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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

BIENAL, BOBAGENS E BISPO DO ROSÁRIO

No começo dos anos 1970, em João Pessoa, Paraíba, eu era um moleque metido a besta.
Fazia artes plásticas na Divisão de Extensão Artística da Universidade Federal da Paraíba.
Professores meus eram vários.
João Câmara Filho, um deles.
Raul Córdula, outro.
Celene Sitônio, também.
Brennand era visitante.
Foi por essa época que conheci Brennand e a sede da sua usina de criação em Recife.
Fui lá pelas mãos de Câmara Filho.
Era um espaço incrível e como tal, até onde me dizem, continua sendo.
De abestalhar qualquer vivente com um mínimo de sensibilidade.
Por essa época, eu assinava como Di Angelus as bobagens que inventava de pintar em tela sobre óleo. Câmara achava que eu tinha futuro como pintor, e até escreveu isso numa coluna semanal que tinha no Diário de Pernambuco.
Sim, e por momentos cheguei a acreditar nisso, tanto que expus por aí a fora, em individuais e coletivas.
Até em Connecticut, EUA.
E também na Bienal de São Paulo.
E ontem à noite eu compareci a abertura da Bienal de São Paulo, na sua 30ª edição.
Representantes de muitos países estavam presentes, mostrando uma enormidade de bobagens como aquelas que eu fazia no começinho dos anos 1970.
Até um monte de terra vermelha, na forma de cone, lá estava desafiando a minha sensibilidade.
Muito nó em pingo d´água.
A única coisa que despertou os meus neurônios adormecidos foi a exposta pelo Bispo do Rosário, reconhecidamente um louco de camisa de força.
O que ele nos legou é para pensar.
O resto, lá, é dispensável totalmente.
Amigos à volta de mim me pedem calma, paciência, que arte contemporânea é isso mesmo.
Ou seja: nada.
Eu, hein, pulei fora das cores e pincéis.
E viva Miguel dos Santos!
Vocês conhecem Miguel dos Santos e a sua obra?
Foi meu colega de sonhos na Divisão.
E ele, sim, é artista.
Na foto que ilustra esta postagem, uma criação do Bispo.

INSTITUTO HISTÓRICO DE SP
Amanhã 7, a partir das 15 horas, haverá uma intensa programação cultural no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Fica na Benjamin Constant, ali no centro da cidade. Vamos lá?

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

AINDA UM RETRATO FIEL DO BRASIL DE BAIXO

Exatos 52 anos após a publicação da impactante narrativa de Quarto de Despejo (Editora Francisco Alves, 182 págs.), de Carolina Maria de Jesus, levado à tradução em dezena e mais línguas mundo a fora, chega às livrarias brasileiras o excelente O Estranho Diário da Escritora Vira-lata (Editora Horizonte, 208 págs), de Germana Henriques Pereira de Sousa.
O livro de Germana é um mergulho analítico, sério e profundo à obra da mineira Carolina, que por muitos anos viveu do que colheu do lixo e das ruas da região Norte da capital paulista.
Após descoberta nos fins dos 50 pela sensibilidade do jornalista alagoano Audálio Dantas, Carolina Maria de Jesus alcançou o estrelato tão rápido quanto um foguete com destino à lua; e igualmente tão rápido quanto uma estrela cadente, sossobrou.
Mas ela e o que ela escreveu vivem como fenômeno literário, absolutamente independente das mídias convencionais.
É isso, aliás, o que mostra Germana Henriques Pereira de Sousa no seu maravilhosamente bem escrito e convincente, sem ranço acadêmico, O Estranho Diário da Escritora Vira-lata.
Os diários de Carolina, que somam mais de 4.500 páginas manuscritas – muitas das quais ainda inéditas –, são fortes e tão impactantes quanto os primeiros 20 volumes analisados nos 50 pela objetividade do olhar clínico do jornalista Dantas.
Quarto de Despejo, até hoje um retrato fiel do Brasil de baixo, dos deserdados da vida destes tempos modernosos, foi lançado em agosto de 1960.
E é atualíssimo, como muito corretamente indica o texto de Germana e por quem o leu.
Audálio Dantas é um bruxo.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

INEZITA BARROSO, NO COCORICÓ

Mais uma vez a querida Inezita Barroso telefona feliz para dizer da alegria que foi participar há poucos dias do infantil Cocoricó, da TV Cultura. Disse que adorou ser entrevistada por dois dos personagens do programa, que curiosos perguntaram se já havia algum livro escrito e publicado a seu respeito. E de bate pronto ela respondeu que sim, que fora eu o responsável por essa façanha. No já referido programa ela discorreu sobre o livro A Menina Inezita Barroso (Cortez Editora), mesmo confundindo o título que chamou de As Reinações de Inezita. Clique:


ESPECIAL CÂMARA CASCUDO
E clique também:
http://migre.me/ayXLZ
para ler a edição especial LUÍS DA CÂMARA CASCUDO do news letter Jornalistas&Cia/MEMÓRIA DA CULTURA POPULAR.

LIVROS
Eliane, da Editora Horizonte, manda recadinho via e-mail, este:
“Estou com dois lançamentos um agora e outro em outubro que abordam sociologicamente a representação na literatura. No livro da Regina Dalcastagnè, que levou 15 anos para ser escrito, tempo da pesquisa, ela aponta que a literatura está longe de ser um espaço democrático e que longe de representar a contemporaneidade, ainda traz cargas do século passado e anteriores, contrariando todo o senso. Esse fato se dá ainda pelo reforço dos críticos e dos acadêmicos. É uma bomba, literalmente! Com uma margem mínima para erro, a nossa literatura é prioritariamente feita por homens, brancos, de classe média, moradores do eixo Rio/SP e ligados ao jornalismo ou meio acadêmico. O livro sai no final do mês, mas mando um pdf, caso tenha interesse em dar uma olhada. Sinceramente, acho que é um material importante para se divulgar tanto para reflexão de quem faz literatura, como para quebrar padrões e mudar paradigmas. O outro livro que sai agora aborda Carolina Maria de Jesus, e fala de seu diário e questiona a parte estética e poética, referendando o trabalho da artista. Pois pelo fato de ser mulher e favelada, Carolina não conseguiu publicar toda sua obra. Foi relegada às produções menores – como um diário. Bem, se puder, dê uma olhada e me diz o que acha. Grande abraço da Eliane”.
No dia 28 de abril deste ano fiz comentário sobre Carolina Maria de Jesus, aqui neste espaço. Mas voltarei ao assunto assim que ler o livro de Germana Henriques Pereira de Sousa, que está indo à praça com a chancela da Editora Horizonte.

