O
Olimpo hoje é um grande deserto, outrora habitado por todos os deuses; deuses
que hoje estão extintos, sumidos, desaparecidos.
Há,
os Deuses!
A
Grécia de tantas histórias incríveis, de tantos mitos, hoje sucumbi aos poderes
do capitalismo. O seu povo sofre e nós choramos.
A
Grécia é um pequeno país que abitou a nossa imaginação e nosso conhecimento.
A
Grécia de Sócrates, Platão e tantos outros grandes filósofos que tanto nos
ensinaram nos bancos escolares.
Hoje
a Grécia chora diante da humanidade que é outra desde séculos antes de Cristo.
A
mistura de democracia e capitalismo não deu certo na Grécia de hoje.
O
que será da Grécia de amanhã e dos gregos mortos, deles um dia nos lembraremos?
A
Grécia de hoje, habitada por 12 milhões de almas, 40 por cento delas pobres de
dinheiro, tem de pagar o que não tem a banqueiros, num prazo que vence amanhã
pela enésima vez.
E
se não pagar, o bicho vai pegar.
Será
que Lampião dobraria os credores dos gregos? Lampião, alias, entrou no cangaço
no dia 29 de Junho de 1920 com o proposito de vingar o assassinato do pai, não
vingou, pois seu pai acabou morrendo de morte morrida. Que coisa!
Tradicionalmente
o mês de junho é mês de frio, é mês de inverno, é mês de São João.
Desse
mês guardo na memória muitas coisas bacanas, muitas histórias.
Cresci
ouvindo histórias de Trancoso e da 2ª Grande Guerra.
Hoje,
no rádio, ouvi alguma coisa a respeito do baiano de Salvador, Raul Seixas.
O
Raul nasceu num dia como o de hoje dois meses antes do anúncio da guerra.
O
Raul, como todo nordestino, também cresceu com as lembranças das festas
juninas. Luiz Gonzaga, o rei do baião, era um dos seus ídolos.
Lembro
disso por uma razão simples: hoje é véspera do dia de São Pedro e São Paulo,
santos que integram o calendário dos festejos juninos que começam no dia 13
(Santo Antônio) e 24 (São João).
Na
tradição popular, São Pedro é o chaveiro do céu e o cara que abre e fecha a
torneira pra despejar chuva na terra; e São Paulo, o apóstolo que empresta o
nome à 5ª quinta maior cidade do mundo, que é esta em que moramos.
Este
é um mês festivo em todo o Nordeste, especialmente em Caruaru, PE e Campina grande,
PB, cidades que disputam à unha a fama de realizarem o maior São João do mundo.
Uma bobagem, mas enfim...
Há
uma dúzia de anos, mais ou menos, inventaram em Pernambuco um tal de Trem do
Forró, que na origem ia de Recife a Caruaru com muita música boa do repertório
gonzagueano. Hoje esse percurso é feito entre a cidade do Cabo de Santo
Agostinho e Caruaru. Morei em Caruaru e lá editei um jornal chamado Diário do
Agreste. A cidade do Cabo foi o berço do rei da embolada, Manezinho Araújo
(1910-1993).
Coisa
parecida com o que se inventou em Pernambuco há também na Paraíba, onde um trem
de forró parte de João Pessoa a Cabedelo.
Cabedelo
é uma cidade portuária, distante cerca de 18 quilômetros da capital paraibana. Esse
mesmo trajeto eu o fiz algumas vezes no tempo que havia trem, mas não trem de
forró. Era um tempo de Luiz, rei do baião, e do também adolescente Raul Seixas,
lá na Bahia de São Salvador.
Agora
dão-me a notícia de que “todos os forrós” do Nordeste anunciaram com pêsames o
acidente que vitimou o famoso cantor desconhecido Cristiano não-sei-o-quê,
que -diga-se de passagem- não faz a
menor falta ao mundo da música. Eu disse Música.
A
semana que termina hoje, nos deixa muita coisa para reflexão. O Lula, por
exemplo, disse que “a educação no Brasil avançou pra cacete”. Antes, no correr
desta mesma semana, a Dilma louvou a mandioca “como uma grande conquista do
Brasil”. Na mesma ocasião, numa tribo falando para índios, ela disse do alto do
seu conhecimento, que, como há o Homo sapiens, há também a “mulher sapiens”. É muita sabedoria ou não é?
Vivemos
sem dúvida num país fora de qualquer contexto.
É
incrível, mesmo, o meu Brasil.
E
a imprensa hein? No encerramento no jornal da manhã do dia 10 para o dia 11,
ouvi na Pan o Joseval anunciar a morte de um desses sertanojos.
Morrer,
ao contrário de nascer, é sempre uma tragédia.
Através
do Joseval fiquei sabendo que existira no mundo da tranqueira musical
tupiniquim, um cidadão chamado Cristiano Araújo.
Por
mais que puxasse pela memória, eu não conseguia lembrar quem era esse cidadão.
Como
lembrar de algo ou alguém que não se conhece ou sequer se ouviu falar?
A
resposta veio no correr do dia através do noticiário de todos os meios de
comunicação.
