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terça-feira, 30 de maio de 2017

GUITARRAS E TROPICALISMO

Os mais novos talvez não saibam, mas Geraldo Vandré, Gilberto Gil, Elis Regina, Zé Keti e o MPB 4 já participaram de uma greve reivindicando brasilidade. Foi em São Paulo, no dia 16 de julho de 1967. Contra Geraldo e seus colegas, militaram Caetano Veloso e sua tchurma. A passeata, encabeçada por Elis berrava contra guitarras elétricas. A essa altura, desenhava-se o movimento tropicalista.
Chamou-se Frente Ampla da MPB à passeata engrossada pelos puristas da nossa música, incluindo Vandré e tal. Os manifestantes saíram do largo de São Francisco e subiram pela av. Brigadeiro Luiz Antonio. O fim foi o Teatro Paramount. 
Cerca de 400 artistas e fãs mais empedernidos integraram a histórica passeata que, a rigor, não resultou em nada. Tanto que logo depois o movimento de Caetano, Gil, Tom Zé e Gal, entre outros, ganhou forma fazendo um barulho danado. E como eu disse no texto anterior, o legado tropicalista é de meia dúzia de discos. E as guitarras estão aí, ensurdecedoras, com seu miado de gato na tuba.
À época, Vandré tinha 32 anos de idade, Gil, 25, Elis, 22. O artista mais velho da passeata era Zé Keti, com 46 anos. Porém só uma coisinha: a guitarra entrou nos estúdios brasileiros na década anterior, antes mesmo do movimento Jovem Guarda, do Roberto, Erasmo e Wanderléia.
Os anos de 1960, da segunda parte em diante, foram anos de grandes novidades no campo da nossa música popular. Eram os tempos dos festivais. Foi nos festivais que surgiram Vandré, Gil, Elis, Gal, Caetano, Capinam, Mutantes.
É provável que algum leitor esteja aí se perguntando: Gil niuma passeata contra Caetano?
Pois é, Gilberto Gil entrou na passeata meio de gaiato, por gostar muito da pimentinha Elis Regina. Além de talentosíssima, Elis era um vulcão personalizado.
Sobre a passeata, Vandré, autor do clássico Caminhando, diz que não tem o que dizer.
A história é uma história.
Ah sim, em outubro de 1955, a carioca Nora Ney (1922-2003) lançou, no Brasil, o primeiro Rock de que se tem notícia Rock Around The Clock, ouça:



 

domingo, 28 de maio de 2017

TROPICÁLIA, 50 ANOS

Assis exibe raríssimo exemplar do livro Tropicália 20 Anos
O Movimento Tropicalista está completando meio século.Dito assim, de chofre, não parece meio século. Parece séculos. 
Foi em Outubro de 1967, no Rio de Janeiro e na Paraíba, que o movimento foi anunciado ao mundo. Na Paraíba, precisamente em João Pessoa, os agitadores culturais Carlos Aranha e Raul Córdula, jornalista e pintor respectivamente, encamparam a onda.
No Rio, o jornalista Nelson Mota e o pintor Helio Oiticica levantaram a bandeira do movimento que tinha por objetivo quebrar dogmas em nome da liberdade, na Praça Duque de Caxias.
O movimento Tropicalista teve como principais artífices os baianos Caetano, Gil, Gal, Tom Zé e alguns outros, periféricos, como Mutantes, Zé Celso, Torquato Neto e o já referido Oiticica.
O legado tropicalista reúne apenas meia dúzia de LPs e findou em consequência da prisão de Gil e Caetano, em Dezembro de 1968, mesmo mês e ano em que seguiu para o exílio o paraibano Geraldo Vandré, após empatar seu hino Caminhando (Prá Não Dizer Que Não Falei de Flores) com a obra prima Sabiá, de Chico e Tom Jobim. Essa música, a propósito, foi baseada no poema Canção do Exílio, do maranhense Gonçalves Dias (1823-1864).
Em 1987, fui convidado para integrar um time que refletiu sobre os primeiros vinte anos do tropicalismo. Entre os convidados estavam: Zé Celso, Tárik de Souza, Maurício Kubrusly, Ismail Xavier, Hélio Oiticica, Tom Zé, Renato Teixeira, Júlio Medaglia, Zuza Homem de Mello e Augusto de Campos. 
Os textos gerados por esse time foram inseridos no livro Tropicália 20 Anos, publicado pelo SESC, com apresentação de Danilo Santos de Miranda.
Os anos de 1960 foram anos agitadíssimos.
Em 1964, o presidente da República João Goulart foi deposto pelos militares que assumiram o poder.
O mundo fervia.
Na França os estudantes botavam prá quebrar. Nos Estados Unidos, Joan Baez encabeçava as passeatas com Luther King, contra os absurdos da guerra do Vietnã. Esses absurdos, aliás, foram em parte cobertos pelo jornalista paulista José Hamilton Ribeiro, mas essa é outra história. 
Na parede do Instituto Memória Brasil, IMB, pode se ver uma foto em que aparece Geraldo Vandré ao lado de Joan Baez (acima, no detalhe).
E para matar a saudade, ouçam:
  

