Carro
de boi é carro de tração animal. Foi o primeiro a rodar nos sertões do nosso
País. Isso tem ali, por baixo, uns quatro séculos. Tem carro de boi com 2 bois, com 4 bois, 8 e até 12.
Boi
carreiro é boi de carro de boi.
Carreiro
é o condutor do carro de bois.
Carro
de boi é carro, hoje, em extinção. Portanto, não há mais carreiro nem boi
carreiro.
Tem
muita história de carreiro e carro de boi. De vaqueiro também.
Vaqueiro
era o homem que vaqueja.
O
vaqueiro, também em extinção, tocava boi, aboiava.
Guimarães
Rosa – sim, aquele de Grande Sertão Veredas – tangeu boi e boiada e, como
resultado disso, gerou para nos e o mundo, a obra-prima que em 2016 estará
completando 60 anos desde seu lançamento.
A
motocicleta substituiu o vaqueiro no Sertão
O
tema gerou inúmeras cantigas; algumas clássicas, como Boi Soberano, moda de
Izaltino Gonçalves e Pedro Lopes; e Boiadeiros, toada da dupla Armando
Cavalcante e Klécius Caldas, essa imortalizada na voz abaritonada de mestre Lua
Gonzaga, rei de todos os baiões.
Pra
mim é uma alegria muito grande quando me chega às mãos disco como Trilha Boiadeira,
do violeiro de verdade Cláudio Lacerda.
Esse
novo disco de Lacerda traz uma dúzia de pérolas do repertório de cantigas de
viola que o tempo não nos faz esquecer.Além das duas músicas já citadas,
destaque para Boiadeiro Errante ( Teddy Vieira),Triste Berrante (Adauto
Santos), Tocador de Boi ( Gutia, Braúna e Téo Azevedo) e Disparada, do genial
paraibano Geraldo Vandré.
O
disco Trilha Boiadeira é um disco muito bonito, cuja beleza sonora deve ser espalha
por aí afora.
BOI
Não
lembro bem o ano agora, mas andei escrevendo texto sobre boi carreiro.
Escvrevi
e interpretei no filme BOI, dos diretores Edu Felistoque e Nereu Cerdeira.
Eu
tenho grande respeito e admiração pelo rei do futebol, Pelé.
Eu
tenho grande respeito e admiração pelo rei do ritmo, Jackson do Pandeiro.
Hoje
o mundo todo comemora a existência do atleta do futebol que mais nos encantou.
Pelé,
de batismo Edson Arantes do Nascimento, nasceu em Três Corações, MG.
O
mundo lembra de Pelé, mas o Brasil esquece Jackson.
Para
a Musica Popular Brasileira, Jackson do Pandeiro nasceu em outubro de 1953. Nesse
ano, ele gravou Forró em Limoeiro, de Edgar Ferreira; e Sebastiana, um coco, do
pernambucano aparaibanado Rosil Cavalcante, que, aliás, completaria no próximo dezembro
100 anos de idade.
Eu
tenho muito respeito por Pelé.
Eu
tenho muito respeito por Jackson.
Eu
tenho muito respeito pelo Brasil, que parece não ter muito respeito por nós.
O
Brasil musical, em disco, começa em 1902 com o cantor Bahiano.
O
Brasil dos brasileiros parece-nos um pouco distante...
É
crise pra cá, é crise pra lá, é crise em todo canto.
É
fácil contar histórias
Quando
histórias há para contar
No
Brasil há muitas histórias
Você
não quer parar para escutar?
Pelé
está completando hoje 75 anos de idade.
Forró
em Limoeiro e Sebastiana, músicas do primeiro disco de Jackson do Pandeiro,
estão completando 62.
Vocês
viram o filme Pelé Eterno? Pois bem, como consultor musical, eu convenci o
diretor Aníbal Massaine a abrir Pelé Eterno com o coco 1x1, de Edgar Ferreira. para lembrar Jackson, clique:
No texto era dito do acidente natural que
levou a luz dos olhos para o céu. No texto eu falava da importância da cultura
popular brasileira, na vida brasileira. Falava também do acervo ( Instituto Memória
Brasil – IMB) que constitui ao longo de 40 anos, reunindo milhares milhares de discos em todos os formatos,
milhares e milhares de fotografias de artistas e partituras, livros e jornais e
revistas em edições centenárias, além de muitas outras “coisas” referentes ao
fazer da cultura popular, colhidas nas
minhas andanças mundo afora.
São
milhares e milhares de raridades que devem ser preservadas com todos os
cuidados possíveis, incluindo digitalização, catalogação e, naturalmente, disponibilização
pública em ambiente próprio escolhido para esse fim.
