Dunhan e da portuguesinha Carmen Miranda, nos Estados Unidos e Europa.
Acho que foi nessa mesma entrevista que ele contou ter sido afinador de sanfonas de Luiz Gonzaga, quando Gonzaga já era chamado de rei do baião.
A obra de Antenógenes bem que merece bons lugares nas lojas de discos, não é mesmo?

AUDÁLIO DANTAS
- Logo mais às 20 horas, o tranqüilo e sempre craque do jornalismo Audálio Dantas (acima, sem chapéu), nordestino bom da cepa, filho e guerreiro do reino encantado de Tanque D´Arca, no coração das Alagoas, se apresentará no auditório do Itaú Cultural para contar um pouco da sua longa história. Dessa maneira, ele atende a pauta do programa Jogo de Ideias, Série Repórter, da TV Itaú. Entrada franca. Vamos lá?

terça-feira, 29 de novembro de 2011

UMA IMENSA CRACOLÂNDIA?

Leio que o crescimento do consumo e do Produto Interno Bruto, PIB, que mede o enriquecimento do País, tem feito milionários 19 brasileiros todos os dias, desde 2007.
A notícia está nas páginas da última edição da revista Forbes, norte-americana.
É a partir dessa revista que o mundo fica sabendo quem é mais rico e quem deixa de ser menos rico, no correr de cada ano.
De acordo com ela, o Brasil já tem 30 bilionários e 137 mil milionários; cerca de 70% deles – e da riqueza nacional – concentrados no Rio e em São Paulo.
E nós, pobres, temos o que a ver com isso?
Bem, o Brasil cresce de um lado e empobrece do outro.
A pobreza maior, porém, se acha nas áreas da educação e da civilidade.
Anteontem 40 pessoas, segundo jornais de hoje, lincharam um cidadão pacato, trabalhador, após passar mal ao volante de um ônibus e atingir três carros e três motos, ferindo um rapaz sem gravidade, na Rua Torres Florêncio e Rielli, na zona Leste de Sampa.
A gravidade ficou com ele, que morreu, deixando uma viúva e quatro filhos.
Ninguém foi preso.
Triste, fim.
Sim, triste como a multidão de drogados que se espalha que nem fogo em palheiro pelos quadrantes da cidade, sem que o prefeito nada faça.
Um lenitivo?
O deputado Itamar Borges, do PMDB, informa que o governador Geraldo Alckmin, do PSDB, e a presidente Dilma Roussef, do PT, estão preocupados com o que ocorre na chamada Cracolândia.
Ontem à noite houve uma reunião no Palácio dos Bandeirantes, com a presença do próprio Itamar, para tratar da questão.
Enquanto há vida há esperança, não é?
Aguardemos.

domingo, 27 de novembro de 2011

PERGUNTO AOS CORINTHIANOS: TEM OU NÃO TE MACUMBA?

De fato, não há no mundo time igual ao Corinthians paulistano.
Desde que surgiu, em setembro de 1910, tem mexido a cabeça e coração de seus seguidores, milhões, porque é no seu fazer diário uma espécie de religião.
Lembro como sofria o meu amigo Lourenço Diaféria!
Lourenço escreveu um belíssimo livro sobre o Timão, vocês conhecem?
O Timão tinha tudo pra levar o título de campeão hoje contra o Figueirense, evitando – acho –o embate desnecessário do próximo domingo contra Vasco, para alegria de outro amigo e conterrâneo, Moacir Japiassu, criador do provocativo Janistraquis, vocês se lembram?
O Coringão fez o que tinha de fazer, ou seja: um gol de placa, diga-se, do Liedson, de cabeça, do presente que recebido de Alex, que cruzou da esquerda para a direita e... Pimba!
Mas como eu dizia, não há no mundo um time como o Timão.
É dor de cabeça, de coração e tudo o mais que ele nos dá todos os dias; mas também alegria, é claro.
Tem macumba, não tem macumba ou o que tem o Corinthians?
O torcedor Guilherme Silva compôs, em 1977, a marcha carnavalesca Tem Macumba no Timão, que Luiz Rosadinha gravou para Discos Itapuã.
O mesmo Silva, e no mesmo ano, compôs o samba Sem Macumba no Timão, para Tony Sampaio gravar num compacto simples para o mesmo selo Itapuã.
A questão é: tem ou não tem macumba no timão?
O cordelista baiano Maxado Nordestino escreveu, nos anos de 1970, dois folhetos.
Um deles, o Sapo que Desgraça o Corinthians, que irritou a torcida; e outro, Corinthians não é mais Aquele do Sapo Cururu, que o redimiu perante a mesma torcida.
O problema é que o Corinthians é o que é, ou seja, único: com ou sem macumba, com ou sem sapo cururu a lhe infernizar a vida e a vida da sua “nação”.
Domingo que vem mais surpresas nos espera.
Não foi assim, no ano do centenário?
Uns versos?