 

sexta-feira, 26 de maio de 2017

UM INDULTO PARA TEMER

Meireles teve um ataque de idiotice. E abriu a boca para dizer que o brasileiro está vivendo sob estado de grande pessimismo. 
Cala-te Meireles!
Nós, brasileiros, mortais comuns do dia a dia, estamos vivendo sob total estado de choque, com as denúncias frequentes de corrupção de todo tipo. Ora é um cara que leva dinheiro numa mala. Outra hora é um cara que esconde centenas de milhares de reais num quarto da casa da sogra. Outra hora é o próprio presidente da república recebendo bandido nos subterrâneos do palácio, para fazer conchavos e facilitar o roubo aos cofres públicos. A verdade é que a toda hora surge sujeira sob os tapetes dos nossos congressistas, daqueles que escolhemos para nos representar em todas as esferas políticas.
O Brasil, hoje, está se parecendo com a Casa da Mãe Joana.
Mãe Joana era uma senhora sem muita vergonha que tinha o hábito de acolher flores mimosas para uso de cravos endinheirados em Portugal no século 17.
Palocci conhece isso muito bem, não é mesmo?
O alagoano Deodoro da Fonseca, marechal do Exército, transformou-se no primeiro presidente da república do Brasil ao liderar um golpe que derrubou o imperador carioca Pedro II. Isso em novembro de 1889.
Deodoro, antes de transformar-se no primeiro presidente, governou o País com a singeleza que caracteriza os ditadores mais brutos.
O seu governo legal, digamos assim, durou só 9 meses. Não passou disso porque foi encurralado pela Marinha e demitiu-se do cargo. Antes fechou o Congresso. Quer dizer: botou prá quebrar, mas morreu à toa, como deveria. O seu substituto foi o também alagoano Floriano Peixoto. Essa, porém, é outra história.
O governo de Temer acabou.
Enquanto pula que nem calango numa frigideira quente, nos agoniando, Temer está fazendo das tripas coração prá escapar da pena que deverá pagar por seus movimentos noturnos nos subterrâneos do Palácio, Se perder o foro especial, pode até ir para a cadeia. E é aí certamente, que reside o seu maior medo. Claro, seus advogados estão tramando uma fuga jurídica para o seu caso.
Cai ou não cai, essa é a questão. Eu acho que cai e chega de guerra, chega de cabo de guerra, ou como diz na Paraíba: chega de queda de braço!
Mas ele não tem jeito e insiste em dizer que não vai renunciar.
 

 

quarta-feira, 24 de maio de 2017

TEMER, BRASÍLIA E CRACOLÂNDIA

Fernandinho Beira Mar manda da cadeia.
Marcola, do PCC, também.
Do Jaburu Temer com seu silêncio cúmplice perante representante de uma cadeia de marginais, idem. Um horror!
Os termômetros de rua hoje marcaram em São Paulo a temperatura máxima de 21º. A mínima foi de 13º. Em Brasília, capital do Brasil, a cor vermelha estourou todos os termômetros. Houve um quebra quebra dos infernos. Na Câmara e no Senado, alguns dos nossos representantes patrocinaram cenas dantescas, absurdas, horrorosas. No mínimo, o que ocorreu em Brasília hoje, foi um espetáculo em que os atores apostaram na máxima do "quanto pior, melhor".
Agentes da PF iniciaram o dia caçando parentes e aderentes do Beira Mar. Na rede caíram uma irmã, cinco filhos e uma sogra.
Temer está ficando com a cara igualzinha a do ex deputado Eduardo não sei o quê.
O atual presidente da câmara não sei o quê Maia pediu e Temer assinou convocação do Exército para por água fria na cabeça dos mais exaltados, que quebraram bens públicos tacando fogo onde era possível e impossível tacar.
Calma, calma, 64 jamais se repetirá. E não se repetirá porque o Brasil virou adulto, popular e democrático, responsável por seu destino. E até chegar onde chegou, não foi fácil. Houve luta, participação real do povo que cansou da ditadura impondo regras...
Milhões e milhões de brasileiros simples estão querendo trabalhar, para por alimento e ordem em casa.
Da cadeia, Beira Mar fazia girar mais de um milhão de reais nas suas contas.
Da cadeia, Marcola continua girando um milhão ou mais de um milhão de reais...
O vice de Dilma que tornou-se Presidente, por um desses mistérios da vida, perdeu a condição de ser líder da Nação. Um Presidente tem que ter uma conduta ilibada, reta, justa, por isso líder. A velha história: Não basta à mulher de César ser honesta, tem que mostra-se honesta.
Beira Mar é um dos maiores traficantes de drogas do Brasil e da América Latina. Marcola, nesse ponto, é tão grande ou igual à Beira Mar. Ambos são cancros da vida.
Uma multidão de miseráveis, sonâmbulos, zumbis, representando os horrores da vida perambula no submundo brasileiro chamado de Cracolândia.
Os filhotes dos líderes do tráfico e da ditadura que desabou sobre o Brasil em 64 devem estar aplaudindo e rindo loucamente como hienas.
Apesar do Exército nas ruas de Brasília, qual será o futuro do nosso País? Enquanto isso ninguém fala sobre Educação e Cultura.

