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quarta-feira, 24 de julho de 2013

DOMINGUINHOS NÃO MORREU

O telefone toca.
É o repórter Rodrigo, da Folha de S.Paulo, pedindo que eu escreva sei lá o quê.
Ele insiste:
- Dominguinhos morreu. Por favor, escreva qualquer coisa.
- Ora, ora - eu digo - deixe disso! Ele morreu coisa nenhuma!
Provocação, não é?
Sei, sei, é meio sina.
Tem hora que nordestino diz que morre só pra chamar atenção.
Nordestino é uma gente besta; mas não é o caso aqui, sei, sei, diz Rodrigo.
Eu conheci Dominguinhos sanfoneiro, de batismo José Domingos de Morais, faz tempo.
Faz tempo também que conheci Luiz rei do baião, Gonzaga do Nascimento.
Conheci Dominguinhos depois de Luiz.
Lembro que uma vez eu disse a Luiz que iria escrever um livro a seu respeito.
Anos 1980.
Luiz, que eu chamava de Gonzaga, caiu na gargalhada:
- E eu mereço?
E a gargalhada rebombou no ar.
Contei isso a Dominguinhos.
E Dominguinhos também gargalhou. E disse:
- Tá vendo? É assim o seu Luiz.
Eu nunca chamei Gonzaga de seu Luiz.
E Dominguinhos achava graça nisso, por eu não chamar Luiz de seu Luiz.
 E ele dizia:
- Só você, Assis, faz isso; e ele (Gonzaga) gosta disso, porque você é espontâneo.
Gonzaga e Dominguinhos eram também espontâneos; carne e unha, um e outro, no peito, na fala, no pensamento, no dizer, no saber de um e outro.
Gonzaga nunca teve filho biológico.
Dominguinhos teve.
Quando Dominguinhos resolveu casar, com 17 anos, Gonzaga estrilou.
- Eu vou deserdar você!
Prestem atenção na frase e na exclamação...
Dominguinhos viveu a vida aprendendo as notas de todas as sanfonas, desde a primeira.
E foi de Luiz Gonzaga a primeira sanfona de qualidade que caiu, de graça, no peito de Dominguinhos, e que ele, Dominguinhos, carregou por toda a vida.
Dizer mais o que sobre Dominguinhos?
Dominguinhos foi um cara legal, como lhe ensinou seu mestre Luiz Gonzaga.
Dominguinhos jamais disse não a quem quer que fosse.
Dominguinhos foi incrível, um exemplo de vida.
Sei lá, eu acho que o Brasil e todos os forrozeiros estão de luto; e mais: todos os forrozeiros de hoje e sempre gostariam de ser Dominguinhos.
Por isso, Dominguinhos vive.
Por isso, Luiz Gonzaga vive.
Sucessor?
Todos os forrozeiros o são.
Viva Dominguinhos, que costumava frequentar o programa São Paulo Capital Nordeste (registro acima) que eu apresentei por mais de seis anso, ao vivo, na Rádio Capital, de São Paulo! 
Há exatamente um mês, eu escrevi isto. 
CLIQUE:

terça-feira, 23 de julho de 2013

O PAPA É DO CARALHO!

http://assisangelo.blogspot.com.br/2013/03/memoria-da-cultura-popular-padre-cicero.html
Hoje na barbearia perto aqui de casa, no final da tarde, o barbeiro pernambucano José – eu disse barbeiro... -, dando jeito ao que me resta de cabelo, disse:
- Esse papa é incrível!
Silenciosamente, meio cabreiro, eu concordei.
- Esse papa é do caralho! – ele, o barbeiro, continuou de modo o mais natural possível.
E acrescentou, com ar angelical:
- Eu nunca vi um papa se comportar tão espontaneamente perante o mundo, como esse Francisco.
- É... – eu disse, reticente, mas dando um tom de inteligência na voz.
E o barbeiro, sem ligar pra isso, incontrolável nas suas opiniões a respeito do papa Francisco, repetiu:
- Esse papa é do caralho!
Opa!
Sim, esse papa é do caralho!
E isso é cultura popular.
É cultura popular, mas certamente o papa Francisco não vai estar com cordelistas e cantadores repentistas nordestinos dessa vez, como esteve em 1980 o papa João Paulo II, em Fortaleza, CE, com o poeta Pedro Bandeira e o rei do baião, Luiz Gonzaga.  

segunda-feira, 22 de julho de 2013

ESSE PAPA É DEZ!

Não encontro palavra mais adequada senão incrível para classificar o comportamento do papa Francisco em terras brasileiras desde o final da tarde de hoje, quando cerca de dez mil pessoas, hipnotizadas, o acompanhavam pelas ruas do Rio de Janeiro e o chamavam entusiasticamente pelo nome, dizendo amá-lo.
Dito isto, digo também que com seus gestos e comportamento tão simples, humano e acessível, o papa Francisco está mudando, para melhor, rápida e definitivamente, a fachada milenar da Igreja Católica, outrora tão sisuda.
Com sua simplicidade e destemor, ele firma-se, assim, como impoluto divisor de águas da igreja, cujo pontificado foi inaugurado por Pedro no início da era Cristã.
Francisco desembarcou na Base aérea do Rio de Janeiro pouco antes das 16 horas. Depois, seguiu num Fiat Idea de janela aberta até o Palácio Guanabara. Lá, ele foi recebido pela presidente Dilma Rousseff e pelo governador Sérgio Cabral, além do prefeito Eduardo Paes e representantes da Igreja.
Centenas de crianças cantaram para ele, que demonstrava alegria e carinho pelas pessoas.

APARECIDA
As cantoras Celia e Celma participarão amanhã à noite, em Aparecida, de um espetáculo musical em homenagem ao papa Francisco, ao lado de Agnaldo Timóteo, Elba Ramalho, Jair Rodrigues, Neguinho da Beija Flor, Renato Teixeira, Sérgio Reis e padre Antônio Maria.
O espetáculo será transmitido pela TV Aparecida.
As duas irmãs foram convidadas para participar da recepção musical pelo cardeal-arcebispo dom Raymundo Damasceno.
Elas cantarão músicas que integram o repertório do CD Lembrai-vos das Procissões e Devoções de Minas, recém-lançado.
As duas são ótimas.

