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quarta-feira, 9 de setembro de 2015
segunda-feira, 7 de setembro de 2015
O 7 DE SETEMBRO CINCO ANOS DEPOIS
Nós, brasileiros, lutamos desde sempre
pelo direito de ir e vir. Está na Constituição, em todas as nossas Constituições;
desde a primeira, de 1824. E desde ontem, vivemos problemas de todos os tipos.
Problemas graves. Problemas de corrupção...
O Regente Feijó (Diogo Antônio Feijó, 1784 -1843), foi o nosso primeiro governante.
Bastardo, criado entre padres, fez a
sua época o que hoje ninguém faz: dedicou-se completamente ao Brasil, querendo,
desejando, lutando de todas as formas para que o Brasil ganhasse a liberdade.
Em 1821, o Regente Feijó, paulista,
herdou da família que o criou um volume bastante de dinheiro.
Em 1822, Dom Pedro disse num berro “independência
ou morte”.
Foi num dia como hoje, 7 de setembro.
Era um sábado. Hoje, tantos anos
depois, segunda, ainda não o entendemos.
O grito do Ipiranga, ou seja: foi um
grito pela insatisfação que o seu autor, a essa altura, já nutria por sua terra
Portugal. Mas esse seu gesto, só foi reconhecido cinco anos depois.
Que eu quero dizer o seguinte: a
liberdade tão ansiada por nós, todos, é um passarinho que deve ser, sempre, bem
tratado.
O grito do Ipiranga passou a ser
reconhecido como importante verdadeiro, repito, só cinco anos depois.
A Inglaterra e França foram os
primeiros países, depois de cinco anos, a reconhecer o ato de Dom Pedro como um
berro de liberdade.
Agora, que tal você aí procurar saber
o que é que tem o Regente Feijó com a independência
do Brasil?
sexta-feira, 4 de setembro de 2015
CORDELISTAS E AVIÃO BRASIL
O
dólar no céu, cutucando o sol que está meio doido, torra os miolos do Brasil. Quer
dizer:: dólar subindo, alto estima descendo e o prato na mesa do pobre cada vez
mais minguando ...
A
crise política e a crise econômica se abraçam pondo a vida brasileira em estado
de alerta.
A
imprensa mundo a fora, especialmente The
Economist e o Financial Times, bota lenha na fogueira dizendo que dona Dilma e
a sua equipe econômica perderam o rumo tipo: Apertem o Cinto Que o Piloto
Sumiu.
Pois
é, é como se todos nós estivéssemos sozinhos dentro de um avião a três mil pés
e a três mil km/h voando em direção ao inferno. Mas, calma, pensemos como Gramsci (1891 -1937). Segundo ele ser pessimista na
avaliação é correto, como é correto também
sermos otimistas na ação.
O
mundo, desde a sua origem, tem se apresentado a nós pobres mortais crise, crise, crise, crise e crise, mas de
todas as crises, pequenas, médias e catastróficas, temos saído. Portanto, não
vai ser essa merrequinha, ou marolinha como dizia Lula, que vai nos levar as
profundas do inferno.
O
Brasil não é propriamente o Olimpo, embora alimente deuses de todas as matizes.
Eu
Gostaria de saber como é que os cordelistas deste Patropi estão acompanhando a
turbulência que o avião Brasil esta sofrendo.
O
Brasil é muito grande
É
um país continental
Que
tem passado por turbulências
Desde
os tempos de Cabral....
domingo, 30 de agosto de 2015
A SECA TORTURA E MATA
O
dia começou com os jornais noticiando só coisas feias como, por exemplo, o estágio em que se acham os processos da operação
Lava Jato conduzida com mão de ferro pelo Juiz Sérgio Moro, que já mandou para
o Xilindró duas dúzias de roedores do Tesouro Público.
Fora
isso, os jornais continuam destacando as diversas crises que ora, nós, pobres mortais
brasileiros, amargamos. Mas crise mesmo, das grandes, é a de sem-vergonhice que
assola o País de ponta a ponta.
Na
TV, hoje, vi para minha alegria, a bem humorada Inezita Barroso chamando pra
cantar no palco os seus violeiros. Na mesma telinha ouvia-se a chamada para o
filme em que ela era a personagem central: Mulher de Verdade.
Ainda
no mesmo canal, o 2, o Boldrin proseava com os integrantes do Trio Gato Com
Fome.
Bela
prosa em torno de Raul Torres.
O
Gato Com Fome está lançando seu primeiro CD, que traz apurado repertório
baseado na obra musical de Torres.
