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quarta-feira, 31 de agosto de 2016

AGOSTO, MÊS DE DESGOSTO

Agosto, mês de desgosto. É o que diz o dito popular.
Nesse mês, o mês de agosto, historicamente acontecem coisas do arco da velha.
Agosto, mês do cachorro louco.
Na segunda parte do século 19, o arqueólogo de origem anglo-saxão criou , movido pela curiosidade, o Dia Internacional do Folclore.
Até então, não existia sequer a locução "folclore".
O dia 22 de agosto é o Dia Internacional do Folclore.
Muita tragédia ocorreu, e certamente continuará a ocorrer, no mês de agosto; no Brasil e em todo o canto deste planetinha que a gente judia tanto.
No dia 22 de agosto de 1976 ocorreram dois fatos de extrema importância na vida brasileira: a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek, JK, num acidente automobilístico na Dutra, ali em Rezende, e a minha chegada à cidade de  São Paulo, rá rá rá.
Muita coisa de real importância agosto nos reserva.
O rei do baião, Luiz Gonzaga, partiu para a Eternidade num dia 02 de agosto.
Foi no dia 25 de agosto de 1961 que o mato grossense Jânio Quadros renunciou à presidência da república.
Sete anos antes, no dia 24 desse mês, o gaúcho Getúlio Vargas meteu um tiro no próprio peito e entrou para a história.
E hoje, 31, a mineira Dilma Roussef foi impichada no Senado pelo placar: 61 x 20.
Mas, ao contrário de Vargas, ela continua viva. Ah! o espírito folclórico rondou o tempo todo na Câmara e no Senado. Quer ver? Um exemplo: "uma no casco, outra na ferradura". Ou seja: a Dilma foi impichada, mas os seus direitos políticos não foram cassados.









segunda-feira, 29 de agosto de 2016

QUEM CASA QUER CASA... E VIVA LUIZ GONZAGA!

https://www.youtube.com/watch?v=8zkn-8ZxHzI
Quem casa quer casa, diz sábio ditado popular. 
A origem da expressão casamento vem daí, de casa. E o hábito de juntar-se um ao outro, ou a outra, data de tempos d'antanho. Coisa do começo dos tempos; dos tempos em que o homem desceu da árvore e passou a se meter a besta só pelo fato de equilibrar o corpo sobre as pernas. Claro, uma façanha e tanto! Depois disso, o homem passou a criar muitos maus hábitos. Entre esses maus hábitos, incluiu o de arrastar mulheres pelos cabelos. O machismo, certamente, vem daí.
Pois bem, aos maus hábitos, inseriram-se, no correr do tempo, bons hábitos. Entre os bons hábitos, destaque para a união formal entre o homem e a mulher. Depois, bem depois, entre homem e homem e mulher e mulher. E há bem pouco tempo, está-se inserindo o hábito formal e triangular do casamento, ou seja, casamento a três. Eu, Tu, Ele...ou Eu, Tu, Ela...
Foi na Bahia, bem recentemente, que um juiz de Direito validou o casamento a três. Mas não há motivo para espanto, meu amigo, minha amiga que me lê. Lei árabe chancela há não sei quanto tempo a convivência matrimonial de um homem e seis mulheres. Desde, claro, que tenha ouro para bancá-las. É né? Não, não se espante: Há muito e muito tempo, já era permitida a prática de sultões e marajás proverem haréns. Não sei não, mas passagens do Velho Testamento indicam que o rei Davi pôs no mundo um milhar de descendentes diretos.
Mas por que diacho estou falando essas coisas?
Outro dia ouvi no rádio a notícia de que dedicados cientistas haviam descoberto mais um entre milhares de planetas: Próxima B, que fica, acho, já do lado de fora da Via Láctea. E não é tão próximo da gente a Próxima B, calculadamente a 4,2 bilhões de anos/luz do nosso judiado planetinha Terra.
Pará você não pirar de vez, meu amigo, minha amiga, 4,2 bilhões de anos/luz significam algo em torno de 74 mil anos. O cálculo é baseado no calendário gregoriano do velho e bom Papa Gregório, certo?
Mas eu dizia que quem casa quer casa.
O hábito de casar, comumente chamado de "juntar os trapos",  continua em prática, como em prática continua também o hábito de descasar.
O nosso planetinha acolhe, desorganizadamente, cerca de 7,5 bilhões de pessoas. Não seria uma boa, parte desse volume de pecadores ir de uma vez para o espaço? Mas, como vimos, Próxima B está completamente fora do alcance dessa pretensão, pelo menos por enquanto.
O que é que tem a ver amor com união contratual? 
Há mil e poucos anos a igreja católica teve a brilhante ideia de faturar em cima do homem e da mulher, de capitalizar o matrimônio. Detalhe: entre os mil e um pecados cometidos pela madre Igreja está o de não reconhecer a pureza entre sexos. Ou seja: a igreja não admite abertamente o casamento entre homem e homem  e mulher e mulher etc.
Em junho passado o Papa Francisco disse que era preciso pedir perdão aos homossexuais pela forma como a Igreja tem tratado a questão. 
Prá mim e muita gente, todo tipo de discriminação faz mal à saúde.
Quem casa quer casa...
Eu tenho um amigo, que tem casa e acaba de casar. Esse amigo passou boa parte da vida namorando  uma só mulher. Esse amigo, chama-se Joel. E a mulher,  Gracilda. Ele é paulistano, ela é mineira. No último dia 25 os dois resolveram unir-se em matrimônio, exatos quarenta anos depois de haverem juntado os trapos. Os dois são jóias raríssimas nesse mundo tão perdido de gentes e coisas.

TV OSASCO

A TV Osasco levou ao ar ontem, 28, entrevista que concedi (clicar link acima) ao programa Salada Brasil By Night. Falei sobre a importância musical do multimídia Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. O competente entrevistador Cícero Walter tratou o tema com muito carinho e reconhecimento da obra do autor de Asa Branca e tantos outros clássicos imortalizados na alma do brasileiro. Aliás, por falar na toada Asa Branca, expressei a  minha insatisfação pelo espetáculo de abertura da 31ª Olimpíada, no início deste mês. Falei que faltou ênfase à cultura do Nordeste brasileiro, faltou Baião, por exemplo. No show de encerramento, foram apresentadas diversas manifestações culturais, incluindo ritmos como frevo, forró e baião. Um espetáculo e tanto! E lá, muito merecidamente,  estavam sendo lembrados Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro. 
O coração do povo identifica e canta facilmente a sua cultura.