Pois
bem, faz dois meses que a reportagem no Estadão foi publicada.
Hoje
o mesmo Júlio Maria assina texto, também no Estadão, falando sobre a “crise”
ora cantada em prosa e verso em todos os tipos de mídia. Traz falas de
representantes do Sesc, Itaú cultural, Natura e outras entidades envolvidas no
processo de divulgar as artes feitas no nosso País.
É
um choramingas danado.
Há
dois meses o Maria já me falava da ordem de suspensão do programa de apoio
cultural da Petrobras.
O
quadro apresentado no Estadão de hoje é de uma tristeza que dói,dói tanto que
nos leva a crer que tudo esta perdido, que a cultura popular nem existe mais.
O
representante do Sesc chega a falar sobre a alta do dólar e da economia, pois
esta repensando tudo, inclusive se continua a trazer ou não artistas de outros
países para se apresentar aqui.
Pela
reportagem fiquei sabendo que a Petrobras chegava a investir até R$ 600 mil na
produção de um simples cd, com direito a show de lançamento... Pela reportagem também
fiquei sabendo que a música popular se resume a Emicida, GAL Costa, Ney
Matogrosso, Elza Soares, Arnaldo Antunes, BNegão e Tom Zé.
Que
a música popular brasileira acabou, isso eu já sabia.
Um
dia no Brahma da São João apresentei Mercadante à rainha do baião Carmélia
Alves, que me apresentou tempos depois, no saguão do aeroporto de Congonhas,
Elke Maravilha e Miele.
Elke
confirmou-me ser uma mulher incrível, cidadã lúcida e competente nas suas
atividades artísticas. Miele também.
Miele
morreu ontem, deixando lembranças e tristeza a sua enorme legião de
admiradores. Era, sem dúvida, competente no que se propôs a fazer na vida:
graça no palco.
Enquanto
isso, a temperatura de Brasília está que nem a hora dos infernos. E por falar
nisso, Eduardo Cunha está se saindo réplica perfeita do Capeta. Suas pretensões
de levar Dilma à lona estão indo por água abaixo.
Impeachment?
Du-vi-de-o-dó.
Cunha
está que nem calango pulando sobre frigideira fervente, embora procure não
demonstrar isso em público. Suas incursões pelos labirintos palacianos pedindo
arrego para não cair,já são por muitos conhecidas.
O
presidente da Câmara está mais enroscado do que rolo de arame farpado.
Os
profissionais eleitos para nos representar na Câmara e no Senado têm mais é que
trabalhar, não é mesmo?
Ah,
sim! O Mercadante lá de cima é hoje, de novo, o titular da pasta que representa
a Pátria Educadora da Dona Dilma.
John
Kennedy foi o primeiro e único – até agora – presidente católico dos Estados Unidos
da América do Norte (1961- 63). Pois bem, quando ele assumiu a presidência do
seu país, ele prometeu levar o homem á Lua. Ele cumpriu.
Os
coreanos do Sul prometeram no tempo seguinte uma revolução no campo da Informática.
Eles cumpriram.
No
tempo seguinte à iniciativa dos coreanos do Sul em levar para o mundo a
inteligência cibernética, o Brasil decidiu apostar na agropecuária.
Lembro-me:
o gordinho metido a besta Delfim Netto era o ministro da Fazenda (1967 – 74)...
Hoje
é o dia da Pecuária.
Governos
diversos, de colorações políticas diversas, levaram o nosso País á uma buraqueira
dos infernos.
Estamos
pagando o pato.
Nós
brasileiros, trabalhamos, trabalhamos, trabalhamos...
O
setor da agropecuária é, hoje, o setor mais importante da esfera que governa o
nosso País. Sempre foi. É do campo para a cidade que sobrevivemos. O campo
morre quando vem para a cidade, por isso é fundamental apostar e incentivar o
homem no seu campo e tempo.
Minas
Gerais lidera hoje a produção de grãos, incluindo o café.
Em
1929, o Brasil sofreu com a queda da bolsa de valores de Nova Iorque.
O
Brasil e o mundo sofreram com a derrocada.
A
música popular brasileira, o gênero moda de viola principalmente, registrou a
decadência da Bolsa de Nova Iorque.
O
que eu quero dizer com isto?
Quero
dizer que é de fundamental necessidade apostarmos em nós mesmos.
Tristeza:
governo nenhum, desde a primeira República, tem apostado na educação e na
cultura, não esta na hora?
Plantar
é fundamental, inclusive sementes de ideias.
Viva
o Brasil!
Ah!
Ontem fez 225 anos que o Barão de Drummond (João Batista Viana, 1825 – 97)
criou o jogo do bicho. O jogo do bicho, tem 25 bichos.