FLORES DO MAL

O jornalista paulista Reinaldo Azevedo foi pego num telefonema para a irmã do senador mineiro Aécio Neves, Andréia, um ou dois dias antes de ela ser presa. O mundo desabou sobre Azevedo. Andréia era sua fonte. Um dia, em 1983, a Lei de Imprensa foi aplicada pela última vez num jornalista paraibano. Esse jornalista era eu. Essa lei acabou em abril de 2009, durou, não é? Ela nasceu em abril de 1967 e o propósito de quem a criou, os representantes da ditadura na época, era calçar a imprensa. Uma vez o poeta simbolista francês Charles Baudelaire (1821-1867) cravou para a história uma frase que jamais morrerá: "posso discordar de tudo que você diz, mas defenderei seu direito de dizer". Mais ou menos isso. Baudelaire deixou uma obra pequena, mas impactante. Flores do Mal, dele, é uma obra prima.





BRINCANDO COM A HISTÓRIA (17)

terça-feira, 23 de maio de 2017

BOLSONARO É UM TIGRE DE PAPEL

Saí cedo da Academia, quase correndo, para escutar o embate entre o historiador Antônio Vila e o deputado federal Jair Bolsonaro no programa Jornal da Manhã, da rádio Jovem Pan. Foi pífio, mas engraçado. O Vila é sempre engraçado com seu estrionismo gongórico, quase pantagruélico.
O embate começou com o Prof Vila, como é chamado, provocando Bolsonaro a expor suas ideias sobre economia, balança, comércio exterior e planos que pretende traçar para apresentar como plataforma de sua eventual candidatura à presidência da República. Vixe! Bolsonaro é de uma fraqueza mental absoluta, difícil de imaginá-lo disputando um cargo eletivo além do que hoje ocupa. Sobre os temas a que foi provocado, enrolou-se todo. E sobre educação, Deus do céu! Mas o Prof Vila é engraçado. Qualquer hora dessa ele pode ter um colapso em pleno ar. Te cuida professor, pois contra o deputado nos cuidemos nós.
Do embate entre o Vila e o deputado, eu esperava mais. 

ONALDO QUEIROGA

A manhã terminou com um abraço que me trouxe o conterrâneo e amigo juiz de Direito Onaldo Queiroga. Onaldo, que é um poço de sensibilidade, carinho e respeito a todos, trouxe-me, além do abraço, mais um livro, o 9º, da sua lavra. Trata-se de Riacho da Vida. Nesse livro Queiroga estende-se sobre a vida do seu pai, Antônio Elias de Queiroga. Voltarei ao assunto.