BIENAL

Amanhã, às 18:00hs estarei falando sobre cultura popular na Bienal Internacional do Livro. Vamos lá? 


domingo, 14 de agosto de 2016

DIA DO PAI, DO FILHO E DA MÃE

Até aqui, o resultados dos Jogos Olímpicos, Rio 2016, é pífio. Muita gente já fez as malas e voltou para casa. As meninas do Basquete por exemplo. As medalhas insistem a continuar distante do eito dos nossos atletas. Por que será, hein? 
Mais não é disso que quero falar.
Em 1909, em Washington, EUA, uma garota de nome Luísa, ouvindo um discurso em homenagem as ma~es, decidiu fazer o mesmo com seu pai João, veterano da Guerra Civil Norte-Americana. E assim surgiu o Dia dos Pais.
Hoje é Dia dos Pais, dos filhos e tudo o mais, para alegria dos comerciantes e da sociedade consumista.
Mas não é disso que quero falar, não.
Ontem, da tarde pra noite, a Livraria Cortês ficou apinhada de artistas populares e doutores de áreas diversas. O motivo disso foi a inauguração da 10ª Semana do Cordel, idealizada em 2012.
Apresentaram-se cantando, tocando e declamando astistas do quilate de Moreira de Acopiara - que também atuou como Mestre de Cerimonia, João Gomes de Sá, Cacá lopes e sua filha Alice, de cinco anos; Luiz Carlos Bahia, Audálio Dantas, que inventou de me chamar irresponsavelmente de "Simbolo da Cultura Popular", e mais e muita gente.
Grandes destaques do evento, além de José Cortez, que empresta nome à Editora, Valdeck de Garanhuns e a dupla fabulosa de emboladores: Peneira e Sonhador. 
E mais nem conto, porque foi tudo de fato muito bonito.
Ah! José Cortez, que vai ganhar nome de escola pública da rede de ensino do Estado, no próximo dia 20, na Zona Sul de São Paulo,merece nota um milhão e um milhão de medalhas de ouro por nos honrar com seu trabalho...


PETER
O engenheiro Peter Alouche continua brilhando nas páginas dos jornais e nos jornalísticos da televisão. Clique aqui e aqui também.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

UM PEQUENO MERGULHO NA HISTÓRIA



O Brasil é cheio de Silvas, Watanabes, Müllers, etc.
Pois bem, o Brasil de raça e tudo o mais.
Rafaela, uma Silva, é preta, pobre e militar da Aeronáutica. Sargenta com soldo de aproximadamente três mil reais. Muito esforçada, dedicada ao judô o tempo todo. Em Londres foi xingada por não ganhar ouro... agora, ganhou. E a sua namorada Tamara, ex-judoca e também muito esforçada, cuida da casa e cachorros, enquanto Rafaela tapa a boca dos maledicentes.
Viva Rafaela, a cara do Brasil!
O Brasil, um país por natureza multifacetado, tem lá suas esquisitices. 
Você sabia que cerca de 30% dos atletas brasileiros que participam dos jogos Rio 2016 são militares?
Eu já disse, digo e certamente voltarei a dizer que o Brasil é injusto com os brasileiros. Seus governantes desde a primeira República, com Deodoro, nunca deram bola à Educação, à Cultura e aos Esportes, por exemplo.Já tivemos até presidente doido de juízo perdido, como o Delfim Moreira.
A primeira e única vez que o Brasil ganhou medalha de ouro na modalidade tiro esportivo foi em 1920. Agora, nesses jogos, o Brasil ganhou a segunda medalha: de prata, nessa modalidade.
Na primeira parte dos anos 1930, Getúlio Vargas empossou Capanema como ministro da Educação, e  como seu chefe de gabinete, o poeta Drummond. Nesse meio tempo, outras duas figuras também marcariam época à frente de projetos vinculados à Cultura: o paulista Mário de Andrade e o carioca Villa-Lobos. E desde então nada mais significativo aconteceu. Triste dizer isso, não é mesmo?
Dia desse conversando com os amigos Biancamaria Binazzi e Cadu Gato com Fome,  eu expus esse raciocínio. Os dois chiaram e pularam que nem calangos em frigideira quente. A Biancamaria ainda tentou rebater fatos históricos; o Cadu, nem isso. Pois é.
Juscelino criou Brasília, Jânio renunciou, Jango levou uma rasteira dos militares, que assumiram o poder por vinte e um anos, Tancredo morreu antes de assumir o cargo de presidente, Sarney fez o que fez sem acreditar que seria presidente; postiço, mas presidente. Depois vieram Collor, ai ai ai; FHC; Lulalá e Dilma, cuja corda ela mesma enfiou no próprio pescoço para os congressistas puxarem. Mas a verdade, a verdade verdadeira, é que a Cultura, como o vento, sobrevive sozinha a todas as intempéries. 
Um país sem cultura é um país sem identidade. Não é mesmo?
Pois bem: O Brasil parece, mesmo, uma casa da Mãe Joana.
A última Copa do Mundo de futebol, realizada no Brasil, foi um Deus nos acuda. Aqueles 7 x 1... Tudo quanto era gringo da direção do Mundial mandou e desmandou nesta terra abençoada por Deus, na cantiga de Benjor.  Usurparam até a nossa língua. E agora, nos Jogos que ora se realizam no Rio e noutras capitais do País, o Hino Nacional era posto nos nossos ouvidos pela metade. Tocava-se a primeira parte e logo depois pulava-se para o final. Isso, por determinação dos gringos. Pode? Não pode, tanto que a partir de hoje já anunciam mudanças nessa execução.
O Hino Nacional é um dos nossos quatro símbolos. Foi originalmente criado para banda, em 1831.Francisco Manuel da Silva, maestro, foi o autor da melodia. No começo da primeira década do século passado, a Banda da Casa Edison registrou o Hino numa curiosa gravação (acima). Em 1909, o poeta e jornalista Joaquim Osório Duque Estrada criou a letra, e o hino, oficialmente foi dado por concluído em setembro de 1922. Em 1917, o cantor Vicente Celestino registrou a sua versão (abaixo).
Essa é parte da história, como parte da história é o Hino Nacional Brasileiro.
Ah! Você sabe quem foi o autor do Hino da Independência? Pois é, foi um tal de Dom Pedro I. Essa é outra história...