Tomara
que não de bode ou zebra na situação periclitante que vivemos hoje. Prefiro
borboleta, número 4.
A semana que passou foi uma semana muito boa pra mim. A semana que passou deixou-me marcas indeléveis, pois foi nessa semana que, pela primeira vez, fui com uma turma da Laramara "ver" uma exposição com fotos incríveis e raríssimas do fotógrafo carioca Alberto de Sampaio (1870 - 1931). A mostra reúne expressiva quantidade de fotografias, até aqui inéditas. Eu "vi" as fotos de Sampaio descritas de maneira impecável pelo profissional do teatro Iuri Saraiva. Atencioso, didático, Iuri contou tudo sobre a atuação fotográfica do artista. A exposição Lentes da Memória, permanecerá à visitação pública no Instituto Tomie Ohtake até o próximo dia 1º.
Na mesma ocasião, e ainda na semana passada, apreciei também, no mesmo lugar, uma exposição retrospectiva da vida da pintora Frida Kahlo, deusa do pintor mexicano Diego Rivera. A vida dos dois foi muito atribulada. Ela estava a frente do seu tempo. E nem era bem sobre isso que eu iria falar, vejam vocês. Minha filha Clarissa chega até a mim para dar uma notícia lamentável: o governo estadual está na iminência de fechar escolas. O resultado disso, já é uma gritaria geral. Crianças de uma dessas escolas ameaçadas de fechamento interpretam uma versão da cantiga portuguesa "se essa rua fosse minha":
Se essa escola, se essa escola fosse minha Eu mandava, eu mandava não fechar Ia ter, ia ter mais estudantes E levava a D.E. pra outro lugar.
Nessa rua, nessa escola tem uma escola Que se chama, que se chama “Bispão” Dentro dela dentro dela tem alunos Que estudam, que estudam de montão.
Se fecharem, se fecharem minha escola
Vão abrir, vão abrir uma prisão
Se fecharem, se fecharem minha escola
Vão partir vão partir meu coração.
Ligam-me
do Rio lembrando que ontem, 7, fez dois anos que realizei no Centro Cultural dos Correios, no Rio de Janeiro,
o belo projeto Rodas Gonzagueanas. De fato, foi um belo projeto.
Ontem
foi o dia do compositor. Viva o compositor!
O
querido Osvaldinho da cuíca telefona pra dizer que deixou recentemente o
silêncio do hospital pra pegar de volta sua cuíca e com ela externar a alegria
de viver.
Osvaldinho
conta que até o próximo final de semana terá posto a sua participação no samba
de enredo da Vai-Vai, que trata da relação França-Brasil. Ele esta entusiasmado,
pois vai fazer com a sua cuíca uma imersão na história da Revolução Francesa. Aguardem:
o enredo de 2016, da Vai-Vai, trará referências à Marselhesa via cuíca
Osvaldiana.
E
aí falamos, como sempre, sobre diversos assuntos; entre eles, a Pátria Educadora
que segue aos trancos e barrancos nessa segunda versão do governo Dilma.
Sobral,
cidade cearense, ocupa hoje o primeiro posto na relação do Enem. Bom, né?
Melhor seria, porém, se todos os estados nordestinos estivessem com seus alunos
bem colocados no item Educação.
Um cidadão só se faz
À luz da filosofia
Com educação e cultura
E muita sabedoria.
TV
GLOBO
Pois
é quem diria, o Jornal Nacional, vai ao ar hoje mais cedo, ás 20h. Motivo? O
jogo BrasilxChile.
O
fado é triste, nostálgico. O tango é trágico. O chorinho, ao contrário do fado
e do tango, é alegre e gracioso. O
chorinho é totalmente brasileiro.
O
samba também é brasileiro. E como se não bastasse, do samba há muitas
derivações.
Estou feliz.
Hoje à tardinha o meu amigo de infância, Juarez Carvalho, autor-designer da capa do livro Eu vou contar pra vocês, me telefonou de Portugal para dizer coisas que só os amigos dizem, que está com saudades... Portugal é fado. Da Argentina tenho mil histórias pra contar. E do chorinho brasileiro, meu Deus...
Lá
pelos anos de 1930, o mineiro Ary Barroso inventou um tal de “samba exaltação”. O
paulista João Pacífico fez o mesmo no campo da cantiga rural.
Poxa,
mas porque estou dizendo essas coisas?
Ouvindo
agora há pouco o noticiário da Tv Plim-Plim, não vi nenhuma fala a respeito da
notícia mais importante do dia, gerada pelo Japão, Estados Unidos, Malásia, Austrália, México,
Chile e meia dúzia de outros países preocupados com o futuro comercial do
planeta. E aqui, nesse ponto, onde anda meu país adorado, o Brasil?