EDUCAÇÃO
Pois é, tudo leva a crer que somos, mesmo, um país mal educado. Explico: hoje no final da tarde o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, esteve entre as autoridades escolhidas para serem apresentadas ao Papa. Ele estendeu a mão e cumprimentou o sumo pontífice, ignorando completamente a presidente da República, Dilma Rousseff, que estava ao lado.
Que cena! Que pena! O ministro deveria voltar aos bancos escolares, no mínimo para aprender boas maneiras.
DOIS MÚSICOS
Oswaldinho do Acordeon e Antonio Spaccarotella (aí, no clic de Andrea) realizaram um 
belo espetáculo ontem, de manhã, 
no Museu da Casa Brasileira. Os dois foram longa e entusiasticamente aplaudidos várias
vezes pelo público que lotou o local.
Spacca embarcou hoje à noite de Cumbica direto para a sua terra, Itália.  
Antes, ontem à tarde, almoçamos comida baiana num restaurante de Santa Cecília.
Logo mais às 23:30, Oswaldinho estará se apresentando na casa de espetáculos Canto da Ema, 
na região de Pinheiros. 
Eu vou; e você, vai?

FUNK
Atenção! Registro por registrar que recebi há poucos minutos e-mail dando conta da inauguração de um tal Memorial do Funk não sei onde, que teria sido construído com verba pública gerida pelo Ministério da Cultura. Não acredito que isso seja verdade. Se for... Não, não é possível.
De qualquer modo, aguardemos o desenrolar dessa história.

domingo, 21 de julho de 2013

OSWALDINHO E SPACCAROTELLA TOCAM EM SAMPA

http://www.institutomemoriabrasil.org.br/
Daqui a pouco, às 11 horas, dois geniais sanfoneiros se apresentarão gratuitamente no Museu da Casa Brasileira, o brasileiro Oswaldinho do Acordeon e o italiano Antonio Spaccarotella (acima). Eles interpretarão um variado repertório musical, que vai do jazz ao tango, do blues ao baião criado pelo pernambucano Luiz Gonzaga, cujas comemorações em torno do seu centenário de nascimento prosseguem, por exemplo, no espaço de exposições Oca, no Parque Ibirapuera, com uma belíssima exposição que traz a assinatura do paraense Bené Fonteles.
Oswaldinho e Spaccarotella se apresentaram juntos pela primeira no ano passado, em Spoleto, Itália.
O repertório é este:
Hipnose – Oswaldinho do Acordeon
Sob o Olhar de Santa Luzia – Oswaldinho do Acordeon
Corre Pra não Apanhar – Oswaldinho do Acordeon
Asa Branca Blues – Oswaldinho do Acordeon
De Coração pra Coração – Oswaldinho do Acordeon
Lamento Sertanejo – Dominguinhos e Gilberto Gil
Roseira do Norte – Pedro Sertanejo
Libertango - Astor Piazzolla
Prima Del Cuore - Luciano Biondini
Bille's Bounce - Charlie Parker
Surya – Antonio Spaccarotella
Saudade Tango - Antonio Spaccarotella
Um tom pra Jobim – Oswaldinho do Acordeon e Sivuca

O Museu da Casa Brasileira está localizado à Avenida Faria Lima, 2705.

sábado, 20 de julho de 2013

O IMAGINÁRIO DO REI, NO IBIRAPUERA

http://www.youtube.com/watch?v=RqqJE_mlfx8
No espaço expositivo Oca, do Parque Ibirapuera, um dos maiores da cidade paulistana, inaugurou-se hoje a mostra O Imaginário do Rei, Visões do Universo de Luiz Gonzaga, sob a batuta do artista plástico, escritor e letrista paraense, de Bragança, Bené Fonteles.
Trata-se de uma importante, bela e necessária retrospectiva da obra – e vida – do rei do baião Luiz Gonzaga, chancelada pelo Itaú, com base na Lei Rouanet e apoio da Fundação Athos Bulcão, de Brasília, e a Prefeitura do Município de São Paulo.
Presentes, crianças de todos os tamanhos e idades.
A área coberta da Oca ultrapassa os 10 mil m2.
Boa parte desse espaço está hoje ocupada com o pensamento poético e musical do pernambucano Luiz Gonzaga.
Esse pensamento poético - e musical - se completa com cenas em preto e branco do sertão nordestino e reproduções fotográficas ampliadas e penduradas nas paredes da Oca.
Há muitos momentos em que o criador do baião aparece, juntamente com personagens nordestinos anônimos e famosos, como Lampião.
O Nordeste todo está vivo na exposição O Imaginário do Rei.
O secretário da Cultura de São Paulo, o ex-ministro Juca Ferreira, chegou à Oca pouco antes das 10 horas e logo deu por inaugurada a exposição.
Após coquetel, o artista piauiense Chambinho, que viveu o Rei do Baião no filme Gonzaga, de Pai Pra filho, de Breno Ferreira, sacou da sanfona e à capela interpretou números musicais do repertório de Luiz Gonzaga, e não demorou o brincante Antônio Nóbrega, de modo espontâneo e improvisado, ocupou espaço ao lado do sanfoneiro e cantou e cantou, sendo entusiasticamente aplaudido.
O entusiasmo apanhou de surpresa o secretário Juca Ferreira que, ao microfone, garantiu pôr para tocar e cantar, na Oca, todos os sábados que durar a exposição Chambinho e Nóbrega.   
A exposição, de entrada franca, finda no próximo dia 15 de setembro.
Na foto abaixo aparecem o ex-empresário de Dominguinhos, João Cícero; o produtor José Mauro e o escrevinhador deste Blog.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