PIMENTA

Pois é, nos olhos dos outros é refresco. Em 1994 o Bradesco garfou R$ 4.505,00 do herdeiro de um correntista, que entrou na Justiça pedindo de volta a quantia, com correção etc. Um juiz decidiu que o valor fosse corrigido com base nos juros de cheque especial cobrados pelo banco. Em janeiro deste ano, os R$ 4.505,00 viraram R$ 1,4 trilhão, metade do PIB brasileiro. Ontem, os 25 juízes mais antigos do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro julgaram a causa. Três foram favoráveis. Um deles, Cláudio de Mello Tavares, disse depois de reconhecer ser surpreendente que a conta bata à porta do trilhão: "Esse processo deve ser tomado como exemplo para o banco. Que os juros aos clientes sejam cobrados com equidade e não para extorquir". O herdeiro correntista que processa o Bradesco tem hoje 71 anos de idade e vive escondido, com medo de represálias. O processo continua. Tomare que o banco perca.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

TINÉ, 50; E PRÊMIO JORNALISTAS&CIA/HSBC

Um dos dez filhos de seu Dedé e dona Nita, o jornalista Flávio Tiné está todo pimpão em página inteira (ao lado) da edição de ontem do jornal O Estado de S.Paulo; o que, naturalmente, é orgulho de todos nós que o admiramos tanto.
O motivo da sua presença como garoto propaganda espontâneo do taludo jornal paulistano é simples: leitor fiel e cidadão correto desde quando se entende por gente.
Ele é da safra de 1937.
Pernambucano de Gravatá, Tiné está completando 50 anos de jornalismo, pois foi em 1962 que ele abraçou a profissão no extinto Última Hora, de Samuel Wainer, na capital pernambucana, onde foi preso por agentes da repressão em 1964, junto com o governador Miguel Arraes e funcionários do jornal.
Seus professores foram Milton Coelho da Graça, Múcio Borges da Fonseca e Eurico Andrade.
Tiné trabalhou no Estadão antes de ingressar na Editora Abril, entrevistando artistas da MPB para publicações como Intervalo e Contigo, ainda nos 60.
Foi também repórter de Diário do Grande ABC.
No correr da profissão, ocupou cargos de assessor de imprensa no Unibanco e Siemens do Brasil.
Aposentou-se como assessor de imprensa do Hospital das Clínicas.
Antes dele, não se fazia reportagens no HC.
Era proibido.
Depois dele, tudo mudou.
Para melhor.
Parabéns, Tiné, pelos cinquentinha de profissão.

PRÊMIO JORNALISTAS&CIA/HSBC
Termina no próximo dia 5 o prazo para inscrições e envio dos trabalhos ao Prêmio Jornalistas&Cia/HSBC de Imprensa e Sustentabilidadeidade. Acessar site www.premiojornalistasecia.com.br. A equipe técnica de apoio pode auxiliar no momento da inscrição, pelo telefone 11-3341-2799, no caso de problemas como envio dos materiais, tamanho dos arquivos etc. O Prêmio recebe trabalhos de jornal, revista, rádio, televisão, internet, fotografia e criação gráfica. Exclusivamente neste ano, há ainda a categoria Rio+20, para trabalhos que tenham como pano de fundo a cobertura do evento. O prazo de publicação ou veiculação é entre 1º de setembro de 2011 e 31 de agosto de 2012. Mais informações pelo e-mail premio@jornalistasecia.com.br ou entre em contato com Lena Miessva: telefone 11-2679-6994.

domingo, 2 de setembro de 2012

LEMBRANDO MÁRIO CHAMIE

Passamos nós ou o tempo?
Ontem revi um amigo que há muito não via: Ives Gandra da Silva Martins, intelectual hoje no seu estágio mais apurado de criação e entendimento do tempo que passa, ou passamos.
E toda vez que o vejo, sempre sou presenteado por uma penca de novos livros de sua autoria.
E dessa vez não foi diferente; acrescida de mais uma novidade: ele acaba de entrar para o Livro dos Records, via RankBrasil, pela façanha de escrever sua rotina em poesia em quatro volumes, a que intitulou de Meu Diário em Sonetos (editora Pax & Spes, São Paulo).
Os quatro volumes são resultado de um autodesafio a que se propôs, depois de ganhar um daqueles livrinhos em branco que amigos os costumam nos dar nos fins de ano. E foi assim que ele, sem prejuízo nas tarefas do dia a dia como um dos mais reconhecidos e aplaudidos tributaristas do País, escreveu em 2010 365 poemas na forma de sonetos.
O bom desses raros encontros é que nossas conversas se estendem, girando por temas diversos.
E foi assim ontem quando fiquei sabendo que o poeta, ficcionista, tradutor e crítico literário gaúcho Carlos Nejar é um dos nomes cotados para receber o próximo Nobel de Literatura, não só por História da Literatura Brasileira (da Carta de Caminha aos Contemporâneos), de 2011, mas pelo conjunto da obra iniciada em 1960, com o livro de poemas Sélesis (Ed. Globo).
História da Literatura Brasileira é um volume de mais de 1.100 páginas, no qual se acha tudo o que diz respeito significativamente à literatura e a literatos brasileiros, incluindo gêneros e movimentos como o Concretismo dos irmãos Campos e a Práxis do paulista de Cajubi Mário Chamie; passando pela Geração de 45 que tantos bons nomes gerou, incluindo o próprio Ives.
Especialmente na vertente poética, Chamie foi um autor que enriqueceu sobremaneira a literatura brasileira.
Ao lançar a sua poesia-práxis, entre 1958 e 1960, ele mexeu em casa de aripuá, isto é: mexeu profundamente com a estrutura poética criada e defendida pelos Campos.
Lavra-Lavra (Massao Ohno, 1962) foi o seu livro mais polêmico.
Mexendo nas estantes, me deparei com alguns livros seus.
Na dedicatória de um deles (Intertexto: a Escrita Rapsódica – Ensaio de Leitura Produtora), datada de 17 de janeiro de 1998, ele não recomenda e nem deixa de me recomendar sua leitura: “Se quiser ler, leia. Uma coisa é certa: prometo continuar seu amigo”.
Noutro, no dia 26 de novembro de 2002, ele escreve: “Irmão em poesia e afeto, aceite o meu abraço, devoto e admirado”.
E continuamos amigos até que o tempo nos separou, no dia 3 de julho de 2011.
A seu respeito, na solene noite de posse como membro da Academia Paulista de Letras, Ives Gandra, depois de lembrar que a poesia de Mário foi traduzida para o inglês, francês, italiano, alemão, árabe, tcheco, russo e espanhol, o saudou dizendo que a sua poética simplesmente era "indomável", dona de um espaço muito próprio, “fonte imprevisível de significações, cabendo ao poeta, em sua práxis, revelar seu integral poder de expressão”.
E antes de desejar as boas-vindas ao novo acadêmico, Ives lembrou o que escrevera Gilberto Freyre:
“Seu verbo incisivo é unicamente seu. Não apresenta parentesco com o de nenhum outro poeta. É uma expressão nova em língua portuguesa. Em Mário Chamie, a criatividade se apresenta tão dele – e tão-somente dele – que é como se as palavras, ou relações entre palavras, nascessem com ele, como fossem de todo inventadas”.
Viva Mário!