Meu
país, o Brasil, tão exaltado na obra de Ary Barroso, onde anda?
Na
peça musical-documental, O Canto da Minha Terra, de Márika e Otero, o Brasil
mais brasileiro “sem exaltação”, é o país mais verdadeiro que hoje aparece aos
nossos olhos.
Ary
Barroso deixou mais de 300 músicas gravadas por intérpretes do mundo inteiro,
em línguas diversas, mas Márika e Otero optaram por apresentar o Brasil mais
autêntico do Ary; o Brasil menos exaltado, o Brasil mais brasileiro, o Brasil
do coqueiro que dá coco.
Por
que digo ou lembro isso?
O
Japão, os Estados Unidos, a Malásia, e mais alguns outros países, daqui e
dacolá se juntaram para resolver os problemas do futuro, o futuro que já é
hoje.
O
Brasil, através do seu braço internacional, o Itamaraty, parece dar as costas
ao mundo.
“Brasil,
meu Brasil-brasileiro”.
Porque
tudo liga tudo, O Canto da Minha Terra é tudo o que nós brasileiros gostaríamos
de ter certeza que há.
Uma
coisinha só, eu quero dizer: Márika e Otero são uma das marcas mais importantes da arte brasileira, em teatro.
E
Celia e Celma cantando são fado, tango, chorinho e tudo de bom que o mundo tem. Ouçam-na cantando e falando sobre o vizinho delas:
Ele
nasceu num novembro do século passado e num dezembro do século passado ele
morreu, seu nome: Ary Evangelista Barroso (1903-64).
Ary
tinha 15 anos de idade quando compôs suas primeiras músicas:
O
cateretê De Longe, e a marcha Ubaenses
Gloriosos.
Neste
2015 faz 100 anos que o mineiro de Ubá Ary Barroso estreou como pianista,
tocando para a plateia do cine Ideal da sua terra.
Coincidência
ou não, o mais importante ballet do Brasil, o Stagium, leva à cena um pouco da
vida do grande compositor hoje, no palco de uma das unidades do Sesc paulistano,
o Consolação (rua Dr. Vila Nova,245.
A
iniciativa artística do ballet Stagium, fundado há 45 anos pelo casal Márika Gidali
e Décio Otero, conta com uma dúzia de bailarinos dando forma, movimento e alma,
à obra Barrosiana.
Além
dos bailarinos, a iniciativa do Stagium intitulada
O Canto da Minha Terra, é enriquecida
pela participação das cantoras gêmeas Célia e Celma. As duas, que são mineiras
de Ubá como Ari e Otero, abrem o espetáculo lembrando histórias da infância
vivida ao lado do autor de Aquarela do Brasil, seu vizinho à época.
Célia
e Celma, donas de vozes incríveis e currículos invejáveis (participaram de
filmes e novelas, escreveram livros etc ), estreiam no Stagium neste 2 de
outubro, exatamente um mês antes de elas nascerem num ano que eu não digo.
E
chega, vou vê-las daqui a pouco no palco do Sesc.
Mais
uma vez o selo Kuarup, de origem carioca, mas hoje com raízes fincadas na
capital de São Paulo, arranca do fundo do baú pérolas do samba de autoria e
interpretadas por artistas super especiais, como Paulinho da Viola e Elton
Medeiros.Essas pérolas estão no CD Samba na Madrugada
Paulinho
e Elton são geniais.
Outro
dia o querido Eduardo Gudin dizia que era importante eu ter uma conversa com
Elton, pois o Elton já não enxerga mais com os olhos que Deus lhe deu; e se
enxerga, enxerga muito pouco. Ele sofreu deslocamento de retina como eu. Só que
para ele, segundo Gudin, o mundo parece ter acabado. Ele esta triste.
Desesperado ou beirando o desespero. Falemos disso outra hora.
O
CD que me chega às mãos pela Kuarup foi lançado originalmente no formato de LP
em 1966, com texto de contra-capa assinado pelo compositor Hermínio Belo de
Carvalho. er
Arvoredo
é o samba que abre o disco, tendo como interprete o seu autor Paulinho da
Viola. Os primeiros acordes lembram a batida da bossa nova, mas só lembram
antes de se transformar numa oba-prima. A segunda música do disco, Maioria Sem
Nenhum, do Elton e por ele interpretada, não fica atrás da beleza que é Arvoredo
e da beleza que são as músicas seguintes:
14
Anos (Paulinho), Sofreguidão (Elton), Momento De Fraqueza (Paulinho) e todas as
outras, incluindo a derradeira intitulada expressa em dois títulos Alô, Alô (Paulinho
) e Sol Da Manhã (Elton).