Poxa
vida, torturei-me à toa; mas ainda assim fiquei sem saber quem era o Cristiano tão
exaustivamente anunciado, falado, elogiado, endeusado...meu Deus!
No
programa da Fátima Bernardes ouvi a própria dizer que quem morrera fora
Cristiano Ronaldo. Quer dizer, nem ela mesma sabia porque nós, brasileiros,
estávamos sendo levados a cair em prantos por uma alma que desconhecíamos.
O
que está havendo com a nossa imprensa?
Nem
o Pixinguinha quando morreu recebeu tanto choro. E nem por Cristo choramos
tanto, não é mesmo?
Definitivamente
tudo está errado nesta inversão de valores.
E
a semana seguiu com o anúncio de novas prisões, pela PF, de roedores do erário
público nacional.
O
inverno chegou ontem 21, no começo da tarde. Era fato esperado, marcado,
previsto como as demais estações e todos os trens programados em todas as
linhas, daqui e dacolá.
O
que não chega com data marcada é chamado de imprevisto, o que chega
derrepentemente. Exemplo? O sumiço da luz dos meus olhos: fui dormir outro dia,
acordei e tudo continua noite.
Isso
é um imprevisto.
Informam-me
que cerca de 80% da população do mundo sofre de algum tipo de deficiência visual.
Você, por exemplo, que usa óculos de grau é deficiente.
Mas
nada é demais nesta vida, nem o fim do mundo.
Perder
a luz dos próprios olhos não é o fim do mundo, não é mesmo?
Então,
aí vai um texto poético, construído no modo sextilha. Esse modo é construído em
estrofes de seis versos de sete a onze sílabas. Pois bem, é assim:
Nesse
frio danado de outono, anuncia-se o começo do inverno para domingo.
Na
última madrugada, cá em Sampa, os termômetros marcaram a noite mais fria do
ano: 12ºC.
Em
Vacaria, RS, a temperatura caiu para -2ºC.
No
entanto, o meu coração continua quente...
Diante
dessa besteirama toda, lembro a tia Benê dizer brincando que o ano “miou”.
O
que ela queria dizer com isso?
É
que acabamos de passar exatamente pelo meio do mês de junho, isto é: 15 de
junho, que foi anteontem. E então ela dizia: “o ano miou”.
O
miou dela era meado, de meio. Então, estamos no meado do ano de 2015. Isto é,
falta agora a outra metade para o ano findar.
Quanta
besteirama...
É
que acho que estou meio fora de forma; pois, enfim, faz um mês ou mais de mês
que não blogo coisa nenhuma para vocês que me acompanham e que formam uma
legião de quase 200 mil almas pensantes. É só ver ali embaixo, à direita, a
catraquinha que registra a entrada de vocês para acessar as coisas que vem do
meu miolo meio doido e que de um modo ou de outro, vocês parecem gostar,
certo?.
E
pode até nem parecer, mas durante esse tempo muita coisa interessante sucedeu
cá à minha volta. O mês de maio foi riquíssimo de acontecências e lembranças, e
junho que fez “miar” o ano também já deixou muitas marcas; e aqui não quero nem
falar da desgraceira que tem infestado o nosso País.
Bom,
dependendo do que ocorrer, amanhã é bem capaz de eu dizer as razões pelas quais
me afastei de vocês por esse tempo todo.
Assis e Tom Zé num encontro na Bienal Internacional do Livro, em um debate sobre o poeta Patativa do Assaré, promovido pelo SESC
A
vida é uma eterna corrida na qual todos caem, inclusive os que alcançam o
pódio.
A
vida também é uma eterna magia, uma mágica a rigor sem explicação.
Darwin,
depois de se debruçar por anos na sua pesquisa científica, em torno da origem
humana, chegou à conclusão de algo que todos sabemos, verdadeira ou não.
Descendemos
do macaco? Ou primo do macaco?
A
verdade é que somos seres extremamente confusos, caóticos, perdidos em nós
mesmos.
Sim,
sem dúvida a vida é uma eterna corrida na qual todos perdem.
Muito
já se questionou sobre de onde viemos e para onde vamos.
Há
muito tempo, li o livro “Eram os deuses astronautas?”.
Fui
entrevistar o autor, Erich Von Daniken, tido por muita gente como um charlatão,
mas, cá pra nós, eu o achei incrível. A entrevista, longa, foi publicada num
ano qualquer da década de 1970, no caderno Ilustrada, do jornal Folha de
S.Paulo.
“Tom Zé é um gênio”, me disse outro dia a
minha filha Clarissa. Ela tem razão, quer ver?
Tô bem
de baixo prá poder subir
Tô bem de cima prá poder cair
Tô dividindo prá poder sobrar
Desperdiçando prá poder faltar
Devagarinho prá poder caber
Bem de leve prá não perdoar
Tô estudando prá saber ignorar
Eu tô aqui comendo para vomitar
Eu tô
te explicando
Prá te confundir
Eu tô te confundindo
Prá te esclarecer
Tô iluminado
Prá poder cegar
Tô ficando cego
Prá poder guiar
Suavemente
prá poder rasgar
Olho fechado prá te ver melhor
Com alegria prá poder chorar
Desesperado prá ter paciência
Carinhoso prá poder ferir
Lentamente prá não atrasar
Atrás da vida prá poder morrer
Eu tô me despedindo prá poder voltar
À
guisa de curiosidade, devo dizer que conheci Tom Zé nos meus tempos de repórter
da Folha e da extinta revista Visão.