sábado, 1 de setembro de 2012

SETEMBRO DOS FESTIVAIS DE MPB

A música brasileira de ontem continua viva, tanto que foi não foi a Globo abre o seu acervo de preciosidades e de lá nos trai pérolas como as que foram imortalizadas nos festivais de música dos anos 1960.
O programa Som Brasil levado ao ar no começo da madrugada de hoje abordou o tema.
Arrastão, A Banda, Lapinha, Universo no Teu Corpo, Disparada e Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores, entre outras, foram reinterpretadas por nomes jovens, como Maria Gadú.
Mas já não há mais festivais como os daquele tempo e, óbvio, nem grandes intérpretes, como Taiguara.
Na verdade, tudo aquilo foi uma fase; uma fase de riqueza musical agora guardada na lembrança como a Era dos Festivais.
Caetano e Chico continuam por aí.
Vandré está recolhido na região serrana do Rio, como estrangeiro no seu próprio país.
O amigo multimídia Darlan Ferreira ligou pra ele informando do que sucedia naquele horário tardio, mas ele não deu bola dizendo que o aparelho de TV estava desligado e assim iria continuar, pois ele tinha mais o que fazer: dormir, por exemplo.
Era no mês de setembro que os grandes festivais de música se iniciavam.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O BRASIL MUSICAL TEM FUTURO, COM IZAÍAS

O Brasil musical tem futuro.
Um país tão melodioso como o nosso não pode perder tempo com as bobagens apresentadas nas emissoras de rádio e televisão.
Grosso modo, o que se ouve e o que se ver no rádio e na TV é vergonhoso.
Por que isso, hein?
Um país que deu Callado, Pixinguinha, Donga, Capiba, João da Bahiana, Chiquinha Gonzaga, Benedito Lacerda, Anacleto Medeiros, Luiz Americano, Laurindo Almeida, Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo, Garoto, Canhoto, Dino 7 Cordas, Carlos Poyares, Altamiro Carrilho, Antenógenes Silva, Manezinho Araújo, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Carlos Gomes, Alberto Nepomuceno, Villa-Lobos e centenas de outros gênios não pode perder tempo com as bobagens que as emissoras de rádio e televisão tenta nos impor.
Contam-se nos dedos os bons programas culturais que dão gosto ouvir ou ver.
Em São Paulo, o da Inezita.
Na Bahia, o do Perfilino Neto.
Em Pernambuco, o do Ivan Ferraz.
E mais um e mais outro aqui e ali.
Nem os bons discos de autor brasileiro, ou intérpretes, dificilmente se acham nas boas lojas do ramo; aliás, nem essas lojas existem mais.
Quando achamos um ou outro bom disco, achamos nas livrarias.
Uma contradição?
Pois é, nas livrarias compramos discos e filmes...
Mas agora recebo uma boa nova: o disco dos sonhos de Izaías (e Seus Chorões) acaba de ser gravado com a participação do excepcional quinteto de cordas Quintal Brasileiro.
Intitula-se Radamés Gnatalli - Valsas e Retratos.
O jornalista Matias José Ribeiro, da área de divulgação do selo Sesc, por onde está saindo o CD, informa: “O ponto alto do disco é a célebre Suíte Retratos, uma obra dedicada a Jacob do Bandolim que foi lançada originalmente há quase 50 anos”.
Já ouvi algumas músicas do disco e o recomendo.
É uma verdadeira pérola o que nos dão Izaías e Seus Chorões & Quintal Brasileiro.
O lançamento oficial de Radamés Gnatalli - Valsas e Retratos será no próximo dia 9, na unidade Sesc da Vila Mariana, a partir das 18 horas.
Vamos?
Clique:

UMA HISTORINHA:
Num ano qualquer dos 80, eu trabalhava como repórter da Folha. E um dia fui entrevistar o maestro e arranjador Radamés Gnatalli para o suplemento Folhetim, momentos depois de uma passagem de som no teatro do Centro Cultural São Paulo. Liguei o gravador e a nossa conversa se iniciou. Ele respondeu a tudo que lhe perguntei. Até sobre o historiador José Ramos Tinhorão. Nesse ponto, a resposta foi ácida. Voltei à redação para transcrever a entrevista. Foi quando constatei que o gravador não gravou nada. 

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

AUDIÇÃO DE CHORO NO SESC MARIANA

Neste momento está havendo uma audição do CD Radamés Gnattali – Valsas e Retratos no Sesc Vila Mariana, com a presença de Izaias e Seus Chorões e Quintal Brasileiro e convidados. O lançamento oficial do disco será domingo 9, às 18 horas, nessa mesma unidade do Sesc. Portanto, agendem-se!

terça-feira, 28 de agosto de 2012

VOU RIFAR MEU CORAÇÃO

Fui ontem ver o documentário Vou Rifar Meu Coração, de Ana Rieper.
Interessante, feito na maior simplicidade do mundo.
Produção barata, mas de resultado positivo desenvolvido em 78 minutos.
Tudo no tamanho e enquadramento corretos.
Lá estavam a desfilar na telona o interior do Brasil e artistas que conheci de perto e entrevistei a partir dos anos 1970, como Amado Batista e Odair José e tantos, como Waldick Soriano (aí na foto).
Não mudaram nada, isto é, eles são o que são sempre: intérpretes das dores provocadas pelos arrobos dos desencontros amorosos que atingem a todos, desde pobres, pobres a ricos, ricos encastelados, como bem disse Odair, esse um craque do gênero musical brega fora do comum.
Inteligentíssimo.
O filme de Ana é um pequeno tratado de sociologia – e psicologia – calcado na vida mundana de todos nós.
Vale a pena vê-lo.

À BEIRA DO CAMINHO
Ontem também assisti o dramalhão À Beira do Caminho, do aplaudido autor de Os Dois Filhos de Francisco, Breno Silveira, com trilha musical básica do chamado eterno rei da juventude, Roberto Carlos. Esse é um filme que encarna a culpa às últimas consequências num personagem que perde a mulher grávida num acidente de automóvel. A breguice o ronda, do começo ao fim dos seus 102 minutos. Aguardemos a nova produção de Breno: Gonzaga – de Pai pra Filho, nos cinemas a partir de outubro.

OSWALDINHO DO ACORDEON
O meu querido amigo e parceiro Oswaldinho do Acordeon está, neste momento, em voo de volta da Itália para o Brasil; São Paulo, mais precisamente. No próximo dia 31 ele se apresenta no Memorial da América Latina, ao lado de Perla. Eu vou, você vai?

AUDÁLIO DANTAS
O alagoano de Tanque D´Arca Audálio Dantas receberá daqui a pouco, às 19 horas, o Prêmio de Jornalista do Ano Anatec 2012, agora na sua VIII edição. Outros três profissionais de comunicação serão premiados na solenidade que acontecerá na sede da Fecomércio, à Rua Dr.Plínio Barreto, 285, Bela Vista: Caio Barsotti, como Personalidade do Ano (CENP); Antônio Teledano, Profissional de Mídia (Pátria Publicidade) e Roberto Duailibi, Agência do Ano (DPZ). Fica o registro.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

CULTURA CAIÇARA VIVA, EM GUARAÚ

Achei bonito o Festival Caiçara de Peruíbe, realizada anteontem e ontem na quadra esportiva de Guaraú, região do polo ecológico da Juréia.
O festival consumou nesse último fim de semana a sua terceira edição.
No sábado teve a presença no palco da cantora e compositora paulistana Kátia Teixeira, acompanhada de violeiros craques.
Ontem a festança espontânea do povo da região varou a meia-noite, com pessoas de todas as idades dançando fandango.
Houve exposição de peças da cultura popular da região.
Tudo terminou com o Grupo Manema de Peruíbe.
Fica o registro.