O
CD Samba Na Madrugada é mágico, como mágicos são além de Paulinho e Elton, os
músicos que dele participam: Dino 7 Cordas (violão 7), Raul de Barros
(trombone),Copinha (flauta), Canhoto (cavaco)... e como se não bastasse tem
ainda Elton brincando com a caixa de fósforos.
Na
vida tudo é muito simples, mas complicamos
tudo.
O
homem é homem mulher é mulher, desde
Adão e Eva.
Como
a terra fértil aguarda a semente, a
mulher é semeada pelo homem e tudo acontece como num passe de mágica: e tudo se multiplica!
Estatísticas
apontam que a cada um segundo quatro bichos gente nascem n’algum lugar deste planetinha
que estamos destruindo.
Estatísticas
também apontam que no ano passado pelo menos 28 mil crianças de 10 a 14 anos
viraram mães, no Brasil.
Ainda
segundo estatísticas recentemente divulgadas é espantoso o número de crianças
que dão a luz Brasil afora, especialmente na Bahia de São Salvador.
Como
explicar essas estatísticas?
No
seu primeiro governo, Lula criou um projeto a que deu o nome de Fome Zero. A ideia, naturalmente, era acabar
com a fome. Mas isso é impossível, utópico, porque o poder transforma para o
bem ou para o mal.
Perdemos
para a África Açoriana na estatística que dá conta de milhares de brasileirinhas que dão á luz antes do
tempo.
Mais
de sete bilhões de pessoas habitam a Terra.
O
artigo 26 da constituição em vigor diz que a base familiar se constitui por um
homem e uma mulher. Não sei por que cargas d’água discutiu-se ontem na Câmara a
exaustão essa questão. O placar dessa
discussão resultou em 17 pontos favoráveis ao que se lê na constituição e cinco
contra.
A
questão é muito mais séria: complicamos tudo por nada.
O
analfabetismo é uma doença que tem cura. O Papa Francisco lembrou isso ontem,
em discurso histórico na Organização das Nações Unidas – Onu.
A
primavera é a estação que me serviu de berço para nascer. Foi num setembro. Mas,
hoje, a primavera se confunde com as demais estações.
Nesse
momento, parece verão: 36 graus.
Não
é da primavera que eu quero falar.
Ontem
à noite ouvi na TV que uma bola de fogo fora vista nos céus do sul do Brasil. Brilhava
e assustava muito, diz quem viu. E aí não teve jeito, lembrei da minha vó
Alcina.
Vó
Alcina, mulher santa que acreditava em todos os santos –e também no diabo-,
vaticinava que este mundinho-velho-cheio-de-poeira-de-meu-deus-do-céu, iria uma
dia se acabar em fogo. Parece que começou.
O
dólar sobe, a bolsa desce, o desemprego sobe, a crença popular pelo País desce,
a inflação sobe e a esperança desaparece?
Em
toda parte, o mundo dá sinais de que vai explodir. Em Meca, pessoas se
pisoteiam e milhares morrem e se ferem.
Da
Síria e de países em volta, milhões e milhões de pessoas procuram refazer suas
vidas ultrapassando fronteiras.
Vários
países da zona do euro, como a Hungria e Rússia, estão com suas forças de
segurança orientadas para impedir que imigrantes acessem seus territórios. É
êxodo jamais visto ou imaginado da história recente ou antiga.
Nem
no tempo de Moisés.
A
bola de fogo vista nos céus do sul do Brasil, e que minha vó Alcina acharia ser
coisa do Demo, não passou de um meteoro.
Meteoro
é assim: faz pluft antes mesmo de tocar o solo, espalhando faíscas que somem no
espaço.
E
pensar que no texto de hoje eu ia tratar da música parabéns a você, que o juiz
norte-americano resolveu, ontem, pô-la no universo do domínio público. Com
isso, a Warner deixa de faturar dois milhões de dólares/ano.
Acordei
com passarinhos trinando à minha janela como se formassem uma orquestra regida
pela força da criação. Á essa orquestra pareceu juntar-se a voz de uma amiga
que há muito não ouvia: Suzete.
A
primavera, como se vê, nos traz sempre emoções e boas lembranças.
Eu
perdi a luz dos meus olhos, mas continuo vendo de outras maneiras.
Viver
pode ser, quando queremos, um belo e salutar exercício de aprendizagem.
Hoje,
pela primeira vez, tive aula de como fazer da bengala uma espécie de bússula. E
como espécie de bússula, atravessei ruas
e avenidas por cerca de um ou dois quilômetros.
Voltarei
ao tema.
Ah!
sim: há sempre quem me pergunte sobre o que ocorreu comigo, ou com os meus
olhos.