Certo
dia, seguindo pauta do editor Osvaldo Mendes, fui entrevistar o iraraense Tom
Zé, que estava ameaçando abandonar a carreira profissional de artista, por
ninguém mais dele se lembrar; e por dele não se lembrar, naturalmente lhe
faltava convites para fazer shows por aí a fora. E olha que o Tom foi um dos
criadores do polêmico movimento tropicalista. Depois dessa entrevista,
coincidentemente, o líder do grupo musical Talking Heads, David Byrne,
encontrou num sebo do Rio do Janeiro o LP Estudando o samba. A partir daí a
vida de Tom Zé teria uma grande reviravolta com a contratação do Tom para
gravar nos Estados Unidos.
E
pronto. Tom Zé teve o reconhecimento que tão bem Clarissa observa.
A
VÓ DO SAMBA
Vó
Maria é o nome de Maria das Dores Santos, que a exatamente uma semana partiu
para a eternidade. Ela tinha 104 anos de idade e por muito tempo foi a
companheira inseparável de um dos pioneiros do samba, Donga, de batismo Ernesto
Joaquim Maria dos Santos (1890 – 1974).
Donga
foi o coautor do samba Pelo Telefone, lançado em 1917.
Eu
não soube de notícia nos jornais e revistas sobre o encantamento de Vó Maria. E
assim, a memória musical brasileira vai pra cucuia.
No
dia 22 de maio de 1946 o grupo musical 4
Azes e 1 Coringa, formado por jovens estudantes
cearenses, lançava no Rio de Janeiro o 1º baião -gênero musical- de que se tem
notícia no mundo, da autoria de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira.
Essa
música serviu de catapulta para o futuro Rei do Baião e Humberto Teixeira
chegarem à boca do povo. A partir daí Humberto deixaria em 2º plano a profissão
de advogado para se tornar um dos mais aplaudidos compositores do País.
Detalhe: ele compôs com Gonzaga exatas duas dezenas de pérolas musicais, como
Assum Preto e Estrada do Canindé.
Você
sabe como se chama a banda musical mais antiga da cidade mineira de Ubá?
Pois
é, os ubaenses se alegram até hoje com a performance da Banda 22 de Maio,
criada no distante ano de 1898.
O
que tem a ver o baião de Gonzaga e a Banda 22 de Maio de Ubá?
Nada.
Os
dois eventos -o lançamento do gênero musical baião e a fundação da corporação musical
de Ubá- levam o meu pensamento pra bem longe daqui: Irã, Iraque, Pérsia,
Palmira...
Hoje,
22 de maio de 2015, ouço no rádio a triste notícia que dá conta das estrepolias
do terrorista Estado Islâmico acabando com tudo que há de mais importante, documentalmente
falando, do tempo de Cristo e até de mesmo de antes de Cristo. Esses felas, com
suas ações depredatórias e até inacreditáveis estão apagando algumas das
memórias mais antigas da humanidade. E a própria humanidade.
O
que será do ontem nas mãos desses celerados?
O
que será do mundo árabe nas mãos desses celerados?
O
que será de nós, hein?
O
amanhã é hoje/ que vira ontem/ passado/ história; história que guarda tudo/
tudo o que é memória/ até o escárnio da escória.
O
baião e a banda musical de Ubá veem resistindo bravamente na história que
continua sendo feita hoje.
E
hoje, ainda 22 de maio de 2015, do Planalto desaba sobre nós um super-pacote de
maldades denominado de Ajuste Fiscal
Informações do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística – IBGE dão conta de que a população do Estado de São
Paulo acaba de chegar aos 43 milhões de habitantes.
Ainda, segundo o IBGE, a população
da capital paulista está próxima de 15 milhões.
É muita gente.
Não sei bem por quê, ao ouvir
esta notícia alinhei à música.
Por quê? Porque simples: logo
imaginei a população paulistana sendo movimentada por uma impressionante e bela
trilha sonora.
Durante mais de duas décadas
encetei pesquisas voltada ao tema. Em miúdos: reuni mais de três mil títulos
musicais que encontram na capital dos paulistas eco, inspiração e eco, nas
composições desenvolvidas por cerca de sete mil autores de todas as partes do
Brasil, como Chiquinha Gonzaga, Lamartine Babo, Ary Barroso, Nelson Gonçalves, Luís
Gonzaga, Paulino Nogueira, Osvaldinho da Cuíca, Tom Jobim, Billy Blanco e até
Geraldo Vandré.
Há uns três ou quatro anos eu
contei a história da capital paulista através da música, numa bela instalação
que ocupou pelo menos 350 m2 na unidade SESC do bairro de Santana. Um
punhado de anos antes, numa série de palestras, abordei este mesmo tema na rede
CEU - Centro
Educacional Unificado. Aliás, na ocasião, eu e o baiano Gereba
compusemos uma música que trata de educação e que foi gravada por Dominguinhos.