CORDEL NAS ESCOLAS

http://www.anovademocracia.com.br/no-12/1048-uma-breve-historia-do-cordel
Mexendo agora, há pouco, no acervo do Instituto Memória Brasil, IMB, me deparei com o arquivo referente aos dois concursos nacionais de literatura de cordel que idealizei e realizei nos tempos em que eu integrava os quadros de funcionários da CPTM e do Metrô paulistano.
O primeiro concurso foi realizado em 2002 e seus três primeiros lugares foram conquistados pelos cearenses Rouxinol do Rinaré – hoje um nome famoso –, Zé Maria de Fortaleza e pelo paraibano Andorinha, que também é conhecido e aplaudido no campo da poesia improvisada ao som de violas.   
As inscrições para o segundo concurso, que revelou para o Brasil o piauiense Pedro Costa, foram encerradas no dia 24 de julho de 2003; portanto, há dez anos.
À época da realização desses concursos, que receberam apoio da Trends e da fábrica de instrumentos musicais Rozini, a literatura de cordel não era devidamente tão badalada como hoje, e a iniciativa que tomei de distribuir os 410 mil folhetos impressos à rede estadual de ensino acredito ter colaborado para que esse tipo de literatura esteja acertadamente sendo alvo de prazer e conhecimento da parte dos estudantes não só de São Paulo, mas de várias capitais e Estados brasileiros.
Fica o registro.

REI DO BAIÃO
Prosseguem as comemorações em torno do centenário de nascimento do pernambucano Luiz Gonzaga.
Amanhã, às 10 horas, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e o secretário da Cultura do município, Juca Ferreira, inauguram na Oca (Avenida Pedro Álvares Cabral, Ibirapuera) a exposição O Imaginário do Rei.
Constam da mostra sob a curadoria do escritor Bené Fonteles raras fotos e discos e livros e filmes que têm Gonzaga como foco.
Da exposição também constarão obras assinadas por artistas plásticos nordestinos.
Entrada franca.

 

quarta-feira, 17 de julho de 2013

POR QUE SE OPINA TÃO POUCO?

Hoje a catraquinha ali de baixo deve registrar pelo menos 100 mil acessos aos textos deste blog, que escrevo e posto desde o dia 1º de abril de 2009.
Legal, não é? Mas poderia ser melhor.
Poderia ser melhor se as pessoas que acessam ao que escrevo opinassem sobre o conteúdo; pois, enfim, ler e opinar são um modo muito saudável de acionar os nossos neurônios e participar da vida que nos cerca.
Comecei a blogar textos de forma tímida e descontinuada, sem pretensão.
O primeiro que escrevi foi sobre a atriz e cantora carioca Vanja Orico, de batismo Evangelina, cuja fala a respeito de suas experiências mundo a fora eu mediei na tarde de 26 de março de 2009, para pequena – e seleta – plateia na área de convivência da unidade Sesc Vila Nova http://assisangelo.blogspot.com.br/2009/04/dia-da-mentira.html
Vanja, estrela do filme O Cangaceiro, clássico de Lima Barreto, foi a primeira e única atriz brasileira e da América do Sul a ser dirigida pessoalmente por Federico Fellini (Mulheres e Luzes) na Itália, em 1950.
A sua discografia é extensa.
A primeira música que ela gravou, em abril de 1953, foi Sodade Meu Bem Sodade, de Zé do Norte, pseudônimo do paraibano de Cajazeiras Alfredo Ricardo do Nascimento (1908-79).   
Mas, enfim, neste Blog eu tenho escrito sobre os mais variados assuntos, predominando temas relacionados à música e à cultura popular, notadamente.
A quantidade de textos escritos postos por mim neste espaço já passa de 750.
É isso, e um abraço a todos.

terça-feira, 16 de julho de 2013

TAIGUARA: EXÍLIO E FOTOGRAFIAS

Uruguaio de Montevideo naturalizado brasileiro Taiguara Chalar da Silva foi um dos artistas mais censurados da ditadura militar, com dezenas de músicas impedidas de ganhar espaço em discos; e ele foi também o mais representativo intérprete de músicas de festivais de canções no Brasil, tanto que em 1968 lançou, pela Odeon, o excelente LP Taiguara o Vencedor de Festivais.
Nesse disco ele interpreta com sentimento, talento e profissionalismo ímpares onze grandes obras, entre as quais Benvinda, de Chico Buarque, vencedora do IV Festival da Música Popular Brasileira; Modinha, de Sérgio Bittencourt, 1º lugar do Festival O Brasil Canta no Rio; e Helena, Helena, Helena, de Alberto Land, campeã do 1º Festival Universitário do Rio de Janeiro.
Há 40 anos, ou seja, em 1973, Taiguara lançava pela gravadora Odeon um de seus mais belos LPs, Fotografias.
Nesse LP, todas as músicas são de sua autoria, com exceção da pouco conhecida Não Tem Solução, de Dorival Caymmi e Carlos Guinle.    
Taiguara era um sujeito incrível, sempre a exibir um sorriso largo e bonito a amigos, conhecidos e desconhecidos, como presenciei várias vezes, mesmo de punho cerrado, em nome do socialismo e da liberdade, após espetáculos em teatros como o do Hotel Maksoud, na capital paulista.
Fotografias merece ser ouvido, com calma.
É encantador.
Fui eu quem o apresentou a um de seus ídolos, Geraldo Vandré.
E fui eu quem, antes disso, o entrevistou para os suplementos há muito extintos Mulher e Folhetim (acima), do jornal Folha de S.Paulo.
Taiguara faz, sim, falta.
Lembro-me dele, eu na sua casa, no Tatuapé, tocando ao piano a canção Que as Crianças Cantem Livres, constante do LP Fotografias.
Lembro-me dele também d´outra ocasião, me mostrando ao piano a música até então inédita O Cavaleiro da Esperança, que saiu, acho, no seu primeiro e único CD pela Movieplay.
Essa música foi feita em homenagem a Luís Carlos Prestes.
Lembro-me dele também chegando lá em casa e brincando com minha filha Luciana, ainda pequenina.
Há 40 anos, logo após lançar Fotografias, Taiguara se viu na obrigação de deixar o Brasil e partir para um exílio, digamos, voluntário, em Londres...
Viva Taiguara!

