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sábado, 25 de junho de 2016

SEMANA TUMULTUADA E VIVA HERMETO PASCOAL!

Os últimos sete dias foram agitados, no Brasil e no resto do mundo. No começo da semana, Cunha reuniu a imprensa para tornar verdade as suas mentiras. Isso foi em Brasília. Também em Brasília, durante a defesa de Dilma, o advogado Cardoso botou os pés pelas mãos e disse uma besteira. Na verdade, ele cometeu uma gafe infantil que levou o senador Cássio Cunha Lima a lembrar o lendário poeta repentista Zé Limeira.
Zé Limeira, chamado de O Poeta do Absurdo, era muito admirado por outro poeta, esse paulistano, Paulo Vanzolini, autor dos sambas Ronda e Volta Por Cima, imortalizados por Inezita Barroso e Noite Ilustrada.
Logo no começo da semana, o presidente pendurado da Câmara Federal, o Cunha, foi mais uma vez tornado réu pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Foi, de fato, agitada a semana que finda hoje.
A população que forma a União Europeia acordou, se é que acordou, estarrecida com o resultado do plebiscito realizado pelo governo – parlamentarista – do Reino Unido. Isso foi no último dia 23 e o resultado chocante leva os ingleses a saírem da União Europeia, que existe há mais de 60 anos.
Em Havana, Cuba, a Colômbia firmou acordo de paz com as FARC. Os guerrilheiros da FARC depõem as armas depois de mais de 50 anos. Ambos eventos são históricos, sem dúvida. Mas o plebiscito que faz os ingleses deixarem o bloco europeu é o mais importante; pois, com isso, a União Europeia pode estar registrando o início do seu fim. Tomara que não...
Ah, mais um outro grande evento ocorreu na semana que passou e pouca gente registrou: o aniversário do mestre Hermeto Pascoal. Hermeto, nascido na cidade alagoana de Olho D’Água das Flores, completou 80 anos de idade no último dia 22. E tão importante quanto a sua idade, é a quantidade de músicas que ele compôs até aqui: oito mil.

E, por falar nele, assista uma conversa que tivemos em São Paulo. Dela também participam Aline Morena e a Rainha do Baião, Carmélia Alves. Veja neste papo Hermeto explicando o que é baião. 

sábado, 18 de junho de 2016

KAFKA NO RIO SE SENTIRIA EM CASA...

O Rio de Janeiro, fevereiro e março, amanheceu em estado de calamidade pública. É novidade histórica, isso nunca aconteceu. Um horror! As balas perdidas continuam zunindo no pé-do-ouvido dos inocentes. Quer dizer, tudo anda na mesma, ou seja: a Bahia da Guanabara permanece fétida, o trânsito e pedestres seguem firmes na sua loucura descomunal. E é roubo pra cá, roubo pra lá... Kafka no Rio se sentiria em casa; e nem precisaria escrever nada pra se sentir em casa, pois o absurdo da sua ficção aparece lá como pura realidade.
Ouço no rádio que os estabelecimentos hospitalares estão a cada instante cerrando suas portas e deixando à míngua quem deles precisa. E aí é gente baleada morrendo, é gente doente sucumbindo abandonada e mulher grávida parindo na rua a cada hora do dia ou da noite. Fora isso, tem a onda “tsunâmica” de crianças e adolescentes, principalmente, abusadas no mato, favela ou no seio familiar. Aliás, estatísticas indicam que a cada duas horas uma jovem é atacada por tarados em grupo, no Rio; e nas demais partes do País, uma mulher é atacada a cada três horas. O dia tem 24 horas e façam as contas do total de mulheres sexualmente violentadas por ano. E tem ainda um pequeno detalhe: a quantidade de vítimas que deixa de denunciar à polícia os abusos sofridos, por medo ou vergonha.
Agora tem o seguinte: eu e muita gente mais ou menos informada, achamos que “estado de calamidade pública” é o estado que o governante municipal, estadual ou federal anuncia diante de uma grande catástrofe natural, por exemplo. Bom, mas pensando bem, o que acaba de ser decretado no Rio é, de fato, uma catástrofe única, original, sem precedentes. O descaso lá é histórico e contínuo, daí a justificativa para o estado de calamidade anunciado ao País. As justificativas são todas: falta de pagamento ao funcionário público, falta de recursos para manutenção dos hospitais, escolas, etc. Até a coleta de sangue nos órgãos especializados foi suspensa. É ou não é um horror o que está acontecendo no Rio de Janeiro a um mês e meio da Olimpíada? A esse estado de calamidade se acham tragédias “miúdas”, como o desabamento da ciclovia em São Conrado, causando mortes...
Os políticos, um bando enorme deles, não se envergonham de “chupar o sangue” dos contribuintes. E eles roubam, roubam... Enquanto isso, os bancos de sangue continuam escassos em todo o País. Em São Paulo mesmo. Em Salvador, Bahia, estão se distribuindo folhetos de cordel conscientizando a população a doar sangue. É uma campanha bonita essa.
Agora me vem um pensamento kafkiano: e se o Lula e a Dilma selassem um acordo de delação premiada junto a quem de direito, hein? E se isso acontecesse, quem sabe o Brasil se reencontrasse com seus pecados e seguisse o rumo da beleza gigante em benefício de si próprio e de nós todos, cidadãos trabalhadores, pacatos, que pagam em dia seus impostos para uma vida melhor?  