Clique:
Isso tudo para dizer o seguinte:
tem sido muito comum, e já há tempo, que amigos e colegas jornalistas me
perguntam qual música elejo como a melhor já feita para a cidade de São Paulo. Não
é fácil escolher entre milhares de músicas aquela que melhor retrata São Paulo
e seu povo. Mas, vou aqui arriscar enumerar alguns títulos que a mim me dizem
muito:
·Rapaziada do Brás, de Alberto
Marino, composta há 90 anos a se completar no correr deste 2015. Originalmente
composta em modo instrumental, essa música – uma valsa-choro – ganharia letra
em 1960, a pedido do argentino naturalizado Carlos Galhardo ao filho de Marino,
Alberto Marino Jr..
·Trem blindado, de João de Barro,
composta no calor das emoções que provocaram a Revolução Paulista de 1932.
·Êh, êh, São Paulo, de Alvarenga e Ranchinho, composta no
começo dos 40 do século passado e que tornou-se um clássico enfatizado pelo
talento dos caipiras Tonico & Tinoco.
·Ronda, dePaulo Vanzolini,
misto de compositor e cientista especializado em herpetologia, que ganhou o
disco pela primeira vez em 1953 através de Inezita Barroso. Essa obra, hoje com
mais de uma centena de versões, foi composta em 1946.
·Perfil de São Paulo, de Francisco de
Assis Bezerra de Menezes, que ganhou o 1º lugar no concurso musical promovido
pela Prefeitura paulistana para escolha da música-símbolo do 4º centenário da
cidade, fundada pelo jesuíta espanhol José de Anchieta. Detalhe: na ocasião
(1954), foram inscritas pelo menos duas centenas de músicas praticamente em
todos os gêneros musicais, como o dobrado Quarto
Centenário, do italiano naturalizado Mário Zan e o português, também
naturalizado, J. M. Alves Curiosidade: a música de Zan e Alves chegou a vender
algo em torno de cinco milhões de discos e teve até uma versão em japonês,
gravada em disco de 78 voltas.
·São Paulo, de Teixeirinha.
·Porque amo São Paulo, de Nelson
Gonçalves.
·Lampião de gás, de Zica Bergami,
lançada originalmente em 1958, foi imortalizada na voz da mesma intérprete de Ronda. Curiosidade: essa música também
ganhou uma versão no idioma japonês, por Kikuo Furuno.
·São São Paulo meu amor, de Tom Zé. Essa música ganhou oIV Festivalde Música Popular Brasileira da TV Record, em 1968, mas o autor não recebeu o prêmio até
hoje.
·Avenida Paulista, de Eduardo Gudin.
Esse samba beira à perfeição na voz de quem o lançou em disco: Vânia Bastos.
·Estação da Luz, de Herivelto Martins
e David Nasse.
··São Paulo de todos nós, de Peter Alouche e Téo Azevedo. Essa música
é uma verdadeira ode à capital paulista, escrita por um imigrante egípcio que
em Sampa encontrou os meios que precisava para se desenvolver como cidadão e profissional
da área de engenharia elétrica. É uma espécie de hino à capital paulista, que,
aliás, não tem hino oficial até hoje. Quer ouvi-la?·
Clique:
JORNALISTAS & CIA
Hoje, quarta, o newsletter Jornalistas
& Cia, no gênero, o mais antigo do País, chegou a edição número 1.000.
Todos estamos de parabéns. Coisa de um ano e pouco, encerrei uma etapa
profissional neste informativo direcionado especialmente aos jornalistas, ao
levar à praça o último dos dezessete especiais que trataram de cultura popular.
Esses especiais eram mensais. Estou com saudade. E tudo começou há vinte anos com
o projeto FaxMoagem, por sugestão do decano do jornalismo brasileiro José
Hamilton Ribeiro. Para lembrar aí está a reprodução do primeiro número.
Parece
que estou ouvindo as irmãs cantoras Celia e Celma entoando os versos acima em
homenagem à mãe de Jesus. E agora não estou só a ouvi-las, estou a lembrar meus
tempos de moleque no interior da Paraíba, ouvindo contrito as ladainhas puxadas
por minha avó Alcina.
A
lembrança, muitas vezes, dói.
Estamos
no Mês de Maria, mais precisamente no meio do Mês de Maria, quando as crianças,
enlevadas, coroam a imagem da santa. É cena marcante.
Em
Alagoinha, uma cidadezinha muito bonita, localizada a poucos quilômetros da
capital paraibana, João Pessoa, eu costumava passar férias e também fins de
semana: saía do colégio e ia pra lá, brincar de agricultor, junto com meus
primos, plantando no roçado do tio José. Tempos inesquecíveis de alegria, de
descompromisso, de aprendizagem, de vida.
O
Mês de Maria me traz, enfim, boníssimas lembranças de um tempo que não volta mais.