Mas
voltando às mazelas do nosso cotidiano,
uma foto na primeira página do Estadão era estampada com o propósito de
nos chocar pela irresponsabilidade dos homens que nos governam. A foto substituía mil palavras, como no jargão
jornalístico.
A
foto em questão mostrava animais pastando no que fora há bem pouco tempo o
reservatório da Cantareira. Imediatamente
lembrei das diversas crises hídricas que endoida o povo mais simples do Nordeste, que secularmente têm tangido
populações inteiras de um lado para outro, como o poeta popular Patativa do Assaré
muito bem registrou na sua clássica toada A Triste Partida, em que conta a fuga de uma
família de nordestinos para São Paulo.
A
foto estampada no jornal me trouxe
outras imagens geradas pela solidão assassina da seca secular também
tratada na canção Maringá, do poeta Joubert de Carvalho. Essa canção, lançada em
julho de 1932 pelo cantor Gastão Formenti, conta de uma bela retirante chamada
Maria do Ingá e nasceu a pedido do político paraibano José Américo de Almeida,
integrante do governo Vargas.
A
irresponsabilidade dos governantes nas suas três esferas, é chocante; tão
chocante quanto a foto publicada hoje na primeira página do Estadão.
São
Paulo está vivendo a sua pior seca desde 1924.
Não
custa lembrar que o Imperador D. Pedro II, chocado com a tragédia provocada
pela seca no Ceará, jurou que venderia, se preciso fosse, até a última pérola
da Coroa. Milhares e milhares de
nordestinos sucumbiram diante da seca e diante do Rei que, na verdade, nada fez
para impedir que morresse gente, gado e até passarinho.
Em
1915, portanto há exatos cem anos, levas de retirantes tangidos pela seca
saqueavam os estabelecimentos comerciais de Fortaleza (Ce).
Dado
o noticiário do dia, recordo o escritor Rômulo Nóbrega dizendo da tragédia que
hoje continua a viver o Nordeste profundo, o Nordeste pé no chão, o Nordeste
descalço, faminto, esquecido pelo poder público ou pelas autoridades de que, a
rigor, cuidam mais é mesmo de interesses próprios.
Rômulo
é Campinense. Ele conta que Campina
Grande (Pb), vive com racionamento de água há meses e que a situação é
gravíssima em vários municípios paraibanos.
Ele me pergunta:
-
Você já ouviu falar em Stênio Lopes?
Pois bem, do Dr. Stênio (1916-2010) escreveu um livro em que relata os
problemas provocados pela estiagem e assume uma espécie de máxima que diz “Não
haverá futuro para Campina Grande sem a transposição de águas do Rio São
Francisco”.
Pois
é, as águas do Velho Chico estão sendo desviadas para Pernambuco, Paraíba... A
troco de bilhões.
Tomara
que nessa empreitada não haja problemas que a operação Lava Jato identifique.
sexta-feira, 28 de agosto de 2015
SÃO PAULO DE TODOS NÓS
Terminando
agosto, fim de mês, o Capeta se afastando...
Segundo
o folclore, no que há no folclore, fica-se sabendo que agosto “é o mês do
cachorro louco”.
Para
muita gente, o mundo acaba ou acabou em agosto.
O
Brasil todo, a exceção de São Paulo, enlutou-se com a morte do caudilho gaúcho
Getúlio Vargas, na manhã de 24 de agosto de 1954.
Eu
tinha dois anos de idade e não vou morrer nunca, pelo menos da forma acontecida
com Getúlio e narrada minuciosamente por cordelistas do nordeste- de-meu-Deus-do-céu.
Getúlio,
aliás, foi o presidente da nossa República mais cantando em verso e prosa até
hoje.
Foi
também num mês de agosto que o Brasil exasperou-se com a renúncia inexplicável
do mato-grossense Jânio Quadros.
Uma
vez entrevistando Jânio, perguntei a razão que o levou a renunciar a presidência
da República. Ele soltou uma risada que reboa até hoje nos recônditos invioláveis
da minha memória. A sua risada estrepitosa, emendei:
-
Presidente, o Sr. é um grande ator!
Ouvindo
o rádio, fiquei sabendo que o Brasil hoje é habitado por 204 milhões de pessoas
e São Paulo figura como o estado mais
populoso, com 44 milhões.
No
tempo de Jânio não havia nem 15 milhões de brasileiros aptos a votar. Hoje,
somos cerca de 120 milhões. Mas tanto ontem como hoje é enorme o número de
brasileiros judiados, analfabetos, sem rumo nem prumo, perdidos, desprovidos de
educação e distantes, também, da cultura que forma uma nação.
Ontem
a Câmara Municipal de São Paulo , representando o povo, homenageou em sessão
solene, um dos mais visíveis artífices da cultura popular, Téo Azevedo, 72
anos, mineiro de Alto Belo.