TRIO MARAYÁ
Mais um amigo partiu para a Eternidade. Dessa vez foi o potiguar Behring Leiros, integrante do Trio Marayá. Faz hoje uma semana que ele partiu. Quem me deu a notícia foi Lenita, agora viúva. Tinha 81 anos de idade. O trio chegou ao Rio de Janeiro no final dos anos de 1950 e pelas mãos do pernambucano Luiz Vieira, recebeu os primeiros “empurrões” na carreira. Fácil, fácil, Behring e seus companheiros Marconi Campos e Hilton Acioli, chegaram até o paraibano Geraldo Vandré e com ele desenvolveram plenamente a carreira artística. Com Vandré o trio andou por todo o Brasil e diversos países da Europa. Detalhe: o nome do trio foi um presente do estudioso da cultura popular, Luís da Câmara Cascudo (1898/1986).  
  
  
   


sexta-feira, 17 de junho de 2016

JOSÉ CORTEZ SEMEIA SONHOS POR UM NOVO PAÍS




O Brasil está pegando fogo. E, pelo jeito, muita surpresa nos alcançará, no campo da política. Do corpo ministerial de Temer, caíram os titulares das pastas do Planejamento, Transparência e Turismo. Isso dá, na média matemática, um a cada 12 dias... E tem pendurados, de cabeça pra baixo, os presidentes do Senado e da Câmara. E já há vazamentos que indicam que ambos vão encarar a tal delação premiada prevista em lei, aprovada no desgoverno da Dilma. E se isso acontecer, o que deve acontecer, aí sim: será o deus-nos-acuda, como no dito popular.

Eu tenho um amigo que me veio com uma fala interessante, interessantíssima. Imagine, meu amigo, minha amiga, ele sugere que se crie o contraponto do MST: o MSP, que vem a ser nada mais, nada menos, o movimento dos sem-propina.

É como diria meu amigo e conterrâneo Genival Lacerda: nóis sofre, mas nóis goza...



Sonia, Assis e Alceu (Foto: Vitor Nuzzi)

A chuva forte que molhou o chão de São Paulo no sábado 4 trouxe até a mim os professores Alceu e Sonia Chébel Mercado Sparti, pais de duas meninas e avós de quatro crianças, duas das quais gêmeas.

Em maio de 1968, quando o mundo estava pegando fogo e muita gente ficando doida, com queima de sutiã e guerra no Vietnã, Sonia integrava o Centro Acadêmico Santo Tomás de Aquino (Casta), da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, atual Universidade de Sorocaba (Uniso).

Sorocaba é uma cidade paulista, distante da capital 90 quilômetros. É terra de violeiros, como mestre Raul Torres (1906-1970), tema do novo CD do grupo paulistano Gato com Fome.

Àquela época o cantor e compositor Geraldo Vandré se achava no auge da carreira, com o LP Canto Geral. Nesse disco, encangado no pensamento do autor alemão Bertolt Brecht (1898-1956), o artista paraibano dizia na contracapa:

“Vós que vireis na crista da onda em que nos afogamos, quando falardes de nossas fraquezas pensai também no tempo sombrio a que haveis escapado”.




E o que é que tem a ver Sonia Chébel com essa história?
A Sonia, investida de sua condição de membro do Centro Acadêmico, um dia pegou o telefone e convidou Vandré a fazer uma palestra em Sorocaba. E ele foi, e de graça. Dá para pensar isso nos dias de hoje?
No livro Geraldo Vandré – Uma Canção Interrompida (editora Kuarup, 352 págs., 2015), o autor, o paulistano Vitor Nuzzi, conta um pouco dessa história registrada pela então estudante Sonia Chébel:

“O cantor e compositor falou de comunicação, de arte, do festival de 1967 (Eu cantei muito mal, disse, referindo-se a Ventania. Eu nunca canto desse jeito. Eu cantei desesperado, perdido.) E afirmou algo que repetiria meses depois ao pesquisador Zuza Homem de Mello, com outras palavras: A canção que eu canto tem um texto que eu quero dizer coisas, a canção popular é texto, antes de tudo.

E foi essa mulher, acompanhada do seu companheiro Alceu, que chegou junto com a chuva.
Ah!, e a Sonia, anos depois, ali pelo começo dos anos 1970, fez mestrado e doutorado em Psicologia da Educação na PUC. Por esse tempo, o potiguar José Cortez iniciava-se como fornecedor de livros para estudantes que nele encontravam um amigo e um apoio. Entre esses amigos, a Sonia, conhecida à época por “Sorocaba”.