Há 47 anos completados
no mês de setembro, como o de agora, o Brasil tomou conhecimento de uma das
músicas que por décadas daria dor de cabeça aos poderosos de plantão, fardados
ou não. Essa música, uma guarânia, era “Caminhando” ou “Pra não dizer que não falei
de flores”, do paraibano Geraldo Vandré.
Dentre os autores da
nossa música popular, Vandré, pseudônimo de Geraldo Pedrosa de Araújo Dias, é o
mais polêmico e pouco compreendido por parte de todos.
Logo mais à noite, no Palácio
das Artes, em Belo Horizonte, será lançado o quarto livro sobre a obra e a
trajetória desse artista. Título: “Vandré
- O Homem Que Disse Não” (Geração Editorial), do jornalista mineiro Jorge
Fernando dos Santos. Antes desse livro, foram lançados mais três, o
penúltimo, do também jornalista Vitor Nuzzi, “Vandré, uma canção interrompida”
(Independente; a nova edição será lançada ainda este ano pela Kuarup).
Dentre
todos, até agora, o livro mais completo é o de Vitor Nuzzi. Entre o início e o
término do livro, o autor demorou pelo menos 10 anos até lançá-lo. Em tempo:
até o final deste mês, o jornalista paraibano Gilvan de Brito lançará em noite
de autógrafo o livro: Não me chame Vandré”
O
pensar serve para tudo, para o bem e para o mal.
Repito,
não sei se foi Kamie ou Sartre, quem disse que estamos de passagem. Parece
óbvia a impressão, mas não é. Outra aparente obviedade é a do Espinoza, segundo
a qual “a vida é feita de encontros”.
Mas
o mundo como está, hoje, certamente terá dificuldade de distinguir o que é ou
não é obviedade.
É
óbvio gerar apátridas como hoje se gera?
É
óbvio congelarmos nossa sensibilidade diante do caos que a vida humana está se
tornando?
Portanto,
o que é ou não é óbvio está bem embaixo do nariz.
É
a velha questão do ser ou não ser, questionada em Hamlet pelo popular
Shakespeare.
Sim,
toda a obra do Shakespeare é baseada nos contos e demais histórias que ele
colheu na sua região há uns 500 anos. E é popular, também, porque é o
dramaturgo mais conhecido e aplaudido mundo afora nos últimos cinco séculos.
Mas
por quê diabos estou falando dessas coisas hoje, de novo?
Vocês
já perceberam que o Brasil poderia ser o palco em que melhor os personagens de
Shakespeare se movimentariam?
Dilma
cai ou não cai?
Pessoalmente,
acho que a cria de Lula não deveria cair; até porque teríamos de enfrentar nova
crise. Ou seja: uma crise dentro da outra.
Quem
assumiria as rédeas da situação? Temer? Cunha? O fato é que nós, todos,
continuaríamos perdendo.
Mais
uma vez, estamos num beco sem saída. E nem vou falar, como sempre falo, a
respeito de educação e cultura, ciências, matemática...
O
professor finge que ensina, o aluno finge que aprende, e nessa brincadeira de
empurra-empurra, mais uma vez, quem perde somos nós e quem virá depois de nós.
O
Brasil é mesmo estranho. Estamos no inverno: 33 graus, no momento.
O
mundo nos deus, através dos tempos, grandes pensadores. Filósofos que
mergulharam no Eu, tentando explicar praticamente o inexplicável do pensamento
humano, da dor humana, da vida em si. A esse tipo de estudo dá-se o nome de
Existencialismo.
Camus
e Sartre foram grandes pensadores que abraçaram essa linha de pesquisa para,
supostamente, nos salvar.
O
mundo está fervendo, está em polvorosa, gente matando gente como nunca se
matou. Mas, claro, isso não é e nunca foi novidade. Textos bíblicos já tratavam
do assunto. Caim matou Abel, não foi?
Façamos
de conta que o mundo, hoje, é um ônibus. Um grande ônibus, um ônibus enorme,
lotado de gente gorda, magra, de todo tipo. E aí, sádico, o motorista dá um brecada,
uma forte brecada, para arrumar os passageiros.
É
um inferno, não é?
Boa
parte do mundo árabe está pegando fogo, com o Estado Islâmico queimando e
matando gente ainda viva.
Acho
que foi Sartre quem disse que somos todos estrangeiros. Somos estrangeiros em
qualquer parte do mundo. Somos estrangeiros porque não somos pedras, nem
árvores com raízes profundamente fincadas no solo. Em qualquer solo do planeta.
Quer dizer, estamos de passagem por este mundinho que estamos explodindo.
E
sabe você aí, meu amigo, como em certas horas eu me sinto?
