Os
últimos sete dias foram agitados, no Brasil e no resto do mundo. No começo da
semana, Cunha reuniu a imprensa para tornar verdade as suas mentiras. Isso foi
em Brasília. Também em Brasília, durante a defesa de Dilma, o advogado Cardoso
botou os pés pelas mãos e disse uma besteira. Na verdade, ele cometeu uma gafe
infantil que levou o senador Cássio Cunha Lima a lembrar o lendário poeta repentista Zé Limeira.
Zé
Limeira, chamado de O Poeta do Absurdo, era muito admirado por outro poeta,
esse paulistano, Paulo Vanzolini, autor dos sambas Ronda e Volta Por Cima,
imortalizados por Inezita Barroso e Noite Ilustrada.
Logo
no começo da semana, o presidente pendurado da Câmara Federal, o Cunha, foi
mais uma vez tornado réu pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Foi,
de fato, agitada a semana que finda hoje.
A
população que forma a União Europeia acordou, se é que acordou, estarrecida com
o resultado do plebiscito realizado pelo governo – parlamentarista – do Reino
Unido. Isso foi no último dia 23 e o resultado chocante leva os ingleses a saírem
da União Europeia, que existe há mais de 60 anos.
Em
Havana, Cuba, a Colômbia firmou acordo de paz com as FARC. Os guerrilheiros da
FARC depõem as armas depois de mais de 50 anos. Ambos eventos são históricos,
sem dúvida. Mas o plebiscito que faz os ingleses deixarem o bloco europeu é o
mais importante; pois, com isso, a União Europeia pode estar registrando o
início do seu fim. Tomara que não...
Ah,
mais um outro grande evento ocorreu na semana que passou e pouca gente
registrou: o aniversário do mestre Hermeto Pascoal. Hermeto, nascido na cidade alagoana
de Olho D’Água das Flores, completou 80 anos de idade no último dia 22. E tão
importante quanto a sua idade, é a quantidade de músicas que ele compôs até
aqui: oito mil.
E,
por falar nele, assista uma conversa que tivemos em São Paulo. Dela também participam Aline Morena e a Rainha do Baião, Carmélia Alves. Veja neste papo Hermeto explicando o que é baião.
O Rio de Janeiro, fevereiro e março, amanheceu em
estado de calamidade pública. É novidade histórica, isso nunca aconteceu. Um
horror! As balas perdidas continuam zunindo no pé-do-ouvido dos inocentes. Quer
dizer, tudo anda na mesma, ou seja: a Bahia da Guanabara permanece fétida, o
trânsito e pedestres seguem firmes na sua loucura descomunal. E é roubo pra cá,
roubo pra lá... Kafka no Rio se sentiria em casa; e nem precisaria escrever nada
pra se sentir em casa, pois o absurdo da sua ficção aparece lá como pura
realidade.
Ouço no rádio que os estabelecimentos hospitalares
estão a cada instante cerrando suas portas e deixando à míngua quem deles
precisa. E aí é gente baleada morrendo, é gente doente sucumbindo abandonada e
mulher grávida parindo na rua a cada hora do dia ou da noite. Fora isso, tem a
onda “tsunâmica” de crianças e adolescentes, principalmente, abusadas no mato,
favela ou no seio familiar. Aliás, estatísticas indicam que a cada duas horas uma
jovem é atacada por tarados em grupo, no Rio; e nas demais partes do País, uma
mulher é atacada a cada três horas. O dia tem 24 horas e façam as contas do
total de mulheres sexualmente violentadas por ano. E tem ainda um pequeno
detalhe: a quantidade de vítimas que deixa de denunciar à polícia os abusos
sofridos, por medo ou vergonha.
Agora tem o seguinte: eu e muita gente mais ou
menos informada, achamos que “estado de calamidade pública” é o estado que o
governante municipal, estadual ou federal anuncia diante de uma grande catástrofe
natural, por exemplo. Bom, mas pensando bem, o que acaba de ser decretado no
Rio é, de fato, uma catástrofe única, original, sem precedentes. O descaso lá é
histórico e contínuo, daí a justificativa para o estado de calamidade anunciado
ao País. As justificativas são todas: falta de pagamento ao funcionário
público, falta de recursos para manutenção dos hospitais, escolas, etc. Até a
coleta de sangue nos órgãos especializados foi suspensa. É ou não é um horror o
que está acontecendo no Rio de Janeiro a um mês e meio da Olimpíada? A esse estado
de calamidade se acham tragédias “miúdas”, como o desabamento da ciclovia em
São Conrado, causando mortes...
Os políticos, um bando enorme deles, não se
envergonham de “chupar o sangue” dos contribuintes. E eles roubam, roubam...
Enquanto isso, os bancos de sangue continuam escassos em todo o País. Em São
Paulo mesmo. Em Salvador, Bahia, estão se distribuindo folhetos de cordel
conscientizando a população a doar sangue. É uma campanha bonita essa.