quinta-feira, 11 de agosto de 2016

OLIMPÍADA E FEIJOADA

Edmundo, Erivan, Assis e Carmem.
Silva, Rafaela Silva, 24, carioca, negra e pobre. É a cara do Brasil, não é mesmo ?
Felipe Wu, 24, paulista ...
Rafaela e Felipe são os primeiros medalhistas da Olimpíada de 2016, hora em andamento no Rio de Janeiro e noutras capitais.
Os dois, além da idade, em comum têm o fato de serem sidos adotados por nosso brilhoso Exército. Os dois recebem um soldo para sobreviverem às intempéries do cotidiano . Ele é sargento ...
Essa Olimpíada, como todas olimpíadas, é caríssima aos bolsos brasileiros.
Quanto custa uma Olimpíada.
Historicamente os governos brasileiros nunca investiram de verdade na educação, na cultura e nos esportes. Uma pena. Esse papo de bolsa disso e da daquilo incluindo para atletas, é uma piada de muito mal gosto.
Inaugurada no ultimo dia 5, a Olimpíada 2016, também chamada de Jogos Rio 2016, rendeu aos nossos representantes apenas 2 medalhas: a de ouro conquistada por Rafaela e a de prata, conquista por Felipe.
Na verdade, os nossos atletas são heróis por treinarem praticamente sozinhos sem o devido apoio do chamado poder publico.
Mais vamos torcendo para que o melhor sempre nos aconteça.
Dia desse, fui convidado pelo amigo e conterrâneo Erivan Dantas para comer uma feijoada no Hotel San Raphael.
Adorei o convite e a feijoada, uma das mais saborosas que o meu paladar refinadíssimo, já provou .
Na ocasião, tive a alegria de conhecer o fisioterapeuta das seleções masculina e feminina de judô. De cegos, é o detalhe.
Edmundo Costa é mineiro e integra das duas seleções há cinco anos.
O Hotel San Raphael me trás boas lembranças do tempo em que eu era repórter do jornal Folha de S.Paulo. é um hotel famoso, bonito e um dos símbolos da cidade de São Paulo. Nos seus quartos se hospedaram personalidades muito conhecidas, como a cantora Edith Piaf e Mohamed Ali.


domingo, 7 de agosto de 2016

FALTOU BAIÃO NO MARACANÃ

Os Jogos Olímpicos começaram ali pelos anos 800 a.C.
No começo, não eram tão espalhafatosos como o são hoje. E eram bons, principalmente por que não havia TV Globo e nem o chato de voz chata Galvão Bueno.
Na antiguidade, os jogos tinham por finalidade enaltecer e valorizar a força dos gregos.
Tudo começou em Olímpia, no ano de 776 a.C. com o domínio romano, as coisas ficaram ruins para os gregos.
Os jogos eram de cunho pagão.
O imperador romano Teodósio I, que de uma hora pra outra converteu-se ao Cristianismo, decidiu extinguir os Jogos. Isso no ano 993 d.C.
Cerca de 1500 anos depois de iniciados os Jogos Olímpicos, o barão de Coubertin (1863 - 1937), decidiu reascender a chama dos Jogos, isso em 1896, em Atenas.
O barão era francês, educador e historiador muito respeitado no seu tempo.
O barão, portanto, deu o pontapé aos jogos da Era Moderna.
Por razões até hoje ignoradas, as mulheres não participavam dos jogos da Antiguidade.
As mulheres só começariam a participar dos Jogos Olímpicos na virada dos 900.
Também demorou muito até que fossem criados os Jogos Paralímpicos.
As pessoas com deficiência visual, total ou quase total, passaram a disputar os jogos oficialmente em 1984, acho.
Em 1978, cegos de vários lugares do País participaram dos jogos estudantis, em Natal/RN, disputando o futebol; futebol dos cinco. Depois, em 1984, foi realizado o primeiro Mundial em São Paulo.
A presença de pessoas deficientes visuais nos Jogos Paralímpicos ocorreu em 1998, na Grécia.
Pessoalmente, acho de suma importância a realização desses jogos. Primeiro e principalmente porque reúne representantes de todos os países, incluindo os não reconhecidos pela ONU, como Vaticano, Palestina e poucos mais. É uma confraternização entre os povos. Ficamos sabendo, por exemplo, que o Brasil acaba de receber 207 representações estrangeiras. Detalhe: a ONU reconhece, oficialmente, apenas 193. 
Uma coisa, porém, não posso deixar de dizer: a sociedade em que vivemos é totalmente visual. Melhor: os poderosos que mandam. Na sociedade em que vivemos insistem em não reconhecer a existência de pessoas com deficiência física, visual ou mental. Quer dizer: grosso modo somos uma sociedade hipócrita, individualista... Uma sociedade que valoriza os seres "perfeitos". Quer dizer, somos ainda uma sociedade preconceituosa e aparentemente sem salvação. Doente.
O show de abertura dos Jogos Olímpicos, no Maracanã, dizem, foi liiiindo!
A televisão dos donos do poder não descreve os eventos para cegos.
Até onde ouvi, o espetáculo ganhou beleza com a participação do querido Paulinho da Viola. No mais a ver.
Musicalmente, o espetáculo ficou a dever. Não é o que as mídias estão dizendo por aí a fora. Foi uma salada de ritmos, mas não uma amostra real, que represente o nosso cancioneiro. E quem fez o repertório apresentado aos quatro cantos, sabe disso. Faltaram o baião, o forró, o xote, o arrasta pé, a marcha junina, que poderia ser uma reunião perfeita, mas faltou. E cadê o cantador repentista? Oliveira de Panelas, Ivanildo Vila Nova, Oliveira de Panelas, Valdir Teles. Lembraram, ainda bem, do mineiro Ary Barroso... 
Na batucada final, por ironia do destino, de um colapso, morreu em sua casa o mais importante cirurgião plástico do mundo, que era brasileiro, Ivo Pitangui.
Pois bem, a plástica das Olimpíadas 2016, me disseram que foi perfeita.
Ivo Pitangui passou a vida inteira fazendo plásticas perfeitas, mas ele não cuidava de conteúdo... E ele, na véspera, carregou a tocha Olímpica pelas ruas do Rio de Janeiro.




ENTREVISTA À TV VEJA:
No último dia 2, dos 27 anos de desaparecimento do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, dei entrevista ao jornalista Sérgio Martins, da TV Veja: http://veja.abril.com.br/tveja/veja-musica/luiz-gonzaga-e-a-criacao-da-identidade-nordestina/ .

sábado, 23 de julho de 2016

PARA AQUELES QUE JUNTAM OS PEDAÇOS DO BRASIL. PARA FORMAR O PAÍS

As obviedades estão longe ou perto da gente?
Dia desse, há uns dois meses, o telefone tocou me chamando para participar do I Encontro Internacional de Discotecas, no Centro Cultural São Paulo.
Antes de aceitar, eu disse que o Brasil e os brasileiros, nós, sobrevivemos por insistência de sermos o que somos.
Meu Deus do céu, quando é que os dirigentes da empresa Brasil, o meu Brasil, de tantos brasileiros inteiros e íntegros, sobreviveremos ao não?
Não pra isso, não pra aquilo, não pra tudo. Mas, claro, se quisermos aprenderemos com o não. O não é sim, sempre que o questionemos.
Sexta, ontem, foi um dia maravilhoso.
Eu fui falar no Centro Cultural São Paulo, sobre Brasil e brasilidade; sobre literatura, música...