BRINCANDO COM A HISTÓRIA (16)



segunda-feira, 22 de maio de 2017

AGNELLO AMORIM, UM CIDADÃO BRASILEIRO

O maior mar sem ondas do mundo está chorando, triste, sangrando.  Esse mar é o São Francisco, desde sempre e popularmente chamado de Velho Chico.
O Velho Chico chora, enquanto maus políticos riem com os bolsos cheios do vil metal, arrancados na cara dura do erário público.
O Velho Chico, sangrado, dorido, está sendo carregado a bel prazer dos poderosos de plantão.  Uns felas. O povo da Paraíba, pobre, vibra.  Os latifundiários, enquanto isso, vibram mais e riem que nem hienas.
Deus do ceu, estamos perdidos!
O Nordeste é um mundo brasileiro à parte, formado por nove Estados e um terço da população brasileira.  População riquíssima de esperança e vontade de fazer cada vez o melhor, pelo País.
Boa parte dessa população é flutuante.
Pois bem, ouvi há pouco uma entrevista transmitida pela TV Itararé, da Paraíba, com o promotor  Agnello Amorim.  Ele é campinense, fiquei sabendo no correr da entrevista.  Gostei.
Amorim é um cidadão que o Brasil todo deveria conhecer, de nome ou por obra.  Ele é de uma consciência que ilumina, que encanta, pela facilidade como se expressa.  Fale bem, diz o que pensa e o que queremos dizer.  Parece adivinhar.
Ele fala com tanta propriedade sobre os problemas do Brasil que chega até a assustar.   Sabe tudo.  Tudo sobre Campina e Brasil. Falta-lhe, porém, interlocutores.
Depois de João Pessoa, Campina Grande é a cidade mais importante da Paraíba.
De Campina são o cantor Biliu, o músico Gabmar Cavalcanti, Biu do Violão, o escritor Rômulo Nóbrega, o gramático Anésio Leão e outras figuras ímpares que marcaram e continuam marcando a vida campinense.  Aliás não foi à toa, que o cangaceiro pernambucano Antônio Silvino, achou de inventar seus últimos dias de vida em Campina, onde foi visitado pelo escritor alagoano Graciliano Ramos...
As questões hídricas que atormentam a população Brasileira desde sempre são, na visão de Amorim, um cancro que só não é extinto por quem necessiamente deveria extirpar.   E, sei, que essa é também a visão de Agnello Amorim.
Meus amigos, minhas amigas, não está na hora de ouvirmos pessoas que passaram a vida toda estudando e decifrando problemas que aflingem a todos nós ? Pois bem, uma dessas pessoas e Agnello Amorim.
E como se não bastasse a consciência política do cidadão Agnello Amorim, há sobre ele a destacar veredas culturais por onde ele e artístas populares andaram, como Zé Limeira.
Eu, pessoalmente, privei da amizade de Orlando Tejo, autor do livro O Poeta do Absurdo.  O poeta Zé. Limeira.
O Dr. Agnello Amorim foi amigo de Orlando e de Zé.
Quanta história!



TCHAU, TEMER!









Encurralado.. Esta é a palavra que encontro para definir a péssima situação em que se acha o Brasil. É a velha história do dito popular: "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come". Ou: "quem planta vento colhe tempestade". Ou ainda: "aqui se faz, aqui se paga". 
O Temer pode escolher um desses ditos para entender o ponto em que se acha. 
Renunciar a um amor, deve ser terrível. Mas quem renuncia a um amor, não pode renunciar. 
Eu mesmo tenho um grande amor. O meu amor é Brasil. Tudo o que faço, especialmente em torno da cultura ou das culturas populares, penso no meu País. Penso principalmente, em quem está chegando, os jovens. 
Aprendi com o mestre Câmara Cascudo (1894-1988) que é fundamental transmitir saberes. Aprendeu, que bom, passe para frente.
Ninguém nasce sabendo nada, mas todo mundo nasce podendo aprender.
Apostei no Lula, apostei na Dilma, apostei em tanta gente. No Lula, especialmente, até por ser oriundo de uma região que acho conhecer bem: o Nordeste. Sou de lá.
Será que o Temer aprendeu alguma coisa?
Michel Miguel Elias Temer Lulia nasceu numa cidade muito bonita, pequena e muito bonita: Tietê.
Tietê, cidade paulista, dista uns 150 Km da capital. Eu adoro Tietê. Eu estive lá várias vezes. E até homenageado pela prefeitura municipal eu fui. Até existe uma semana dedicada ao tieteense Capitão Furtado (1907-1979). O Capitão Furtado era sobrinho do grande Cornélio Pires (1884-1958). Pois bem, o Temer deveria ter aprendido cidadania pelos ilustres cidadãos que a sua terra gerou.
Renunciar em nome do povo, em nome do bem, não é pecado: é grandeza, é dignidade reconhecer os erros cometidos nos momentos de fraqueza.
Temer pecou. Pecou porque recebeu na calada da noite, um marginal de colarinho branco, rico, locupletado com o dinheiro público.
O primeiro presidente brasileiro a renunciar ao cargo foi o alagoano marechal Deodoro da Fonseca(1827-1892).
Depois de Deodoro, outros presidentes renunciaram ao cargo no Brasil: Jânio Quadros e Collor por exemplo.
Washington Luís renunciou na marra e o candidato que elegeu, Julio Prestes, nem chegou a assumir.
Depois de mortalmente golpear Prestes, os Julinho da canção popular, Getúlio Vargas foi posto prá correr.
Depois de enfiar um tiro no próprio peito, Getúlio deixou o Brasil numa enorme convulsão social, e num curtíssimo período de meses tiveram que deixar o cargo Café Filho, seu vice, Carlos Luz e Nereu Ramos, à época presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente.
E a história se repete. Se repete?
Collor renunciou um dia antes do impeachment, em 1992.
A Dilma não teve, digamos, a ombridade de renunciar e findou dançando...
Se o Temer continuar insistindo em não renunciar vai ficar tocando violino sobre um teto de vidro, quer dizer, uma hora vai cair de qualquer jeito e se demorar, vai-se esborrachar no chão. E o Brasil sofrer mais. 
Estamos ou não estamos bem à beirinha do caos?
O que Temer fez é imperdoável.
Temer, vá ouvir os discos de Cornélio Pires!