Agora me vem um pensamento kafkiano: e se o Lula e
a Dilma selassem um acordo de delação premiada junto a quem de direito, hein? E
se isso acontecesse, quem sabe o Brasil se reencontrasse com seus pecados e
seguisse o rumo da beleza gigante em benefício de si próprio e de nós todos,
cidadãos trabalhadores, pacatos, que pagam em dia seus impostos para uma vida
melhor?
TRIO MARAYÁ
Mais um amigo partiu para a Eternidade. Dessa vez
foi o potiguar Behring Leiros, integrante do Trio Marayá. Faz hoje uma semana
que ele partiu. Quem me deu a notícia foi Lenita, agora viúva. Tinha 81 anos de
idade. O trio chegou ao Rio de Janeiro no final dos anos de 1950 e pelas mãos
do pernambucano Luiz Vieira, recebeu os primeiros “empurrões” na carreira.
Fácil, fácil, Behring e seus companheiros Marconi Campos e Hilton Acioli, chegaram
até o paraibano Geraldo Vandré e com ele desenvolveram plenamente a carreira
artística. Com Vandré o trio andou por todo o Brasil e diversos países da
Europa. Detalhe: o nome do trio foi um presente do estudioso da cultura
popular, Luís da Câmara Cascudo (1898/1986).
O
Brasil está pegando fogo. E, pelo jeito, muita surpresa nos alcançará, no campo
da política. Do corpo ministerial de Temer, caíram os titulares das pastas do
Planejamento, Transparência e Turismo. Isso dá, na média matemática, um a cada
12 dias... E tem pendurados, de cabeça pra baixo, os presidentes do Senado e da
Câmara. E já há vazamentos que indicam que ambos vão encarar a tal delação
premiada prevista em lei, aprovada no desgoverno da Dilma. E se isso acontecer,
o que deve acontecer, aí sim: será o deus-nos-acuda, como no dito popular.
Eu
tenho um amigo que me veio com uma fala interessante, interessantíssima.
Imagine, meu amigo, minha amiga, ele sugere que se crie o contraponto do MST: o
MSP, que vem a ser nada mais, nada menos, o movimento dos sem-propina.
É
como diria meu amigo e conterrâneo Genival Lacerda: nóis sofre, mas nóis goza...
A chuva forte que molhou o chão de São Paulo no sábado 4 trouxe até a mim os
professores Alceu e Sonia Chébel Mercado Sparti, pais de duas meninas e avós de
quatro crianças, duas das quais gêmeas.
Em
maio de 1968, quando o mundo estava pegando fogo e muita gente ficando doida,
com queima de sutiã e guerra no Vietnã, Sonia integrava o Centro Acadêmico Santo
Tomás de Aquino (Casta), da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, atual
Universidade de Sorocaba (Uniso).
Sorocaba
é uma cidade paulista, distante da capital 90 quilômetros. É terra de
violeiros, como mestre Raul Torres (1906-1970), tema do novo CD do grupo
paulistano Gato com Fome.
Àquela
época o cantor e compositor Geraldo Vandré se achava no auge da carreira, com o
LP Canto Geral. Nesse disco, encangado no pensamento do autor alemão Bertolt
Brecht (1898-1956), o artista paraibano dizia na contracapa:
“Vós
que vireis na crista da onda em que nos afogamos, quando falardes de nossas
fraquezas pensai também no tempo sombrio a que haveis escapado”.
E
o que é que tem a ver Sonia Chébel com essa história?
A
Sonia, investida de sua condição de membro do Centro Acadêmico, um dia pegou o
telefone e convidou Vandré a fazer uma palestra em Sorocaba. E ele foi, e de
graça. Dá para pensar isso nos dias de hoje?
No
livro Geraldo Vandré – Uma Canção Interrompida (editora Kuarup, 352 págs.,
2015), o autor, o paulistano Vitor Nuzzi, conta um pouco dessa história
registrada pela então estudante Sonia Chébel:
“O
cantor e compositor falou de comunicação, de arte, do festival de 1967 (Eu cantei muito mal, disse, referindo-se
a Ventania. Eu nunca canto desse jeito. Eu
cantei desesperado, perdido.) E afirmou algo que repetiria meses depois ao
pesquisador Zuza Homem de Mello, com outras palavras: A canção que eu canto tem um texto que eu quero dizer coisas, a canção
popular é texto, antes de tudo.
E
foi essa mulher, acompanhada do seu companheiro Alceu, que chegou junto com a
chuva.
Ah!,
e a Sonia, anos depois, ali pelo começo dos anos 1970, fez mestrado e doutorado
em Psicologia da Educação na PUC. Por esse tempo, o potiguar José Cortez
iniciava-se como fornecedor de livros para estudantes que nele encontravam um
amigo e um apoio. Entre esses amigos, a Sonia, conhecida à época por
“Sorocaba”.