Téo
Azevedo é compositor e violeiro. No seu alforje de cantador se acham mais de 80
mil fonogramas por ele produzidos. Ele é o artista com o maior número de músicas
próprias gravadas em disco.
A
primeira música que Téo gravou foi de cunho religioso, Deus te Salve Casa
Santa. Isso, em 1965; ou seja, a exatos 50 anos.
Onde
estão os responsáveis do Guiness Book, para registrar as façanhas do mais novo Cidadão
Paulistano?
Eu
abri a sessão falando de crises e crises históricas que o Brasil tem vivido
desde o século 16. A sessão foi encerrada, hora e meia depois, com Téo Azevedo
cantando a canção São Paulo de todos Nos, dele e de Peter Alouche.
https://www.youtube.com/watch?v=zOViTnEHrGI
quinta-feira, 27 de agosto de 2015
TÉO AZEVEDO, CIDADÃO PAULISTANO
Neste ano de 2015, completam-se exatas
cinco décadas que o mineiro de Alto Belo Téo Azevedo entrou, pela primeira vez,
em um estúdio de gravação que resultou num acetato com a cantiga Deus Te Salve
Casa Santa, adaptada do folclore português. Essa gravação perdeu-se na poeira
do tempo e daquela data até hoje, Téo entrou milhares e milhares de vezes em
centenas de estúdios espalhados em Minas, São Paulo etc.
Eu conheci Téo Azevedo quando ele
tinha 33 anos de idade. Naquele tempo, eu era repórter da Folha.
Nos últimos 38 anos, tornamo-nos
amigos e parceiros musicais.
Téo pôs melodia em pelo menos uma
trintena de poesias, várias delas gravadas por intérpretes de reconhecido
talento, entre os quais ele próprio.
Uma de nossas composições (Clarissa)
chegou a ser inserida no filme Saudade do Futuro de produção franco-brasileira.
Hoje, a Câmara Municipal de São Paulo
confere a Téo Azevedo o título de cidadão paulistano.
Eu já passei por essa maravilhosa
experiência.
A solenidade de entrega do título de
Cidadania a Téo Azevedo tem início previsto para às 19 horas. Eu estarei lá
formando a mesa e saudando o homenageado.
Vamos lá?
quarta-feira, 26 de agosto de 2015
CRISES, COISAS E HOJE
Agosto,
gosto.
No
calendário dos dias, meses e anos, fica-se sabendo que agosto é o mês de
grandes acontecimentos.
No
Brasil, o 5 de agosto marca a fundação da cidade que desde o começo dos anos de
1930, leva o nome de um cidadão chamado João Pessoa.
O
dia 11 lembra o dia que D. Pedro criou a faculdade de direito no Brasil. O 24,
nos lembra a tragédia que foi a morte de Vargas; dia seguinte, outra tragédia
marcou profundamente a vida brasileira: a renúncia de Jânio.
Hoje
26 estávamos, eu e o editor da revista Kalunga, Manuel Dorneles, conversando
exatamente sobre Vargas e Jânio quando, de repente, chega o historiador José Ramos Tinhorão.
Tudo
se passa aqui, no Instituto Memória Brasil.
E
a conversa seguiu por aí.
Crises,
crises, crises.
Ora,
a República começou com a derrubada do Imperador.
Deodoro
foi tirado da cama em pijamas para assumir a República.
Não
demorou muito Floriano assumiu o poder e mandou muita gente ao paredão e depois
também sumiu. O tempo o emparedou. O Hermes chegou, São Paulo em guerra: 24,
32...
João
Pessoa se junta a Getúlio Vargas para, em campanha, assumirem a Presidência.
No
meio do caminho, João Pessoa é morto a tiros em Recife. E aí Getúlio perde e
golpeia o Brasil assumindo à revelia dos votos nas urnas o comando do País.
E
aí, hein? Isso é crise ou não é crise?
E
ainda teve: 32...
Em
1939 (ou 37?), Getúlio dá outro golpe dentro do golpe e cria o Estado Novo.
Bom,
a 2ª Guerra começa em 39 e termina em 45.
Em
1945, além de entrar em guerra, o Brasil entrou em parafuso.
E
aí, em 1954, Getúlio dá um tiro no peito e transforma aquele dia em noite: luto
de ponta a ponta do Brasil, menos São Paulo que não chorou.
São
Paulo não chorou, porque Getúlio fez São Paulo chorar em 32.
E
aí chegou JK, chegou JQ e chegou também Jango.
E
a noite mais escura do Brasil chegou exatamente com a deposição de Jango em
1964.
Essa
noite durou 21 anos.