Mas o Mês de Maria se repete, com sua graça como se fosse ontem. É do mesmo
período a queima de flores, com cânticos alusivos à mãe de Jesus e com os devotos
fazendo louvação, com as crianças cantando versos assim:
que te podemos
ofertar Mãe pura
com expressão
de filial ternura
recebe, já que
outros bens não temos
esta coroa que
te oferecemos...
Pois é, coisas anônimas, coisas do povo, que continuam na boca do povo. Falo de cultura popular. Alás, a nossa cultura popular, incluindo a música popular, é muito rica. Quando falamos de cultura popular, falamos de coisas anônimas do povo. Mas, a música popular em casos específicos tem autor e nem por isso deixa de ser popular. É popular porque cai na boca do povo. Um exemplo? O carioca Lamartine Babo entrou para a galeria dos nossos grandes compositores por compor obras incríveis como esta, Ó Maria Concebida, que ele fez aos 15 anos de idade. Clique:
Aprendemos com o tempo. Tenho
aprendido, por exemplo, que podemos ver o tempo, a vida e tudo o mais de outra
forma, inclusive através da porta do sol e da janela do mar, também pelo
assobio do vento e o balançar das árvores. Podemos ver também pelos olhos da
consciência, do saber, da inteligência. Aprendi que posso ver até com os teus
olhos. Quer ver?
Eu vejo com os teus olhos
E caminho com os meus pés
É teu o meu pensamento
Eu sou quase quem tu és
Neste mundo meio torto
De Marias, Joões, Josés.
Estes teus olhos me trazem
Imagens da natureza
O movimento das águas
No fluir da correnteza
O florir da plantação
E de Deus toda a grandeza.
Sem teus olhos não veria
Rumos na escuridão
Esperança no porvir
Ao cantar uma canção
Sem teus olhos não veria
A força de uma oração.
Meu amigo Marco Haurélio, poeta
erudito enrustido no seio do povo, dá um chute cá na minha canela que hoje é
dia de libertação. Pois é. Nesse dia e mês, proclamou-se a abolição dos
escravos. Corria o ano de 1988. Foi uma vitória e tanto para todos, inclusive
brancos, até porque, nessa luta pela liberdade, engajaram-se intelectuais
brancos e pretos, como Joaquim Nabuco, Luís Gama e José do Patrocínio. Foi, com
certeza, o primeiro grande movimento social ocorrido neste nosso país tão desregulado
pelas elites governamentais. Mas, de certo modo, as correntes da negritude
estão voltando à nossa gente.
E lá vem o Marco Haurélio
fechando esse texto com uma setilha:
Este
é livro importante por ter sido escrito de modo espontâneo por uma fã declarada
de Nelson Gonçalves, Onélia Setubal Rocha de Queiroga; e não, necessariamente,
por especialista nos estudos da história da música popular, cujo resultado,
aliás, quase sempre é chato.
Na
verdade, são poucos os textos em que os autores têm a coragem de revelar
histórias de ídolos com firmeza e beleza como tão bem Onélia Setubal o faz, à
parte graça no escrever.
Este
livro é uma contribuição importante e natural à compreensão da força que os
grandes artistas da música popular imprimiam aos fãs nos tempos dos anos 40,
50...
Dito
isto, lembro que o cantor Nelson Gonçalves nasceu em 1941, pois foi nesse ano que a extinta gravadora Victor o contratou. Já o gaúcho Antônio Gonçalves Sobral, nome de batismo do cantor, nasceu no dia 21 de junho de 1919, mesmo ano em que o Rei da Voz, Chico, estreava em disco gravado com
marca do selo Popular do companheiro da maestrina Chiquinha Gonzaga, João,
confundido até hoje como filho dela, a marcha carnavalesca Pé de Anjo, de J. B.
da Silva, o Sinhô.
Dito
isto digo também, e assino em baixo, que Nelson foi um grande cantor, dos
melhores no campo da música popular desde Vicente Celestino, Silvio Caldas,
Chico Alves, Orlando Silva, o argentino naturalizado Carlos Galhardo e outros mais.
Um
grande.
No
palco, Nelson era impecável.
No
palco Nelson arrasava, no melhor dos sentidos.
Fora
do palco, Nelson era um pecador, grosso, bruto, um mal-educado que arrasava, no
pior dos sentidos.
A
história de Nelson é cheia de mentiras e contradições, de desrespeito e
maltrato as mulheres.
Pode?
Não
pode.
Nelson
não estava preparado para a vida em família, entendem seus biógrafos e amigos
mais próximos, como Marco Aurélio Barroso, autor do livro A Revolta do Boêmio;
e Moacir Fontana, um dos seus mais fiéis seguidores, desde sempre.
Nascido
em Santana do Livramento, RS, de pais portugueses, Nelson viveu na capital paulista
por muitos anos; desde os seis, quando deixou a sua cidade natal.
Em
São Paulo, ele viveu vendendo jornais, engraxando sapatos e fazendo bicos etc.
e tal e atendendo a clientela do bar do irmão Joaquim, Quincas, na esquina da
Alameda Nothmann com a Rua São João, ali perto da Ipiranga famosa da canção do
baiano Caetano.
Eu
o conheci bem.