BRINCANDO COM A HISTÓRIA (15)


 


domingo, 21 de maio de 2017

CONSTITUIÇÃO E DIREITOS. E TEMER, HEIN?

Mil novescentos e oitenta e oito...Fazendo as contas trinta vezes três = noventa...
Em média e disparadamente a Constituição de 1988 é a mais emendada da nossa história, perdendo, talvez, para a Constituição de 1967, estuprada pelos militares em 1969. A história, porém, não conta com esse estupro, portanto, a mais emendada continua sendo a de 88.
A Constituição de 1824, a primeira e única do Império, durou 65 anos. Junto com a de 1937, foi a mais autoritária.
A Constituição de 1824 dava todos os poderes ao imperador. A de 37, ao ditador Vargas.
Oficialmente foram promulgadas 7 Constituições: 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988.
A Constituição de 1946 foi a mais bonita, a mais completa, a que reconheceu os direitos do cidadão.
A Constituição de 1891, feita por iniciativa do Marechal Deodoro da Fonseca e Rui Barbosa, baseada na Constituição Norte-americana, foi a primeira a garantir o Habeas Corpus, instrumento importantíssimo, criado para garantir o ir e vir de todos nós.
Cerca de uma centena de emendas foi aplicada à Constituição de 88. e agora querem, mais uma vez, modificar a letra da nossa Carta Magna. Querem eleições diretas. Não dá, né?
Em 1983, o Brasil viveu o movimento popular mas intenso da sua história, foi o movimento pelas eleições diretas.
Em 1983, eram os militares que mandavam no Brasil. Hoje, não.
São Paulo viveu o ápice da Campanha Diretas Já, Lula participou dessa Campanha, participou do movimento, mas na hora H o seu partido pulou fora. Consequência: a emenda Dante de Oliveira foi recusada no Congresso por falta de apenas 22 votos. E conversa vai, conversa vem, Tancredo entrou para a história sem ajuda do PT,  e para desgraça de Maluf, representante dos militares.
O que está na Constituição de 88 deve ser cumprido, indiretas, portanto.
A pergunta que se faz é, porém: Quem substituirá Temer?
Mas dá-se um jeito, pois nem todos os políticos são cabras safados, não é mesmo?
Mas o Brasil sofre, e muito!
O presidente da República tem que ser um cidadão reto, limpo, sem ficha corrida e sem práticas não republicanas, feias, horrorosas.
Tancredo Neves fez história e nada no seu passado o condena, seja como vereador, entre 1935 e 1937, deputado, primeiro ministro, pelo breve tempo de parlamentarismo que vivemos, governador de Minas Gerais e presidente eleito pelo Colégio Eleitoral.
No Senado marginais já estão se mexendo para descumprir a decisão do STF que, depôs do cargo de senador o neto de Tancredo, Aécio.
Viva a Constituição!