E
aí, Diretas, Tancredo...
Essa
história de crises dura muito tempo, vem desde o macaco desceu do galho e
achando que tinha duas pernas, pulou, pulou, pulou e cá estamos nós, achando
que a crise está começando agora.
E
essas lembranças históricas vêm e são compartilhadas com Dorneles –nome que a
mãe deu ao Manuel em homenagem a Vargas.
E
presentes nessa conversa no IMB, Tinhorão, Celia, Celma...
A
história está na memória, na boca do povo.
Viva
o Brasil!
domingo, 23 de agosto de 2015
NÃO, INEZITA NÃO MORREU
Sem
ter muito que fazer, ontem à noite liguei a televisão e, para a minha alegria,
ouvi a minha querida Inezita Barroso chamar a seu palco para cantar a paraguaia
Perla.
Perla!
Perla
é meio soprano, como Inezita.
Que
beleza ouvir Perla cantar Las Cositas de Nuestra America!
A
última vez que vi Perla foi em Campo Grande, MS, cantando para mim. Eu entendi
que era para mim que ela estava cantando naquele começo de noite em terras
mato-grossenses.
Inezita
é incrível!
Sem
ter muito que fazer, hoje de novo liguei a televisão, e para a minha surpresa,
deparei-me com Inezita chamando a seu palco Pereira da Viola.
Antes
de Pereira cantar tocando, apareceram na telinha grupos musicais de São Luís do
Paraitinga e de Mogi das Cruzes cantando e dançando em louvor ao Divino E.S.
Eu
conheço esses grupos.
O
Paranga, de São Luís, em ação toca em qualquer coração.
Lindo!
Em
Mogi, a grupos de Congada, Marujada, e Moçambique.
Pois
é, ai estar uma bela parte do folclore que herdamos de Portugal.
O
povo de Portugal foi o que mais nos deu por tudo que de nós levaram.
A
riqueza cultural do Brasil tem tudo a ver com Portugal.
Você,
que me ler sabe que em Portugal a uma belíssima cidade chamada Baião?
Viva
Inezita Barroso.
sábado, 22 de agosto de 2015
O POVO É SÁBIO
O
POVO É SÁBIO
Quem
já não ouviu falar que “agosto é mês de desgosto”?
Pois
é, esta é só uma das milhares e milhares de frases carimbadas pela boca do
povo.
E
esta aqui: “quem cochicha, o rabo espicha”.
Claro,
esta serve para todos nós peregrinos do céu e da terra: “quem tem boca vai à
Roma”.
Tem
outra que diz: “quem fala muito, dá bom dia a cavalo”. Aliás, outro dia uma
amiga me contou que certa vez inventou de bater boca com uma senhora que o
tempo parece ter esquecido de levar e boca vem e boca vai, as duas findaram por
se desentenderem completamente. A amiga então lhe dirigiu essa velha frase do
folclore. Resposta:
-Você
tá pensando que eu sou o que, uma cavala?
A
minha amiga riu muito e apaziguadora apenas disse:
-Eu
estou lhe provocando só porque eu gosto de ouvir a senhora falar, e como fala!
Hoje
é o Dia Internacional do Folclore, que os países civilizados certamente
comemoram.
A
palavra folclore é uma palavra que ainda não tem nem duzentos anos. Ela surgiu
da curiosidade de um arqueólogo inglês chamado William John Thoms (1803–1885).
Um
dia, Thoms enviou uma longa carta à redação da revista de Atheneu, de Londres.
Nessa carta ele demonstrava toda a curiosidade que nutria em torno das coisas
que o povo fala e faz. Coisas que têm a ver com anedotas, histórias infantis, cantigas,
rezas mágicas, pragas e tudo mais que tem a marca anônima e indelével do povo.
Pois
bem, o conjunto de todas essas coisas vindas, surgidas, criadas, por obra e
graça do popular, têm a ver com folk-lore, de origem anglo-saxônica. Em
tradução livre e espontânea: folclore vem a ser nada mais nada menos do que ciência
do povo.
O
meu querido Luiz da Câmara Cascudo detestava a expressão folk-lore.
Cascudo
–que bela palavra como sobrenome para um ser tão importante para o Brasil- foi
um dos nossos mais importantes e o mais prolífico estudiosos do saber popular. Deixou
cerca de 150 títulos publicados, dos quais cerca de 10 ou 15 podem se achar por
aí.
Aprendi
muito com o mestre Cascudo. O folclore é de fato uma ciência de suma
importância para a compreensão da vida. Toda inteligência passa pelo saber do
povo.
Há
uns cinco séculos, outro cidadão inglês e também de nome William, no caso,
Shakespeare, inventou de passar todo seu tempo a escrever histórias; histórias.
