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segunda-feira, 15 de maio de 2017

SARAU ATÉ DEBAIXO DE VARAL



A primeira referência à literatura de Cordel, impressa, surgiu na segunda metade do século 19. Saiu no primeiro Dicionário de Língua Portuguesa, do lisboeta Francisco Caldas Aulete. Ele morreu antes de ver a sua obra publicada. No seu dicionário, esse tipo de literatura aparece de modo pejorativo. O verbete traz o nome simplificado de Cordel.
A literatura de Cordel propriamente dita, tal como hoje a conhecemos, começou a ser publicada em Portugal e logo depois no Brasil. O seu expoente máximo, não é um, são dois: Silvino Pirauá e Leandro Gomes de Barros, ambos paraibanos e desaparecidos no século passado.
Os folhetos em que passaram a ser inseridos pequenos textos corridos e poemas eram chamados de "folhetos de cordel".
Esses folhetos sempre foram vendidos de mão em mão e a baixo custo. Primeiramente por uma entidade de cegos em Lisboa, por autorização do rei vigente à época. Falamos do século 16, por aí.
Os Saraus surgiram muito antes dos folhetos de cordel.
Os folhetos eram escritos por poetas do povo, mas não só.
Muitos folhetos trouxeram histórias de príncipes e princesas, de feras indomáveis, de encantamento, de cavalaria, de guerra e paz.
A donzela Teodora é um clássico dos mais belos, que encontrou no Brasil o poeta Artur Azevedo como seu primeiro adaptador. A adaptação de Azevedo para Donzela constituiu-se numa opereta.
A palavra sarau vem do latim.
O sarau foi muito praticado pela aristocracia da velha Europa. Muito tempo depois é que o sarau popularizou-se.
Hoje, cordel é chic.
Hoje, sarau ainda é chic.
A expressão literatura de cordel foi cunhada pelo fato de ser, no Brasil, vendido de mão em mão e também nas feiras livres, pendurados em cordões, barbantes. Aqui, como lá. E não é demais dizer que o sarau, como o cordel, pode se achar em todo canto: até sob varais.
Sábado 13, tive a alegria de participar de um sarau (fotos). Um sarau completo, com todas as letras. Foi no bairro da Água Branca ou Barra Funda, por ali. Na casa de uma jornalista, Cris Alves. E sob o varal da casa, no fundo do quintal. Lá estavam 40, 50 pessoas, entre essas pessoas, artistas profissionais e amadores. Entre os profissionais, Arnaldo, Cícero e Brau (violão), Paulo (violão, atabaque e gaita), Flávio (cajon) e, além de todos eles no vocal, as belas vozes de Rosângela, Vera Frascino, Clara e Laís, as duas últimas filha e neta da Maria Felicidade. Amadores todos os outros que ali estavam e acompanhavam as músicas que conheciam, as vezes tocando um caxixi, um reco, reco, um chocalho, um pandeiro ou somente batendo um talher no copo de vidro. A Banda Ex Presidentes costuma se reunir na casa de Flávio e Vera, em Cotia para ensaiar e chama-se assim porque todos os seus integrantes já foram presidentes do condomínio em que residem por lá. 
Foi uma festa, pá!
E terminei fazendo uns versinhos, que foram apresentados no decorrer do sarau, estes:



SARAU PRÁ TODOS   



O sarau vem lá de longe

Vem dos ventos, da ventania

Vem dos mares, vem dos montes,

Trazendo grande alegria

Prá quem gosta de brincar

No mundo da fantasia



É um mundo bonito

Que tem canto e tem magia

Que tem dança e tem batuque

E também tem poesia

Declamada com prazer

Graça e categoria



Quem não gosta de brincar

Sem pressa, sem correria?

Quem não gosta de estar

Numa bela cantoria?

Só gosta quem não presta

Ou tem a cabeça vazia



O Sarau é maravilha

É beleza, é harmonia

É canto da liberdade

É a vida em sintonia

É exercício da paz,

Da livre cidadania


Mas um sarau prá ser completo

Tem que ter filosofia

Tem que ter muita história

De amor e valentia
Um sarau assim bem feito
É prá todo santo dia!

 

BRINCANTE

Sexta 12 assisti uma belíssima cantoria no espaço cultural Brincante. Os repentistas convidados foram o cearense Geraldo Amâncio e o paraibano Edival Pereira. Amâncio é decano do mundo do repentista e Pereira apresentador de um programa da categoria na rádio FM Imprensa, nas manhãs de domingo. Antônio Nóbrega participou da cantoria e Moreira de Acopiara e eu também.







BRINCANDO COM A HISTÓRIA (11)


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