GONZAGÃO NO ANHANGABAÚ
Também foi bonita a festa em homenagem ao Rei do Baião, no Vale do Anhangabau. Paulino Rosa do Canto da Ema esteve perfeito, como mestre de cerimônia. Elba e Dominguinhos arrasaram. A cantora e compositora Socorro Lira deu uma canja arrasora. Os cordelistas adoraram tudo.
Viva Gonzaga!

sábado, 25 de agosto de 2012

ENCONTRO COM JÂNIO

Naquela incompreensível manhã de agosto eu era um tampinha de 11 anos, mas já achava que algo de bom não estava ocorrendo no País naquele momento.
As suspeitas vinham do comportamento agitado dos adultos e dos aparelhos de rádio de onde brotavam notícias da renúncia do presidente da República, Jânio Quadros.
Ele se cansara do cargo que assumira sete meses antes e pedira o boné, embarcando para São Paulo e deixando o caos como rastro.
Pior do que aquilo, só mesmo o tiro que Vargas enfiou no próprio peito sete anos antes.
Pensando bem, o que Jânio fez foi também um suicídio.
Um suicídio que pode ser também interpretado como assassinato no toitiço da Nação.
Muitos anos se passaram até que um dia, na chefia da Reportagem Política do Estadão, eu fiz o que muitos colegas fizeram: entrevistei Jânio bem cedinho no seu gabinete de prefeito de São Paulo.
Ele me atendeu bem, educadamente e soltou uma daquelas risadas histriônicas quando lhe perguntei as razões da sua renúncia.
Ele me enrolou e não disse nada revelar a respeito.
E aí entrei na sua, dizendo que ele era um grande ator.
Ele soltou outra risada, me enrolou mais um pouco e pronto.
Mas como eu disse, ele me recebeu muito bem.
E falou de muita coisa (clique sobre a imagem).
Criticou o sistema parlamentarista no Brasil e os trabalhos dos constituintes.
Disse que nas eleições seguintes não iria apoiar ninguém.
Disse também que estava cansado de tudo, até de si próprio.
E disse que não via a hora de findar seu mandato de prefeito e viver seus últimos dias num sítio, lendo e pintando quadros.
Sentia-se desgastado, tanto que um dia ele multou o seu próprio carro.
Jânio era uma esfinge.
Neste 2012 faz 20 anos que ele morreu.

LUIZ GONZAGA
No dia 21 de janeiro de 1961, Luiz Gonzaga entrou num dos estúdios da extinta RCA Victor, no Rio, e gravou a marcha Alvorada de Paz, dele e de Lourival Faissal. A música, feita em homenagem a Jânio Quadros, foi lançada março. Um pedaço da letra:

Jânio Quadros
Tu és um soldado
Sentinela da democracia
O Brasil foi por ti libertado
Reação nacional, valentia...

FESTA PARA O REI DO BAIÃO
Logo mais ao meio dia no Vale do Anhangabaú começa festa em louvor a Luiz Gonzaga, que neste 2012 faria 100 anos. Estarão presentes nordestinos importnates, como Anastácia, coautora de Eu só Quero um Xodó, com Dominguinhos, que também comparecerá ao evento, junto com Elba. Cacá Lopes e Marco Haurélio, entre outros cordelistas, também estarão presentes. O cantor Costa Senna fará declamações. E eu vou aplaudir a todos.

MOREIR DE ACOPIARA
O cearense Moreira de Acopiara lança agora ao meio-dia mais um livro de sua autoria, na Livraria Cortez, ali na Rua Bartira, 317, Perdizes. O livro foi intitulado de O Que é Cultura Popular.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

OS MALES DE AGOSTO. TUDO CULPA DA RITA!

Desde os 400 do século 5º, só zebras ao longo da história nos dias como o de hoje.
Alarico I invade Roma, depois ser recusado no exército romano.
Malaca, na Malásia, é destruida pelas forças do militar-governador da Índia portuguesa, Afonso de Albuquerque.
Protestantes franceses são massacrados por reis católicos, num episódio que entrou para a história como o Massacre da Noite de São Bartolomeu, em 1572.
No Brasil, em 1954, o presidente Vargas dá um tiro na cabeça e pronto.
E hoje, em São Paulo, o goleiro campeão da Copa 70, Félix, foi derrotado por um câncer no Hospital Vitória.
Coisas da vida; é ou não é?

JORNAL DA CULTURA
De longe, o Jornal da Cultura vem se firmando como o melhor informativo da televisão brasileira.
É um jornal apurado, feito com responsabilidade e categoria.
A edição anteontem 22 foi perfeita.
Os principais assuntos do dia, como as greves remuneradas que assolam o País, o julgamento dos envolvidos no Mensalão, o clima de deserto que está vivendo a população de São Paulo, Dilma como uma das mais poderosas mulheres do mundo, segundo a Forbes; foram colocados e discutidos por profissionais de alto gabarito, como Miguel Reale Jr. e o professor da USP Eugênio Bucci.
Entre os temas citados, a edição levou ainda ao ar proposta de uma comissão de juristas para acabar com o sofrimento dos usuários de droga no País, sem prejuízo ao combate ao tráfico e a traficantes.
Assunto delicadíssimo.
Discordo da proposta.

AVENIDA BRASIL
Atenção, importantíssimo para a vida brasileira e dos brasileiros: foi neste 24 de agosto que a vida de Carminha começou a dar revertério. Ela tem 48 horas para deixar a casa do ex-jogador de bola Tufão. Tudo culpa da Rita!

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

INCURSÕES PELO CENTRO HISTÓRICO

Ontem no finalzinho da tarde, após nossa fala no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo para uma seleta e atenta plateia, eu e os amigos João Tomás e Mário Albanese, maestro e instrumentista criador do ritmo Jequibau junto com Ciro Pereira, que já está no céu, passeamos descompromissadamente pelo centro histórico de Sampa, observando os belos e imponentes edifícios construídos nos fins dos séculos 19 e 20, pérolas que nem sempre a nossa pressa do dia a dia nos deixa ver.
Os meus olhos agradeceram.
E lá apontando para o céu de vento parado no ar a igreja da Sé vimos os prédios da Bovespa, o Martinelli, o Municipal; mas adiante o solar da Marquesa, o pátio do Colégio.
Quanta coisa bonita!
Mas no complexo da Faculdade de Direito do largo de São Francisco, a nossa sensibilidade captou um amontoado de pessoas ao relento, dependentes das pedrinhas malditas que vieram para contrastar com o natural da vida.
Atento aos detalhes, o craque Darlan Ferreira fez cliques espontâneos para a posteridade, como esse aí que ilustra este texto.
Dê um toque no mauser sobre a foto e veja a lua que lá em cima nos brinda com sua cara Nova.
Fica o registro.  