Do povo para o povo.
Pois
bem, grosso modo, podemos afirmar que toda obra de Shakespeare é baseada no
tesouro em que se encerra a sabedoria popular. E o que fez Shakespeare, antes e
depois, fizeram outros grandes nomes da literatura e música que não morrem. Bach,
também fez isso, por exemplo.
O
folclore é tão importante que até faz parte do imaginário de mestres da música
erudita como o húngaro Béla Bartok (1865-1945).
Em
1923, Bartok decidiu compor uma obra em homenagem às cidades que deram o nome
de Budapeste. E de sua mente privilegiada saiu a Suíte das Danças. Nessa música
o autor expõe, a partir do imaginário, o que seria na sua visão, folclore.
Entre
nós, brasileiros, Tom Jobim, Zé Dantas, Luiz Gonzaga e tantos e tantos, foram
céleres beber na fonte imorredoura da sabedoria do povo.
Asa
Branca e Assum Preto são boas amostras disso, cá entre nós.
Viva
o folclore brasileiro!
terça-feira, 18 de agosto de 2015
COISAS DA VIDA
A dor foi embora no
correr dessa fala. Dor de falta, dor que sobra, dor misturada com tristeza pela
falta, traição e abandono de uns e outros que parecem não valorizar os olhos da
cara. Uma amiga, do campo da Psicologia, disse-me que estou de “luto”.
Interessante essa observação.
Somos coisinhas
especiais da Criação. Amor e solidariedade são combustíveis que nos movem na
movediça areia da vida. Um povo sem esperança é um povo perdido, é uma nação
perdida que forma um País sem crédito no espelho do mundo.
Dor que dói, aquela
que vem das profundezas da alma, machuca e ensina. Pra que reclamar, não faz
sentido reclamar. Aliás, eu digo assim nestes versos em sextilhas:
Muita gente reclama
Reclama
sem precisão
Reclama
por reclamar
Pois
reclama sem razão
Não
é o caso de perguntar
Por
que tanta reclamação?
Eu
perdi a minha vista
Mas
não da vida à visão
Eu
hoje vejo tudo
Com
os olhos do coração
E
o que eu não via antes
Vejo
com a imaginação
Não
dá para reclamar
De
muitas coisas na vida
Pois
ela nos prega peça
Na
chegada e na partida
Uma
caixinha de surpresa
É
o que é a nossa vida
segunda-feira, 17 de agosto de 2015
SÃO PAULO NÃO TEM HINO
São Paulo e Rio de Janeiro foram fundadas
em 1554 e 1565, respectivamente, pelos primeiros jesuítas que chegaram à nossa
terra. A terra carioca foi capital nacional entre 1621 e 1815.
Por muito tempo tentou-se criar uma
certa rixa entre a população das duas
cidades. Bobagem. É verdade que São Paulo cresceu mais depressa, recebendo
grandes levas de migrantes e imigrantes a partir do século 19. Espanhóis e
italianos foram os primeiros.
A presença nordestina em São Paulo e no Rio de
Janeiro se intensificou e é marcante até hoje.
A “rixa” entre São Paulo e Rio de Janeiro,
se houve, terminou em 1965, quando os cariocas comemoraram o quarto centenário
da cidade. Na ocasião, o conjunto musical Demônios da Garoa faturou o 1º lugar
no concurso musical promovido pela prefeitura da cidade. Música premiada: Trem
das Onze, do paulista de Valinhos, Adoniran Barbosa. Detalhe: Trem das Onze foi
gravada em agosto de 1964.
Anos antes, em 1954, a programação
comemorativa aos quatro séculos de fundação de São Paulo foi toda recheada de
artistas do Rio, entre eles, mestre Pixinguinha (1897-1973).
Há cerca de duas décadas, a Rede
Globo, em São Paulo, desenvolveu pesquisa para saber da população qual a música
de sua preferência: deu na cabeça Trem das Onze.
Essa história eu conto em detalhes no
livro Pascalingundum! Os Eternos Demônios da Garoa.
![]() |
Exposição Roteiro Musical da Cidade de São Paulo |
Essa história eu também contei num debate
com Paulo Vanzolini (1924-2013) e Eduardo Gudin
promovido como parte da programação Roteiro Musical da Cidade de São
Paulo, que ocupou por uns três ou quatro meses um bonito espaço no Sesc
Santana.
Essa exposição contou a história de
três mil músicas que têm a cidade de São Paulo como tema.
Você sabia que ainda não há um hino
oficial para a cidade de São Paulo?