José Cortez virou, com o tempo, um dos editores mais importantes e respeitados do País. É dele a editora que leva o seu nome. Nome também de uma escola pública: Escola Estadual José Xavier Cortez, localizada no extremo sul da cidade de São Paulo.

José Cortez, nordestino do Rio Grande do Norte, é uma espécie de Dom Quixote. Moderno. Ele sai constantemente por aí afora, Brasil afora, fazendo palestra e contando história de vida e de educação, não só dele. Cortez fala do Brasil de baixo, como lembra o poeta cearense Patativa do Assaré, quando falava dos nossos dois Brasis, o de cima e o de baixo.

Cortez (foto acima) semeia palavras, para dessas palavras surgir, quem sabe, o Brasil que todos nós sonhamos. O Brasil para todos, sem discriminação. O Brasil cidadão, em que todos são todos e iguais, como reza a Constituição.


DINHEIRO NO BOLSO E NO BANCO

Uma menina vítima da vida do mundo carioca, de 16 anos, caiu na boca do mundo. Não sei o nome dela e seu nome, cá no caso, não vem ao caso.
Estou tentando entender o mundo dessa menina violentada.
Vivemos a violência de um tempo que jamais eu poderia pensar que pudesse viver.
Nós todos sabemos tudo do que ocorreu lá atrás, no tempo das cruzadas.
Naquele tempo, como hoje, as pessoas eram mortas à toa. Lixo. Ninguém era de ninguém. Bastava pensar diferente da Igreja para acordar no outro mundo. E num tempo até recente, fins do século 19, as mulheres eram escravas de quem tinha mais no bolso ou no banco. Meu Deus, quanta tristeza, sofrimento e ignorância!
O tempo passa, o tempo passa, e insistimos em não entender nada. E parece que insistimos em não entender nada.
Aristóteles identificou, uns cinco séculos antes de Cristo, que existia/existe vida vegetal e vida animal, que é aquela, por exemplo, em que a onça corre em fuga quando percebe perigo à vista para se livrar do agressor.
E Aristóteles também identificou a vida dos animais humanos, que somos nós.
Aristóteles, portanto, antes de todo mundo identificou que nós, humanos, somos diferentes por saber o que pensar.
Voltemos à menina de 16 anos...
Os estupros são totais desde sempre.
Desde sempre, nos violentam de todas as formas.
O homem é violentado nos seus direitos e razões. Direitos e razões que têm a ver com tudo.
E a mulher?
E o que é que uma tempestade, um tsunami, fazem conosco?
Nós, homens e mulheres, somos, todos os dias, violentados de todas as formas.
Meu Deus, até quando?
Puxa vida...
Pessoas incríveis, da minha vida, continuam a frequentar as minhas ideias.
Agora vou falar de beber samba e dançar poesia com o trio Gato com Fome, vocês sabem o que é isso?
Pois bem, o Gato com Fome é um grupo musical que sabe o que é vida e arte.
No dia em que nós, brasileiros, entendermos que a vida é simples, tudo vai ficar melhor.
A violência está no não saber.
E o Gato com Fome chegou, como sempre chega ao Instituto Memória Brasil, tocando e cantando as coisas de Kid Morengueira, Paulinho da Viola, Zé Kéti, Osvaldinho da Cuíca, Paulo Vanzolini, Eduardo Gudin e o nosso caipira do samba Raul Torres. O Gato com Fome cantou samba, breque, moda de viola...
E, de repente, o cartunista Fausto chega...
Fausto, como outros amigos que vocês todos conhecem: Fortuna, Jaguar, Ziraldo, sei lá... E outros que fizeram parte da minha vida no tempo do Pasquim e Folhetim.
E Fausto chegou.
Nada combinado, a fala fluindo, e Fausto com sua caneta registrando cantos e pensamentos...



ANASTÁCIA

Dia desse, o apresentador do programa Pintando o 7 (Rádio Imprensa FM), Luiz Wilson, aportou aqui em casa com o argumento de que eu não poderia faltar às comemorações pelo aniversário dos 76 anos da querida Anastácia, chamada de Rainha do Forró e autora, junto com Dominguinhos, de 213 composições devidamente gravadas em LP, CD etc, incluindo Eu só Quero um Xodó e Tenho Sede. Essa música se chama no LP Refazenda, do baiano Gilberto Gil. O cantor, aliás, voltou hoje a internar-se no hospital paulistano Sírio-Libanês. E lá fomos. Anastácia, como sempre, estava maravilhosa. Lá, com ela, muita gente bonita, como a cantora Fatel. Tomei água de coco e petisquei uns camarões maravilhosos. Tim-tim. E viva Anastácia!




sábado, 28 de maio de 2016

MATUTO, LOGO EXISTO...