Nelson
frequentou por pouco tempo os bancos escolares, e nesses bancos pouco aprendeu.
A
vida foi o seu professor.
O
pai, seu Manoel, não era chegado a trabalho e se fingia de cego tocando rabeca
para o filho; ele, Antônio, Nico, o futuro Nelson, cantar sobre caixotes nas
feiras-livres e na Praça da Sé de São Paulo.
Essa
rotina durou até ele, crescido agora chamado Metralha, sair de casa por causa
das provocações sacanas da mãe, dona Libânia, que o chamava de vagabundo puxado
ao pai.
Tinha
uns 18, 19 anos de idade Nelson quando casou e teve dois filhos biológicos.
Os
únicos.
Já
na rua, Nelson tentou a carreira de lutador de boxe; mas um colega de academia,
no Brás, lhe capou a vontade e o fez estéril, com um golpe nas partes pudendas.
Depois
disso, o seu sonho passou a ser cantor.
Com
a ajuda dos amigos Oswaldo e Orlando, compositores em início de carreira,
Nelson gravou um acetato para mostrar que poderia ser um grande cantor ao
mandachuva da extinta Victor, Vitorio Lattari, por recomendação do vendedor de
discos por atacado, Cássio Muniz.
Lattari
gostou do que ouviu, mas não acreditou que fosse dele a voz que ouviu do acetato,
e sem conversa o expulsou da sala, chamando-o de gago e charlatão.
Dois
ou três dias depois, Nelson voltou para se explicar.
“Trabalhar com
cultura popular em nosso país não dá, é muito difícil”, disse num tom de
desabafo, triste, o cara que deu voz, sorriso e choro à cuíca: Osvaldinho da
Cuíca, de batismo Osvaldo Barro, cidadão paulistano nascido no bairro do Bom
Retiro num dia de Carnaval.
Osvaldinho, desencantado
com o nosso meio musical, acrescentou numa conversa comigo, que está abandonando
a carreira.
Ontem 8, fez
dois meses que a cantora paulistana da Barra Funda , Inezita Barroso morreu. Pouco
antes de eu publicar o primeiro livro a seu respeito (A menina Inezita Barroso;
Editora Cortêz, 72 pags.; 2011), ela me contou que fizera uma longa e proveitosa
viagem por estados nordestinos colhendo ditos, benditos, cantos populares,
coisas do povo enfim. Para colher tudo isso, um tesouro, ela permaneceu na região
por meses. Aliás, foi nessa ocasião que ela, pelas mãos do compositor e pianista
Capiba, iniciou sua carreira profissional no mundo artístico. Conclusão dessa
historieta: ela voltou com centenas e centenas de anotações e, toda feliz, se apresentou
à direção da rádio e TV Record e para sua surpresa as pesquisas que fez não
despertaram nenhum interesse. Decepcionada ela voltou para casa e chorou,
chorou e chorou. Em seguida acendeu a lareira e por horas o fogo engoliu o
motivo de sua decepção. “É duro trabalhar com cultura popular”, resumiu a mais
importante cantora de sambas e do folclore brasileiros.
Hoje faz nove
dias que partiu para Eternidade o cantor e apresentador de rádio e TV Jorge
Paulo Nogueira, o homem do Chapéu de Couro.
Jorge foi um dos
nomes mais conhecidos da televisão e da radiofonia de São Paulo a partir do
começo dos anos de 1960. Ele apresentou programas na Bandeirantes, Gazeta,
Record, Cultura e Globo, com muito sucesso. Por seus programas passaram Jackson
do Pandeiro, Luiz Gonzaga, Marinês, Carmélia Alves, Oswaldinho do Acordeon e
todo mundo.
Você amigo/amiga,
viu ou leu alguma notícia a respeito da morte do Jorge Paulo?
No correr do mês
passado morreram três sanfoneiros famosos: Mangabinha, Camarão e Severo.
Severo
acompanhou por muitos anos o rei do ritmo, Jackson do Pandeiro.
Você amigo/amiga,
viu ou leu alguma notícia a respeito da morte desses artistas?
Pois, infelizmente,
está mais do que provado que trabalhar com cultura popular no nosso país não é
bolinho, não.
Certa vez, no
programa São Paulo Capital Nordeste que apresentei por mais de seis anos na
rádio Capital AM 1040, apareceu de supetão o maestro João Carlos Martins. Como
muita gente ainda lembra, o programa era uma festa só, e transmitido ao vivo para
todo o País. Comigo, naquele dia, estavam Pery Ribeiro, Claudia e o Trio Virgulino,
entre outros artistas. De repente, sorrindo, o maestro pegou a sanfona do Enok
e dela puxou a melodia de Ciranda, Cirandinha.
Ciranda,
Cirandinha é do nosso rico folclore. E aproveito para dizer o seguinte: a
cultura popular, seja de onde for, é de muita importância para a identificação
de um país, pois é a cultura popular na sua essência que dá identidade a um
povo, uma nação. Mas no Brasil, quem poderia entender e chancelar isso, não
entende nem chancela.
E pensar que
toda a obra de Shakespeare é baseada no folclore da sua terra...
Você já ouviu
falar do Instituto Memória Brasil, IMB?