Sinto-me
que nem um barquinho de papel à deriva em alto mar, sem rumo nem capitão. E
você?
O mundo está pegando fogo, incluindo o Brasil e seus dirigentes sempre insensíveis com o futuro do povo.
O mundo está pegando fogo.
Vejamos o que está acontecendo no mundo árabe, na Europa.
Tudo um horror, um horror pela incapacidade de nós todos e, principalmente dos dirigentes mundiais, que escondem em si a capacidade de contribuir amando o próximo.
Os sírios continuam tentando atravessar o mediterrâneo para chegar à Itália, à Alemanha, Europa.
As pessoas continuam correndo atrás da sobrevivência. Isso mostra a importância do que é a vida.
A busca pela vida é a negação da morte.
Mas o que é que isso tem a ver com cultura popular?
O nome já diz.
Cultura Popular.
A cultura popular é feita pelo povo, povo de qualquer país.
Viver é um esforço de o povo se desdobrar em si, se desdobrar em arte.
O desdobramento do ser em si, em arte, é vida.
Quer ver?
Agora, a pouco, estiveram comigo na sede provisória do Instituto Memória Brasil (IMB), o maior cuiqueiro do Brasil, Osvaldinho, e o seu biógrafo: André Domingues. Com André veio o Gato com Fome, Cadu.
Foi uma conversa muito bonita a que nós tivemos hoje, aqui. Falamos de Brasil, de brasilidade, das incongruências da vida brasileira.
E na vida do mundo, em todos os tempos, tem e haverá, sempre, a lua.
A lua no nordeste é a lua que o mundo conhece. E tem a Lua Luana, o nome, um poema.
Na vida há tristezas, alegrias e, nisso tudo, a cultura popular.
Vocês querem saber um pouquinho sobre um fazedor de cultura popular?
O meu querido amigo jornalista Vitor Nuzzi gravou ontem as perguntas que fiz para Marimbondo Chapéu, um criador brasileiro. Leiam:
Quem é Marimbondo Chapéu? Nasceu
quando, onde, e qual o nome verdadeiro?
Marimbondo Chapéu é da região dali de
Alto Belo, próximo à cidade de Janaúba, vem da origem da espécie de marimbondo,
foi o nome que eu ganhei, mas o meu nome mesmo é Ivanilton da Silva. Tenho 34
anos de idade, resido em Montes Claros, pretendo residir também em São Paulo,
através de um grande projeto.
Você nasceu quando, exatamente?
Dia 27 do dois de 1981.
Pai e mãe, como chamam?
Maria de Fátima Marcelina
Silva, Antônio Augusto Silva.
Todos mineiros?
Todos mineiros.
Quantos filhos o casal teve?
Nós somos nove filhos. Eu sou mais do
meio. Tem mais três caçulas depois de mim.
E o pai e mãe, têm a ver com música?
A família já vem de origem de música,
né, Assis? Desde contando com Jaquinho, Jackson Antunes, já vem do trabalho de
ator. A nossa família já é direcionada a esse lado de trabalho. Eu parti para o
lado da música porque gostava de ouvir o som da rabeca, pela primeira vez, com
Zé Coco do Riachão. De lá para cá, apaixonei-me com a história.
E o Zé Coco, você conheceu?
Conheci, com certeza. Eu fui na casa
dele quando era novinho. Um dia, vendendo picolé ainda na rua, vi ele
fabricando as rabecas, as violas. Fiquei encantando com aquele trabalho dele,
passei a ir lá várias vezes, fui aprendendo aos pouquinhos, depois vim a São
Paulo para aperfeiçoar, porque não é fácil pegar uma perfeição de
fabricar.
O apelido, quem deu?
Foi José Osmar e Téo Azevedo.
Puxa, como assim?
Quando eu tinha 13, 14 anos, lá na Folia
de Reis lá de Alto Belo, eu era meio traquinas, falavam que eu era um menino
meio levado... Nisso, a gente estava foliando numa casa já antiga e na cumeeira
da casa tinha a ... Aí, eu tocando a rabeca, vi a caixa, direcionei o arco da
rabeca, coloquei o arco no meio dos marimbondos, os bichos veio caindo nas
minhas costas, deu uma ferroada. Téo Azevedo olhou assim, deu uma risada e
falou assim: "Esse aí é marimbondo chapéu, bicho". Aquela vozona
rouca, estridente dele... Os dois (Téo e o declamador José Osmar)
falaram na hora, né? Então ficou de autoria dos dois.
E você constrói rabeca, como é que é
isso?
Assis, eu gosto de construir rabeca
com pouquinha ferramenta. para mim não tem tanto maquinário para trabalhar. A
rabeca é fabricada com amor, carinho, coração, você se entrega a alma, viaja no
mundo. Cada vez que você dá um detalhe numa madeira, mais um sorriso você se
encontra. Eu fabrico com facão, estilete, um serrotinho e o coração.