Matutando cá com meus botões, indago: quem vive mais, os calhordas ou as pessoas de bem?
Ainda cá com meus botões, matuto: para o Brasil ficar bom, é preciso apostar na educação, no respeito ao próximo, na formação cidadã e na cultura popular.
Muita gente boa, das minhas relações, partiu, foi embora misturar-se às estrelas. Um dia eu chego  lá.
O meu querido Paulo Vanzolini (1924-2013), doutor em cidadania, partiu, foi-se embora. Sobre ele, eu escrevi este poeminha:

Um dos últimos encontros de Paulo e Assis, na casa do Paulo








Manezinho, no dia dos seus 80 anos







Moraes Sarmento, um dia lá em casa...











O BRASILEIRO VANZOLINI

Vanzolini foi-se embora
Rumo à eternidade
Ele deixou obra completa
E em nós muita saudade
Foi mestre, compositor,
Cantou a alegria e a dor
Com galharda liberdade

Ele lutou por igualdade
E fez da música oração
Da ciência o seu caminho
Fortaleceu-se na razão
Vanzolini foi artista
Nascido em terra paulista
Foi ele exemplar cidadão

Fez samba, toada e canção,
Leilão e Volta por Cima,
Idem Napoleão e Ronda
Foi autor de boa rima
Craque da cantiga e ciência
Estudou com paciência
Mudanças do nosso clima

Vanzolini está acima
Do banal e do rasteiro
Pela vida ele passou
Como grande brasileiro
Fez o que tinha de fazer
Sem desistir do prazer
Foi ele de fato guerreiro

Poeta do Brasil inteiro
Vanzolini soube ser
Na sua morcega vida
Como aranha foi coser
Uma bela teia pra morar
Brincar, pensar, viver, amar,
E jamais essa teia descoser

Antes de Paulo – o Vanzo, como nós próximos falávamos –, foram de encontro às estrelas Moraes Sarmento (1922-1998) e Manezinho Araújo (1910-1993). Sarmento foi um grande nome do rádio e um cidadão que valorizou tudo o que era bom. 
Manezinho, o rei da embolada, foi outro que fez o bem, a partir da sua obra musical e pictórica. Mané era um pintor primitivo, como a gente chama os artistas do pincel que pintam no gênero naîf, descoberto pelo grande cearense Aldemir Martins (1922-2006).
Foram-se embora Sarmento, Manezinho, Paulo... Mas aí Deus queria uma deusa caipira ao seu lado. Foi quando olhou pra Pedro pedindo que ele convocasse a paulistana violeira Inezita Barroso (1925-2015), porque o céu estava ficando muito monótono, acho, e assim o Brasil e todos nós perdemos; e assim foi a vez de Inezita chamar Fernando Faro e Papete, para junto com ela fazer a festa no céu.


A última vez que estive com Faro,
ele dando bola para mim na TV Cultura





Sobre Inezita, escrevi o livro “A Menina Inezita Barroso” (Cortez Editora, 2011), que abre com um poeminha que eu lhe dediquei e que Papete, com muita categoria, musicou, para nossa alegria. O poeminha é este:

                                                   A BRASILEIRA INEZITA                          

O Brasil tem muita gente
A começar pelo Sudeste
Desde Inezita Barroso
E até cabra da peste
Tem causos de Trancoso
Revividos no Nordeste

Cantar o que se canta
É uma coisa bem bonita
Que nos faz acreditar
Na riqueza infinita
Deste Brasil brasileiro
Da talentosa Inezita

Viva Inezita Barroso
Essa grande brasileira
Que por si própria se fez
Uma rainha violeira
A cantar as coisas nossas
Tal e qual uma guerreira

Pois é, os meus amigos todos estão indo embora. Estou ficando sozinho. Quem fica só é solitário, e a solidão é coisa braba.
Outro dia, um amigo me disse que, cada vez que um amigo vai embora, ele vai junto. É como se chegasse ao céu em pedaços. É, acho que tem a ver...
Depois que a Inezita partiu, partiu também o querido Fernando Faro. Sobre ele, eu também escrevi um poeminha. Este:

                                        Fernando Faro partiu.
 Foi pra eternidade.
 Foi brincar com as estrelas.
 E foi brincar de verdade!
          Fernando, “Baixo”, partiu.
         Deixando muita saudade.

        Só que saudade tanta assim
        Não é certo alguém querer.
        É saudade demasiada
       Que vai muito além do ser.
       É saudade que machuca
       E essa ninguém quer ter.

E agora vai o Papete.
Eu conheci o Papete há muitos anos. Na minha vida, ele foi presente no correr de três décadas, pelo menos.
Papete, como Belchior, frequentou a minha casa no tempo em que minha filha Clarissa engatinhava... Mas, como diz Gisele – a companheira de sempre do Papete –, “Deus sabe o que faz”.

O Papete foi embora
Deixando muita saudade
O Papete foi embora
Meus Deus, é realidade...

Uma emissora do Maranhão hoje lembrou, com muita categoria, a grandeza de Papete; Papete, aliás, é o apelido que deu a ele Aldemir Martins.