Por várias ocasiões, escrevi a
respeito da importância de um hino oficial para a cidade. Cheguei até a sugerir
o título São Paulo de Todos Nós, de Peter Alouche e Téo Azevedo.
Pois bem, o estado de São Paulo tem
hino escrito pelo poeta Guilherme de Almeida e Spartaco Rossi. Ouça:
E dentre os demais estados
brasileiros, tem um que também não tem hino: Minas Gerais.
Você estará errado se acreditar que Oh! Minas Gerais,
canção de origem napolitana, é o hino oficial dos mineiros.
Por três vezes, governos em tempos
diferentes promoveram concursos para escolha de hino do Estado. Em vão.
O hino que muita gente crê
ser o oficial do estado, Oh! Minas Gerais (abaixo), traz o nome do pernambucano
Manezinho Araújo e do mineiro José Duduca Morais.
domingo, 16 de agosto de 2015
AS MÃOS TÊM OLHOS...
Texto do repórter Júlio Maria informa, hoje, em matéria de capa do Caderno 2 do Estadão, que a vida me reservou o mistério da surpresa.
Sim,
estou cego.
O
descolamento de retina, depois de várias intervenções cirúrgicas no Hospital
das Clínicas e em outros lugares, levou-me ao mundo da escuridão.
Sim
estou cego, mas não vejo nisso nenhum problema. O problema é a adaptação nesse
novo mundo ao qual ingresso com a ajuda de amigos queridos e da equipe da
Associação Brasileira de Assistência a Pessoa com Deficiência Visual, mais
conhecida como Laramara.
O
pior, já passou.
Verdade
que morri nove vezes e nove vezes ressuscitei; agora, como a Fênix, das cinzas
estou ascendendo.
Vez ou
outra, de João Pessoa, Vital Farias me telefona para saber como estou.
Vez ou
outra, de Teresópolis, Vandré me
telefona para saber como estou.
Quase
sempre, esses telefonemas são de longa duração.
Pelo
menos uma vez por semana, José Ramos Tinhorão e Célia e Celma me visitam para
saber como estou. E entre uma cachacinha e outra, Tinhorão me diz um monte de
coisas interessantes a respeito deste nosso Brasil tão ruído e corroído por ratos de plantão. E conversamos e conversamos.
Célia
e Celma são ótimas no fazer chá da tarde.
Também
com alguma frequência tenho a alegria de receber Papete, Osvaldinho da Cuíca,
Téo Azevedo, Luiz Wilson e os rapazes do
Tri Gato com Fome.
Com essas
pessoas, eu me sinto em festa.
E como
se não bastasse, ainda tem Luiz Guerrero que me leva, quase sempre atropelando
as minhas falas, até a Laramara.
Na
Laramara, tenho me sentido em casa.
Até
aqui aprendi que posso ver através das mãos, das pernas, dos pés, pelo pensar e
pelo ouvir das vozes que até mim chegam.
Eu perdi
a luz dos meus olhos, mas ganhei a nova vida que me levará aos caminhos do bem
fazer e educar e aprender; aprender para ensinar; aprender para educar.
O
resumo disso é Cidadania.
E
pensar que a gente reclama de tanta coisa...Se chove, a gente reclama. Se faz
sol, a gente reclama.Se faz frio, a gente reclama. Se faz calor, a gente
reclama.
A
gente reclama de tudo
Reclama
sem precisão
Reclama
por reclamar
Por reclamar
sem razão
A vida
é muito boa
Ora,
chega de reclamação!
sexta-feira, 14 de agosto de 2015
ARMAS E PÃO & CIRCO
O capeta anda solto no Palácio da
Dilma, no Senado do Renan, na Câmara do Cunha, no STF e em todo o canto.
Oito dentre dez brasileiros temem
morrer assassinados.
A morte há muito foi banalizada o
Brasil.
Agora mesmo ouço no rádio a notícia de
mais uma chacina ocorrida em bairros de Osasco, uma das 39 cidades da chamada
Grande São Paulo. A chacina resultou em 20 mortos e seis pessoas gravemente
feridas, internadas em hospitais da região.
Entre os mortos, trabalhadores, pais
de família.
E por que essas pessoas morreram?
Essas pessoas morreram, não só pelo
fato de estarem vivas, mas porque precisavam ser mortas por algozes que certamente
permanecerão impunes, pois assim se sentem desde sempre.
A impunidade na vida brasileira é fato
comum, que praticamente nem chama mais a atenção de ninguém.
Isso tem a ver com cultura, com
cultura popular?
A cultura popular é a digital de um povo,
eu já disse.
Cultura popular é tudo o que é feito
pelo povo anônimo de um país.
O capeta inverteu as virtudes, os
valores que enriquecem o cidadão.