José Cortez virou, com o tempo, um dos editores mais importantes e respeitados do
País. É dele a editora que leva o seu nome. Nome também de uma escola pública:
Escola Estadual José Xavier Cortez, localizada no extremo sul da cidade de São
Paulo.
José Cortez, nordestino do Rio Grande
do Norte, é uma espécie de Dom Quixote. Moderno. Ele sai constantemente por aí
afora, Brasil afora, fazendo palestra e contando história de vida e de
educação, não só dele. Cortez fala do Brasil de baixo, como lembra o poeta
cearense Patativa do Assaré, quando falava dos nossos dois Brasis, o de cima e
o de baixo.
Cortez (foto acima) semeia palavras, para dessas
palavras surgir, quem sabe, o Brasil que todos nós sonhamos. O Brasil para
todos, sem discriminação. O Brasil cidadão, em que todos são todos e iguais, como reza a Constituição.
DINHEIRO
NO BOLSO E NO BANCO
Uma
menina vítima da vida do mundo carioca, de 16 anos, caiu na boca do mundo. Não sei
o nome dela e seu nome, cá no caso, não vem ao caso.
Estou
tentando entender o mundo dessa menina violentada.
Vivemos
a violência de um tempo que jamais eu poderia pensar que pudesse viver.
Nós
todos sabemos tudo do que ocorreu lá atrás, no tempo das cruzadas.
Naquele
tempo, como hoje, as pessoas eram mortas à toa. Lixo. Ninguém era de ninguém. Bastava
pensar diferente da Igreja para acordar no outro mundo. E num tempo até
recente, fins do século 19, as mulheres eram escravas de quem tinha mais no
bolso ou no banco. Meu Deus, quanta tristeza, sofrimento e ignorância!
O
tempo passa, o tempo passa, e insistimos em não entender nada. E parece que
insistimos em não entender nada.
Aristóteles
identificou, uns cinco séculos antes de Cristo, que existia/existe vida vegetal
e vida animal, que é aquela, por exemplo, em que a onça corre em fuga quando
percebe perigo à vista para se livrar do agressor.
E
Aristóteles também identificou a vida dos animais humanos, que somos nós.
Aristóteles,
portanto, antes de todo mundo identificou que nós, humanos, somos diferentes
por saber o que pensar.
Voltemos
à menina de 16 anos...
Os
estupros são totais desde sempre.
Desde
sempre, nos violentam de todas as formas.
O
homem é violentado nos seus direitos e razões. Direitos e razões que têm a ver
com tudo.
E
a mulher?
E
o que é que uma tempestade, um tsunami, fazem conosco?
Nós,
homens e mulheres, somos, todos os dias, violentados de todas as formas.
Meu
Deus, até quando?
Puxa
vida...
Pessoas
incríveis, da minha vida, continuam a frequentar as minhas ideias.
Agora
vou falar de beber samba e dançar poesia com o trio Gato com Fome, vocês sabem
o que é isso?
Pois
bem, o Gato com Fome é um grupo musical que sabe o que é vida e arte.
No
dia em que nós, brasileiros, entendermos que a vida é simples, tudo vai ficar
melhor.
A
violência está no não saber.
E
o Gato com Fome chegou, como sempre chega ao Instituto Memória Brasil, tocando
e cantando as coisas de Kid Morengueira, Paulinho da Viola, Zé Kéti, Osvaldinho
da Cuíca, Paulo Vanzolini, Eduardo Gudin e o nosso caipira do samba Raul Torres.
O Gato com Fome cantou samba, breque, moda de viola...
E,
de repente, o cartunista Fausto chega...
Fausto,
como outros amigos que vocês todos conhecem: Fortuna, Jaguar, Ziraldo, sei lá...
E outros que fizeram parte da minha vida no tempo do Pasquim e Folhetim.
E
Fausto chegou.
Nada
combinado, a fala fluindo, e Fausto com sua caneta registrando cantos e
pensamentos...
ANASTÁCIA
Dia
desse, o apresentador do programa Pintando o 7 (Rádio Imprensa FM), Luiz
Wilson, aportou aqui em casa com o argumento de que eu não poderia faltar às comemorações pelo aniversário dos 76 anos da querida Anastácia, chamada de Rainha do Forró e
autora, junto com Dominguinhos, de 213 composições devidamente gravadas em LP,
CD etc, incluindo Eu só Quero um Xodó e Tenho Sede. Essa música se chama no LP Refazenda, do baiano Gilberto Gil. O cantor, aliás, voltou hoje a internar-se no hospital paulistano Sírio-Libanês. E lá fomos. Anastácia, como
sempre, estava maravilhosa. Lá, com ela, muita gente bonita, como a cantora
Fatel. Tomei água de coco e petisquei uns camarões maravilhosos. Tim-tim. E
viva Anastácia!
Matutando
cá com meus botões, indago: quem vive mais, os calhordas ou as pessoas de bem?
Ainda
cá com meus botões, matuto: para o Brasil ficar bom, é preciso apostar na
educação, no respeito ao próximo, na formação cidadã e na cultura popular.