segunda-feira, 15 de julho de 2013

CULTURA POPULAR E ACADEMIAS DE LETRAS

Não é e nem nunca foi tradição as academias brasileiras de letras darem destaque à cultura popular, mas aos poucos o tema parece que começa a ganhar espaço nas casas especialmente fundadas para cultuar a cultura das línguas, no caso a portuguesa.
Mas a Academia Paulista de Letras, APL, ocasionalmente recebe no seu auditório, há pouco restaurado, artistas plásticos, atores, declamadores e intérpretes da música popular que fazem valer voz e instrumentos diante de boa parte de sisudos acadêmicos diplomados, alguns, em Jornalismo, Direito e Medicina, como o seu fundador, o médico carioca Joaquim José de Carvalho (1850-1918)...
Ao lado do sergipano de Lagarto Silvio Romero (1851-1914), Luiz da Câmara Cascudo http://www.youtube.com/watch?v=TeLQm3SbyJQfoi um dos mais importantes estudiosos dos hábitos e costumes do povo.
Sílvio, que era jornalista como Cascudo, integrou o quadro de acadêmicos da ABL e deixou, também como Cascudo, obras de extrema importância para melhor compreensão do nosso País, como Contos Populares do Brasil (1882), Etnografia Brasileira (1888) e Estudos Sobre a Poesia Popular no Brasil (1888). Este é o tema principal da edição especial deste mês de MEMÓRIA DA CULTURA POPULAR, resultante da parceria do Instituto Memória Brasil com o newsletter Jornalistas&Cia.

BAHIANO
Natural de Santo Amaro da Purificação, BA, a cerca de 70 quilômetros da capital Salvador, o primeiro cantor profissional do Brasil, Manuel Pedro dos Santos, morreu no dia 15 de julho de 1944, ou seja, há exatos 69 anos. Ele deixou uma enorme quantidade de discos gravados para a Casa Edison do Rio de Janeiro. É dele a primeira gravação de uma música com letra no País, o lundu Isto é Bom, de seu conterrâneo Xisto Bahia (1841-94).

CASCUDO
Ouça um trecho de entrevista que Câmara Cascudo nos deu, clicando:
ww.jornalistasecia.com.br/edicoes/culturapopular15.pdf

domingo, 14 de julho de 2013

SECA E OMISSÃO DO PODER

Em termos territoriais e populacionais, o Brasil ocupa o 5º lugar dentre os quase 200 países reconhecidos oficialmente pela Organização das Nações Unidas, ONU. Entre as capitais mais populosas, na casa dos 11 milhões de habitantes, se acha São Paulo, populacional e tecnicamente empatada com Pequim, Moscou e Guangzhou, no sul da China.
A nossa região Nordeste, que é formada por nove Estados, tem mais de 1,5 milhão de quilômetros quadrados e 53 milhões de habitantes, ou seja: quase ¼ da população do País.
Por esses parâmetros, e à guisa de curiosidade, no território nordestino caberia, com folga, a população dos 645 municípios de São Paulo, incluindo a capital. E também, ainda com folga, caberia a população inteira das quatro mais populosas cidades do mundo: Xangai, na China; Karachi, no Paquistão; e Nova Delhi na Índia, como Mumbai, que ocupa o 1º lugar nesse ranking.
Israel, politicamente definido como um Estado judeu e democrático, tem uma área total de 20.700 km2 e uma população aproximada de 7,5 milhões de habitantes às turras com os palestinos e outras gentes daquele mundo, o Oriente Médio.
E por que me refiro também a esse pequeno país de formação tão diversificada e em cuja capital, Jerusalém, nasceu Jesus Cristo?
Simples: por ele estar sendo visto, neste momento - e literalmente -, como a salvação da lavoura do Nordeste.
Os israelenses devem nos emprestar, em breve, a sua tecnologia de convívio com a estiagem permanente e, assim, melhorar a vida dos nordestinos nos seus 1.794 municípios, dos quais, hoje, mais de 1.400 estão com o solo seco, esturricado, esquecido – que Deus me perdoe - por Cristo.
Em cidades a exemplo de Anagé, BA, a 560 quilômetros de Salvador, não cai um pingo d´água de chuva há pelo menos três anos; e no semiárido todos os 1.135 municípios há muito foram afetados pela seca, levando tristeza e desespero aos seus mais de 22 milhões de habitantes, ou 12% da população do Brasil.
O ponto comum entre o Nordeste e Israel é a estiagem secular.
A diferença numa e noutra região é que lá, em Israel, o governo cumpre, e bem, o papel de suprir a falta d´água da população e dos animais com criatividade e zelo.
Aqui...
E cadê os olhos das ruas das grandes cidades que não enxergam a tristeza que provoca a seca, hein?
É preciso ver, falar, gritar, denunciar esse crime de omissão do poder Central.

sábado, 13 de julho de 2013

ANASTÁCIA E JORGE PAULO

No começo desta semana que hoje se finda, estiveram conosco, bebendo água e beliscando uns salgados, os amigos Jorge Paulo e Anastácia.
Jorge, paulistano da safra de 1938, é um dos mais famosos homens do rádio inventado no começo do século passado pelo gaúcho Roberto Landell de Moura, que agora o newsletter Jornalistas&Cia quer ver, como todos nós, estudado e homenageado todo dia nas salas de aula do nosso País.
Anastácia, de batismo Luzinete Ferreira, pernambucana da belíssima cidade de Recife, é chamada por meio mundo de Rainha do Forró, título, aliás, a que modesta e gloriosamente diz fazer jus.
Das compositoras brasileiras, ela é das mais férteis e profícuas.
Jorge Paulo e Anastácia (aí no clique sem luz de Andrea Lago, entre mim e Jorge) não se viam pessoalmente há quase 20 anos.
Um reencontro desses é bonito de haver, não é?
 