FLÁVIO TINÉ
Incursões como essa, o bom pernambucano Flávio Tiné também costuma fazer. Aliás, vocês acompanham os textos maravilhosos do Tiné?
O endereço do blog dele é este: Blog do Tiné 

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

FOLCLORE, INSTITUTO GEOGRÁFICO E BOM SOM

Deve-se o 22 de agosto como o Dia Internacional do Folclore a um cidadão de nome Ambrose Merton (1803-85) e pseudônimo William John Thoms, que, diz a lenda, encaminhou uma carta à revista londrina The Atheneum sugerindo que se desse alguma atenção à cultura popular.
Na carta, ele resumia tudo na expressão de origem anglo-saxão folk lore, povo e saber, respectivamente, ou folclore no entendimento comum.
A carta de Thoms foi publicada no dia 22 de agosto de 1846.
No Brasil, o maranhense Celso Magalhães (1849-79) e o sergipano Sílvio Romero (1851-1914) foram os primeiros seguidores de Thoms.
Os dois brasileiros do Nordeste passaram boa parte da vida estudando o comportamento, dança, canto, ditos, benditos e tudo o mais vindo da fonte folclore, expressão que, diga-se de passagem, o rio-grandense do norte Luis da Câmara Cascudo (1898-1986) detestava.
Ao lado de Magalhães e Romero, Cascudo foi um dos mais importantes intelectuais do País a estudar as coisas do povo.
Coisas, diga-se, que sempre estiveram bem à frente do nariz de todos e, como se invisíveis, ninguém as via.

PROGRAMAÇÃO
Cadê a programação educativa em torno do folclore em São Paulo, hein?

CONFERÊNCIA
O maestro e instrumentista paulistano Mário Albanese, um dos criadores do ritmo Jequibau, gosta do termo conferência. Mas, enfim, o fato é que daqui a pouco, às 15 horas, estarei discorrendo sobre o tema no salão nobre do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, à rua Benjamin Constant, 158, Centro da cidade. A entrada é franca, você vai?

DISCO
Enquanto batuco estas linhas, escuto no aparelho de som o cantor e compositor pernambucano de Petrolina Alcy Carvalho. Ele é excelente. Entre canções e xotes, bumbas e outros ritmos brasileiros, Aldy surpreende e encanta com sua voz bem aprumada e diferenciada de tantas quantas se ouve por aí. Aldy é um artista feito, pronto para cair na boca do povo. Não à toa, o seu novo CD, acho que o segundo de sua carreira, se chama Alforje. São nos alforjes da vida que se guardam sons e memórias. Guardam-se sons e memórias, que voltam depois ao mundo. Parabéns, Aldy!

terça-feira, 21 de agosto de 2012

FOLCLORE, INSTITUTO GEOGRÁFICO E MEDAGLIA

Amanhã 22 Internacional do Folclore estarei em conferência às 15 horas no salão nobre do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, à Rua Benjamin Constant, 158, Centro da cidade, falando sobre a importância do dia e, dentre outros temas, da necessidade de o poder público preservar melhor a memória do País, criando ferramentas adequadas para isso, pois não basta tombar prédio ou casa histórica por quem nela nasceu ou habitou e dar por encerrado o trabalho. Depois disso é que são elas, seu dotô, isto é: faz-se necessário o seu restauro e ocupação; e daí o acesso fácil ao público, coisa que ainda não se vê hoje por aí.
Tombar por tombar, tombem-se leões e jacarés, elefantes etc. e tal.
O convite é da presidente da entidade, Nelly Martins Ferreira Candeias.
E a entrada é franca.
A propósito: ontem passei de frente da casa onde viveu Mário de Andrade, ali na Lopes Chaves, Barra Funda, pertinho daqui de onde batuco estas mal batidas linhas, e a vi de portas fechadas.
Pois é, tombar por tombar não dá.
A memória de uma cidade tem de estar à mostra e não guardada a lopes chaves, hahaha.
Do Mário:

Na Rua Aurora eu nasci
Na aurora da minha vida
E numa aurora cresci.

No largo do Paissandu
Sonhei, foi luta renhida,
Fiquei pobre e me vi nu.
Nesta Rua Lopes Chaves
Envelheço, e envergonhado
Nem sei quem foi Lopes Chaves.

Mamãe! Me dá essa lua,
Ser esquecido e ignorado
Como esses nomes da rua.

JÚLIO MEDÁGLIA
Acabo de saber que o grande maestro Júlio Medaglia foi demitido junto com seus auxiliares da direção do qusse centenário Teatro São Pedro, que fica aqui de lado de casa. Motivo? Burrice da parte dos administradores públicos. Até onde vamos chegar, meu Deus? Esse maestro é orgulho do Brasil, e só os bobocas que o puseram no olho da rua não sabem disso. Mais dias, menos dias e as coisas hão de melhorar. Cadê o cipó de aroeira do Vandré, que não vem, que não vem?

sábado, 18 de agosto de 2012

CORDEL NA CORTEZ

"Essas mudernagem dos tempos de hoje só atrapalham", diria o amigo Elomar. Pois mais uma vez, ontem e até agora, fiquei impossibilitado de usar o computador para escrever o que tinha de escrever, ou seja: o texto para este espaço e as últimas páginas do novo livro (Lua Estrela Baião, a História de um Rei).
Pifou tudo.
Uma tal de fonte e uma tal de placa-mãe foram pras pinoias.
O motivo?
Um curto-circuito provocado pela empresa fornecedora de enrgia, disseram.
Bom, estou de volta.
E já atrasado, porque tenho encontro marcado já, já, às 18 horas na Livraria Cortez, ali de lado da PUC, onde se inaugura mais uma semana de cultura popular, a VII, essa dedicada à memória do rei do baião Luiz Gonzaga, neste ano do seu centenário de nascimento.
Certamente estarão lá, prestigiando, algumas das mais importantes figurinhas do ramo: Marco Haurélio, João Gomes de Sá, Costa Senna, Cacá Lopes, Sebastião Mrinho, Valdeck de Garanhuns, Pedro Monteiro, Nireuda Longobardi e Francorli e outros mais.
Vamos?
Ainda dá tempo.
Na foto, além de Cortez (centro), fundador da editora e livraria que levam o seu nome, o mestre dos quadrilhos e outros babados Jô Oliveira, um pernambucano de ouro e sensibilidade.
Atenção, ponham na agenda: no próximo 22, dia Internacional do Folclore, estarei em conferência no salão nobre do Instituto Histórico e Geografico de São Paulo, às 15 horas, à Rua Benjamin constant, 158. O convite me chega às mãos pela presidente da entidade, Nelly Martins Ferreira Candeias. O convite muito me honra.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