BRINCANDO COM A HISTÓRIA (14)



 

sábado, 20 de maio de 2017

ESPERTEZA É BURRICE





O saber popular classifica a pessoa muito experiente, traquejada como "puta velha".
O mundo tá cheio de "putas velhas", de pessoas que dão nó em pingo d'água e saem ilesas, sem arranhões, de situações as mais complicadas, difíceis, emblemáticas.
Prá não irmos muito longe, não custa lembrar que o mineiro de São João Del Rei, Tancredo Neves dava nó em pingo d'água e se entendia com Deus e o diabo. 
Tancredo de Almeida Neves (1910-1985), advogado pela escola mineira, ingressou na política como vereador em 1935. Em 37, Getúlio Vargas deu um golpe dentro do golpe que resultou no Estado Novo, levando Tancredo à prisão. Muito tempo se passou, antes de Tancredo virar primeiro ministro do Brasil, no curto período de parlamentarismo até que se transformasse no último presidente eleito pela via indireta, ganhando de Paulo Maluf por uma vantagem de 69% (480 x 180) via Colégio Eleitoral.
Pela ótica de classificação popular, o paulista de Tietê, Michel Miguel Elias Temer Lulia é também um "puta velha".
Os "putas velhas" e seu similar feminino também escorregam em casca de banana e vão ao chão. E é o que vai acontecer com Temer, pois é incompreensível e inaceitável, também imperdoável, que alguém que ocupa o mais alto cargo da República receba marginais na calada da noite para conversas não republicanas. A isso dá-se o nome de traição à Pátria.
A gula por dinheiro, por poder, costuma transformar os seres humanos. Há até um ditado que diz algo como: se queres conhecer alguém, dá-lhe um cargo político, ou de mando numa empresa.
Isso faz-me lembrar um símbolo nacional, Gérson, que sumiu da vida profissional por induzir as pessoas a tirar vantagem em tudo.
Foi em 1976 que o carioca Gérson, ídolo da Seleção Brasileira, desde a Copa de 70, aceitou fazer um comercial para um cigarro. Nessa propaganda o ídolo destacava as vantagens de se consumir o cigarro Vila Rica, que nem existe mais. Como Gérson. A propaganda foi esta:


Ah! A propósito, as espertezas e traquinagens de Aécio devem estar fazendo o avô se revirar no túmulo, que coisa!
 O AUTOR NA PRAÇA

Logo mais às 15 horas os escritores Ignácio de Loyola Brandão e Mouzar Benedito estarão na Praça Benedito Calixto, ali em Pinheiros, conversando com seus leitores dentro da Programação de 15 anos de O Autor na Praça. Fica o registro.


BRINCANDO COM A HISTÓRIA (13)





 

quinta-feira, 18 de maio de 2017

O JORNALISMO AINDA VIVE. VIVA O FURO!

Furo é uma coisa muito difícil de ser feita.
Quando encarei o jornalismo como profissão a mim ensinaram da importância de um furo.
No jargão jornalístico, furo é notícia publicada ou anunciada em primeira mão. Não é fácil, repito, fazer isso. 
Furo é faro e vontade de ser primeiro em algum momento. No jornalismo, prá chegar ao furo o jornalista tem que ter fontes e antenas ligadas.
No correr da minha vida profissional, consegui fazer alguns furos.
Qualquer bom jornalista carrega consigo o desafio de publicar ou anunciar furos nas páginas de jornais e revistas e/ou rádio e televisão.
Consegui fazer alguns furos nos diários Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo.
Na Folha dei furo nas áreas artísticas e policiais.
No Estadão, dei furo na área Política, no tempo em que eu chefiava a editoria de política do jornal.
O furo é meta de qualquer bom jornalista, mas com a internet e outros meios tecnológicos isso fica cada vez mais desafiante.
Muitos furos, milhares de furos, milhões  de furos jornalísticos já foram feitos desde a invenção de Gutemberg (1398-1468).
Eu era criança ainda quando a Agência France Press, AFP, noticiou para o mundo, em 1953, a morte de Stalin. Furo.
No começo da noite de ontem, o jornalista Lauro Jardim antecipou-se a todos os jornalistas e meios jornalísticos ao dar a notícia do aval de Temer ao "pagamento" com propina para o silêncio da coisa chamada Eduardo não sei o que, ex presidente da Câmara e hoje presidiário por decisão do juiz Sérgio Moro.
O furo de Jardim pode levar à queda de Temer, para o bem do Brasil. 
O dia 24 de agosto de 1954 entrou para a história como o dia em que um presidente da República do Brasil, Getúlio Vargas deu um tiro no próprio peito. Getúlio matou-se por muito menos do que acusações que pesam contra Michel Temer,  um brasileiro de Tietê. A propósito, o que estão achando os tieteenses sobre o seu ilustre conterrâneo?
Tietê é uma cidade que tem cerca de 40.000 habitantes e dista cerca de 150 km da capital paulista e berço do grande Cornélio Pires (1893-1958), o primeiro produtor independente de música no Brasil. Enquanto isso não se fala de educação nem de cultura popular, estamos fritos - mesmo!
O furo de Jardim foi como uma flechada no coração do Brasil.
Viva o bom jornalismo! 