Tem ou não tem macumba
No time do nosso coração?
Tem sim e não tem macumba
No chamado grande Timão
Ele é o maior e sempre será
No campeonato Brasileirão

Mais uns?

O Corinthians ganhou hoje
Mais um jogo no Brasileirão
Porém ele deixou de ser
Antecipadamente campeão
O que somente fará domingo
Que vem contra o Vascão.

sábado, 26 de novembro de 2011

MÁRIO LAGO, HOJE 100 ANOS

Hoje faz cem anos que Mário Lago nasceu.
O caso se deu no Rio de Janeiro, onde também morreu à boca da noite de 30 de maio de 2002.
Nasceu numa sexta e partiu numa quinta.
Orgulhou o Brasil e seus contemporâneos.
Atuou na vida como jornalista, advogado, compositor, radialista e ator; e como ator, também cantou.
Chegou a gravar discos; dois LPs, pelo menos.
Suas músicas foram gravadas por muitos intérpretes, de Chico Alves a Orlando Silva, que dele lançou a canção Nada Além, composta em parceria com Custódio Mesquita.
Eu gostava dele.
Fiz até um especial com ele, ao vivo, no programa São Paulo Capital Nordeste, que permaneceu no ar, pela Rádio Capital AM 1.040, durante seis anos e meio.
Foi um programa bonito, histórico, feito quando ele estava completando 90 anos de vida.
Também participei da mesa que o entrevistou, ao vivo, para o programa Roda Viva, da TV Cultura, mais ou menos no mesmo ano do seu aniversário natalício.
O centenário de Mário está sendo comemorado no Rio de Janeiro, por amigos e familiares.
Em São Paulo, também.
Aqui as comemorações começarão no próximo dia 2, sexta, das 19 às 22 horas, e delas vou participar a pedido do agitador cultura da Praça Benedito Calixto, Edson Lima, criador do projeto O Autor na Praça.
Viva Mário!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

E VIVA O CIRCO!