Cenas do I Encontro Internacional de Discotecas

Reencontrei muita gente, como Laís Barg, Alcides Campos... E conheci pessoas que me fizeram muito bem pela fala exposta no correr do evento, como a gaúcha Rosane Fontana de Camargo, que falou da importância da sua terra, sem esquecer o grande poeta Mário Quintana.
Eu conheço a Casa do Quintana, muito bonita e importante como celeiro do saber.
Do Rio Grande do Sul para São Paulo, a distância é curta.
A bibliotecária Monica Aranha, depois de falar de todas as dificuldades que encontra para manter vivo o sonho da preservação da história do nosso país, continuamos todos nós com o mesmo problema que ela enfrenta lá em Tatuí.
O I Encontro Internacional de Discotecas serviu para mostrar a deficiência do Estado no que diz respeito à manutenção da sua história.
Há dinheiro para tudo e muito mais, menos para a manutenção da história que faz o Brasil.
Até quando?



Veja a mesa 4 do I Encontro Internacional de Discotecas. A participação de Assis começa a partir de 1:01.




sexta-feira, 15 de julho de 2016

VIVA A ESPERANÇA!

O 14 de Julho é uma data que nos remete diretamente à expressão liberdade.
Foi em 1789 que o mundo livre passou a pautar-se pela igualdade e fraternidade; e, claro, liberdade.


Um soldado francês, Claude Joseph Rouget de Lisle, compôs numa madrugada a Marselhesa, o hino da França, o hino da liberdade do mundo livre. Mas nem todo o mundo é livre, tão pouco muitos dos seres que o habitam.
Ontem fui dormir com o coração sangrando de dor pelos mortos de mais um alienado que atirou o bólide que dirigia sobre uma multidão que comemorava alegremente o 14 de Julho.
Hoje nos reunimos com amigos em casa para comemorar o 27º aniversário da minha caçula, Clarissa. Ela é o presente que Deus nos deu em 1989, o dia exato em que o mundo livre comemorava os 200 anos da queda da Bastilha, na França.
O mundo anda de cabeça pra baixo, mas um dia se ajeitará.
Antigo ditado popular diz que "enquanto há vida há esperança". Nessa mesma linha outro ditado nos reforça "a esperança é a última que morre".
Enquanto houver Deus, a esperança viverá!

quarta-feira, 13 de julho de 2016

ERA DEUS ASTRONAUTA?

Deus criou tudo e tudo mais, mas quem criou Deus?
Deus foi criado ou foi criador?
Para os antigos, não havia um Deus. Havia deuses. Mas, quando damos uma topada, automaticamente, blasfemamos e inconscientemente, soltamos a expressão clássica: “Meu Deus!”.
Quer dizer, há um só Deus?
É tudo muito complexo, incluindo nós. Mas é tudo muito complexo, porque somos complexos; insistimos em ser complexos.
Todos os deuses se resumem num só: o Criador.
O Criador é um ser invisível, é aquele que se multiplica em nós. No Velho Testamento, está dito que somos a semelhança de Deus.
O problema maior que nós criamos para nós é: quem é Deus?
Deus somos nós.
E vem também questão do tipo: há vida depois da morte?
Tudo é muito complexo...
Nascemos, viemos de onde?
A gente passa o tempo todo procurando sarna pra se coçar.
Uma vez, entrevistei para o jornal Folha de S. Paulo, caderno Ilustrada, o escritor Erich von Daniken, autor do clássico livro Eram os deuses astronautas?
A conversa foi longa e o tema, eterno.
Pra mim, só há um Deus: o que nos criou, o que nos inventou, aquele sobre quem nos disseram quando crianças que era Ele.

  
Fui a Marte e fui a Júpiter
e também fui a Plutão
visitei os sete mares
montado num tubarão
e depois voltei à Terra
mas a razão não digo não

Evitei mais de mil guerras,
na Terra, no Céu e no Mar
desarmei mais de mil bombas
de origem nuclear
e depois voltei pra casa
pra beber água e descansar

Mas descansar, não descansei,
mandei Hitler se matar
Lampião ir pro inferno
e Obama se lascar
e não fiz mais porque não quis
o mundo todo se acabar!

segunda-feira, 11 de julho de 2016

QUEM FOI DEUS, QUEM É DEUS?...

Já faz um tempo enorme que inventaram o mundo. Na verdade, na verdade, ninguém sabe quem fez o mundo. Tudo quanto foi filósofo, incluindo o grande Aristóteles tentou dar credibilidade e autoria ao dono do mundo.
Quem foi ou quem é o dono do mundo?
Obama, Putin, ou quem?
Digamos que foi... Deus.
Quem foi Deus, quem é Deus?
Quando crianças, aprendemos que Deus foi e é o criador de tudo; do mundo, inclusive.
Eu sempre gostei de Deus.
Eu estudei em colégio de padres seguindo os ensinamentos divinos, crendo que Deus criou tudo. Inclusive eu, meu pai, minha mãe, meus avós, os avós dos meus avós, todos e tudo!
Pois bem, Deus sempre soube tudo e por isso é único. Independentemente do nome que lhes dão noutras línguas, além do português/brasileiro.
Que Deus sempre soube de tudo, isso soube –e sabe. E sabe também que o bom gosto é fundamental na boa convivência humana. Pra ter bom gosto, tem que ter cultura. Este, o ponto!

Deus fez o mundo porque se não o fizesse faria algo diferente do seu gosto pessoal.
Deus é criador, é artista.
Eu tenho um monte de amigos artistas. O cartunista Fausto, por exemplo, não viveria feliz se não fizesse cartum. E o tempo todo. A isso damos o nome de necessidade visceral. As cantoras Celia e Celma, eu não imaginaria, nunca, vivendo sem cantar; mesmo a alma alheia.
Dá pra pensar em fortuna sem fazer cartum? Sem Ziraldo fazer cartum? Sem Jaguar fazer cartum? Sem Alcy fazer cartum? Angeli, Paulo e Chico Caruso... E Glauco, hein?
Aliás, acabo de saber pela querida Chris Rufatto, e Fausto, que boa parte da obra do Glauco está sendo exposta nas dependências do Itaú Cultural, ali na Av. Paulista.
A vida que Deus nos deu, e nos dá, é incrível. Incrível sob qualquer aspecto.
Da segunda metade do século passado até os dias atuais, a minha profissão de jornalista, levou-me a conhecer, em parte, o mundo e pessoas que Deus criou. Eu conheci todos os nomes aqui citados e dele tornei-me próximo.
Continuo recebendo muita gente bonita no lugar onde moro. Tinhorão, quando vem aqui – e vem pelo menos uma vez por semana – conversamos sobre tudo e mais e mais. O mesmo acontece quando aqui chegam Fausto, José Cortêz, Vitor Nuzzi, Zé Hamilton Ribeiro, José Pinto, Osvaldinho da Cuíca, Rômulo Nóbrega, Téo Azevedo, Jackson Antunes, Jorge Ribbas, José Antonio Severo, Celia e Celma...
É fantástico o mundo que Deus criou, incluindo este Brasil...
A tarde de hoje foi pouca pra Fausto e eu entendermos a sinuca em que o mundo de Deus hora se transformou. A Europa tá como tá, com gente morrendo, se lascando pelo individualismo...
A xenofobia e a homofobia são males que o mundo passou a identificar recentemente e as vítimas estão na casa dos milhões, talvez bilhões. Pois nesse mundo de Deus há mais de 7 bilhões de almas morrendo e renascendo todos os dias. Aliás, daqui a duas semanas a Cortêz Editora porá nas livrarias, um livro tratando desse gravíssimo assunto que é a xenofobia.
Pois é, ou salvamos o mundo que Deus criou, ou morremos com ele, o mundo.  