JORGE MELLO
Daqui a pouco, às 20 horas, o cantor, compositor, instrumentista, advogado especializado em direitos autorais Jorge Mello, piauiense dos bons, estará esquentando o espaço cultural Casa dos Cordéis, à Avenida Torres Tibagy, 90, Gopouva, Guarulhos, e quem lá estiver. Detalhes pelo telefone 2229-0580, com o poeta Bosco Maciel.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

OS GENIAIS MAHATMA E SPACCAROTELLA

Você já ouviu falar em Mahatma Costa?
Em Antonio Spaccarotella sim, eu sei, aqui mesmo neste Blog, quarta-feira passada, 4 (clique http://assisangelo.blogspot.com.br/2013/07/em-acao-oswaldinho-e-spaccarotella.html)
Mahatma é brasileiro de Olinda, PE.
Spaccarotella é italiano de Consenza.
O que ambos têm em comum é a paixão desenfreada pela sanfona, que tocam desde o tempo em que eram guris.
Segunda-feira 8, os dois estiveram conosco, apreciando o acervo do Instituto Memória Brasil, IMB.
Lá para as tantas, Mahatma e Antonio - que chamei de Spacca da Sanfona - deram mão de seus instrumentos - que parecem mágicos, como seus dedos - e entraram numa espécie de duelo.
Interpretaram números difíceis e clássicos, entre os quais o choro Brasileirinho (clique http://youtu.be/rrUeh6I-Nwo)
Foi um espetáculo e tanto!
Antonio Spaccarotella e Mahatma Costa são ainda jovens, incríveis e premiadíssimos nos Estados Unidos, Europa e Ásia.
Em 2011, por exemplo, Mahatma conquistou o 5º lugar num famoso e tradicional festival internacional de sanfoneiros realizado em Xangai, China (clique http://www.coupemondiale.org/2011/cn_report_02_sunday.htm).
Voltarei a falar de ambos.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

HÁ 40 ANOS MORRIA AGOSTIHO DOS SANTOS

Às 14h30 do dia 11 de julho de 1973, a torre de controle do aeroporto de Orly, na França, recebia comunicado desesperado do comandante paraibano Gilberto Araújo da Silva dando conta de que o avião Boeing 707 da Varig que comandava ardia em chamas.
Havia 134 pessoas a bordo, incluindo 17 tripulantes.
O avião prefixo PP-VJZ, faria escala em Orly e seguiria até Londres, na Inglaterra, mas não houve tempo para pouso de emergência no aeroporto francês.
E o comandante tinha apenas duas opções: atirar o avião sobre casas edifícios das proximidades de Orly - e matar muita gente - ou atirá-lo sobre uma plantação de cebolas.
A segunda opção foi a escolhida.
122 pessoas morreram, incluindo o cantor paulistano, do Bixiga, Agostinho dos Santos.
Dez tripulantes e o passageiro Ricardo Trajano, que viajava sozinho, escaparam para contar a história.
O comandante Silva também escapou e virou herói.
Um ano e dois meses depois da tragédia, e já recuperado, Ricardo encaminhou-se a uma loja da Varig dizendo que da última vez que comprara um bilhete da Varig para ir a Londres, não conseguiu. Disse isso rindo, com naturalidade, logo virou atração e recebeu sem pagar um novo bilhete até Londres.
O comandante Gilberto Araújo da Silva, natural do município de Santa Luzia, no Vale do Sabugi paraibano, voltou a pilotar, mas seu avião prefixo PP-VLU, de carga, que levantara voo de Narita, em Tóquio, Japão, sumiu com ele e cinco tripulantes na noite do dia 30 de janeiro de 1979, no Oceano Pacífico.
O avião transportava 153 obras do pintor japonês naturalizado Manabu Mabe.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

CHICO SALLES GRAVA BOLDRIN

O paraibano de Souza Francisco de Salles Araújo, por meio mundo conhecido apenas por Chico Salles (aí na foto, comigo e o produtor José Milton), é da raça de artista da boa música, cantor e compositor de forró e sambas, que não tem pressa de gravar e lançar disco. Tanto que, aos 62 anos, tem só cinco CDs espalhados por aí.
Membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, Chico tem muitos folhetos e livros publicados, entre os quais Cordelinho, premiado pela Academia Brasileira de Letras como melhor livro infanto-juvenil de 2009.
E ontem ele veio do Rio de Janeiro, onde mora há mais de 40 anos, para gravar participação no programa Sr. Brasil, do Boldrin, na TV Cultura de São Paulo, canal 2.
Chico arrasou, como se diz.
Ele cantou três músicas do seu 5º disco, a faixa-título O Bicho Pega, de Bule-Bule; e Circo das Ilusões, de João Bá e Klecius Albuquerque; e Forró do Apagão, de Maciel Melo.
Na gravação do programa ele se fez acompanhar dos craques em música Durval Pereira, Zé Leal, Nino Jeremias, Paulinho 7 Cordas e Andrezinho do Cavaco.
Agora Chico Salles está se preparando para lançar o CD Sérgio Samba Sampaio. Isso, segundo ele, deverá ocorrer daqui a uns 30 dias. “Tá tudo pronto”, garante.
O cachoeirense Sérgio Sampaio, primo do autor do hino de Cachoeiro de Itapemirim, Meu Pequeno Cachoeiro, Raul Sampaio, e de outras pérolas como Quem eu Quero Não me Quer, em parceria com Ivo Santos, foi um compositor pouco compreendido, de certo modo “maldito”, como Tim Maia e Itamar Assumpção.
O novo disco de Chico vem para corrigir a injustiça de Sérgio ter sido crucificado em vida pelos críticos etc.
Em outubro faz 40 anos que o primo do autor de Cachoeiro de Itamemirim lançou o seu primeiro LP, Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua.
Ainda é tempo.

LINKS INCRÍVEIS
Do amigo José Nêumanne acabo de receber a indicação dos 100 melhores links que se deve ver/ouvir antes de batermos com as botas. Realmente, a dica é muito boa. Mas há “poréns”. Na parte de discos não tem Noel Rosa, Wilson Batista, Assis Valente, Sivuca, Hermeto Pascoal, Luiz Gonzaga, Pixinguinha, Dalva de Oliveira. Em contrapartida, tem Vinicius e tem Machado de Assis com suas obras em disponibilidade. Tem também Joaquim Pedro de Andrade com o filme O Poeta do Castelo, produzido pelo Instituto Nacional do Livro do Ministério da Educação e Cultura em 1959. O poeta é Manuel Bandeira (clique abaixo, na linha azul). Tem a fictícia Rádio Camanducaia, mas não tem Di Cavalcanti, Cícero Dias, Bonadei, Volpi e Rebolo. De Portugal, tem Pessoa. Dos EUA, tem tudo. Que coisa, hein?