Gisele ficou o tempo todo ao lado do seu companheiro, enfrentando as intempéries que a vida nos brinda. Ele foi, ela fica, como exemplo de dedicação ao outro.
Agora, cá com meus botões, eu fico pensando: essas pessoas queridas, que nos deixaram sem previamente avisar, devem estar fazendo festa no céu. Ficamos mais pobres, é claro, mas o céu ficou mais rico. Aliás, este é um pensamento de um grande amigo jornalista, de nome Vitor Nuzzi.
Os bons pensamentos, as boas ideias, o bom do bem-bom, têm de ser compartilhados.
A propósito, na Internet, no seu instrumento Facebook, as pessoas curtem, curtem, curtem... Poxa, além de curtir por que não opinam, não falam, não dizem o que pensam? É tão bom pensar...
E eu, cá com meus botões, matuto pensando que o Brasil pode melhorar, pode ficar bom, com gente que pensa e que vive educação.
  




quinta-feira, 26 de maio de 2016

ADEUS, PAPETE!

Assis Ângelo e Papete num dedo de prosa
O dia amanheceu frio, feio e triste. E eu também amanheci assim: Frio, feio e triste.
A razão disso?
Terça feira passada eu e Ivone falamos muito sobre Papete. Ela lembrava de um prato especial que o Papete lhe pedira meses atrás pouco antes de ser levado por Gisele para uma “temporada” no Hospital Oswaldo Cruz. Esse prato era uma dobradinha com costelinha e fava verde.
Ontem telefonei para Gisele com o intuito de saber como Papete andava de saúde. O telefone tocou, mas ninguém o atendeu.
Hoje cedo, bem cedo, Celia e Celma me dizem pelo telefone que Papete morreu.
Papete morreu no começo da madrugada de hoje, dia de Corpus Christi. Muita gente morre nesse dia, mas Papete era pra mim, uma pessoa que jamais morreria.
Na verdade, Papete não morreu: Papete encantou-se.
A nossa amizade, minha e de Papete, estendeu-se por uns trinta anos. Ele frequentava muito a minha casa. Proseávamos e cantávamos. Falávamos muito dos rumos do Brasil. Ele torcia e sonhava por um País melhor do que o país que vivemos sob a batuta de oportunistas da raia política...
Papete era um cara incrível.
Cá em casa, proseávamos com Théo de Barros, Tinhorão, Oswaldinho da Cuíca, Osvaldinho do Acorden, Geraldo Vandré, Ana, Joel, Celia e Celma...
A última composição de Papete foi feita em parceria com as irmãs Celia e Celma. A música é um Calango já gravada em disco a ser lançado em breve. Música anterior a essa, A Brasileira Inezita Barroso, foi composta por mim e ele. Ficou linda, chegando a arrancar lágrimas da homenageada.No começo dos anos de 1970, Papete e Oswaldinho da Cuíca compuseram o samba Vai Corinthians, lançado num compacto simples pela extinta gravadora Continental.
Adeus Papete, que Deus o tenha em bom lugar.
Há sim! Pepete é o apelido de José de Ribamar Viana dado pelo pintor cearense Aldemir Martins.

domingo, 22 de maio de 2016

O BRASIL É UM BARCO FORTE

O Brasil é um barco forte, mas cheio de furinhos.
Vamos fazer de conta que esses furinhos estão se alargando rapidamente e pondo em risco a vida dos seus ocupantes.
E vamos fazer de conta que lá pras tantas ocorre, entre dois ocupantes, uma pequena discursão. A discussão é para decidir quem pega o remo para tirar o barco da iminência de um naufrágio.
A discursão cresce e cresce. Uma das partes ganha a discussão, pega o remo e começa a remar. A parte que “perdeu”, não se conforma e diz:
_ Não vai dar certo, não vai dar certo!
Pois é, estamos assim: torcendo para o barco afundar. Datalhe: Só que estamos todos nesse barco, um barco furado; mas é nele que estamos e temos que torcer para não naufragarmos.

Hoje, por volta das 08h00min, ouvi na Rádio Bandeirantes o ex-ministro da educação, Janine Ribeiro, dizer que uma de suas metas na pasta que ocupou antes de ser substituído por Aluizio Mercadante era trocar o livro por tablet nas escolas da rede pública de todo o País. A princípio eu não quis acreditar no que ouvi. Mas era verdade: Janine queria acabar com o livro impresso... Que coisa?
Cá eu com meus botões ficamos a imaginar: isso seria o fim da picada.
Como acabar com o livro? Se isso um dia acontecer, e tomara que nunca aconteça, o mundo vai ficar mais burro.
Se acabarem com o livro, a partir das escolas, as pessoas deixarão de escrever de próprio punho. Isso já começou, é verdade, mas não dá, pra fazer isso de modo incentivado pelo Estado.
Uma loucura não é?
Eu sou de um tempo em que professor ensinava a ler e a escrever e o aluno aprendia.
Eu sou de um tempo em que o saber era fundamental na vida de um cidadão. E o saber nos vinha pelo saber do professor ou da professora.
Eu sou de um tempo em que havia até tabuada.
Eu sou de um tempo muito recente, de um tempo em que todos se respeitavam e procuravam o saber como trilha para toda uma vida. Mas reconheço que muita coisa mudou...
É preciso investir na leitura, no conhecimento, no saber.
É preciso investir na educação e na cultura, na formação do cidadão.
Há! Eu sou do tempo em que professor estudava para ensinar e pesquisador ia a campo para pesquisar. Hoje tem Google...
Luis da Câmara Cascudo e Mário Souto Maior, que conheci de perto, foram, provavelmente, os últimos dois grandes pesquisadores que levaram o ensino e a pesquisa a sério.
E pensar que a origem da escrita data do tempo em que o homem habitava as cavernas. Esse homem morreu e agora querem matar a escrita.
Que coisa doida!
O que dirá o educador e editor potiguar José Côrtez diante de tal tragédia anunciada?
Somos um barco à deriva e temos que lutar e torcer para que não afundemos.
E chega da máxima que reza pela cartilha do “quanto pior melhor!”