REGISTROS NECESSÁRIOS

Quero deixar aqui uns registros que julgo necessários, 1º:
- Foi com surpresa que vi hoje na Folha de S.Paulo chamada de 1ª página sobre a morte do flautista Altamiro Carrilho.
Isso é interessante, por que desde quando um jornalão como a Folha faz isso com artista brasileiro? O segundo passo agora é o jornal reconhecer e falar dos grandes nomes das nossas artes que ainda estão por aí.
À guisa de curiosidade: a última vez que Altamiro se apresentou na capital paulista foi na noite de 25 de fevereiro último, no Sesc Santana, por iniciativa nossa, e que quase, quase, não era aceito; como quase, quase não era aceito o nome de Inezita Barroso.
Os dois lotaram o teatro.
Pena não termos imagens da Inezita na ocasião, porque não nos foi permitido fazer.
A sua apresentação foi na noite de 25 de janeiro, no aniversário de fundação de São Paulo.
A lamentar: noutra ocasião sugerimos a apresentação de Carmen Costa e Sivuca no espetáculo de que participamos no Sesc Pinheiros, no Projeto Música do Brasil (Baião), entre os dias 25 e 26 de novembro de 2006, com Dominguinhos, Carmélia Alves e outros aristas.
Eu era o mestre de cerimônia.
Não aceitaram a nossa sugestão e logo depois Carmen e Sivuca partiram, levando alguma tristeza e muita história.
Sim, foi duro trazer Altamiro; e foi duro também conseguir autorização para entrevistá-lo no palco.
Meu Deus, quando todos vamos perceber a importância dos nossos artistas?
Detalhe: na ocasião eu era o curador da exposição-instalação Roteiro Musical da Cidade de São Paulo.
Ah a burocracia!

BIENAL
Mas justiça seja feita: foi muito boa a maneira como o pessoal do Sesc nos tratou no Salão de Ideias da Bienal do Livro que termina dia 19. O tema que abordamos, eu e o fotógrafo Tiago Santana, foi o poeta Patativa do Assaré.

MÁRIO ALBANESE
Aproveito o espaço aqui para perdir desculpas ao artista mário albanese por não ter podido comparecer ontem à gravação de depoimento seu ao Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, onde estarei em conferência no próximo dia 22, Internacional do Folclore. a minha ausência deveu-se ao fato de eu estar pondo pontos finais ao texto que virará livro sobre o rei do baião Luiz Gonzaga, a ser publicado ainda este ano pela Cortez Editora. Extrapolei todos os prazos.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

ALTAMIRO CARRILHO AGORA É SAUDADE

Vítima de câncer, o maior flautista brasileiro, Altamiro Carrilho, morreu hoje de manhã aos 87 anos, numa clínica particular no Rio de Janeiro.
Ele vinha lutando contra a doença há muito tempo.
Altamiro correu os cinco continentes divulgado a música brasileira, principalmente o choro e o baião.
Mais do que falar dele agora, é ouvi-lo falar sobre a sua história e a história de Luiz Gonzaga. Isso ocorreu na última vez que nos encontramos, no Sesc Santana. Foi na noite de 25 de fevereiro deste ano. É uma conversa muito bonita, emocionante. Clique:

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

PATATIVA, TOM ZÉ E JEQUIBAU

Achei demasiadamente esvaziada e desatrativa essa 22ª edição da Bienal Internacional do Livro, sem falar dos altos preços dos títulos etc. etc.
Os títulos da Imprensa Oficial, por exemplo, lá estão pela hora da morte.
Sem explicação, inclusive porque esses títulos são lançados com apoio de leis de incentivo.
Eu, hein!
Quanto ao esvaziamento, houve quem dissesse que se dava por causa do Dia dos Pais e da festa de encerramento dos Jogos Olímpicos de Londres, onde o Brasil acabou com três medalhinhas de ouro, cinco medalhinhas de prata e o resto de medalhinhas de bronze.
A minha referência à falta de atrativo do evento se deve ao fato de eu não ter visto nenhum espaço reservado à cultura popular que poderia ter sido resolvido por iniciativas públicas, já que se depender da Câmara do Livro, bal, bal!
Não vi uma banca sequer com folhetos de cordel, livros, discos etc. etc. a ver com o assunto popular no sentido cultural, claro.
Jorge Amado estava lá por iniciativa do Sesc, que levou Tom Zé, Ilana Goldstein e Jose Castello para falar dele.
Ponto marcado!
Mas Augusto dos Anjos, coitado, foi totalmente esquecido neste ano do centenário de lançamento do mais importante livro de poesia do Brasil, que, não por acaso, vem ser de sua autoria: Eu.
E também ninguém se lembrou de fazer uma homenagenzinha que fosse ao centenário de nascimento do mais importante artista da música popular do Brasil, Luiz Gonzaga, que não por acaso ocorre este ano.
Luiz foi o divisor de águas da música brasileira.
Quando é que vão perceber isso, hein Nêumanne?
Aliás, nenhum evento significativo em torno do Rei do Baião foi realizado ou programado este ano em
qualquer lugar do território paulista ou paulistano.
Heresia?
Pra lá de heresia!
E pensar que foi aqui na capital paulista que Luiz Gonzaga montou o seu quartel-general e até um LP gravou com essa referência!
Mas tire-se o chapéu: o Sesc foi a única entidade pública a se lembrar de pelo menos um grande personagem da nossa cultura popular: Patativa do Assaré.
Para falar dele e da sua obra, estivemos eu e o fotógrafo Tiago Santiago (foto acima) no Salão de Ideias de lá, da Bienal.
Tiago é o autor do belíssimo ensaio fotográfico que ilustra o livro sobre Patativa O Sertão Dentro de Mim, assinado por Gilmar de Carvalho.
Torço para que os organizadores da Bienal valorizem mais o Brasil e a nossa cultura popular, que entendo ser a digital do povo.
Quem sabe eles, os organziadores, façam uma grande festa de encerramento do centenário de Luiz Gonzaga na 23ª edição da Bienal, hein?

DIA DO JEQUIBAU
O que é jequibau?
Avião ou estrela cadente?
Terra, pífano, galo, gaiola ou um parque sem gente?
Água de beber, bicho de morder ou pio de pinto sem pena?
Flor de açucena?
Um rochedo, floresta ou tronco de ipê?
Nome de gato, gata ou topada no meio da escuridão?
Sol ou apelido oculto do cangaceiro lampião?
Não sei; não sabes, não?
Pois, pois.
Nome de menino ou canção de ninar?
Talvez um anjo torto perdido no oco do céu.
Ou um quadro de Dalí.
Ou um vaso da China, um verso sem rima.
Talvez...
O que é jequibau?
Um romance inacabado ou um disco quebrado?
O apelido da lua cheia ou o coaxar de um sapo de olho no brejo.
Um vulcão ativo, quem sabe?
Um grito de guerra, um psiu acanhado.
Uma baleia presa num arpão.
Um operário escravo do patrão.
Ou um tigre findo num alçapão?
Um boi, um bode, um bonde, um bumbo.
Ou o boto de sinhá!
Não sabes?
Eu sei o nome de quem o inventou: Mário Albanese, um paulistano da safra 31.
Eu o conheci no século passado, há mais de duas décadas.
Não sei se na Pensão Jundiaí da Mariazinha.
Virou amigo, desses que a gente ganha e não quer perder.
Mário estava ontem na pensão da Mariazinha, tocando teclado, tocando jequibau.
Jequibau é um estilo musical criado por Mário e Ciro Pereira.
Certa vez, num folheto, escreveu o poeta popular Téo Macedo, em sextilhas:

Jequibau é jequibau
Diferente marcação
Cinco tempos por inteiro
Contrariando a tradição
Um compasso brasileiro
Nova forma de expressão

Jequibau é jequibau
A palavra é singular
Não existe em dicionário
Não adianta procurar
E depois de tantos fatos
É hora de registrar...