domingo, 10 de julho de 2016

VIVA ROSIL CAVALCANTI!

Em dimensões territoriais, o Brasil ocupa o 5º lugar entre todos os países identificados pela ONU (Organização das Nações Unidas). Em termos populacionais, o Brasil está na lista dos dez mais. Quer dizer, o nosso é um país e tanto! Aqui tem de um tudo, como diria a minha avó Alcina, do alto da sua sabedoria. E tem de um tudo mesmo. Por exemplo, tem ladrão a dar com pau e nossas riquezas são tantas que não acabam nunca. É o que parece, não é mesmo?
E sobre a nossa história, a história do nosso país, hein?
As escolas estão muito aquém da necessidade. Alunos de todas as idades estão aprendendo por conta própria, ou seja: na universidade livre da vida.
Seria muito importante se todos nós soubéssemos da história do nosso País. Para quem ainda não sabe e é fácil não saber, o Brasil foi invadido e sucateado há pouco mais de 500 anos, por Cabral e celerados.
Essa história pode ser ouvida através da nossa música popular.
Os primeiros registros fonográficos que foram feitos no Brasil datam de 1902. A primeira gravação já traz citação em um dos nossos Estados: Rio Grande do Norte.
Pois bem, na música popular brasileira se acha praticamente toda a história do nosso País, mas pouca gente sabe disso, por incrível que pareça.
Na nossa música se acha a nossa história em detalhes. Basta ouvir Ary Barroso, Luiz Gonzaga, Geraldo Vandré, Chico Buarque, João do Vale, Noel Rosa e  Rosil Cavalcanti.
Você conhece a obra do pernambucano Rosil Cavalcanti, cujo centenário de nascimento completou-se em dezembro do ano passado? Para saber mais, sugiro a leitura do livro “Para dançar e xaxar na Paraíba - andanças de Rosil Cavalcanti”, de Rômulo C. Nóbrega e José Batista Alves.

Ah, Jorge Ribbas e eu fizemos uma pequena homenagem a esse grande compositor, autor de pérolas gravadas por Jackson do Pandeiro e algumas mais pelo Rei do Baião. 

sábado, 9 de julho de 2016

A LÍNGUA DO POVO É O BRASIL



O Brasil é bom demais, mas a gente parece não saber disso. E a gente não sabe porque não quer. E é tudo muito bonito.
Falar inglês, neste nosso país brasileiro, é o que há de melhor, para os bestas.
Não que eu seja contra nós nos entendermos em outras línguas, mas falar na nossa língua, principalmente, é fundamental. Se não nos entendemos na nossa língua, como vamos nos entender nas línguas dos outros...?
Deus do céu, eu fico doido toda vez que volto ao ontem. O Ontem é Hoje... E o analfabetismo continua desde sempre. E nós achando bonito o falar grego dos norte-americanos.
Não sei quanto por cento, mas eu sei que é muito, e muito mesmo, o muito de livros traduzidos em muitas línguas para a nossa língua portuguesa, que deveria ser brasileira...
Os governantes, todos os governantes do nosso país desde sempre, mirabolavam em francês, inglês.
Pois bem, nesse falar, e comportamento, a gente vai se perdendo, e os outros do outro lado do Atlântico vão nos engolindo.
Estou fazendo esse arrodeio todo para, mais uma vez, dizer da importância e beleza do meu país patropi.
Ademilde na Borborema

Toda vez que me chega às mãos um livro como “Para Dançar e Xaxar na Paraíba: Andanças de Rosil Cavalcanti”, de Rômulo C. Nóbrega e José Batista Alves, eu passo a ter certeza de que, mais do que existir, o Brasil é o país de nós, brasileiros.
Mas por que não falamos tanto de nós todos, brasileiros, como deveríamos falar?
Em todas as livrarias, principalmente as dos grandes centros, só aparecem em destaque os grandes autores em tradução. Porém, pergunto: por que os autores brasileiros não aparecem também no destaque merecido?
A colonização é uma desgraça.
Biografias de personalidades estrangeiras ganham no Brasil destaque fenomenal. Por que isso não acontece com personalidades e personagens da vida cultural brasileira?
O mundo é regional, e no seu regionalismo há a universalidade e o particularismo.
Aprendemos com isso ou não. No universalismo e no regionalismo podemos entender a grandeza e pequenez de todos nós.
Luiz Gonzaga toca na Borborema

Quando um autor escreve sobre um artista, em qualquer língua, é porque o artista representa o universalismo.
Rosil Cavalcanti é um autor universal, por traduzir o pensamento comum da universalidade popular. Agora, é o seguinte: como escrever isso, de que forma escrever isso, de que forma dizer de maneira que todo mundo entenda?
Rômulo Nóbrega, economista de formação, num momento de inspiração e municiado pelo acervo do pernambucano José Batista Alves, decidiu trazer à tona um dos personagens mais importantes da cultura musical do Nordeste: Rosil Cavalcanti. Numa linguagem simples, fácil, compreensível para todos os comuns, abundante em informação, provando que é possível escrever de modo natural e direto, sem o academicismo rançoso, chato, que incomoda quem lê o beabá, por não dizer nada.
O livro “Pra Dançar e Xaxar...”, nas suas tantas e tantas páginas, traz personagens muito importantes da história da Paraíba ou que viveram na Paraíba, como Chacrinha, Capiba, Marinês, Luiz Gonzaga... Detalhe: em 1950, Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, lançou em praça pública de Campina Grande o baião “Paraíba”...
O livro de Nóbrega e Alves traz um perfil muito bonito e necessário para compreender a cidade paraibana de Campina Grande, que o multitudo Rosil Cavalcanti escolheu para viver e se eternizar; e não à toa muito bem observado pelo prefaciador, Agnello Amorim. Agnello, em muitos momentos, no seu texto conciso, lembra as atividades múltiplas do biografado.
Agnello Amorim, prefaciador

Marinês dança com Rosil
Rômulo Nobrega fala a fala do povo, falada por Rosil Cavalcanti nos microfones da Rádio Borborema, inventada pelo paraibano de Umbuzeiro Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, aquele que trouxe para o Brasil a televisão.
Não que eu seja contra que se traduzam livros em quaisquer línguas para os nossos olhos, e ouvidos. Mas é importante escrever sobre os personagens da vida cotidiana do nosso País, para nosso deleite e registro histórico.
Acho que deveriam ser escritos livros sobre a vida, e principalmente obra, de Sidney Miller, Gordurinha, Manezinho Araújo, Raul Torres, Billy Blanco e Bahiano; este, especialmente, por ter sido o primeiro cantor profissional que o Brasil teve. Ele nasceu na mesma cidade em que nasceu Caetano...