terça-feira, 17 de maio de 2016

CAUBY PEIXOTO, UM SHOW NO CÉU


Calou-se para sempre a voz que imortalizou Conceição.
Conceição foi uma personagem criada pela dupla de compositores Jair Amorim e Dunga. Essa personagem ganhou corpo –e alma- em gravação lançada em setembro de 1956. Há sessenta anos, portanto. É um samba-canção que marcou profundamente o repertório do niteroiense Cauby Peixoto.
Encontrei-me com Cauby há uns quatro anos, quando eu e Paulo Vanzolini molhávamos a garganta num restaurante do Cambuci. Foi um encontro legal. Anos antes desse encontro, Cauby havia gravado o samba-canção Ronda, de Paulo.
Cauby Peixoto fez parte de uma era de grandes intérpretes da nossa música popular. Intérpretes de voz possante, como Francisco Alves (que morreu no dia em que nasci, 27/09/1952); Silvio Caldas, Nelson Gonçalves, Orlando Silva, Orlando Dias, Adilson Ramos. Por esse prisma, Cauby deixa um vazio enorme, no campo da música popular. Na verdade, podemos até dizer que ele foi a última grande voz a silenciar. E uma coisa curiosa: ao contrário de muitos, Cauby recebeu em vida todas as glórias possíveis que um artista pode receber. Bastidores, de Chico Buarque, foi feita para ele.
Uma multidão de fãs acorreu ao salão nobre da Assembleia Legislativa de São Paulo, para lhe prestar a última homenagem. Lá estiveram, entre outros, Agnaldo Timóteo, Jerry Adriani, Roberto Luna, Claudio Fontana, Tobias da Vai-Vai, Agnaldo Rayol, Edith Veiga, Ângela Maria e Celia e Celma.
A última apresentação musical de Cauby ocorreu no dia 3 deste mês, no Teatro Municipal, do Rio de Janeiro. Ao seu lado estava Ângela Maria, a sapoti, assim apelidada pelo ex-presidente Getúlio Vargas.
Uma historinha: em 1986, Cauby e Celia e Celma embarcaram num voo de Brasília ao Rio de Janeiro, meio anônimos, discretos, até que um grupo de adolescentes em algazarra descobriu os três. Logo após o avião levantar voo e estabilizar-se no céu, um dos meninos do grupo gritou: Cauby!, Cauby!, e a essa voz, outras se seguiram, canta! canta! canta! E Cauby, sem se fazer de rogado, levantou-se da poltrona e começou a cantar: “cantei, cantei...”.
Muitos aplausos, foi uma festa, e aí, Cauby, feliz da vida, chama Celia e Celma para com ele cantar: “cantei, cantei...”. No dia seguinte, a coluna do Swann, do jornal O Globo, registrava o imprevisto espetáculo: Show nas Nuvens...
Pouca gente sabe, mas Cauby não gostava muito de cantar Conceição. Mas tinha que cantá-la, pois todo mundo exigia em shows que ele a cantasse, e ele a cantava como se fosse a 1ª vez, ou seja: com grande emoção.
O corpo de Cauby Peixoto (1931/2016) foi sepultado no jazigo da família de sua grande amiga, Ângela Maria.
Detalhe: Cauby participou de uma das mais bonitas faixas (Maria das Dores, de Ary Barroso) do CD Ary Mineiro, de Celia e Celma.


    

sexta-feira, 6 de maio de 2016

190 ANOS DO CONGRESSO NACIONAL: SEM CORRUPÇÃO?


Todo dia é dia
De Brasil especial
De Brasil de todos nós
De Brasil nacional

O Brasil tá se mexendo
O Brasil tá em ação
Procurando caminho
Pra sair da contramão

Mas a tarefa não é fácil
E tem lá seus empecilhos
Agora passou o tempo
De o Brasil entrar nos trilhos

Faz tempo, muito tempo
Que o Brasil sofre calado
Apanhando em silêncio
Como pobre coitado

O mal não é eterno
E nem eterna é a dor
Eterna é a vida
Que dá asa ao beija-flor



Como nunca, o Brasil e nós todos, brasileiros, vivemos uma crise profunda. Um dilema quase irracional, de difícil entendimento.
Crise... crise... crise...
O Brasil, e nós todos brasileiros, vivemos crises desde sempre. Desde a chegada dos primeiros invasores.
Em 1808, D. João VI chegou ao Brasil. Com ele, veio a prática da roubalheira, da usurpação, do 'tudo pra mim'. Ao fim e ao cabo, D. João VI e seus apaniguados retornaram a Portugal levando o que puderam do nosso País.
E não aprendemos nada?
São dezenas de políticos graduados, hoje, no Brasil que vivem a prática de D. João VI...