Muita
gente boa, das minhas relações, partiu, foi embora misturar-se às estrelas. Um dia eu chego lá.
O
meu querido Paulo Vanzolini (1924-2013), doutor em cidadania, partiu, foi-se
embora. Sobre ele, eu escrevi este poeminha:
Um dos últimos encontros de Paulo e Assis, na casa do Paulo
Manezinho, no dia dos seus 80 anos
Moraes Sarmento, um dia lá em casa...
O
BRASILEIRO VANZOLINI
Vanzolini
foi-se embora
Rumo
à eternidade
Ele
deixou obra completa
E
em nós muita saudade
Foi
mestre, compositor,
Cantou
a alegria e a dor
Com
galharda liberdade
Ele
lutou por igualdade
E
fez da música oração
Da
ciência o seu caminho
Fortaleceu-se
na razão
Vanzolini
foi artista
Nascido
em terra paulista
Foi
ele exemplar cidadão
Fez
samba, toada e canção,
Leilão
e Volta por Cima,
Idem
Napoleão e Ronda
Foi
autor de boa rima
Craque
da cantiga e ciência
Estudou
com paciência
Mudanças
do nosso clima
Vanzolini
está acima
Do
banal e do rasteiro
Pela
vida ele passou
Como
grande brasileiro
Fez
o que tinha de fazer
Sem
desistir do prazer
Foi
ele de fato guerreiro
Poeta
do Brasil inteiro
Vanzolini
soube ser
Na
sua morcega vida
Como
aranha foi coser
Uma
bela teia pra morar
Brincar,
pensar, viver, amar,
E
jamais essa teia descoser
Antes
de Paulo – o Vanzo, como nós próximos falávamos –, foram de encontro às
estrelas Moraes Sarmento (1922-1998) e Manezinho Araújo (1910-1993). Sarmento foi
um grande nome do rádio e um cidadão que valorizou tudo o que era bom. Manezinho, o rei da embolada, foi outro que fez o bem, a partir da sua
obra musical e pictórica. Mané era um pintor primitivo, como a gente chama os
artistas do pincel que pintam no gênero naîf, descoberto pelo grande cearense Aldemir Martins (1922-2006).
Foram-se
embora Sarmento, Manezinho, Paulo... Mas aí Deus queria uma deusa caipira ao
seu lado. Foi quando olhou pra Pedro pedindo que ele convocasse a paulistana
violeira Inezita Barroso (1925-2015), porque o céu estava ficando muito monótono, acho, e assim o
Brasil e todos nós perdemos; e assim foi a vez de Inezita chamar Fernando
Faro e Papete, para junto com ela fazer a festa no céu.
A última vez que estive com Faro, ele dando bola para mim na TV Cultura
Sobre
Inezita, escrevi o livro “A Menina Inezita Barroso” (Cortez Editora, 2011), que
abre com um poeminha que eu lhe dediquei e que Papete, com muita categoria, musicou, para nossa alegria. O poeminha é este:
A
BRASILEIRA INEZITA
O
Brasil tem muita gente
A
começar pelo Sudeste
Desde
Inezita Barroso
E
até cabra da peste
Tem
causos de Trancoso
Revividos
no Nordeste
Cantar
o que se canta
É
uma coisa bem bonita
Que
nos faz acreditar
Na
riqueza infinita
Deste
Brasil brasileiro
Da
talentosa Inezita
Viva
Inezita Barroso
Essa
grande brasileira
Que
por si própria se fez
Uma
rainha violeira
A
cantar as coisas nossas Tal e qual uma guerreira
Pois
é, os meus amigos todos estão indo embora. Estou ficando sozinho. Quem fica só
é solitário, e a solidão é coisa braba.
Outro
dia, um amigo me disse que, cada vez que um amigo vai embora, ele vai junto. É
como se chegasse ao céu em pedaços. É, acho que tem a ver...
Depois
que a Inezita partiu, partiu também o querido Fernando Faro. Sobre ele, eu
também escrevi um poeminha. Este:
Fernando Faro partiu.
Foi pra eternidade.
Foi brincar com as estrelas.
E foi brincar de verdade!
Fernando, “Baixo”, partiu.
Deixando muita saudade.
Só que saudade tanta assim
Não é certo alguém querer.
É saudade demasiada
Que vai muito além do ser.
É saudade que machuca
E essa ninguém quer ter.
E
agora vai o Papete.
Eu
conheci o Papete há muitos anos. Na minha vida, ele foi presente no correr de
três décadas, pelo menos.
Papete,
como Belchior, frequentou a minha casa no tempo em que minha filha Clarissa
engatinhava... Mas,
como diz Gisele – a companheira de sempre do Papete –, “Deus sabe o que faz”. O Papete foi embora Deixando muita saudade O Papete foi embora Meus Deus, é realidade... Uma emissora do Maranhão hoje lembrou, com muita categoria, a grandeza de Papete; Papete, aliás, é o apelido que deu a ele Aldemir Martins.