Foi um bom papo o de ontem no Centro de Memória do Circo do Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) da Prefeitura Municipal de São Paulo, conduzido por Verônica Tamaoki.
O Centro está instalado num prédio do Anhangabau.
A região do Anhangabau abrigava, no começo do século passado, o Circo Piolin de que falo no livro A Menina Inezita Barroso.
Ali naquela região, o velho Mazzaropi tinha escritório fixo.
Ali também o romancista e musicólogo paulistano Mário de Andrade se encantou com as performances de Piolin, tanto que escreveu crônica na revista Terra Roxa sobre ele.
Piolin, para quem não sabe, nasceu dentro de um circo em Ribeirão Preto, SP, como o compositor, cantor e instrumentista Adão da Viola que anda por aí cantando e contando histórias.
No fundamental - para a cidade e para todo o País - Centro Memória do Circo falamos eu e Ayrton Mugnaini (na foto acima, de microfone em punho), para uma platéia pequena, porém atenta.
Lembramos das origens do circo.
Lembramos de grandes cantores brasileiros, como Chico Alves e Vicente Celestino, mais Sílvio Caldas e Luiz Gonzaga, que encontraram no circo o espaço que precisavam para mostrar sua arte e talento.
Não esquecemos, claro, de falar dos pioneiros cantores palhaços, como Eduardo das Neves.
E como esquecer de nomes como Carequinha, Torresmo e Arrelia, sobre quem, aliás, a pedido próprio, escrevi texto para livro autobiográfico lançado há alguns anos pela Ibrasa.
Tantas histórias...
Ayrton acaba de realizar ampla pesquisa sobre o tema, que espero ver tomar forma de livro logo, logo.
Este nosso país é mesmo incrível, não é?
Na sua formação, há palhaços e palhaços.
Palhaços de picadeiro e palhaços da vida real.
Os da vida real, são os que sofrem na unha de políticos sem noção.
Os do picadeiro há! Esses são de fato incríveis e nos fazem um bem danado.
Como vai, tudo bem, tudo bem, tudo bem, bem, bem?
Um Chaplin brasileiro?
Mazzaropi é um bom nome, não é?
Amâcio Mazzaropi nasceu na rua Vitorino Camilo, bairro de Campos Eliseos, em 2012.
Quer dizer: no próximo ano, ele completaria 100 anos de idade.
Ele tem tudo a ver com circo.
Numa entrevista à revista Veja, em 1970, ele disse:
"Quero morrer vendo (sic) uma porção de gente rindo em minha volta".
Morreu num hospital da capaital paulista, com médicos e enfermeiros muito tristes a sua volta.
E Luiz Gonzaga, cujo centenário de nascimento também se comemorará no ano que vem?
Cliquem aí:

sábado, 19 de novembro de 2011

"SERTANOJICE" É DOENÇA, VOCÊ SABIA? E VIVA O CIRCO!


Hoje tem espetáculo?
- Tem sim, senhor!
Hoje tem espetáculo?
- Tem sim, senhor!
Eu era menino quando circos se armavam na “periferia” da pequena Alagoinha.
Eu estudava em João Pessoa ia à Alagoinha nas férias de junho, e às vezes também em dezembro.
Houve um tempo que Alagoinha era chamada de Alagoinha Serra de Boi.
Essa bela cidade fica a cerca de 90 quilômetros da capital paraibana,
Pois bem, os circos chegavam lá e no dia da estréia um palhaço saia às ruas de megafone em punho anunciando as atrações.
Atrás dele, um bando de moleques de calças curtas respondendo à pergunta sobre se haveria ou não espetáculo.
Eu, entre eles.
Ao fim da caminhada atrás do palhaço, o prêmio: um risco à tinta especial feito no meio da testa, que garantia a entrada gratuita ao espetáculo. Vou falar sobre isso segunda que vem às 19 horas na Galeria Olido, à av. São João, 473, centro velho de Sampa, ao lado do amigo e craque no tema Ayrton Mugnaini. Informações pelo telefone 3397.0177.

PALHAÇO CHARLES
E hoje tem espetáculo no palco do palhaço Charles, à rua Fradique Coutinho, 1004, Vila Madalena. Começa às 22 horas, com entrada gratuita. E vale a pena ir inclusive porque Charles, criação do ator paraibano Alessandro Azevedo, está completando 15 anos.
Eu vou, você vai?

TEATRO DE RUA
Desde ontem e até o próximo dia 26, grupos de teatro de rua de todo o País estarão se apresentando em São Paulo. As apresentações fazem parte da 6ª Mostra de Teatro de Rua, este ano dedicada ao criador dos grupos de teatro VentoForte, Lino Rojas. Detalhes pelo telefone (11) 8337-5168.