VIVA DRUMMOND!

O mestre da poesia de Itabira, universal, Carlos Drummond de Andrade, continua sendo homenageado por sua grandeza na memória do povo brasileiro. No último dia 3, mestre Drummond foi mola corrente na memória do país. Como?
Paraisópolis, pequena cidade no sul de Minas Gerais, realizou sua 6ª Caminhada Poética, "Tinha um Drummond no Meio do Caminho”. Ideia de um professor, José Antonio Braga Barros, inspirado na Semana Roseana de Cordisburgo (MG), dedicada à obra de Guimarães Rosa.
Duzentas pessoas, a maioria de fora de Paraisópolis, fazem uma caminhada de três horas, com dez paradas, nas quais o Grupo de Teatro Toque de Arte declama poemas do itabirano. A caçula do grupo é Maria Isabel, de 10 anos. A próxima caminhada será em 2 de julho de 2017.


 
Paraisópolis durante a caminhada (Foto: Vitor Nuzzi)

sábado, 2 de julho de 2016

LIVRO ETERNIZA ROSIL CAVALCANTI

Ele era doce e dócil, inquieto, nervoso, sereno, contraditório, autossuficiente, prepotente e amável. Ele era a mistura de tudo e mais alguma coisa. Era amigo dos amigos. Era solidário. Ele era isso e muito mais. Era jornalista, compositor, arranjador, cordelista, ator, radialista. Ele era isso tudo e muito mais. Tinha amigos e inimigos. Entre seus amigos, Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga e Raimundo Asfora (1930/1987), poeta, advogado e deputado pela Paraíba, que fez bem a muita gente.
Estou me referindo ao pernambucano Rosil Cavalcanti (1915/1968), com “i”, pois, na Paraíba e redondezas, quem não é Cavalcanti é “cavalgado”...
Fiquei sabendo disso tudo após história contada no livro Pra Dançar e Xaxar na Paraíba: andanças de Rosil Cavalcanti, de Rômulo C. Nóbrega e José Batista Alves, lançado em fins do ano passado e já praticamente impossível de ser encontrado nas livrarias do Nordeste e, no Sudeste, então...
A obra de Nóbrega e Alves é excepcional sob todos os aspectos.
A história do multitudo Rosil Cavalcanti, dividida em nove capítulos no livro de mais 400 páginas, começa em 1950, numa reunião comandada por Hilton Mota para a escolha do primeiro jornalístico da Rádio Borborema, da rede Associada do paraibano, de Umbuzeiro, Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello (1892 - São Paulo,1968), que nesse mesmo ano presentearia o Brasil com a televisão, que hoje é o que vemos. Hilton Mota, figura impoluta com quem trabalhei na Rádio Correio da Paraíba, no começo dos anos de 1970, era o bam-bam-bam da Borborema, na época de Rosil.
É uma história incrível essa contada no livro Pra Dançar e Xaxar na Paraíba. Os autores Rômulo Nóbrega e José Batista Alves, passaram mais de duas décadas para concluir a tarefa que se propuseram a fazer. O resultado pode ser medido pelo volume enorme de matérias publicadas pela imprensa nacional.
Antes desse livro, confesso que desconhecia a trajetória do biografado e a importância real que ele significa para a música popular brasileira, especialmente no tocante aos ritmos nordestinos ou regionais que ele tão bem desenvolveu.
O primeiro intérprete a registar em disco as composições de Rosil Cavalcanti foi o paraibano, de Alagoa Grande, Jackson do Pandeiro. Aliás, Jackson estreou em disco com uma música de Rosil: Sebastiana. Isso foi em 1953.
Depois de Jackson, vieram Luiz Gonzaga e inúmeros outros intérpretes.
O livro de Nóbrega e Alves é de um conteúdo riquíssimo, que vai ao extremo das minúcias. Os autores falam de Macaparana, o berço de Rosil. Falam da sua trajetória por boa parte do Nordeste, incluindo Alagoas e Sergipe. E falam, naturalmente de Campina Grande, a cidade que recebeu de braços abertos o autor de Sebastiana e Faz Força, Zé, essa última, lançada em disco pelo Rei do Baião.
Rosil Cavalcanti compôs pouco mais de 80 músicas, 24 delas lançadas por Jackson do Pandeiro.
Entre os clássicos populares deixados por Rosil, destaque para Tropeiros da Borborema. Essa música, uma toada, foi feita em parceria com Raimundo Asfora.
Todos os capítulos Pra Dançar e Xaxar na Paraíba, enriquem no seu conjunto, a obra e a trajetória do biografado. Detalhe: o nono capítulo, o final, traz curiosidades impagáveis sobre Luiz Gonzaga. E chega. Deixo pra vocês leitores ou futuros leitores que descubram essas curiosidades.
Pra Dançar e Xaxar na Paraíba, é um livro deliciosíssimo que traz à tona, com fidelidade, a beleza da cantiga nordestina. 




sábado, 25 de junho de 2016

SEMANA TUMULTUADA E VIVA HERMETO PASCOAL!