Gisele
ficou o tempo todo ao lado do seu companheiro, enfrentando as intempéries que a
vida nos brinda. Ele foi, ela fica, como exemplo de dedicação ao outro.
Agora,
cá com meus botões, eu fico pensando: essas pessoas queridas, que nos deixaram
sem previamente avisar, devem estar fazendo festa no céu. Ficamos mais pobres, é claro, mas o céu ficou mais rico. Aliás, este é um pensamento de um grande
amigo jornalista, de nome Vitor Nuzzi.
Os
bons pensamentos, as boas ideias, o bom do bem-bom, têm de ser compartilhados.
A
propósito, na Internet, no seu instrumento Facebook, as pessoas curtem, curtem,
curtem... Poxa, além de curtir por que não opinam, não falam, não dizem o que
pensam? É tão bom pensar... E eu, cá com meus botões, matuto pensando que o Brasil pode melhorar, pode ficar bom, com gente que pensa e que vive educação.
O
dia amanheceu frio, feio e triste. E eu também amanheci assim: Frio, feio e
triste.
A
razão disso?
Terça
feira passada eu e Ivone falamos muito sobre Papete. Ela lembrava de um prato
especial que o Papete lhe pedira meses atrás pouco antes de ser levado por
Gisele para uma “temporada” no Hospital Oswaldo Cruz. Esse prato era uma
dobradinha com costelinha e fava verde.
Ontem
telefonei para Gisele com o intuito de saber como Papete andava de saúde. O
telefone tocou, mas ninguém o atendeu.
Hoje
cedo, bem cedo, Celia e Celma me dizem pelo telefone que Papete morreu.
Papete
morreu no começo da madrugada de hoje, dia de Corpus Christi. Muita gente morre
nesse dia, mas Papete era pra mim, uma pessoa que jamais morreria.
Na
verdade, Papete não morreu: Papete encantou-se.
A
nossa amizade, minha e de Papete, estendeu-se por uns trinta anos. Ele
frequentava muito a minha casa. Proseávamos e cantávamos. Falávamos muito dos
rumos do Brasil. Ele torcia e sonhava por um País melhor do que o país que
vivemos sob a batuta de oportunistas da raia política...
Papete
era um cara incrível.
Cá
em casa, proseávamos com Théo de Barros, Tinhorão, Oswaldinho da Cuíca,
Osvaldinho do Acorden, Geraldo Vandré, Ana, Joel, Celia e Celma...
A
última composição de Papete foi feita em parceria com as irmãs Celia e Celma. A
música é um Calango já gravada em disco a ser lançado em breve. Música anterior
a essa, A Brasileira Inezita Barroso, foi composta por mim e ele. Ficou linda,
chegando a arrancar lágrimas da homenageada.No
começo dos anos de 1970, Papete e Oswaldinho da Cuíca compuseram o samba Vai
Corinthians, lançado num compacto simples pela extinta gravadora Continental.
Adeus
Papete, que Deus o tenha em bom lugar.
Há
sim! Pepete é o apelido de José de Ribamar Viana dado pelo pintor cearense
Aldemir Martins.
Vamos
fazer de conta que esses furinhos estão se alargando rapidamente e pondo em
risco a vida dos seus ocupantes.
E
vamos fazer de conta que lá pras tantas ocorre, entre dois ocupantes, uma
pequena discursão. A discussão é para decidir quem pega o remo para tirar o
barco da iminência de um naufrágio.
A
discursão cresce e cresce. Uma das partes ganha a discussão, pega o remo e
começa a remar. A parte que “perdeu”, não se conforma e diz:
_
Não vai dar certo, não vai dar certo!
Pois
é, estamos assim: torcendo para o barco afundar. Datalhe: Só que estamos todos
nesse barco, um barco furado; mas é nele que estamos e temos que torcer para
não naufragarmos.
Hoje,
por volta das 08h00min, ouvi na Rádio Bandeirantes o ex-ministro da educação,
Janine Ribeiro, dizer que uma de suas metas na pasta que ocupou antes de ser
substituído por Aluizio Mercadante era trocar o livro por tablet nas escolas da
rede pública de todo o País. A princípio eu não quis acreditar no que ouvi. Mas
era verdade: Janine queria acabar com o livro impresso... Que coisa?
Cá
eu com meus botões ficamos a imaginar: isso seria o fim da picada.
Como
acabar com o livro? Se isso um dia acontecer, e tomara que nunca aconteça, o
mundo vai ficar mais burro.
Se
acabarem com o livro, a partir das escolas, as pessoas deixarão de escrever de
próprio punho. Isso já começou, é verdade, mas não dá, pra fazer isso de modo
incentivado pelo Estado.
Uma
loucura não é?
Eu
sou de um tempo em que professor ensinava a ler e a escrever e o aluno
aprendia.