SERTANOJO
Cuidado, isso é doença braba.
O primeiro sintoma de quem está com “sertanojice” é demonstrar algum interesse por duplas que atendem por Chico Rey & Paraná, Gian & Giovani, Gilberto & Gilmar, Rud & Robson e Rick & Renner, que são vírus brabos. Vocês viram o que aconteceu com Zezé di Camargo e Luciano? Pois é: discos no encalhe aumentando cada vez mais, os dois irmãos inventaram de brigar para ocupar espaços nas mídias. E conseguiram, pois estão em todo canto em tom de “reconciliação”. Resta saber se voltarão a desencalhar as bobagens gravadas.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

INEZITA BARROSO E SUAS MIL HISTÓRIAS


Toda vez que Inezita telefona, telefona rindo e disposta a contar histórias.
Ela é uma figura incrível!
Hoje, telefonou para saber se eu sabia que há índios que fazem à mão viola de cocho.
Mostrei meu espanto, embora sabendo que foram os jesuítas que lhes apresentaram os primeiros instrumentos de cordas, principalmente a referida viola que tem origens fincadas em Portugal e no velho mundo árabe.
Pois é, ela começou, “uma vez me disseram em Cuiabá, no Mato Grosso, que havia por lá um índio que fazia esse tipo de viola”.
Curiosa, ela quis conhecer o índio fabricante de viola de cocho.
“Eu não acreditei muito, mas fui lá”, lembra.
O índio morava num ranchinho de palha, bem humilde.
Quando soube que Inezita queria conhecê-lo, o índio se preparou todo, incluindo sua palhoça etc. Até um tapete, uma espécie de tapete, ele providenciou para recebê-la.
E assim foi.
Mas a primeira impressão que ela teve dele não foi das melhores.
Ele era carrancudo e tinha cara de mau.
Mas foi só a primeira impressão, pois logo em seguida ele se mostrou afável.
Inezita queria comprar uma de suas violas.
Ele não queria vender, queria dar.
E aí começou uma rápida discussão, que terminou com Inezita ficando com duas violas: uma comprada e outra, dada. Mas foi a dada, ele disse, “a mais melhó”.
E ele tocou pra ela ouvir.
E ela ouviu notou um som “diferente”, e pediu explicação.
Ele:
- É que a corda do meio é de tripa de macaco, e se a senhora deixá eu vô trocá essa corda por outra, que não é de macaco.
Foi quando ela ficou sabendo que era proibido matar macaco pra fazer de suas tripas cordas para viola de cocho.
E ainda tem a vez que ela fugiu dum hospital para apresentar seu programa, Viola Minha Viola.
Conto depois.

SAMBA DA VELA
- Logo mais às 21 horas, na unidade Sesc-Vila Mariana, tem pré-lançamento do CD Samba da Vela, Revelando Novos Compositores. Ontem o convidado especial foi Almir Guineto. Hoje, é Mário Sérgio. Os primeiros a me falar sobre essa história de samba da vela, que está fazendo 11 anos, foram os amigos Paulo Vanzolini e Osvaldinho da Cuíca. Começou num bar chamado Ziriguidum, em Santo Amaro, zona sul da capital paulista. Pertencia a Chapinha, que se juntou a Paquera, sócio e parceiro, e deu no que deu. Hoje o chamado Samba da Vela é ponto de encontro de velhos e futuros bambas na Casa de Cultura de Santo Amaro, toda segunda-feira, a partir das 20 horas. Detalhe: lá, pinguço não tem vez; seja bamba ou aspirante a bamba. Motivo? Para que seja garantida a paz no lugar.

CHORINHO
- Antes, às 19h30, tem chorinho saindo alegre do piano do craque Marco Bernardo, num belo espaço da velha sede da Caixa Econômica, ali na praça da Sé, 111. Ele interpretará obras de Antônio Callado, pioneiro do nosso chorinho; Chiquinha Gonzaga, maior compositora brasileira até no volume de obras; Ernesto Nazareth, Pixinguinha, Zequinha de Abreu, Waldir Azevedo e outros bambas. Eu não irei, pois um mesmo corpo não pode estar ao mesmo tempo em dois lugares... Mas, é claro, recomendo.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