No ritmo jequibau gravaram Hermeto Pascoal, Jair Rodrigues, Altemar Dutra e Moacir Franco, entre centenas de outros artistas brasileiros. No campo internacional, destaque das gravações para Andy Willians, Charlie Byrd, Sadao Watanabe e Rita Reys.
Mário Albanese, nunca é demais dizer: é uma glória nossa absolutamente necessária de se rever, de se redescobrir e aplaudir.
Flores em vida.
AMIGOS
Fazia tempo, muito tempo que eu e Tom Zé não nos encontrávamos. O reencontro ocorreu ontem à tarde na Bienal, registrado no clique de Darlan Ferreira.
Ontem também reencontrei o craque do traço Jô Oliveira, o editor José Cortez, o artista e tradutor do russo para o português-brasileiro Luís Avelima, o cordelista Marco Haurélio e mais um monte de gente bonita.

RIVALDO CHINEM
O amigo Rivaldo Chinem dispara convites nos intimando e ao povo todo para a noite de autógrafos do seu livro Comunicação Empresarial - Uma Nova Visão de Empresa Moderna (Discovery Comunicações), quinta que vem às 20 horas no stand B58, na Bienal.

domingo, 12 de agosto de 2012

REPENTISTAS, CINEMA E BIENAL DO LIVRO

Logo mais às 17 horas, cinco duplas de repentistas nordestinos se apresentarão no Centro Cultural Diadema, à Rua Graciosa, 300, Centro da cidade. O responsável por essa beleza de encontro é o poeta de bancada Moreira de Acopiara, cearense da cidade que lhe enfeita o sobrenome.
Junto com Moreira estarão Ivanildo Vila Nova, Louro Branco, Valdir Teles, Sebastião a Silva, Moacir Laurentino Manoel Ferreira, Chico Oliveira, João Paraibano e Zé Cardoso.
Todos um melhor do que o outro.
Cada um incrível agarrado no seu pinho, como cigarras que não se cansam de cantar.
Mais informações pelo telefone 4056.3366.

BIENAL DO LIVRO
Pouco antes, às 16 horas, estarei proferindo impressões e ideias em torno do poeta Patativa do Assaré e sobre a cultura popular Brasileia, riquíssima. Isso se dará na 22ª edição da Bienal Internacional do Livro, no Anhembi. O convite é do Sesc.

CINEMA
As Covas Gêmeas, livro de estreia de Marco Zanfra,
acaba de ter prioridade adquirida para o cinema pelo
cineasta Zeca Nunes Pires. Zeca é jornalista, com mestrado em História e livros publicados sobre o cinema de Florianópolis, de onde, aliás, é natural. Fora isso, é autor de vários curtas focados na cultura popular. Ele é dos bons.
Arriba, Zanfra!

sábado, 11 de agosto de 2012

BIBI FERREIRA E BIENAL DO LIVRO

Sensacional!
O tempo de inverno com cara de verão lotou ontem o Teatro Frei Caneca.
Melhor: a noite de ontem lotou o Teatro Frei Caneca.
Não, talvez assim: a sexta-feira de calor encheu de gente ontem o Teatro Frei Caneca.
Ou: a atriz Bibi Ferreira estreou ontem à noite um novo espetáculo, Histórias & Canções, no Teatro Frei Caneca.
Em suma: a mais completa atriz brasileira, Bibi Ferreira, carregou a mais fina flor paulistana representada por gente de todos os credos e gostos para vê-la à vontade no palco do Teatro Frei Caneca.
À vontade, leia-se: natural, falando, brincando, contando histórias e cantando um repertório em inglês, francês etc.
Até em português-português ela cantou.
Bibi esteve perfeita em vários momentos, como quando interpretou Nem às Paredes Confesso, fado de Artur Ribeiro, Max e Ferrer Trindade, composto em 1955 e gravado pela primeira vez por Amália Rodrigues, que o transformou em clássico do gênero, no dia 30 de novembro de 1962.
Foi uma noite maravilhosa a de ontem no Teatro Frei Caneca.
Ela começou lembrando os tempos de arte no cinema norte-americano e fazendo paralelo com o que ocorria no Brasil da metade do século passado.
Lembrou a Era do Rádio, com ápice nos anos 1940.
Citou a Divina Elizeth Cardoso e a Sapoti Ângela Maria.
E Dalva.
Falou de Hollywood e da Broadway.
Nesse momento ela exibiu a sua voz de menina de 13, 14 anos, bem aprumada, afinada, como ouro que não enferruja.
E cantou By a Waterfall, tema da comédia Footlight Parade (1933), de Lloyd Bacon.
E assim foi.
Brincou com árias que a marcaram, substituindo as letras originais por letras de Caymmi, Noel.
Foi o ponto mais engraçado.
Cantou Edith Piaf (La Vie en Rose) e até brincou:
- Eu vivo às custas dela há 27 anos.
Com 90 anos, Bibi parece ter 13, 14 anos, hahaha.
Viva Bibi!

BIENAL DO LIVRO
Amanhã às 16 horas estarei no Salão de Ideias da 22ª Bienal Internacional do Livro, no Ibirapuera, falando sobre a obra do poeta popular Patativa do Assaré. Comigo, o fotógrafo Tiago Santana. A iniciativa do encontro é do Sesc.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

PAULISTINHA DENGOSA, 60 ANOS

No dia 11 de abril de 1951, por volta das 14 horas, o violonista paulistano Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto, entrou no estúdio da multinacional Odeon no Rio de Janeiro e gravou, de sua autoria, o chorinho Paulistinha Dengosa.
Além dessa música gravada naquele dia, ele anotou no seu diário a gravação de mais três, entre as quais duas de Ary Barroso.
Paulistinha Dengosa foi à praça no lado A do disco de 78 RPM nº 13.312, em agosto de 1952; portanto, há 60 anos.
Além de violão e cavaquinho, Garoto tocava bandolim, guitarra havaiana, banjo, violino, contrabaixo, violoncelo, piano e harpa.
"E era também um grande amigo", recorda saudoso o instrumentista e compositor também paulistano Mário Abanese, seu parceiro numa música: Amor Indiferença (partitura acima).
Garoto não era brincadeira, e por não ser brincadeira ele se transformou num dos maiores e mais completos artistas da música brasileira.
Pena que o seu nome ande hoje em dia tão esquecido.
Garoto modificou a forma de tocar cordas.
Mas ao contrário de Luiz Gonzaga, o rei do baião, a sua genialidade é referida apenas numa música composta, aliás, por seu amigo Mário Albanese, intitulada Meu Amigo Garoto.
Garoto tinha grandes amigos, como o humorista José Vasconcelos
Da sua morte, ocorrida no dia 3 de maio de 1955, o humorista soube quando se achava nos estúdios da extinta TV Tupi. Palavras dele: "Garoto era para mim um irmão. Um grande músico que não teve sucesso porque não fazia música popular. Era exímio tocador de violão. Quando todo mundo tocava com quatro dedos, ele usava os cinco. Um fabuloso artista que a morte roubou do Brasil. Chorei e o público sabia que eu contava piadas chorando. Recebi uma grande ovação quando dei explicações porque eu chorava. Foi o dia mais aborrecido de minha vida".
Na edição de 2 de abril de 1961 do Diário da Noite, o repórter Moacyr Jorge dizia que José Vasconcelos valia “por uma companhia de comédia” e o seu show era de “duas horas de gargalhadas com humorismo sadio”. Encantado, ele reconhecia ser Vasconcelos impressionante na “imitação de figuras da música, do rádio, e da política”.
Fica o registro.
Em toda a sua trajetória musical, Garoto alcançou sucesso apenas com uma obra: o dobrado São Paulo Quatrocentão, resultante de parceria com o maestro Chiquinho e gravada nos estúdios da Odeon no dia 19 de agosto de 1953, para os festejos do 4º centenário da capital paulista. Ela lhe rendeu cerca de US$ de 30, referentes a direitos autorais.