Eu
sou de um tempo em que o saber era fundamental na vida de um cidadão. E o saber
nos vinha pelo saber do professor ou da professora.
Eu
sou de um tempo em que havia até tabuada.
Eu
sou de um tempo muito recente, de um tempo em que todos se respeitavam e
procuravam o saber como trilha para toda uma vida. Mas reconheço que muita
coisa mudou...
É
preciso investir na leitura, no conhecimento, no saber.
É
preciso investir na educação e na cultura, na formação do cidadão.
Há!
Eu sou do tempo em que professor estudava para ensinar e pesquisador ia a campo
para pesquisar. Hoje tem Google...
Luis
da Câmara Cascudo e Mário Souto Maior, que conheci de perto, foram,
provavelmente, os últimos dois grandes pesquisadores que levaram o ensino e a
pesquisa a sério.
E
pensar que a origem da escrita data do tempo em que o homem habitava as cavernas.
Esse homem morreu e agora querem matar a escrita.
Que
coisa doida!
O
que dirá o educador e editor potiguar José Côrtez diante de tal tragédia
anunciada?
Somos
um barco à deriva e temos que lutar e torcer para que não afundemos.
E
chega da máxima que reza pela cartilha do “quanto pior melhor!”
Calou-se
para sempre a voz que imortalizou Conceição.
Conceição
foi uma personagem criada pela dupla de compositores Jair Amorim e Dunga. Essa personagem
ganhou corpo –e alma- em gravação lançada em setembro de 1956. Há sessenta anos,
portanto. É um samba-canção que marcou profundamente o repertório do
niteroiense Cauby Peixoto.
Encontrei-me
com Cauby há uns quatro anos, quando eu e Paulo Vanzolini molhávamos a garganta
num restaurante do Cambuci. Foi um encontro legal. Anos antes desse encontro,
Cauby havia gravado o samba-canção Ronda, de Paulo.
Cauby
Peixoto fez parte de uma era de grandes intérpretes da nossa música popular.
Intérpretes de voz possante, como Francisco Alves (que morreu no dia em que
nasci, 27/09/1952); Silvio Caldas, Nelson Gonçalves, Orlando Silva, Orlando
Dias, Adilson Ramos. Por esse prisma, Cauby deixa um vazio enorme, no campo da música
popular. Na verdade, podemos até dizer que ele foi a última grande voz a
silenciar. E uma coisa curiosa: ao contrário de muitos, Cauby recebeu em vida
todas as glórias possíveis que um artista pode receber. Bastidores, de Chico
Buarque, foi feita para ele.
Uma
multidão de fãs acorreu ao salão nobre da Assembleia Legislativa de São Paulo,
para lhe prestar a última homenagem. Lá estiveram, entre outros, Agnaldo Timóteo,
Jerry Adriani, Roberto Luna, Claudio Fontana, Tobias da Vai-Vai, Agnaldo Rayol,
Edith Veiga, Ângela Maria e Celia e Celma.
A
última apresentação musical de Cauby ocorreu no dia 3 deste mês, no Teatro
Municipal, do Rio de Janeiro. Ao seu lado estava Ângela Maria, a sapoti, assim apelidada
pelo ex-presidente Getúlio Vargas.
Uma
historinha: em 1986, Cauby e Celia e Celma embarcaram num voo de Brasília ao
Rio de Janeiro, meio anônimos, discretos, até que um grupo de adolescentes em
algazarra descobriu os três. Logo após o avião levantar voo e estabilizar-se no
céu, um dos meninos do grupo gritou: Cauby!, Cauby!, e a essa voz, outras se
seguiram, canta! canta! canta! E Cauby, sem se fazer de rogado, levantou-se da
poltrona e começou a cantar: “cantei, cantei...”.
Muitos
aplausos, foi uma festa, e aí, Cauby, feliz da vida, chama Celia e Celma para
com ele cantar: “cantei, cantei...”. No dia seguinte, a coluna do Swann, do
jornal O Globo, registrava o imprevisto espetáculo: Show nas Nuvens...
Pouca
gente sabe, mas Cauby não gostava muito de cantar Conceição. Mas tinha que
cantá-la, pois todo mundo exigia em shows que ele a cantasse, e ele a cantava como
se fosse a 1ª vez, ou seja: com grande emoção.
O
corpo de Cauby Peixoto (1931/2016) foi sepultado no jazigo da família de sua
grande amiga, Ângela Maria.
Detalhe:
Cauby participou de uma das mais bonitas faixas (Maria das Dores, de Ary
Barroso) do CD Ary Mineiro, de Celia e Celma.
Como nunca, o Brasil e nós todos, brasileiros, vivemos uma crise profunda. Um dilema quase irracional, de difícil entendimento.
Crise... crise... crise...
O Brasil, e nós todos brasileiros, vivemos crises desde sempre. Desde a chegada dos primeiros invasores.