OS FILHÕES DE PAIZINHOS DA USP E O 11, 11, 11

Abro os jornais e de novo leio notícia sobre os filhões de paizinhos da USP, anunciando retomada da greve após alguns deles serem flagrados desrespeitando a lei, que existe pra ser cumprida.
Querem a Polícia fora do Campus.
E querem também o reitor no olho da rua.
E o governador!
Papeis invertidos!
E tanta coisa importante eles poderiam fazer!
Poderiam, por exemplo, se mobilizar para pôr fim ao ataque constante das saúvas aos cofres públicos.
Poderiam também centrar energias a favor de iguais causas nobres, como exigir do governo condições de vida melhor para a população, incluindo salário justo, emprego, saúde, moradia e, claro, ensino de alto nível, com professores bem pagos e ensinando a quem quer aprender.
Houve um tempo, eu lembro, e não faz muito, que estudante estudava, professor ensinava e passarinho trinava.
Mas os passarinhos hoje estão gogos pela poluição das grandes cidades, como Sampa, enquanto a roda da vida gira fazendo o dia amanhecer, o sol brilhar, a noite escurecer e a lua e as estrelas nos alumiar.
Cada qual no seu papel neste eterno ciclo, mas os papéis estão invertidos...

Hoje o dia amanheceu macambúzio, com o sol tímido sendo acariciado por ventos frios.
Mas agora, a essa hora do dia, oito e tanto, o astro-rei parece começar a reagir, para fazer o dia mais claro e quente.
Tomara que consiga.
Dei uma espiada no calendário e encontrei a provável razão para a indisposição do dia.
É que hoje é 11, de 11, de 11, e para quem entende do riscado esse é um numeral cuja energia tem a ver com autoritarismo, competição, briga por poder e corrupção.
Vai ver, é isso o que mais querem os filhões dos paizinhos da USP.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

SANFONEIRO CHAMBINHO VIVERÁ REI DO BAIÃO, NO CINEMA

O diretor Breno Silveira, o mesmo de 2 Filhos de Francisco, está arregaçando as mangas para por no telão a história do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, e seu filho adotivo, Gonzaguinha.
Quem vai fazer o papel dos primeiros anos da vida do Rei, no cinema, é o paulista de São Bernardo do Campo Nivaldo Expedito de Carvalho, mais conhecido por Chambinho do Acordeon.
A história de Gonzaga é uma história incrível, forte, instigante.
Negro, pobre, nordestino e semi-analfabeto.
Quer dizer, ele tinha tudo para ser um zero à esquerda em qualquer contagem que fosse feita.
Mas a sorte estava à espreita.
E ela apareceu na forma de uma pisa dada pelo pai Januário e pela mãe Santana, num dia só, fim de tarde, em Exu, sua cidade, quando tinha 17 anos de idade.
O motivo?
Cachaça e confusão.
E a pisa, de tão braba, o envergonhou e o fez fugir de casa e se aventurar no Exército, mentindo a idade para poder se alistar.
Findavam os anos de 1920.
Já alistado, mas por desconhecer quaisquer notas musicais, virou corneteiro de caserna.
E após muita água correr por debaixo da ponte, e dez anos depois da pisa, ele aparece tocando sanfona nos cabarés do baixo Rio, quando tem a atenção despertada por um violonista português, Xavier Pinheiro, e por um certo estudante de Direito chamado Armando Falcão, que liderava um grupo de outros estudantes.
Logo surgiu a oportunidade de gravar o primeiro disco solo.
Um não, dois no mesmo dia: 14 de março de 1941.
A partir daí, sua história mudou.
Como mudará a história de Chambinho, sanfoneiro que começa a trilhar a estrada com a mesma idade que Gonzaga tinha quando se preparava para ao estrelato: 31 anos.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