Num conto de Machado, o capeta diz que
a ira, por exemplo, é uma das mais importantes “virtudes” que o ser humano
poderia ter e que sem ela, sem a fúria de Aquiles, não existira a ilíada de
Homero. Um horror, não?
Para o capeta, a venalidade – outra ‘qualidade’
para o rei dos infernos - “é o exercício de um direito superior a todos os
direitos”, por isso o homem pode, antes de vender a alma, vender a própria
palavra, a opinião, a fé e o voto.
O que o Renan teria vendido para cair
no colo da presidente da República?
E o que estaria movendo Cunha para
detonar a República através da sua representante maior, Dilma?
Ontem, no Palácio do Planalto, um
representante de movimento popular disse, em discurso, que se faz necessário ir
às ruas domingo 16 armados para enfrentar quem estiver contra seus interesses.
Meu Deus! Felizmente, vivemos no
sistema democrático em que a ordem está garantida na Constituição, e na
Constituição está claro que cabe às Forças Armadas cuidarem da paz do País.
Mas o que violência tem a ver com
cultura popular?
Num país onde a educação e a cultura
são atiradas na lata de lixo, o que se pode esperar?
São muitas as crises que vivemos.
Somos um país com o maior número de
impostos e um dos mais caros do mundo.
Cabemos na máxima “do pão & circo”.
Cerca de 12 milhões de brasileiros,
mesmo vendo com os olhos da cara, são incapazes de distinguir um “ó” de uma
roda. Além desses analfabetos totais há mais algo em torno de 25 milhões de
analfabetos que leem sem saber o que estão lendo. São os tais “analfabetos
funcionais”. O capeta está solto e o circo sem lona, com os palhaços nus, sem
graça.
Para o País andar é preciso que os
cidadãos trilhem pelo caminho da educação e cultura.
Sem educação e cultura, a nação
continuará pobre.
Há uns sete ou oito anos, fui
convidado para encerrar um seminário no Congresso Nacional. Aproveitei a
ocasião para repetir o que sempre repeti nos meus programas de rádio e
televisão, ou seja: que a educação e a cultura podem ser enriquecidas com a
música no currículo escolar. Dois anos depois, projeto nesse sentido foi
aprovado no Senado e promulgada pelo presidente Luiz Inácio da Silva (acima).
Detalhe: essa lei, porém, não está sendo respeitada porque, segundo dizem “não
há pessoas capacitadas para ensinar a matéria”.
Ouça:
E o avião, era de quem?
Há um ano e meio, exatamente, um avião
subia aos céus do Rio de Janeiro para despencar com toda violência possível na
terra de Santos. A bordo estava o presidenciável Eduardo Campos e um punhado de
assessores. Ninguém escapou. Os estragos foram grandes, inclusive para o PSB.
Hipocritamente Lula, Dilma, Aécio e outras sumidades da vida nacional choraram
lágrimas de crocodilo. Coisas do Hermógenes. Campos estava sendo “trabalhado”
para ser a salvação da lavoura. As mídias o colocavam como um sujeito reto etc
e tal. Pessoalmente, eu o achava esquisito.
Meses antes da tragédia, eu almocei com ele e Ciro Gomes num restaurante
em São Paulo. Falei de cultura popular, da importância disso para o País. Falei
até de uma conterrânea sua, a cantora e compositora Anastácia. Disse-lhe da
importância dela para a música popular. Ele disse que não sabia quem era. Foi
minha vez: Por que a secretaria de Cultura do seu estado, Pernambuco, não
publicava um livro a seu respeito, por exemplo? E, como todo político, prometeu
que alguém entraria em contato com ela e comigo. Até hoje!
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
VEREDAS DO PLANALTO
Dia desses fui dormir
com a notícia de que dona Dilma se reunira com vinte e poucos governadores,
para discutir os destinos do Brasil e de si própria. Falou-se de apoio político
e coisas que tais. E se ouvi bem, ouvi
também uma palavra mágica: travessia.
Pensei, atravessar o
quê?
Pensando bem, faz
sentido atravessar... Atravessar um tempo difícil, uma situação difícil, uma
doideira qualquer. E é o que estamos vivendo: uma doideira.
A palavra travessia
dita de modo quase desesperado, me fez lembrar uma situação interessantíssima,
que foi o primeiro encontro de Diadorim e Riobaldo, personagens do clássico
nacional Grande Sertão: Veredas, do mineiro, de Cordisburgo, João Guimarães
Rosa (1908-1967).
Cheguei a imaginar,
em sonho, que Dilma era Diadorim; Riobaldo, o povo; e nessa representação toda,
a canoa era o Governo.