Eduardo Cunha, caiu.
Mas será que, com Cunha, caiu também a prática horrorosa de roubar o povo do nosso País?
O Congresso Nacional está levando, quarta-feira, Dilma para o limbo.

Hoje faz exatamente 190 anos que o Congresso Nacional brasileiro foi criado.

Com isso, tomara, que pela data simbólica, hoje registrada no Congresso, esteja renascendo um Brasil com uma cara mais bonita.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

O POPULAR E O ERUDITO EM RIACHÃO E BACH

O grupo paulistano Gato com Fome no show de reverência ao baiano Riachão
Tem coisas que eu não entendo na vida.
Como jornalista, eu conheci meio mundo e meio. Conheci pessoas incríveis. Pessoas que atuam e atuaram em todas as áreas do viver cotidiano. Lembro do Gonzaga, uma pessoa que me orgulho ter tido como amiga; lembro do Mario Zan, que Gonzaga o fez Rei da Sanfona; lembro do Zé Ketti, que chorou quando lhe mostrei Máscara Negra, dele, em inglês; do Sivuca e de tanta gente que a memoria ainda guarda... Câmara Cascudo, Eleazar de Carvalho...
Vocês ainda lembram de Inezita Barroso?
E do Paulo Vanzolini?
E do Nelson Gonçalves?
Pois é, é muito bom lembrar ontem. O ontem, nos faz viver hoje. E aí, de repente, um amigo acaba de telefonar perguntando se eu sei quem é Manezinho Araújo, Batatinha e Riachão. Manezinho...
Assis Angelo e Manezinho Araújo, o Rei da Embolada
A vida tem razão de ser quando a gente quer viver. E vivendo, a gente acha razão de ser e de viver. Nesse caminho, a gente se multiplica. Quando a gente se multiplica, e quando se é do bem, a vida fica melhor. Mas não quero perder o prumo à pergunta que me veio pelo telefone: você conhece Manezinho Araújo, Batatinha e Riachão?
Na última vez que Riachão esteve em São Paulo, dia 2 de abril deste ano, eu fui vê-lo. Até escrevi um texto que não sei por que razão, coisas da Internet, não foi publicado. O texto é este:

O Brasil está perdido, mas pode ser achado rapidamente na coisa mais importante que tem: a cultura popular, que é a representação mais autêntica do povo. Na sua forma mais bonita, fez-se presente ontem à noite, no teatro da unidade SESC Pompeia. No palco, uma legenda do samba da Bahia – e do Brasil: Riachão.
Há muito eu não via um artista tão completo mostrar-se ao povo cantando uma fieira de obras-primas autorais. E foi isso o que vi fazer o baiano Riachão, de batismo Clementino Rodrigues.
Riachão, aos 95 anos de idade, cantou com voz firme, afinada, e desembaraço de um jovem cinquentão.
Ele está em plena forma, foi o que mostrou.
Vi-me encantado e surpreso com a performance de Riachão. A dúzia e meia de músicos que o acompanharam são o suprassumo do samba de São Paulo, à frente os meninos do grupo Gato com Fome. Não custa lembrar: Gato com Fome nasceu com as bênçãos de outra grande legenda do samba: Oswaldinho da Cuíca.
Oswaldinho acaba de ser descoberto pelo grupo de rock londrino Rolling Stones, mas essa é outra história...
Conheci Riachão há uns vinte anos, e o que pude constatar é que ele continua o mesmo na sua grandeza de artista popular. Ele já foi gravado por dezenas e dezenas de intérpretes brasileiros, incluindo Jackson do Pandeiro, Jamelão, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Ivone Lara e Cassia Eller. No mais, ele contabiliza umas trezentas músicas suas ainda inéditas.
Riachão é uma fonte de pérolas musicais sem fim.
Ouvindo o autor de Cada macaco no seu galho, não posso deixar de lembrar do erudito alemão Johann Sebastian Bach (1685 – 1750).
Bach passou a vida louvando a Deus que, aliás, se acha presente literalmente em toda sua vastíssima obra. Quem não conhece Jesus a alegria dos homens?
Medindo as diferenças, o popular Riachão tem a grandeza de Bach e um ponto em comum: ambos falam de Deus o tempo todo.
Agora meu amigo, agora minha amiga, imagine Deus se fazendo presente num ser humano. Calma. Não esqueça, que Ele disse que somos no rigor a sua semelhança. Agora imagine Ele sendo acompanhado por mestres do samba. Samba como sangue que corre nas veias. A noite que vi Riachão cantando, sambando sentado, é divino ou não é? Atrás, na frente e no meio, Riachão cantando com a voz de Deus. Cavaquinho, violão (e 7), trombone, pandeiro, surdo, tamborim, cuíca, reco-reco, agogô e atabaque. E como se não bastasse, um coro formado por vozes que parecia ter vindo de outro mundo.