terça-feira, 9 de julho de 2013

9 DE JULHO E ZÉ RAMALHO

A essa hora, há 81 anos, São Paulo e alguns Estados, como Mato Grosso – hoje, do Sul - ferviam em tiroteios que, ao fim, resultaram entre 1.000 e 2.000 brasileiros mortos por brasileiros, em guerra contra a ditadura Vargas e por uma Constituição.
Oficialmente, o número divulgado é de 934.
A Revolução Constitucionalista, como o conflito ficou conhecido, foi cantada de todas as formas.
Entre dobrados, marchas e hinos, foram compostos cerca de 40 músicas, sendo a mais famosa, curiosamente, a música oficial da Guarda Republicana de Paris Paris-Belfort, de Parigoul (acima, reprodução do selo do disco original lançado simultaneamente na Itália, Turquia, Canadá e Brasil).
O 9 de julho é a data cívica mais importante de São Paulo.
....................................
ZÉ RAMALHO - Abaixo, registros do dia 7 no Vale do Anhangabaú, onde a Prefeitura de São Paulo, com apoio da TV Globo, realizou shows em comemoração ao mês junino. Os espetáculos, nos dias 6 e 7, foram apresentados por mim representando o 
Instituto Memória Brasil, IMB, e Alessandro Azevedo, da 
Associação Raso da Catariana na pele do seu personagem famoso, o palhaço Charles. 
As fotos são da profissional Michela Brígida.

Na foto acima, eu, a atriz Milena Toscano e o palhaço Charles apresentando o show de Zé Ramalho (aí na foto).

domingo, 7 de julho de 2013

ZÉ RAMALHO, NO ANHANGABAÚ. VAMOS?

Milhares, muitos milhares de pessoas – umas 15 mil? - lotaram ontem todos os espaços do Vale do Anhangabaú, aqui na capital paulista.
Não sei quantas pessoas cabem lá, no Vale, mas sei que cabem muitos milhares.
Coisa muito bonita foi aquilo de se ver, ontem, do começo ao fim, lá, no Vale; e sem nenhuma ocorrência policial registrada até o final de tudo; tudo que recomeça hoje, ali pelas 15 horas.
Vá lá, meu amigo, e leve seus amigos também, parentes, aderentes...
A tarde ontem lá, no Vale, começou comigo e o ator Alessandro Azevedo - criador do palhaço Charles, estrela do Sarau do Charles... (foto aí acima, da sensibilíssima profissional Michela Brígida) - contando histórias juninas e alegrando o povo com causos, piadas próprias, cantando...
O povo que foi chegando, chegando, chegando e, de repente, crescendo, crescendo, crescendo e se tornando multidão num piscar d´olhos a partir, mesmo, da apresentação do trio musical Casa Amarela, no Palco 2; e Anastácia, Amelinha, Melina e Duani no Palco 1, seguida do Trio Juazeiro, no 2; e Alceu Valença no 1, comigo e os atores Júlio Rocha, o Dr. Jacques, da novela Amor à Vida (registro abaixo, de Michela); e Alessandro Azevedo.
Sim, foi tudo muito bonito.
E teve ainda a parte lúdica nos gramados do Vale, com centenas de crianças, a partir dos três anos, brincando com pedagogos e contadores de histórias.
E teve também a presença dos poetas populares Moreira de Acopiara, Marco Haurélio e Zé da Zilda (foto abaixo, de Michela) arrebentando no melhor dos sentidos.
Demais!
E hoje, 7, tudo será do jeito bonito que foi ontem.
A programação é esta, espalhem:
Palco 1
16h30: Peixelétrico
19h30: Zé Ramalho
Palco 2
15h: Diego Oliveira
18h: Circuladô de Fulô
E, claro, novamente estaremos animando o ambiente, eu e o palhaço Charles, que está engolindo o seu criador, Alessandro, que representa a Associação Raso da Catarina; e eu, o Instituto Memória Brasil, IMB.

Viva o Brasil!
Mais tarde, ali pelas 15 horas, voltaremos, eu e o palhaço Charles, a falar de São João e brasilidade. De Luiz Gonzaga, inclusive. 
Clique:
http://www.youtube.com/watch?v=DUC7Pu8-I9I

sábado, 6 de julho de 2013

SÃO JOÃO EM SÃO PAULO

São quatro e não três os santos do ciclo junino, no Brasil: Antônio, João, Pedro e Paulo.
O primeiro era português, de Pádua. Morreu aos 39 anos, no dia 13 de junho.
O segundo era natural da Judeia, no sul da Palestina, entre o mar Morto e o mar Mediterrâneo; hoje, Cisjordânia.  
O terceiro era romano, considerado o primeiro bispo da Igreja Católica. Seu nome era Simão.
O quarto era judeu, nascido numa província de Roma. Seu nome era Saulo, ou Saul, mas virou Paulo, ou Paulo de Tarso, ao converter-se ao Cristianismo num longínquo 25 de janeiro.
Pois bem, desses o menos lembrado nos festejos juninos é Paulo, São Paulo. Essa falha começará a ser revista a partir de hoje - e amanhã - numa festa programada pela Prefeitura paulistana, que se iniciará às 14h30, no Vale do Anhangabaú. Eu e o ator Alessandro Azevedo estaremos animando o público, com muitas brincadeiras e música em dois palcos.aqui, parte da programação é esta,
HOJE
Palco 1
16h: Quatro ases do forró: Anastácia, Amelinha, Duani e Melina
19h: Alceu Valença
Palco 2
14h30: Casa Amarela
17h30: Trio Juazeiro

AMANHÃ, 7
Palco 1
16h30: Peixelétrico
19h30: Zé Ramalho
Palco 2
15h: Diego Oliveira
18h: Circuladô de Fulô


SÃO JOÃO.
Quer saber um pouquinho sobre a presença dos nordestinos em São Paulo. Então, clique:
http://www.youtube.com/watch?v=8dp6k5OPxFc
 