INEZITA BARROSO E SUAS HISTÓRIAS

Hoje a Inezita tava que tava, toda falante.
Ligou pra pedir desculpas por ter demorado pra dar retorno à ligação que lhe fiz ontem, no começo da tarde. Desculpou-se dizendo que acabara de almoçar e partira para atender recomendação médica, de descansar um pouco, pois já não se acha a mesma menina que retrato no livro que escrevi a seu respeito.
Mas, como não poderia deixar de ser, aproveitou para dizer que isso não é motivo de lamentação, não. Que ta, que ta, sem perder, por exemplo, uma gravação sequer do programa que apresenta há 31 anos, interruptamente, Viola Minha Viola, pelo canal 2 da TV da Fundação Padre Anchieta, de São Paulo.
E foi falando, falando, e eu ouvindo suas deliciosas histórias.
Falou em tom crítico sobre a invasão da Reitoria da USP por estudantes, elogiando, no episódio, a posição do governador Alckmin. Falou de Papete, "um grande artista, que me fez muito bem ao participar recentemente do meu programa". Falou de suas viagens pelo País afora, algumas ao lado de Oswaldinho do Acordeon, "que era muito bonito e despertava paixões na mulherada". Elogiou também a dupla de comediantes do Zorra Total, Janete e Valéria. Disse que Tom Cavalcanti, coitado, está perdido, sem graça, na Record. E deu uma cutucada na Hebe:
- Imagina, quando era menina ela já era profissional de TV. Eu tenho 86 anos e ela 76, pode?
Em seguida, contou histórias engraçadas ocorridas em casa e fora de casa.
Em casa, lembrou que uma vez uma cunhada, grávida, chamou a atenção de sua filha, Marta.
O diálogo:
- Tia, por que você ta com esse barrigão?
A tia gostava de responder a tudo que lhe perguntassem, viessem as perguntas de onde viessem inclusive da cacholinha das crianças. E ficou pensando, pensando, numa boa resposta quando foi interrompida:
- Tia, você não vai me enganar dizendo que aí dentro tem um bebê que você engoliu, né?
Outra.
Inezita um dia levou a menina para assistir a um ensaio de orquestra, sob a regência do maestro Segesfredo (Fêgo) Camargo, pai de Hebe.
E ela, a menina, foi se aproximando, se aproximando ate ficar frente à frente com um violoncelo.
Curiosa, Inezita perguntou:
- De qual instrumento você mais gostou?
E ela:
- Daquele, que parece um violãozinho de índio.
Era o Cello.
Esta ocorreu com ela mesma, Inezita.
Convidaram-na para um evento alusivo a um aniversário da extinta TV Tupy, no Memorial da América Latina.
Lá pras tantas, a apresentadora anunciou pêsames pela morte da cantora e atriz Wilma Bentivegna.
Na platéia, sentadas, Inezita e a própria Wilma.
As duas se entreolharam, se levantaram e foram embora.
Wilma morreria muito tempo depois, no começo deste ano de 2011, aos 81 anos.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

PAPETE, O MAIOR PERCUSSIONISTA DO MUNDO HOJE ANIVERSARIA


Princesa do Mearim, Capital do Médio Mearim ou Macabal’s City como é chamada por uns e outros a Bacabal querida do meu querido amigo José.
Esse José tem ainda no nome Ribamar e Viana, para completar.
Em suma: José Ribamar Viana.
Vocês sabem quem é José Ribamar Viana?
Ele é incrível!
De tão incrível, um amigo nosso comum, como se diz, Aldemir Martins, pintor cearense dos melhores do País, o rebatizou com o nome de uma ilha: Papete.
Mas a ilha tem dois “e” depois do “p”.
E como achou muito, Aldemir tirou um dos “e”.
Papete ilha fica na Polinésia francesa.
Pois, pois, paremos por cá.
Macabal é uma pequena e bela cidade maranhense localizada a cerca de 250 quilômetros de São Luís, capital do Estado.
Essa cidade é berço desse José, que boa parte do mundo conhece, sim, sim, por Papete,
Pois bem, e fazendo as contas nos dedos, por décadas, assim: ...20, 30, 40, 50, 60...
Epa!
Chegamos à conclusão que por ele, Papete, já se passaram, além de muitas águas aparentemente paradas, 64 anos.
Isso é muito tempo?
Isso é pouco tempo?
Na verdade isso não importa.
O que importa é saber que o tempo é relógio que não se quebra, como esse Papete.
Papete, o artista, começou a carreira cantando numa rádio de Gurupi, em Tocantins.
Ele, como Luiz Gonzaga, queria ser artista, ser cartaz.
Um como o outro queria cantar a vida brasileira.
José Ribamar Viana, o Papete, não faz outra coisa na vida se não isso.
Ei, cá pra nós: esse arrodeio todo pra dizer que Papete é do tamanho do nosso País; é do tamanho do mundo a partir do Maranhão, que é o seu coração e a razão da sua vida; eu sei.
Parabéns, Papete!
Que esses 64 anos se multipliquem muitas vezes.
Ah! Outro dia chafurdando coisas no meu acervo, achei uma revista, Moda & Viola, do comecinho dos anos de 1990, com duas páginas na forma de entrevista que fiz com ele, Papete. O título foi: Não Somos Caubóis, Somos Boibóis.
Uma coisa digo agora:

Papete é gente grande
Do tamanho deste mundo
Ele faz o que não fazemos
No piscar de um segundo
Ele é do Maranhão
Ele é um giramundo

PS – Minha querida Andrea, que está aqui ao meu lado, te deseja tudo de bom multiplicado, por milhões.
Darlan Ferreira, amigo do Norete e querido que te conhece artisticamente mais do que você mesmo, multiplica os milhões em bilhões as alegrias e saúde que eu e todos nós te desejamos.
Arriba, companheiro!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O QUADRINISTA ALOISIO DE CASTRO E O CANGACEIRO CARCARÁ


Aloísio de Castro é um dos quadrinistas brasileiros mais talentosos e respeitados que conheço, na atualidade. É da linhagem dos grandes e a prova disso está na nova produção em forma de revista que acaba de pôr à praça através da Qualidade em Quadrinhos Editora, de São Paulo, depois de ser premiada para publicação pelo edital do Programa de Ação Cultural, ProAc, da Secretaria de Estado da Cultura do Estado de São Paulo, neste ano de 2011.
Trata-se de uma história muito bem contada e magnificamente desenhada com traços fortes, marcantes, seguindo argumento assinado pelo próprio autor e que se passa num lugar qualquer, ermo, do causticante sertão nordestino, de tantas lutas e desigualdades sociais insolúveis.
Chama-se Carcará o personagem que dá título à revista e movimento à história.
De um lado, além de Carcará, há um coronel folgazão e violento de nome Emerenciano; e, de outro, um humilde e sensato cidadão chamado Ananias, pai três vezes e dono de um pedaço de terra almejado pelo truculento e ganancioso coronel.
O enredo é simples e muito bem desenvolvido.
Na verdade, os personagens do enredo e a própria história são o grande pretexto para o craque Aloísio mostrar mais uma vez o seu enorme talento na arte de quadrinizar histórias, e essa começa em 1928, dez anos antes da morte de Lampião, o Rei do Cangaço, representando, de certo modo, pelo celerado Carcará e seu bando de valentões; e pode ser dito que finda no início de outra, a da revolução dos paulistas, ou Constitucionalista, em 1932, desencadeada no dia 9 de julho daquele ano contra o ditador Vargas, o mesmo que poria fim ao cangaceirismo no Nordeste.
Nas quase cem páginas em que se desenvolve a trama, Aloísio gera pérolas de estranha força literária, como esta:.
“O som dos cascos quebrando ossos, torturam minha alma”.
Poesia pura, como se vê; com gosto de sol, fel e coragem, gritada num pesadelo do velho Ananias.
E esta:
“As lembranças parecem tiros dentro da cabeça de André”.
Na história, André é um dos filhos de Ananias, que volta à casa onde viveu e em lugar dos pais encontra cruzes indicando que foram mortos. O pai de peito aberto, num tiroteio irregular com os cabras de Emerenciano; e a mãe pelas costas, com tiros disparados covardemente e à queima-roupa pelo filho de Emerenciano, Antenor.
É uma história danada, que prende atenções.
Agora, o seguinte: se eu fosse você iria correndo procurar essa revista pra ler no próximo feriado, que, aliás, tá batendo à porta, hein?

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