MÁRIO ALBANESE
No próximo dia 15, a partir das 15 horas, Mário estará no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, prestando depoimento sobre o Jequibau, ritmo musical 5/4 que criou junto com o maestro Ciro Pereira. O Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo localiza-se A Rua Benjamim Constant, 158, próximo à tradicional Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde, aliás, estudou.

CANTORIA
Hoje às 21 horas tem cantoria das boas promovida pelo paraibano Rafael de Souza, no estabelecimento comercial da Rua Prof. Campos de Oliveira, 480, Jurubatuba, Santo Amaro. Lá estarão de violas em punho os repentistas Ivanildo Vila Nova e Severino Feitosa, dois craques da poética do improviso. Mais informações pelo telefone 5521.2677.
Uma vez Severino se saiu com estes versos em estrofe de gemedeira, que é uma das dezenas de modalidades do mundo da cantoria:

Assis Ângelo é passarinho
Que nesta floresta voa
Mas lembra de Cabedelo,
Tambaú e Alagoas
E não tira do coração
Ai, ai, ui, ui,
A capital João Pessoa.

BIBI FERREIRA
E hoje tem, também, a estreia de Bibi Ferreira no Teatro do Shopping Frei Caneca. Começa às 21 horas. Bibi é a mais completa atriz brasileira.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

BIBI FERREIRA ESTÁ EM SÃO PAULO

A partir de amanhã e até o dia 7 de outubro, a mais completa atriz brasileira, Bibi Ferreira, estará se apresentando no Teatro Shopping Frei Caneca, às 21 horas. Um grupo musical formado por 21 músicos, sob a batuta do maestro Flávio Mendes, a acompanhará num eclético repertório permeado de obras compostas em várias línguas e gêneros.
Aos 90 anos completados em junho, Bibi dispensa qualquer apresentação formal.
Ela é o próprio teatro.
E música.
Ela tem domínio total da arte que exerce desde tenra idade.
É um orgulho do Brasil.
Viva Bibi Ferreira!
Após a curta temporada em Sampa, Bibi segue com sua trupe a Portugal, e já em novembro, no dia 21, se apresenta no Lincoln Cente de nova Iorque.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

BIBI FERREIRA, UMA SENHORA ARTISTA

Ela nasceu quando?
No dia 1º, 4 ou dez de junho de 1922?
Não importa.
O que importa é que o Brasil deve se orgulhar de Bibi Ferreira, de batismo Abigail Izquierdo, filha do carioca João Álvaro de Jesus Quental Ferreira e da espanhola Aída Izquierdo, ele, o ator Procópio Ferreira; ela, uma bailarina.
Bibi, uma das atrizes mais completas, acaba de chegar aos 90 anos de idade, cantando e atuando nos palcos com um vigor surpreendente.
Eu a vi no começo da madrugada de hoje, num programa da TV Globo.
Eu a vi feliz, alegre como uma estreante, falando do que gosta e do que não gosta.
Não bebe e não não fuma, por exemplo.
Gosta de dormir e de cantar trechos de óperas.
Numa ária da Traviata, de Verdi, ela enfiou Palpite Infeliz, de Noel.
Noutra, de Le Figaro, de Mozart, nos fez ouvir Maracangalha, de Caymmi, que também gostava de dormir e descansar.
Até Ponteio, de Edu Lobo e Capinan; e Deus e o Diabo, que Sérgio Ricardo fez em 20 minutos, ela interpretou à maneira operística, sem falhar a voz.
Bibi está completando 71 anos de estreia profissional como atriz e como cantora.
As suas primeiras gravações em discos foram feitas no formato de 78 RPM, para o selo Columbia.
Em agosto de 1941, ela gravou, de sua autoria, as toadas Fitinha Encarnada e Lá Longe, na Minha Terra.
Depois dessas músicas, ela gravou outras músicas e muitos poemas, além de histórias infantis.
E até apresentou programas na extinta TV Excelsior, como Brasil 61, 62 e 63, com a presença de artistas da MPB, como Geraldo Vandré.
No correr da vida, não titubeou em se posicionar politicamente.
Até de uma campanha pela volta do presidencialismo ela participou, ao lado de Elza Soares, Isaurinha Garcia e outros artistas.
Clique:
LUIZ GONZAGA E PIXINGUINHA
- Você já leu a nova edição do caderno Memória da Cultura Popular do newsletter Jornalistas&Cia, que este mês traz a figura do rei do baião Luiz Gonzaga? Se não leu, clique na linha abaixo:

www.jornalistasecia.com.br/edicoes/culturapopular04.pdf

terça-feira, 7 de agosto de 2012

ALÔ, ALÔ, MARCIANO!

Em julho de 1969, eu tinha 16 anos de idade e marchava célere para os 17 a se completarem dali a dois meses.
Era meio fim de tarde do domingo 20.
Eu me achava passando férias escolares em Timbaúba, um dos municípios pernambucanos da Zona da Mata Norte mais gostosos de viver.
A cidade de poucos habitantes, era aconchegante e estava em rebuliço.
Não se falava noutra coisa naquela tarde, a não ser no homem na lua.
Num estabelecimento comercial ao lado da praça principal as pessoas se aglomeravam meio bobocas diante de um aparelho de televisão ainda em p&b e sem os recursos de transmissão o vivo, como hoje.
Mas isso era apenas um detalhe sem maior importância.
O que importava, mesmo, era ver o homem na lua como anunciado nos jornais e noutros meios de comunicação da época.
Fiquei meio zonzo, meio abestalhado, vendo o Armstrong pulando – pensei - na cabeça do dragão.
Mas não era na cabeça de dragão nenhum que ele pisava.
Ele pisava era na nossa imaginação, tendo como pretexto o solo lunar.
Pulinhos maravilhosos, de criança feliz da vida.
O tempo passou e ontem à noite eu vi na televisão um robozinho na forma de jipe, chamado Curiosity, de US$ 2,5 bilhões, chegando à Marte no começo da madrugada, depois de uma longa viagem até lá.
A mesma sensação de incredulidade daquele 20 de julho voltei a sentir.
Até aonde ainda vamos chegar, hein?

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