Eu acho que foi a vez que o grupo musical Gato com Fome se saciou por completo.

sábado, 30 de abril de 2016

AMIGOS, O MELHOR REMÉDIO

Intimado a produzir uma ilustração para este blog em dois minutos,
Fausto atendeu o desafio e fez a ilustração em menos de dois minutos.
É bom ter amigos. Quem tem amigos, tem alegria. Amizades são uma boa razão para viver. Para viver bem. Quem não tem amigos, toma muito remédio de farmácia.
Eu não me lembro da última vez que entrei numa farmácia. E querem saber de uma coisa? Depois que fiquei cego, passei a ver melhor. A ver melhor as pessoas que me cercam. E vendo assim, cada vez mais não preciso ir à farmácia.
Hoje, a minha casa, templo onde moro, recebeu Fausto e Vitor.
Fausto é o cartunista que boa parte deste país tão judiado politicamente conhece, amigo de todos nós. Sensível, de alma encantadora e talento absurdo. Vitor é o Nuzzi, jornalista, autor do livro mais completo que trata sobre a vida e obra do conterrâneo Geraldo Vandré: Uma Canção Interrompida (editora Kuarup).
Fausto é paulista de Reginópolis. E Vitor, paulistano da Liberdade.
E conversa vai, conversa vem, lembramos de muitos amigos. Amigos que nunca foram à farmácia; e se foram, foram poucas vezes.
Anna de Hollanda e Fernando Faro com Assis Ângelo no programa de rádio "São Paulo, Capital Nordeste"
Lembramos do Fortuna, Fausto, Goethe, Angeli, Baltazar - o “Cabecinha de Ouro”, herói do Timão em 1954 –, Quarentinha, Sócrates, Garrincha,  Tinhorão, Vandré, Inezita, Vinícius, Alcy, Gê, Ziraldo, Jaguar, Chico, Lula, Temer, Dilma, Fernando Pessoa, Brian de Palma, Rolling Stones, Téo Azevedo, Marcos Zanfra, José Cortez, Anna de Hollanda, Osvaldinho da Cuíca, Izilda Alves, Edu Lobo, Lucy Alves, Erico Verissimo, Luís Dantas, Joel dos Santos, Carla Maio, João Henrique, Cecília Thompson. E também as três ceguinhas da Paraíba: Maroca, Pondoca e Indaiá.
Conversa que vai e vem é conversa que quase nem termina, de tão gostosa que é. Ah! Inda lembramos de alguns personagens que também viveram sem farmácia e que partiram este ano, como o teatrólogo Naum Alves de Souza, o jornalista Sandro Vaia, os atores Umberto Magnani e Flávio Guarnieri e o multi-tudo sergipano Fernando Faro...
A última vez que estive com Faro faz uns dois anos. Estávamos com Vandré, Peter Alouche, Paulo Benitez e outros amigos, comendo uma saborosíssima paella. Lembro-me que, ao sairmos, no carro ele contou, sem eu perguntar, sobre um show musical que produziu para o PT em fins dos anos 1970, no Juventus. O partido estava em formação. O resultado desse espetáculo, segundo ele, foi lamentável. Ele passou a detestar Lula desde então. Grana na parada, desviada.
Quanta história a contar.
Poucas horas antes de o Brasil tomar conhecimento do passamento de Faro, por esses inexplicáveis da vida, o Vandré telefonou para saber como estou. E, como sempre, conversa vai, conversa vem, falamos de muita coisa. Ele gargalhando do outro lado, e eu deste também. Ele acha que tenho de dar aulas, que tenho de voltar ao rádio.
Uma coisa puxa a outra, e não há como eu não tecer os versos que se seguem:

Fernando Faro partiu.
Foi pra eternidade.
Foi brincar com as estrelas.
E foi brincar de verdade!
Fernando “Baixo” partiu.
Deixando muita saudade.

Só que saudade tanta assim
Não é certo alguém querer.
É saudade demasiada
Que vai muito além do ser.
É saudade que machuca
E essa ninguém quer ter.

...

A tarde de quem não precisa de farmácia é sempre uma boa tarde, e a de hoje foi uma boa tarde. Falamos, eu, Fausto e Vitor, sobre tudo; até sobre a formação do mundo. Falamos até de Copérnico, Isaac Newton, Albert Einstein, pés de maçã, de jaca. Só não falamos de pé de minhoca. Depois disso, fomos comer um baião de dois, que ninguém é de ferro. E lá encontramos Regina, Nilson e outras pessoas queridas. De lambuja, eu trouxe pra casa uma garrafa de manteiga de garrafa.

Para lembrar: 



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