“O Jorge morreu”, disse-me na manhã de hoje, pelo telefone, a querida Nodeci Nogueira, agora viúva do meu compadre Jorge Paulo, o Chapéu de Couro.
A tragédia da perda desse grande amigo ocorreu no último dia 30. Ele foi tragado por um câncer assassino.
Jorge Paulo Nogueira foi um dos maiores cultores e incentivadores da música do Nordeste em São Paulo e no País todo, através dos programas que produziu e comandou nas televisões Globo, Bandeirantes, Cultura e Gazeta e emissoras de rádio.
A sua trajetória profissional nos meios de comunicação foi intensa.
Além de apresentador de rádio e TV, Jorge arriscou-se a navegar na praia dos compositores.
O sucesso que ele fez foi dos maiores, e sem apelação.
Todos os principais artistas do Nordeste passaram pelo palco em que ele foi estrela; mas uma estrela simples, natural, compreensiva. No seu palco coube a presença de artistas iniciantes, como Anastácia, e talentos da grandeza de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Ary Lobo, Gordurinha, Dominguinhos.
Assis, Anastácia e Jorge Paulo
Fora a sua atuação nos diversos meios de comunicação, Jorge Paulo também foi ator de cinema e da cena política nacional, como, primeiramente, vereador em São Paulo e depois Deputado Federal.
Suas campanhas políticas foram embaladas por trilhas sonoras criadas pelo Rei do Baião. Aliás, o Rei do Baião teve sua última participação no cinema no filme Chapéu de Couro, de 1978. Nesse filme, Jorge tem grande atuação.
O corpo de Jorge Paulo Nogueira foi sepultado hoje à tarde no Morumbi.
No começo dos anos de 1970, eu ainda atuava na imprensa paraibana; no Jornal Correio da Paraíba, como editor de Local, e no rádio, de mesmo nome, como locutor noticiarista. Naquele tempo, demonstrava grande interesse pela cultura popular do nosso país. Outro dia mexendo no acervo que deu base à criação do Instituto Memória Brasil- IMB, deparei-me com alguns livros e discos datados - e autografados daquela época. Quer dizer: a quatro décadas iniciava a formação desse acervo, considerado um dos pouquíssimos mais importantes do Brasil em mãos de particular. Nos últimos anos, centenas e centenas de estudantes e pesquisadores profissionais desenvolveram teses e estudos sobre a temática da música e da cultura popular, em geral.
Pelo acervo inúmeros grupos de estudantes construíram seus TCC´s, mestrados e doutorados.
Já estiveram fazendo pesquisas no acervo, pessoas procedentes de vários países, entre os quais Estados Unidos, Itália, Japão e França.
O acervo Assis Ângelo é constituído por cerca de 150 mil itens, incluindo discos de todos os formatos (76,78,33,45), MD´s, fitas cassetes e VHS, jornais e livros centenários, milhares de partituras e fotos de várias épocas e documentos em geral. Historiadores como José Ramos Tiorão concluíram, no Acervo pesquisas que renderam livros.
Ao visitar o acervo o brazilianista Mark Currian, encantado com o que vira, disse que iria desistir de fazer pesquisas sobre a sua especialidade: a cultura popular brasileira.
Há muitas histórias amealhadas em torno do acervo.
Certa vez o premeadissimo tropetista norte americano Winton Masalys me disse uma coisa curiosa: "Se você fosse norte americano, o nosso governo lhe proporcionaria todas as condições para que você pudesse desenvolver suas pesquisas". Curioso, não? Triste também.
Mais um ser pensante acaba de nos
deixar: Bárbara Heliodora.
Bárbara -sem trocadilhos-
respeitou até o fim o nome que seus pais lhe deram, á pia batismal.
O Brasil continua perdendo, sim.
Lá no passado tínhamos grandes
nomes das artes que nos nutriam de conhecimentos. Eram escritores como Machado
de Assis e Monteiro Lobato, que além de criarem, escreviam sobre criações de
outros criadores.
Eram autores que escreviam com a
facilidade dos gênios
Lá atrás havia quem criticasse
profissionalmente,
Tanto no campo da literatura,
quanto no campo das artes plásticas etc.
Ainda lá atrás em São Paulo houve
um Mário de Andrade; no Rio Grande do Norte, Luís da Câmara Cascudo; no Rio de
Janeiro....
E assim partiram Mario Pedrosa-
primo de Vandré, sobre quem, aliás, não escreveu nada, Sábato Malgadi e agora
parte a Bárbara uma das melhores inteligências que pensaram Shakespeare.
Você sabia que a base de toda a
obra de William Shakespeare se acha no campo da cultura popular de seu país.
Viva Barbara Heliodora!
Café da manhã
O editor José Côrtez abrilhantou
hoje, com sua presença, o ambiente de estudos do Instituto Memória Brasil, IMB.
Durante e após o café da manhã, ao lado das recém formadas em Serviço Social:
Ana Maria, Nanci Tavares e Patricia Matos. Côrtez contou um pouco da sua
história e da história da editora que criou: Côrtez Editora, que neste 2015
está completando 40 anos de fundação. Côrtez é natural do Rio Grande do Norte.