 
 


sexta-feira, 5 de julho de 2013

ZÉ RAMALHO DE GRAÇA, NO ANHANGABAÚ

http://www.youtube.com/watch?v=sbzeATyAuL4
Hoje é véspera, amanhã é dia de festa no Vale do Anhangabaú.
Mesmo um pouco tardio, o dia será de muita brincadeira, de contação de história, de cordel a cargo de Marco Haurélio e trupe; de comida boa e típica, quentão e cantiga em dois palcos.
Num, às 16 horas, a rainha do forró Anastácia, Amelinha, Duani e Melina.
Noutro, às 14h30, os grupos Casa Amarela e Juazeiro.
Alceu Valença e Zé Ramalho estão programados para arrebentar.
Alceu às 19 horas, amanhã.
Zé às 19h30, depois de amanhã.
Antes de Zé, tem os meninos do Peixelétrico fazendo fuá no palco 1; e no palco 2, Diego Oliveira e Circulandô de Fulô.
E tudo no peito, na raça, de graça, comigo e o ator Alessandro Azevedo animando a quem estiver desanimado.
Fora isso, e envolvendo tudo isso, uma rádio – do povo - com sistema de alto falantes tinindo reviverá os tempos de boa música, à frente Alessandro representando a Associação Raso da Catarina e eu o Instituto Memória Brasil.
Vai ser legal, espalhe, avise a todo mundo que vai ser legar estar no Vale do Anhangabaúu amanhã e depois de amanhã.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

EM AÇÃO, OSWALDINHO E SPACCAROTELLA

Antonio Spaccarotella, um dos mais jovens e respeitados sanfoneiros italianos da atualidade, professor musical de formação jazistíca, chega ao Brasil no próximo domingo. Ele desembarca em São Paulo, para depois seguir viagem por algumas cidades brasileiras como Crato, no Ceará; e João Pessoa, na Paraíba, onde ministrará um workshop na Universidade Federal local e se apresentará em concerto no Auditório Radegundes Feitosa, entre os dias 12 e 14.  
Ele já esteve no País algumas vezes, para se apresentar em festivais de sanfoneiros na Bahia e Pernambuco.
A carreira artística Spaccarotella começou praticamente por acaso, quando, ainda criança, foi levado a uma festa de casamento e assistiu, encantado, o desempenho de um acordeonista que fora contratado para tocar no evento. “Foi ali, naquele momento, que eu me apaixonei completamente pelo instrumento”, ele conta.
E tinha 14 anos quando começou a estudar música, para valer.  
O seu primeiro grande mestre foi Renzo Ruggieri, a quem diz dever muito.
Ele também estudou (jazz) com Luciano Biondini, Frank Marocco e Richard Galliano. E (clássico) com Claudio Jacomucci, Mika Väyrynen, Frederich Deschamps e Fredric Lips.
Em 2008, Spaccarotella representou a Itália no Campeonato Mundial de Acordeon (World Trophy CMA), espécie de Copa mundial de sanfoneiros. E ganhou; como logo depois ganharia o Prêmio de Castelfidardo, o mais respeitado dentre todos.
Conta o italiano que na sua terra, e boa parte da Europa, o interesse pela sanfona se acha hoje em fase crescente, por isso se sente muito bem e à vontade como professor desse instrumento “fantástico”.
Uma de suas alunas, a brasileira Maryanne Francescon, nascida em Medianeira, PR, ganhou o festival CMA.
“Um orgulho para todos nós, não é?”.
Spaccarotella, que tem 28 anos de idade, se apresentará também em São Paulo, mas precisdamente no Museu da Casa Brasileira, no próximo dia 21, ao lado de Oswaldinho do Acordeon, que considera, além de uma referência obrigatória da música, “um ícone mundial do acordeon”.
Ano passado os dois se apresentaram juntos em Spoleto, Itália (acima, na foto), onde é realizado o World Trophy CMA.
Mais informações com Sarah e Samanta, da Quitanda Musical Produções Artísticas.
Tel.: (11) 2598-7398
Cel.: (11) 98282-1398 / (11) 98441-7054
e-mail: quitandamusical@gmail.com
site: www.quitandamusical.com.br 

Quer saber mais, ver/ouvir Spaccarotella em ação? Então, clique:
http://www.youtube.com/watch?v=sPhzvo6blpA (Antonio Spaccarotella - Rússia)
http://www.youtube.com/watch?v=VdR387biVdQ (Gugliemi Brothers - Alunos de Antonio)
http://www.youtube.com/watch?v=BvloZFScegU (Antonio Spaccarotella - Castelfidardo)
http://www.youtube.com/watch?v=BvloZFScegU (15º Festival da Sanfona 2012 - Teatro Isabel (Recife)).
http://www.youtube.com/watch?v=OzOtS9Lv0IM (Duo Mediterranean Jazz - duo La neve/ Spaccarotella)


PRÊMIO JORNALISTAS&CIA/HSBC
Estarão abertas até o dia 5 de setembro as inscrições para o Prêmio Jornalistas&Cia/HSBC de Imprensa e Sustentabilidade, que este ano distribuirá mais de R$ 100 mil reais aos vencedores nas categorias Mídias Nacional e Mídia Regional. Detalhes abaixo:

quarta-feira, 3 de julho de 2013

O PLEBISCITO

O maranhense Artur Azevedo, cujo nome completo era Artur Nabantino Gonçalves de Azevedo, nasceu no dia 7 de julho de 1885. Jornalista, contista e poeta, Azevedo, fundador da Academia Brasileira de Letras, ABL, junto com Machado de Assis e outros intelectuais, deixou vários livros. Num deles, Contos Fora de Moda, de 1894, pode-se apreciar com gosto o texto O Plebiscito. E já que a palavra está entrando de novo em moda...
..................
A cena passa-se em 1890.
A família está toda reunida na sala de jantar.
O senhor Rodrigues palita os dentes, repimpado numa cadeira de balanço. Acabou de comer como um abade.
Dona Bernardina, sua esposa, está muito entretida a limpar a gaiola de um canário belga.
Os pequenos são dois, um menino e uma menina. Ela distrai-se a olhar para o canário. Ele, encostado à mesa, os pés cruzados, lê com muita atenção uma das nossas folhas diárias.
Silêncio.
De repente, o menino levanta a cabeça e pergunta:
— Papai, que é plebiscito?
O senhor Rodrigues fecha os olhos imediatamente para fingir que dorme.
O pequeno insiste:
— Papai?
Pausa:
— Papai?
Dona Bernardina intervém:
— Ó seu Rodrigues, Manduca está lhe chamando. Não durma depois do jantar, que lhe faz mal.
O senhor Rodrigues não tem remédio senão abrir os olhos.
— Que é? Que desejam vocês?
— Eu queria que papai me dissesse o que é plebiscito.
— Ora essa, rapaz! Então tu vais fazer doze anos e não sabes ainda o que é plebiscito?
— Se soubesse, não perguntava.
O senhor Rodrigues volta-se para dona Bernardina, que continua muito ocupada com a gaiola:
— Ó senhora, o pequeno não sabe o que é plebiscito!
— Não admira que ele não saiba, porque eu também não sei.
— Que me diz?! Pois a senhora não sabe o que é plebiscito?
— Nem eu, nem você; aqui em casa ninguém sabe o que é plebiscito.
— Ninguém, alto lá! Creio que tenho dado provas de não ser nenhum ignorante!
— A sua cara não me engana. Você é muito prosa. Vamos: se sabe, diga o que é plebiscito! Então? A gente está esperando! Diga!...
— A senhora o que quer é enfezar-me!
— Mas, homem de Deus, para que você não há de confessar que não sabe? Não é nenhuma vergonha ignorar qualquer palavra. Já outro dia foi a mesma coisa quando Manduca lhe perguntou o que era proletário. Você falou, falou, falou, e o menino ficou sem saber!
— Proletário — acudiu o senhor Rodrigues — é o cidadão pobre que vive do trabalho mal remunerado.
— Sim, agora sabe porque foi ao dicionário; mas dou-lhe um doce, se me disser o que é plebiscito sem se arredar dessa cadeira!
— Que gostinho tem a senhora em tornar-me ridículo na presença destas crianças!
— Oh! Ridículo é você mesmo quem se faz. Seria tão simples dizer: — Não sei, Manduca, não sei o que é plebiscito; vai buscar o dicionário, meu filho.
-oOo-
O senhor Rodrigues ergue-se de um ímpeto e brada:
— Mas se eu sei!
— Pois se sabe, diga!
— Não digo para me não humilhar diante de meus filhos! Não dou o braço a torcer! Quero conservar a força moral que devo ter nesta casa! Vá para o diabo!
E o senhor Rodrigues, exasperadíssimo, nervoso, deixa a sala de jantar e vai para o seu quarto, batendo violentamente a porta.
-oOo-
No quarto havia o que ele mais precisava naquela ocasião: algumas gotas de água de flor de laranja e um dicionário...
-oOo-
A menina toma a palavra:
— Coitado de papai! Zangou-se logo depois do jantar! Dizem que é tão perigoso!
— Não fosse tolo — observa dona Bernardina — e confessasse francamente que não sabia o que é plebiscito!
— Pois sim — acode Manduca, muito pesaroso por ter sido o causador involuntário de toda aquela discussão — pois sim, mamãe; chame papai e façam as pazes.
— Sim! Sim! Façam as pazes! — diz a menina em tom meigo e suplicante. — Que tolice! Duas pessoas que se estimam tanto zangarem-se por causa do plebiscito!
Dona Bernardina dá um beijo na filha, e vai bater à porta do quarto:
— Seu Rodrigues, venha sentar-se; não vale a pena zangar-se por tão pouco.
O negociante esperava a deixa. A porta abre-se imediatamente.
Ele entra, atravessa a casa, e vai sentar-se na cadeira de balanço.
— É boa! — brada o senhor Rodrigues depois de largo silêncio — é muito boa! Eu ignorar a significação da palavra plebiscito! Eu!
A mulher e os filhos aproximam-se dele.
O homem continua num tom profundamente dogmático:
— Plebiscito...
E olha para todos os lados a ver se há ali mais alguém que possa aproveitar a lição.
— Plebiscito é uma lei decretada pelo povo romano, estabelecido em comícios.
— Ah! — suspiram todos, aliviados.
— Uma lei romana, percebem? E querem introduzi-la no Brasil! É mais um estrangeirismo!

CORREIO DAS ARTES
Logo mais, às 19 horas, será lançado na Usina Cultural Energisa, em João Pessoa, Paraíba, o livro Uma Viagem no Tempo, organizado pelo professor Alarico Correia e pelo editor Juca Pontes. “Esse livro retoma o papel de A União publicar obras de autores paraibanos”, diz o superintendente do jornal, Fernando Moura, acrescentando que esse será o primeiro dentre vários a serem lançados no correr deste ano e 2014.
As páginas de A União abrigaram textos originais de Augusto dos Anjos, Celso Mariz, Ascendino Leite e Horácio de Almeida, entre outros autores paraibanos.
A intenção é lançar livros em todas as áreas, “com olhar mais pedagógico e viés educativo, de contribuição para a ampliação do conhecimento coletivo da Paraíba”, informa Fernando Moura.
O próximo título será uma biografia do pintor Pedro Américo, feita por Horácio de Almeida.
Hoje também será lançada uma edição especial do suplemento literário Correio das Artes, no mesmo local e horário.
O homenageado da noite é o decano da imprensa paraibana, Luiz Gonzaga Rodrigues, que está completando 80 anos de idade.

100 ANOS
Hoje faz 100 anos que nasceu em Campos de Goytacazes, RJ, o compositor Wilson Batista. A sua primeira música, o samba-canção Na Estrada da Vida, foi gravada em disco Victor por Luiz Barbosa no dia 28 de abril de 1933 e lançada à praça no mesmo ano, em dezembro. Ele tinha 20 anos quando Sílvio Caldas gravou seu samba Lenço no Pescoço, provocando Noel Rosa e iniciando uma polêmica musical que entrou para a história. Em 1956, a Odeon reuniu as nove músicas compostas pelos dois e chamou Francisco Egydio e Roberto Paiva para regravá-las. O resultado foi o LP de 10 polegadas Polêmica (acima, reprodução da capa).

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