Os últimos sete dias foram agitados, no Brasil e no resto do mundo. No começo da semana, Cunha reuniu a imprensa para tornar verdade as suas mentiras. Isso foi em Brasília. Também em Brasília, durante a defesa de Dilma, o advogado Cardoso botou os pés pelas mãos e disse uma besteira. Na verdade, ele cometeu uma gafe infantil que levou o senador Cássio Cunha Lima a lembrar o lendário poeta repentista Zé Limeira.
Zé Limeira, chamado de O Poeta do Absurdo, era muito admirado por outro poeta, esse paulistano, Paulo Vanzolini, autor dos sambas Ronda e Volta Por Cima, imortalizados por Inezita Barroso e Noite Ilustrada.
Logo no começo da semana, o presidente pendurado da Câmara Federal, o Cunha, foi mais uma vez tornado réu pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Foi, de fato, agitada a semana que finda hoje.
A população que forma a União Europeia acordou, se é que acordou, estarrecida com o resultado do plebiscito realizado pelo governo – parlamentarista – do Reino Unido. Isso foi no último dia 23 e o resultado chocante leva os ingleses a saírem da União Europeia, que existe há mais de 60 anos.
Em Havana, Cuba, a Colômbia firmou acordo de paz com as FARC. Os guerrilheiros da FARC depõem as armas depois de mais de 50 anos. Ambos eventos são históricos, sem dúvida. Mas o plebiscito que faz os ingleses deixarem o bloco europeu é o mais importante; pois, com isso, a União Europeia pode estar registrando o início do seu fim. Tomara que não...
Ah, mais um outro grande evento ocorreu na semana que passou e pouca gente registrou: o aniversário do mestre Hermeto Pascoal. Hermeto, nascido na cidade alagoana de Olho D’Água das Flores, completou 80 anos de idade no último dia 22. E tão importante quanto a sua idade, é a quantidade de músicas que ele compôs até aqui: oito mil.

E, por falar nele, assista uma conversa que tivemos em São Paulo. Dela também participam Aline Morena e a Rainha do Baião, Carmélia Alves. Veja neste papo Hermeto explicando o que é baião. 

sábado, 18 de junho de 2016

KAFKA NO RIO SE SENTIRIA EM CASA...

O Rio de Janeiro, fevereiro e março, amanheceu em estado de calamidade pública. É novidade histórica, isso nunca aconteceu. Um horror! As balas perdidas continuam zunindo no pé-do-ouvido dos inocentes. Quer dizer, tudo anda na mesma, ou seja: a Bahia da Guanabara permanece fétida, o trânsito e pedestres seguem firmes na sua loucura descomunal. E é roubo pra cá, roubo pra lá... Kafka no Rio se sentiria em casa; e nem precisaria escrever nada pra se sentir em casa, pois o absurdo da sua ficção aparece lá como pura realidade.
Ouço no rádio que os estabelecimentos hospitalares estão a cada instante cerrando suas portas e deixando à míngua quem deles precisa. E aí é gente baleada morrendo, é gente doente sucumbindo abandonada e mulher grávida parindo na rua a cada hora do dia ou da noite. Fora isso, tem a onda “tsunâmica” de crianças e adolescentes, principalmente, abusadas no mato, favela ou no seio familiar. Aliás, estatísticas indicam que a cada duas horas uma jovem é atacada por tarados em grupo, no Rio; e nas demais partes do País, uma mulher é atacada a cada três horas. O dia tem 24 horas e façam as contas do total de mulheres sexualmente violentadas por ano. E tem ainda um pequeno detalhe: a quantidade de vítimas que deixa de denunciar à polícia os abusos sofridos, por medo ou vergonha.
Agora tem o seguinte: eu e muita gente mais ou menos informada, achamos que “estado de calamidade pública” é o estado que o governante municipal, estadual ou federal anuncia diante de uma grande catástrofe natural, por exemplo. Bom, mas pensando bem, o que acaba de ser decretado no Rio é, de fato, uma catástrofe única, original, sem precedentes. O descaso lá é histórico e contínuo, daí a justificativa para o estado de calamidade anunciado ao País. As justificativas são todas: falta de pagamento ao funcionário público, falta de recursos para manutenção dos hospitais, escolas, etc. Até a coleta de sangue nos órgãos especializados foi suspensa. É ou não é um horror o que está acontecendo no Rio de Janeiro a um mês e meio da Olimpíada? A esse estado de calamidade se acham tragédias “miúdas”, como o desabamento da ciclovia em São Conrado, causando mortes...
Os políticos, um bando enorme deles, não se envergonham de “chupar o sangue” dos contribuintes. E eles roubam, roubam... Enquanto isso, os bancos de sangue continuam escassos em todo o País. Em São Paulo mesmo. Em Salvador, Bahia, estão se distribuindo folhetos de cordel conscientizando a população a doar sangue. É uma campanha bonita essa.
Agora me vem um pensamento kafkiano: e se o Lula e a Dilma selassem um acordo de delação premiada junto a quem de direito, hein? E se isso acontecesse, quem sabe o Brasil se reencontrasse com seus pecados e seguisse o rumo da beleza gigante em benefício de si próprio e de nós todos, cidadãos trabalhadores, pacatos, que pagam em dia seus impostos para uma vida melhor?  

TRIO MARAYÁ
Mais um amigo partiu para a Eternidade. Dessa vez foi o potiguar Behring Leiros, integrante do Trio Marayá. Faz hoje uma semana que ele partiu. Quem me deu a notícia foi Lenita, agora viúva. Tinha 81 anos de idade. O trio chegou ao Rio de Janeiro no final dos anos de 1950 e pelas mãos do pernambucano Luiz Vieira, recebeu os primeiros “empurrões” na carreira. Fácil, fácil, Behring e seus companheiros Marconi Campos e Hilton Acioli, chegaram até o paraibano Geraldo Vandré e com ele desenvolveram plenamente a carreira artística. Com Vandré o trio andou por todo o Brasil e diversos países da Europa. Detalhe: o nome do trio foi um presente do estudioso da cultura popular, Luís da Câmara Cascudo (1898/1986).  
  
  
   


sexta-feira, 17 de junho de 2016

JOSÉ CORTEZ SEMEIA SONHOS POR UM NOVO PAÍS




O Brasil está pegando fogo. E, pelo jeito, muita surpresa nos alcançará, no campo da política. Do corpo ministerial de Temer, caíram os titulares das pastas do Planejamento, Transparência e Turismo. Isso dá, na média matemática, um a cada 12 dias... E tem pendurados, de cabeça pra baixo, os presidentes do Senado e da Câmara. E já há vazamentos que indicam que ambos vão encarar a tal delação premiada prevista em lei, aprovada no desgoverno da Dilma. E se isso acontecer, o que deve acontecer, aí sim: será o deus-nos-acuda, como no dito popular.

Eu tenho um amigo que me veio com uma fala interessante, interessantíssima. Imagine, meu amigo, minha amiga, ele sugere que se crie o contraponto do MST: o MSP, que vem a ser nada mais, nada menos, o movimento dos sem-propina.

É como diria meu amigo e conterrâneo Genival Lacerda: nóis sofre, mas nóis goza...



Sonia, Assis e Alceu (Foto: Vitor Nuzzi)

A chuva forte que molhou o chão de São Paulo no sábado 4 trouxe até a mim os professores Alceu e Sonia Chébel Mercado Sparti, pais de duas meninas e avós de quatro crianças, duas das quais gêmeas.