Em 1808, D. João VI chegou ao Brasil. Com ele, veio a prática da roubalheira, da usurpação, do 'tudo pra mim'. Ao fim e ao cabo, D. João VI e seus apaniguados retornaram a Portugal levando o que puderam do nosso País.
E não aprendemos nada?
São dezenas de políticos graduados, hoje, no Brasil que vivem a prática de D. João VI...
Eduardo Cunha, caiu.
Mas será que, com Cunha, caiu também a prática horrorosa de roubar o povo do nosso País?
O Congresso Nacional está levando, quarta-feira, Dilma para o limbo.
Hoje faz exatamente 190 anos que o Congresso Nacional brasileiro foi criado.
Com isso, tomara, que pela data simbólica, hoje registrada no Congresso, esteja renascendo um Brasil com uma cara mais bonita.
O grupo paulistano Gato com Fome no show de reverência ao baiano Riachão
Tem
coisas que eu não entendo na vida.
Como
jornalista, eu conheci meio mundo e meio. Conheci pessoas incríveis. Pessoas
que atuam e atuaram em todas as áreas do viver cotidiano. Lembro do Gonzaga, uma
pessoa que me orgulho ter tido como amiga; lembro do Mario Zan, que Gonzaga o
fez Rei da Sanfona; lembro do Zé Ketti, que chorou quando lhe mostrei Máscara
Negra, dele, em inglês; do Sivuca e de tanta gente que a memoria ainda
guarda... Câmara Cascudo, Eleazar de Carvalho...
Vocês
ainda lembram de Inezita Barroso?
E
do Paulo Vanzolini?
E
do Nelson Gonçalves?
Pois
é, é muito bom lembrar ontem. O ontem, nos faz viver hoje. E aí, de repente, um
amigo acaba de telefonar perguntando se eu sei quem é Manezinho Araújo,
Batatinha e Riachão. Manezinho...
Assis Angelo e Manezinho Araújo, o Rei da Embolada
A
vida tem razão de ser quando a gente quer viver. E vivendo, a gente acha razão
de ser e de viver. Nesse caminho, a gente se multiplica. Quando a gente se
multiplica, e quando se é do bem, a vida fica melhor. Mas não quero perder o
prumo à pergunta que me veio pelo telefone: você conhece Manezinho Araújo, Batatinha
e Riachão?
Na
última vez que Riachão esteve em São Paulo, dia 2 de abril deste ano, eu fui
vê-lo. Até escrevi um texto que não sei por que razão, coisas da Internet, não
foi publicado. O texto é este:
O
Brasil está perdido, mas pode ser achado rapidamente na coisa mais importante
que tem: a cultura popular, que é a representação mais autêntica do povo. Na
sua forma mais bonita, fez-se presente ontem à noite, no teatro da unidade SESC
Pompeia. No palco, uma legenda do samba da Bahia – e do Brasil: Riachão.
Há muito eu não via um artista tão completo
mostrar-se ao povo cantando uma fieira de obras-primas autorais. E foi isso o
que vi fazer o baiano Riachão, de batismo Clementino Rodrigues.
Riachão, aos 95 anos de idade, cantou com voz
firme, afinada, e desembaraço de um jovem cinquentão.
Ele está em plena forma, foi o que mostrou.
Vi-me encantado e surpreso com a performance de
Riachão. A dúzia e meia de músicos que o acompanharam são o suprassumo do samba
de São Paulo, à frente os meninos do grupo Gato com Fome. Não custa lembrar:
Gato com Fome nasceu com as bênçãos de outra grande legenda do samba:
Oswaldinho da Cuíca.
Oswaldinho acaba de ser descoberto pelo grupo de
rock londrino Rolling Stones, mas essa é outra história...
Conheci Riachão há uns vinte anos, e o que pude
constatar é que ele continua o mesmo na sua grandeza de artista popular. Ele já
foi gravado por dezenas e dezenas de intérpretes brasileiros, incluindo Jackson
do Pandeiro, Jamelão, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Ivone Lara e Cassia Eller.
No mais, ele contabiliza umas trezentas músicas suas ainda inéditas.
Riachão é uma fonte de pérolas musicais sem fim.
Ouvindo o autor de Cada macaco no
seu galho, não posso deixar de lembrar do erudito alemão Johann
Sebastian Bach (1685 – 1750).
Bach passou a vida louvando a Deus que, aliás, se
acha presente literalmente em toda sua vastíssima obra. Quem não conhece Jesus a alegria
dos homens?
Medindo as diferenças, o popular Riachão tem a
grandeza de Bach e um ponto em comum: ambos falam de Deus o tempo todo.
Agora meu amigo, agora minha amiga, imagine Deus se
fazendo presente num ser humano. Calma. Não esqueça, que Ele disse que somos no
rigor a sua semelhança. Agora imagine Ele sendo acompanhado por mestres do
samba. Samba como sangue que corre nas veias. A noite que vi Riachão cantando,
sambando sentado, é divino ou não é? Atrás, na frente e no meio, Riachão
cantando com a voz de Deus. Cavaquinho, violão (e 7), trombone, pandeiro,
surdo, tamborim, cuíca, reco-reco, agogô e atabaque. E como se não bastasse, um
coro formado por vozes que parecia ter vindo de outro mundo.