BRINCANDO COM A HISTÓRIA (12)







segunda-feira, 15 de maio de 2017

SARAU ATÉ DEBAIXO DE VARAL



A primeira referência à literatura de Cordel, impressa, surgiu na segunda metade do século 19. Saiu no primeiro Dicionário de Língua Portuguesa, do lisboeta Francisco Caldas Aulete. Ele morreu antes de ver a sua obra publicada. No seu dicionário, esse tipo de literatura aparece de modo pejorativo. O verbete traz o nome simplificado de Cordel.
A literatura de Cordel propriamente dita, tal como hoje a conhecemos, começou a ser publicada em Portugal e logo depois no Brasil. O seu expoente máximo, não é um, são dois: Silvino Pirauá e Leandro Gomes de Barros, ambos paraibanos e desaparecidos no século passado.
Os folhetos em que passaram a ser inseridos pequenos textos corridos e poemas eram chamados de "folhetos de cordel".
Esses folhetos sempre foram vendidos de mão em mão e a baixo custo. Primeiramente por uma entidade de cegos em Lisboa, por autorização do rei vigente à época. Falamos do século 16, por aí.
Os Saraus surgiram muito antes dos folhetos de cordel.
Os folhetos eram escritos por poetas do povo, mas não só.
Muitos folhetos trouxeram histórias de príncipes e princesas, de feras indomáveis, de encantamento, de cavalaria, de guerra e paz.
A donzela Teodora é um clássico dos mais belos, que encontrou no Brasil o poeta Artur Azevedo como seu primeiro adaptador. A adaptação de Azevedo para Donzela constituiu-se numa opereta.
A palavra sarau vem do latim.
O sarau foi muito praticado pela aristocracia da velha Europa. Muito tempo depois é que o sarau popularizou-se.
Hoje, cordel é chic.
Hoje, sarau ainda é chic.
A expressão literatura de cordel foi cunhada pelo fato de ser, no Brasil, vendido de mão em mão e também nas feiras livres, pendurados em cordões, barbantes. Aqui, como lá. E não é demais dizer que o sarau, como o cordel, pode se achar em todo canto: até sob varais.
Sábado 13, tive a alegria de participar de um sarau (fotos). Um sarau completo, com todas as letras. Foi no bairro da Água Branca ou Barra Funda, por ali. Na casa de uma jornalista, Cris Alves. E sob o varal da casa, no fundo do quintal. Lá estavam 40, 50 pessoas, entre essas pessoas, artistas profissionais e amadores. Entre os profissionais, Arnaldo, Cícero e Brau (violão), Paulo (violão, atabaque e gaita), Flávio (cajon) e, além de todos eles no vocal, as belas vozes de Rosângela, Vera Frascino, Clara e Laís, as duas últimas filha e neta da Maria Felicidade. Amadores todos os outros que ali estavam e acompanhavam as músicas que conheciam, as vezes tocando um caxixi, um reco, reco, um chocalho, um pandeiro ou somente batendo um talher no copo de vidro. A Banda Ex Presidentes costuma se reunir na casa de Flávio e Vera, em Cotia para ensaiar e chama-se assim porque todos os seus integrantes já foram presidentes do condomínio em que residem por lá. 
Foi uma festa, pá!
E terminei fazendo uns versinhos, que foram apresentados no decorrer do sarau, estes:



SARAU PRÁ TODOS   



O sarau vem lá de longe

Vem dos ventos, da ventania

Vem dos mares, vem dos montes,

Trazendo grande alegria

Prá quem gosta de brincar

No mundo da fantasia



É um mundo bonito

Que tem canto e tem magia

Que tem dança e tem batuque

E também tem poesia

Declamada com prazer

Graça e categoria



Quem não gosta de brincar

Sem pressa, sem correria?

Quem não gosta de estar

Numa bela cantoria?

Só gosta quem não presta

Ou tem a cabeça vazia



O Sarau é maravilha

É beleza, é harmonia

É canto da liberdade

É a vida em sintonia

É exercício da paz,

Da livre cidadania


Mas um sarau prá ser completo

Tem que ter filosofia

Tem que ter muita história

De amor e valentia
Um sarau assim bem feito
É prá todo santo dia!