Em maio de 1968, quando o mundo estava pegando fogo e muita gente ficando doida, com queima de sutiã e guerra no Vietnã, Sonia integrava o Centro Acadêmico Santo Tomás de Aquino (Casta), da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, atual Universidade de Sorocaba (Uniso).

Sorocaba é uma cidade paulista, distante da capital 90 quilômetros. É terra de violeiros, como mestre Raul Torres (1906-1970), tema do novo CD do grupo paulistano Gato com Fome.

Àquela época o cantor e compositor Geraldo Vandré se achava no auge da carreira, com o LP Canto Geral. Nesse disco, encangado no pensamento do autor alemão Bertolt Brecht (1898-1956), o artista paraibano dizia na contracapa:

“Vós que vireis na crista da onda em que nos afogamos, quando falardes de nossas fraquezas pensai também no tempo sombrio a que haveis escapado”.




E o que é que tem a ver Sonia Chébel com essa história?
A Sonia, investida de sua condição de membro do Centro Acadêmico, um dia pegou o telefone e convidou Vandré a fazer uma palestra em Sorocaba. E ele foi, e de graça. Dá para pensar isso nos dias de hoje?
No livro Geraldo Vandré – Uma Canção Interrompida (editora Kuarup, 352 págs., 2015), o autor, o paulistano Vitor Nuzzi, conta um pouco dessa história registrada pela então estudante Sonia Chébel:

“O cantor e compositor falou de comunicação, de arte, do festival de 1967 (Eu cantei muito mal, disse, referindo-se a Ventania. Eu nunca canto desse jeito. Eu cantei desesperado, perdido.) E afirmou algo que repetiria meses depois ao pesquisador Zuza Homem de Mello, com outras palavras: A canção que eu canto tem um texto que eu quero dizer coisas, a canção popular é texto, antes de tudo.

E foi essa mulher, acompanhada do seu companheiro Alceu, que chegou junto com a chuva.
Ah!, e a Sonia, anos depois, ali pelo começo dos anos 1970, fez mestrado e doutorado em Psicologia da Educação na PUC. Por esse tempo, o potiguar José Cortez iniciava-se como fornecedor de livros para estudantes que nele encontravam um amigo e um apoio. Entre esses amigos, a Sonia, conhecida à época por “Sorocaba”.



José Cortez virou, com o tempo, um dos editores mais importantes e respeitados do País. É dele a editora que leva o seu nome. Nome também de uma escola pública: Escola Estadual José Xavier Cortez, localizada no extremo sul da cidade de São Paulo.

José Cortez, nordestino do Rio Grande do Norte, é uma espécie de Dom Quixote. Moderno. Ele sai constantemente por aí afora, Brasil afora, fazendo palestra e contando história de vida e de educação, não só dele. Cortez fala do Brasil de baixo, como lembra o poeta cearense Patativa do Assaré, quando falava dos nossos dois Brasis, o de cima e o de baixo.

Cortez (foto acima) semeia palavras, para dessas palavras surgir, quem sabe, o Brasil que todos nós sonhamos. O Brasil para todos, sem discriminação. O Brasil cidadão, em que todos são todos e iguais, como reza a Constituição.


DINHEIRO NO BOLSO E NO BANCO

Uma menina vítima da vida do mundo carioca, de 16 anos, caiu na boca do mundo. Não sei o nome dela e seu nome, cá no caso, não vem ao caso.
Estou tentando entender o mundo dessa menina violentada.
Vivemos a violência de um tempo que jamais eu poderia pensar que pudesse viver.
Nós todos sabemos tudo do que ocorreu lá atrás, no tempo das cruzadas.
Naquele tempo, como hoje, as pessoas eram mortas à toa. Lixo. Ninguém era de ninguém. Bastava pensar diferente da Igreja para acordar no outro mundo. E num tempo até recente, fins do século 19, as mulheres eram escravas de quem tinha mais no bolso ou no banco. Meu Deus, quanta tristeza, sofrimento e ignorância!
O tempo passa, o tempo passa, e insistimos em não entender nada. E parece que insistimos em não entender nada.
Aristóteles identificou, uns cinco séculos antes de Cristo, que existia/existe vida vegetal e vida animal, que é aquela, por exemplo, em que a onça corre em fuga quando percebe perigo à vista para se livrar do agressor.
E Aristóteles também identificou a vida dos animais humanos, que somos nós.
Aristóteles, portanto, antes de todo mundo identificou que nós, humanos, somos diferentes por saber o que pensar.
Voltemos à menina de 16 anos...
Os estupros são totais desde sempre.
Desde sempre, nos violentam de todas as formas.
O homem é violentado nos seus direitos e razões. Direitos e razões que têm a ver com tudo.
E a mulher?
E o que é que uma tempestade, um tsunami, fazem conosco?
Nós, homens e mulheres, somos, todos os dias, violentados de todas as formas.
Meu Deus, até quando?
Puxa vida...
Pessoas incríveis, da minha vida, continuam a frequentar as minhas ideias.
Agora vou falar de beber samba e dançar poesia com o trio Gato com Fome, vocês sabem o que é isso?
Pois bem, o Gato com Fome é um grupo musical que sabe o que é vida e arte.
No dia em que nós, brasileiros, entendermos que a vida é simples, tudo vai ficar melhor.
A violência está no não saber.
E o Gato com Fome chegou, como sempre chega ao Instituto Memória Brasil, tocando e cantando as coisas de Kid Morengueira, Paulinho da Viola, Zé Kéti, Osvaldinho da Cuíca, Paulo Vanzolini, Eduardo Gudin e o nosso caipira do samba Raul Torres. O Gato com Fome cantou samba, breque, moda de viola...
E, de repente, o cartunista Fausto chega...
Fausto, como outros amigos que vocês todos conhecem: Fortuna, Jaguar, Ziraldo, sei lá... E outros que fizeram parte da minha vida no tempo do Pasquim e Folhetim.
E Fausto chegou.
Nada combinado, a fala fluindo, e Fausto com sua caneta registrando cantos e pensamentos...



ANASTÁCIA

Dia desse, o apresentador do programa Pintando o 7 (Rádio Imprensa FM), Luiz Wilson, aportou aqui em casa com o argumento de que eu não poderia faltar às comemorações pelo aniversário dos 76 anos da querida Anastácia, chamada de Rainha do Forró e autora, junto com Dominguinhos, de 213 composições devidamente gravadas em LP, CD etc, incluindo Eu só Quero um Xodó e Tenho Sede. Essa música se chama no LP Refazenda, do baiano Gilberto Gil. O cantor, aliás, voltou hoje a internar-se no hospital paulistano Sírio-Libanês. E lá fomos. Anastácia, como sempre, estava maravilhosa. Lá, com ela, muita gente bonita, como a cantora Fatel. Tomei água de coco e petisquei uns camarões maravilhosos. Tim-tim. E viva Anastácia!




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