Eu acho que foi a vez que o grupo musical Gato com
Fome se saciou por completo.
Intimado a produzir uma ilustração para este blog em dois minutos, Fausto atendeu o desafio e fez a ilustração em menos de dois minutos.
É
bom ter amigos. Quem tem amigos, tem alegria. Amizades são uma boa razão para
viver. Para viver bem. Quem não tem amigos, toma muito remédio de farmácia.
Eu
não me lembro da última vez que entrei numa farmácia. E querem saber de uma
coisa? Depois que fiquei cego, passei a ver melhor. A ver melhor as pessoas que
me cercam. E vendo assim, cada vez mais não preciso ir à farmácia.
Hoje,
a minha casa, templo onde moro, recebeu Fausto e Vitor.
Fausto
é o cartunista que boa parte deste país tão judiado politicamente conhece,
amigo de todos nós. Sensível, de alma encantadora e talento absurdo. Vitor é o
Nuzzi, jornalista, autor do livro mais completo que trata sobre a vida e obra
do conterrâneo Geraldo Vandré: Uma Canção
Interrompida (editora Kuarup).
Fausto
é paulista de Reginópolis. E Vitor, paulistano da Liberdade.
E
conversa vai, conversa vem, lembramos de muitos amigos. Amigos que nunca foram
à farmácia; e se foram, foram poucas vezes.
Anna de Hollanda e Fernando Faro com Assis Ângelo no programa de rádio "São Paulo, Capital Nordeste"
Lembramos
do Fortuna, Fausto, Goethe, Angeli, Baltazar - o “Cabecinha de Ouro”, herói do
Timão em 1954 –, Quarentinha, Sócrates, Garrincha, Tinhorão, Vandré, Inezita, Vinícius, Alcy, Gê,
Ziraldo, Jaguar, Chico, Lula, Temer, Dilma, Fernando Pessoa, Brian de Palma, Rolling
Stones, Téo Azevedo, Marcos Zanfra, José Cortez, Anna de Hollanda, Osvaldinho da Cuíca, Izilda Alves, Edu
Lobo, Lucy Alves, Erico Verissimo, Luís Dantas, Joel dos Santos, Carla Maio, João Henrique, Cecília Thompson.
E também as três ceguinhas da Paraíba: Maroca, Pondoca e Indaiá.
Conversa
que vai e vem é conversa que quase nem termina, de tão gostosa que é. Ah! Inda
lembramos de alguns personagens que também viveram sem farmácia e que partiram
este ano, como o teatrólogo Naum Alves de Souza, o jornalista Sandro Vaia, os
atores Umberto Magnani e Flávio Guarnieri e o multi-tudo sergipano Fernando
Faro...
A
última vez que estive com Faro faz uns dois anos. Estávamos com Vandré, Peter
Alouche, Paulo Benitez e outros amigos, comendo uma saborosíssima paella. Lembro-me que, ao sairmos, no
carro ele contou, sem eu perguntar, sobre um show musical que produziu para o
PT em fins dos anos 1970, no Juventus. O partido estava em formação. O
resultado desse espetáculo, segundo ele, foi lamentável. Ele passou a detestar
Lula desde então. Grana na parada, desviada.
Quanta
história a contar.
Poucas
horas antes de o Brasil tomar conhecimento do passamento de Faro, por esses
inexplicáveis da vida, o Vandré telefonou para saber como estou. E, como
sempre, conversa vai, conversa vem, falamos de muita coisa. Ele gargalhando do
outro lado, e eu deste também. Ele acha que tenho de dar aulas, que tenho de
voltar ao rádio.
Uma
coisa puxa a outra, e não há como eu não tecer os versos que se seguem:
Fernando
Faro partiu.
Foi
pra eternidade.
Foi
brincar com as estrelas.
E
foi brincar de verdade!
Fernando
“Baixo” partiu.
Deixando
muita saudade.
Só
que saudade tanta assim
Não
é certo alguém querer.
É
saudade demasiada
Que
vai muito além do ser.
É
saudade que machuca
E
essa ninguém quer ter.
...
A
tarde de quem não precisa de farmácia é sempre uma boa tarde, e a de hoje foi
uma boa tarde. Falamos, eu, Fausto e Vitor, sobre tudo; até sobre a formação do
mundo. Falamos até de Copérnico, Isaac Newton, Albert Einstein, pés de maçã, de
jaca. Só não falamos de pé de minhoca. Depois disso, fomos comer um baião de
dois, que ninguém é de ferro. E lá encontramos Regina, Nilson e outras pessoas
queridas. De lambuja, eu trouxe pra casa uma garrafa de manteiga de garrafa.