O primeiro livro da editora foi Metodologia
do trabalho Cientifico de Antonio Joaquim Severino. Esse livro já passa de 1 milhão
de exemplares vendido.
O seis de abril é dia marcante na história do Brasil e do resto do mundo. Nesse dia, um dia como hoje, em 648 A.C. era registrado pelos doidos da época o mais antigo eclipse solar. Os doidos eram os gregos, que hoje comem o pão que o diabo amassou ao se submeterem às rédeas do bloco político-econômico liderado pela Alemanha, França e outros países integrantes da União Europeia, que têm no Euro o seu deus. Nesse dia e mês, em 1919, logo ali em Pernambuco, boa parte do Nordeste tomava ciência da inauguração da primeira emissora de rádio do País: a Rádio Clube de Pernambuco, que teve à frente o nosso primeiro radialista: Antônio Joaquim Pereira, um dos tantos telegrafistas que atuavam em empresas dos correios. E curiosamente nesse mesmo ano, no Rio de Janeiro, o nosso primeiro grande cantor, Chico Alves, registrava a sua voz em disco.
Francisco de Morais Alves (1898-1952), gravou pela primeira vez, de modo independente, no selo O Popular, a marcha O Pé de Anjo. Essa música (clique abaixo) foi composta pelo polêmico Sinhô, de batismo José Barbosa da Silva (1888-1930). Essa história de produção de discos independentes é história pra lá de longe, não é mesmo? E pra lá de longe também se acham os mistérios da vida. Já li e reli o Velho e o Novo Testamento bem mais de uma vez e não encontrei nenhuma descrição da fisionomia - e corpo - do filho de Deus, Jesus Cristo. O que os nossos olhos registram até hoje são versões de grandes pintores de muitos tempos passados, como Michelangelo. Por que isso? A vida encerra mistérios que a própria vida desconhece. Você sabia que a primeira gravação de um cantor no Brasil foi feita em 1902? E que nada ou muito pouco se sabe desse cantor, que entrou para a história da nossa música pelo sobrenome Bahiano? Você sabia que o primeiro poema gravado em disco no Brasil foi do bahiano Castro Alves? Você sabia que... Pois é, sabemos muito pouco de tudo o que ocorreu e ocorre no nosso cotidiano. Que vivam os mistérios.
Fé,
esperança e amor são sinônimos do bem-viver em qualquer sociedade humana. Com
fé, esperança e amor pode-se viver em paz.
A
Paz é a bandeira da vida.
Pois
é, refletir é o exercício que pode nos tornar melhor.
No
calendário católico há datas de extrema importância na vida cotidiana de todos
nós, como o chamado “Tríduo Pascal”.
O
tríduo começa Sexta Santa, segue no Sábado de Aleluia e termina no Domingo de
Páscoa.
Esse
período é de reflexão, de lembrança, de renovação, fé, esperança e amor por nós
próprios e pelo próximo.
Na
Bíblia é dito que Deus criou o mundo, tudo e todos que nele há, inclusive o seu
Filho que veio bem depois pelo milagre do Espírito Santo.
A
história é comprida.
O
Cristianismo data de dois mil e poucos anos, pelo calendário gregoriano.
No
correr de todo esse tempo, os homens se mataram, se devoraram entre si pelo
poder.
Poder
para que?
E
nessa busca eterna por “tudo” e pelo “nada”, o homem é o que é: que nem um gato
ou macaco passa a vida correndo atrás do próprio rabo.
Com
exceção de rock`n roll - pois sexo tem à vontade -, na Bíblia se acha todo tipo
de história, desde a mulher que engana o homem lhe oferecendo uma inocente maçã,
irmão que mata o irmão e pais ofertando a deuses os próprios filhos a
sacrifício por uma causa qualquer.
O
que eu quero dizer com isso? Simples: a corrupção e outras safadezas existem
desde que o mundo é mundo...
Os
valores humanos do bom viver em sociedade continuam invertidos.
As
narrativas bíblicas mostram que Jesus Cristo foi vítima de uma grande injustiça
em Jerusalém, quando Pilatos, mesmo acreditando na sua inocência, lavou as mãos
e o entregou aos soldados que o torturaram, antes de matá-lo preso a pregos
numa cruz.
Em
resumo: aí está a explicação para a irrefreável busca pelo poder.
Os
poderosos mataram Cristo.
Uma
coisinha: desde moleque, sempre pratiquei o exercício da reflexão. Sempre
questionei tudo que me pareceu sem explicação, como a origem de uma flor, o voo
de um passarinho e as razões que levam um homem a matar um outro.
Desde
moleque, aprendi que Deus está em todo lugar; que Deus é onipresente e que a
Ele devemos tudo, inclusive a vida e o conhecimento.
Estudei
em colégio de padres, fui coroinha, ouvi e cantei benditos e, ao lado de amigos
e familiares, segui procissões.
No
correr do tempo, me ensinaram coisas sobre o profano e o sagrado. Foi quando
aprendi que a cultura popular é algo de extremo valor e importância na formação
de qualquer cidadão.