 

BRINCANTE

Sexta 12 assisti uma belíssima cantoria no espaço cultural Brincante. Os repentistas convidados foram o cearense Geraldo Amâncio e o paraibano Edival Pereira. Amâncio é decano do mundo do repentista e Pereira apresentador de um programa da categoria na rádio FM Imprensa, nas manhãs de domingo. Antônio Nóbrega participou da cantoria e Moreira de Acopiara e eu também.







BRINCANDO COM A HISTÓRIA (11)


sábado, 13 de maio de 2017

SARAU ONTEM, HOJE E SEMPRE

Tudo cabe em todo o canto, inclusive o mundo, você já pensou nisso?
O canto, o saber e o conhecimento não ocupam espaço físico em canto nenhum.
Depois que o macaco desceu da árvore e virou gente, tudo mudou para o bem e para o mal.
Mas há uma grande diferença entre o homem e o macaco.
Ao contrário do macaco, o homem pega, mata e come, com rudeza inexplicável, incivilizada.
O macaco, ao contrário do homem, não se distingue pelo bel canto.
Tampouco toca quaisquer instrumentos, não fala, não escreve e nem provoca desvios de rios de dinheiro dos cofres públicos. Mas essa é outra história.
Depois que o homem aprendeu a falar e depois a escrever, a sua vida mudou com a mudança do mundo.
Como se distraiam nossos remotos antepassados?
Hoje tem televisão, tem rádio, tem internet, o diabo a quatro.
Barulho há desde sempre, ao contrário da música tal como a conhecemos. 
É de se pensar que Platão, que viveu há 4 séculos antes A.C. registrou os diálogos socráticos a seco, sem nada, sem beber, sem comer, só ali nos registros? Não houve nem um tempinho para confraternização, abraços, conversas outras além dos diálogos, música, dança...? Um relaxamento geral, digamos assim?

Ao ajuntamento de pessoas no mesmo lugar, com o fim predisposto a conversar, brincar, cantar, tocar, dava-se o nome de Sarau.
Pois bem, há muito ouço dizer e li, que os saraus vêm da idade média. Ora, antes desse tempo iniciado no século 5 e findo no século 15 com a tomada de Constantinopla, hoje Istambul, houve outros tempos. Os tempos de antigamente, da pedra lascada etc.
Platão, que foi aluno de Sócrates e professor de Aristóteles viveu na Grécia antiga, como se sabe.
Talvez a indicação da origem dos saraus na idade média deva-se ao fato de ter sido naquela Era que surgiram no sul da França, na Provença, os trovadores e menestréis.
Os trovadores eram artistas que compunham histórias em verso e saiam por ali a cantar e a tocar, encantando meio mundo, como os menestréis. Havia, porém quem os chamasse de vagabundos. No princípio desse tempo, os versos eram compostos em quadras, pentassílabos. Depois em sextilhas, septilhas etc. Mas aí já estamos falando dos nossos velhos cantadores repentistas, que vêm de Portugal, que vem da Península Ibérica, dos Mouros, não é mesmo...
Gil Vicente (1465-1537) tem a ver com isso também:
O baiano Gregório de Matos Guerra, o Boca do Inferno (1636-1696), e o carioca Domingos Caldas Barbosa (1739-1800), podemos considerar nossos primeiros repentistas. Detalhe: Caldas Barbosa foi o criador do gênero musical Modinha, popularizada na terra de Camões.
O gosto brasileiro por saraus é, digamos, recente.
Veio com a família real, em 1808. Antes não havia a prática de se fazer esses encontros. 
Os primeiros saraus realizados em terras tupiniquins contavam com instrumentos musicais trazidos da Europa, naturalmente. E eram realizados nos casarões dos endinheirados. Hoje tudo ficou mais simples.
Sarau é uma ajuntamento de pessoas que desejam se rever ou se conhecer na casa de alguém, onde um longo repertório cultural é apresentado, por artistas profissionais ou amadores, interpretando poemas, contos e outros gêneros literários, além de música e dança de todo tipo, a critério do dançarino ou dançador. Nesses momentos são expostos talentos e experiências são trocadas. Todos cantam, todos tocam, todos dançam. É tudo espontâneo. Muito riso, muita piada, muita graça, tudo regado a um bom vinho, whisky ou cachaça. Esses encontros costumam durar horas.
Todo sarau vale a pena, junte os amigos em casa e comprove o que digo.
Tim Tim!
Ah! Juca Chaves e Elomar são exemplos de trovadores.
Você já ouviu falar em Altemar Dutra? Altemar era mineiro da safra de 1940 e morreu em Nova York em 1983. Clique:






BRINCANDO COM A HISTÓRIA  (10)





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