E aí acordei rindo,
meio cantarolando a velha marchinha carnavalesca que diz:
“Se a canoa não virar, olé, olé, olá;
Eu chego lá...”.
No primeiro encontro de Diadorim e Riobaldo,
Riobaldo é convidado por Diadorim para atravessar o mar de água do São
Francisco. A canoa, feita de madeira de lei, era daquelas que ao virar leva
para o fundo das águas os seus ocupantes. No caso, Riobaldo não sabia nadar. E
por não saber nadar, pediu arreglo a Diadorim, que foi perguntado se não tinha
medo. A resposta foi mais ou menos esta:
“E devera de ter?”
quarta-feira, 12 de agosto de 2015
QUEM JÁ NÃO OUVIU UMA HISTÓRIA DE PESCADOR?
O
que mais dói, uma mentira de homem, mulher ou menino?
Todo
tipo de mentira dói, mas dói menos a inventada e contada por uma criança. E por
Quem
já não ouviu uma história de pescador?
José
Dias não era pescador, era um desses personagens inventados pela imaginação de
um dos nossos maiores escritores, Machado de Assis (1839-1908).
Um
dia, nos fins da primeira parte do século 19, José Dias bate à porta em uma
fazenda e cura com remédios adquiridos sabe-se lá onde, um feitor e uma
escrava. E não cobra nada dos pacientes e nem do seu dono, pai de Dentinho.
Dentinho,
como todo mundo sabe ou deveria saber, vinha a ser Dom Casmurro.
![]() |
Ilustração de Luciano Tasso para a obra Meus romances de cordel. |
Quer
dizer, há mentiras curiosas, engraçadas, que não fazem mal e não levam a nada;
e quando leva, leva para o bem do outro.
Mentira
de pescador faz mal?
Mentira
de criança faz mal?
E
mentira de homem e mulher, quando especialmente a mulher ou homem mente para
tirar proveito próprio em prejuízo de uma sociedade, por exemplo?
Pois
é, o Brasil vive numa embatucada: perdoar ou não perdoar, eis a questão.
A
Democracia é um sistema político que, nas origens, foi criada para o bem de
todos.
Quem
não dá bola à lei e comete crime, qualquer crime, deve pagar pelo que fez ou
faz, é ou não é?
Muita
gente não dá bola às leis. Getúlio Vargas, por exemplo, dava de ombros e dizia
que a lei era para os inimigos, “para os amigos, tudo”.
Mentir
é coisa grave.
A
mentira leva à degradação.
Detalhe:
José Dias era daqueles que opinavam com
obediência.
Por
falta de opinião, jamais morrerei.
terça-feira, 11 de agosto de 2015
MENTIR É COISA FEIA...
O banco de dados construído pela
sabedoria popular é riquíssimo e acessível a todo aquele que decida ou deseja
aprender.
Aprender será sempre uma decisão
brilhante.
Quando determinada situação é grave,
diz-se: “o mar não tá pra peixe”.
No caso, a referência é o tubarão.
Mas é o caso de também dizer que em
mar revolto até tubarão sucumbe.
A política costuma gerar grandes e
insaciáveis tubarões; mas tubarões, por maiores e mais perigosos que sejam
também sucumbem em águas revoltas.
O alimento dos tubarões quase sempre
está nos campos minados da corrupção construídos pela mentira.
A mentira, quando não mata, aleija.
Certa vez, mestre Luís da Câmara
Cascudo (1898-1986), brincando, me disse ser a mentira uma coisa feia. “Mas é
tão bom mentir!”.
Mas é claro que ele estava
pilheriando, ‘tirando uma’, como se diz no jargão popular.
Mentir brincando, de brincadeira,
claro que pode. O que não pode é mentir de verdade, como fazem tantos políticos
desta nossa terra tão judiada pelo mal da sacanagem, canalhice, da corrupção...
Mas mentir até ‘profissionalmente’ é algo tão corriqueiro no Brasil quanto
aspirar o ar poluído das ruas.
Dilma mentiu.
Por mentir, enganar e destruir o sonho
de tanta gente, a presidente da República no seu segundo mandato corre o risco
de pagar um preço alto pelo que fez, ou seja: mentir, mentir, mentir.
Mentir, como disse Cascudo, é uma
coisa muito feia.
Por isso, está se desenhando mais uma
grande manifestação popular, prevista para o próximo domingo. Essa manifestação
tem a ver com as crises diversas que temos enfrentado.
Hoje os integrantes da CPI do BNDES
apresentarão o cronograma de trabalho.
Nessa cumbuca, tem coisa. Mas, que
prevaleça a verdade!
A vida pede que tenhamos meta e
respeito ao próximo.
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