Quantas rabecas você fez até hoje,
você tem ideia?
Já perdi a conta.
Quanto custa uma rabeca sua?
É baratinho, 300 reais.
E você escreve seu nome na rabeca?
Tem meu nome dentro da caixa da
rabeca.
Que madeira usa pra fazer?
Eu uso pinho, cedro, uso aquela caixa
de bacalhau. São madeiras fáceis de encontrar, porque tem aquela madeira de
lei, que é difícil, então uso madeira mais tradicional mesmo.
A
Igreja do Diabo é um conto do sempre bom Machado de Assis. Eu gosto muito desse
conto. Nesse conto o Diabo, cansado dos ensinamentos de Deus e cheio de inveja
pela quantidade enorme de seguidores de Deus, o Diabo inventa de fazer
concorrência com Deus. Mas antes disso, o Diabo vai ao Céu pedir permissão a
Deus para fundar a sua própria Igreja. E assim é feito. Ao descer a Terra, o
Diabo resolve criar uma filosofia própria para destronar Deus.
Na
sua nova investida contra Deus e as coisas Divinas, o Diabo inverte tudo.
Inverte os valores sociais, os valores de cada um de nós. Assim, por exemplo, a
venalidade vira a principal virtude humana. Se a mulher pode vender o seu
cabelo, o homem o seu chapéu, as botas, por que não pode também vender a sua
palavra, a sua crença, a sua fé, o seu voto?
Essas
questões se acham no conto A Igreja do Diabo.
Ouvindo
ontem no Rádio os feiticeiros Barbosa e Levy justificando o injustificável
perante o povo brasileiro, não deixei de pensar no Diabo e na sua igreja.
Pois
bem, do forno da danação planautina acaba de sair um bolo amargo e indigesto.
Esse bolo, chamado de “Pacote de corte de gastos” pela imprensa d’aqui d’acolá
tem gosto de jiló. Um horro, na verdade, é bem mais amargo do que jiló, pois
nesse bolo não há tempero que o torne digesto.
Mas,
diachos, de novo não era bem isso o que eu queria dizer.
O
povo brasileiro é muito, muitíssimo, maior do que as feitiçarias e maldades
contra ele praticadas.
Ontem
eu fiz uma referência, cá, neste blog a respeito do compositor, cantor e
luthier Marimbondo Chapéu.
No centro do poder político, Brasília,
feiticeiros estão em ação contra o humor de nós todos, brasileiros. O clima lá
está fervendo, frevendo, do jeito que o diabo gosta.
Eu
disse frevendo. O frevo veio daí. Digo: a origem da palavra frevo vem de “frever”.
E hoje é o dia Nacional do Frevo, mas não é desse dia que eu quero falar e nem
da “frevança” política que ora se desenvolve em salas secretas do Planalto.
Estamos
nos últimos dias do inverno, mas a seca predomina em boa parte do território
nacional. Inclusive São Paulo, onde o governo nega – mas há – racionamento da
água. Há racionamento de água também, em Campina Grande, que é a principal
cidade paraibana depois de João Pessoa, a capital do Estado.
No
Piauí, há municípios que não tem o solo molhado por água de chuva há mais de 04
anos.
E
o Rio São Francisco, hein?
O
Rio São Francisco está secando, pedindo socorro.
A
seca atinge o velho Chico há pelo menos dois anos seguidos. A sua nascente, na
Serra da Canastra já secou, faz tempo. Em alguns pontos dos seus dois mil e
setecentos quilômetros já é possível fazer a travessia a pé. Terrível, não é?
O
rio passa por cinco munícipios beneficiando cerca de 16 milhões de pessoas. Mas
e agora?
Há
quase 200 anos já se falava na sua transposição. Parte dessa transposição foi
inaugurada em Cabrobó, PE, há coisa de dois meses.
A próxima novela da Globo, Velho Chico, vai
abordar o tema. A novela tem estreia prevista no segundo semestre do ano que
vem, de acordo, como nos disse a autora, Edmara Barbosa, em visita ao Instituto
Memória Brasil, IMB. Na ocasião ela estava acompanhada de um de seus
colaboradores, o cordelista Marco Haurélio.
CANTORIA NO IMB
Nesse
último final de semana, esteve em visita no Instituto Memória Brasil o luthier
e instrumentista Marimbondo Chapéu. Marimbondo, que faz parte da trupe do ator
mineiro, Jackson Antunes, atualmente na novela das 09 (Globo), tocou e cantou
belas páginas do cancioneiro rural, entre as quais Luar do Sertão.