Dia desses fui dormir
com a notícia de que dona Dilma se reunira com vinte e poucos governadores,
para discutir os destinos do Brasil e de si própria. Falou-se de apoio político
e coisas que tais. E se ouvi bem, ouvi
também uma palavra mágica: travessia.
Pensei, atravessar o
quê?
Pensando bem, faz
sentido atravessar... Atravessar um tempo difícil, uma situação difícil, uma
doideira qualquer. E é o que estamos vivendo: uma doideira.
A palavra travessia
dita de modo quase desesperado, me fez lembrar uma situação interessantíssima,
que foi o primeiro encontro de Diadorim e Riobaldo, personagens do clássico
nacional Grande Sertão: Veredas, do mineiro, de Cordisburgo, João Guimarães
Rosa (1908-1967).
Cheguei a imaginar,
em sonho, que Dilma era Diadorim; Riobaldo, o povo; e nessa representação toda,
a canoa era o Governo.
E aí acordei rindo,
meio cantarolando a velha marchinha carnavalesca que diz:
“Se a canoa não virar, olé, olé, olá;
Eu chego lá...”.
No primeiro encontro de Diadorim e Riobaldo,
Riobaldo é convidado por Diadorim para atravessar o mar de água do São
Francisco. A canoa, feita de madeira de lei, era daquelas que ao virar leva
para o fundo das águas os seus ocupantes. No caso, Riobaldo não sabia nadar. E
por não saber nadar, pediu arreglo a Diadorim, que foi perguntado se não tinha
medo. A resposta foi mais ou menos esta:
“E devera de ter?”
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