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sábado, 4 de fevereiro de 2012

O MOLEQUE TOM ZÉ É UMA FESTA

Deixei a bicicleta de lado e fui ouvir Tom Zé.
Foi hoje domingo pé de cachimbo à tarde, no Parque Villa-Lobos, à Oeste da cidade.
Por acaso, pois eu não sabia que ele estava lá fazendo onda junto com a moçada.
Cheguei na hora de ouvi-lo mandar mundo e meio à putaquepariu por razões sei lá, enquanto, alternadamente, fazia a palavra porra explodir em uníssono com a platéia sob sol escaldante, em delírio e conivente.
Alegria pura.
Tom é o que é: um moleque-anárquico, pois, cheio de humor, um humorista; e não cantor de meios e jeitos tradicionais,
E nem voz teria pra isso, como Sílvio Caldas, Chico Alves, Orlando Silva, Nélson Gonçalves, Paulo Fortes, Roberto Luna, Fioravante...
Ele é de bagunçar coretos, isso é o que é.
Meio Chacrinha, quebrando amarras e sempre dando risadas,
Tom apresentou um repertório interessantíssimo, no qual inteiro coube o público.
Após uma penca de títulos mostrados, cantou a seu jeito, mais no fim, um forró estilizado falando de xique-xique ou sei lá.
A platéia endoidou, se mexendo e cantando refrão.
Em estado de graça, o moleque Tom Zé, pulando como se tivesse molinhas soltas nos pés, apresentou uma canção que fez para o alto de Pinheiros, onde estávamos.
Pra encerrar, contou a história de São São Paulo, Meu Amor... E mandou ver, lembrando uma certa Maria Joana que o censurou à época - 1968:
- Era pra tá na minha música: “Prostitutas invadiram/Todo centro da Cidade...”, mas ficou assim, por causa dessa Maria, uma grande católica: “Pecadoras invadiram...”.
Grande Tom, viva Tom!

MOREIRA DE ACOPIARA
Ontem, por acaso - sempre por acaso? - liguei a TV e peguei, sem querer - será sempre assim? – o poeta Moreira de Acopiara declamando um belo poema (Linguagem das Mãos, às páginas 342, 343, 344 e 345 do livro O Sertão é o Meu Lugar, da Duna Dueto Editora, 2011) no programa Ao Som da Viola, do seu conterrâneo e meu amigo Geraldo Amâncio, no canal NGT, que não sei se é gerado em São Paulo ou no Ceará. O fato é que foi uma coisa bonita o que ouvi.
Começava assim:

Pra que servem as mãos?
Para doar e pedir,
Ameaçar os irmãos,
Apaziguar e punir.
Servem para recusar,
Concordar, interrogar,
Condenar e absolver;
Sinalizar, aplaudir,
Chamar, negar, agredir,
Encorajar e escrever...

Grande Moreira de Acopiara!

BAHIA
O mundo está se acabando em Salvador, na Bahia.
Como pode?
Lá a ralé está invadindo estabelecimentos, saqueando e matando sob às barbas do Poder, hoje descontrolado e como Estado, falido.
O que está sucedendo lá é perigoso demais.
À ordem!
Polícia em greve, como pode?
Aguardemos os desdobramentos.









sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

BAILE NO SÍRIO LIBANÊS

Inezita realmente é única.
O telefone toca e antes de cair numa baita risada, ela diz quase atropelando as palavras:
- Acabei de vir de um baile no Sírio Libanês!
O “baile” a que se refere é a bateria de exames que seu médico carrasco determina que faça de tempos em tempos, no Hospital Sírio Libanês.
- E você sabia Assis - ela recomeça, sempre rindo -, que agora não há mais médico nos hospitais, que tudo agora é feito por máquinas? Nesse ritmo, logo, logo viraremos robôs.
E tome outra risada!
- E é tudo muito caro, veja você. Outro dia mesmo, eu tive de pagar R$ 900,00 por uma consulta. E olha que tenho plano médico, imagina se não tivesse.
Ela está alegre, principalmente porque está melhor de saúde e já na próxima quarta volta à frente das gravações do seu programa, o de maior audiência da TV Cultura: Viola Minha Viola.
Mudando de assunto, ela quer saber como anda de visitação a mostra Roteiro Musical da Cidade de São Paulo, que diz ter gostado muito.
- Pelo menos a noite de abertura foi bonita, não foi?
Foi, sim, e pela primeira vez - e isso ocorreu no último dia 25 - ela fez um show com teatro lotado contando a história de cada música inserida num repertório de 15 que escolhemos juntos, todas a ver diretamente com a vida da capital paulista.
De novo mudando de assunto, Inezita conta que acabara de dar uma entrevista a um repórter do jornal Correio da Paraíba e que falou bastante de mim e do livro que escrevi a seu respeito, A Menina Inezita Barroso; embora o principal assunto fosse a caixa com seis CDs - O Brasil de Inezita Barroso - que acaba de chegar ao mercado por iniciativa de seu organizador, Rodrigo Faour, mas que ela ainda não ouviu nenhum, por uma razão: ainda não recebeu exemplares da caixa que reúne 89 músicas que gravou entre 1955 e 1962.
Nesse ponto, ela para de rir e revela com certa raiva que herdeiros de três obras (Viola Quebrada, Azulão e Modinha, de Mário de Andrade, Jayme Ovalle e Manuel Bandeira) desautorizaram sua inclusão na caixa.
E desabafa:
- Herdeiros, há herdeiros!





quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

VOCÊ SABE QUEM FOI ALBERTO MARINO?

Você sabia que o instrumentista, maestro e compositor Alberto Marino nasceu no bairro da Liberdade, no domingo 23 de março de 1902 e morreu num sábado, 11 de fevereiro de 1967.
Pois é, façam as contas: 11 de fevereiro de 1967... E criou-se no Brás.
Os seus pais se chamavam Rosário e Carmella.
Alberto Marino regeu orquestras e foi professor-diretor do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e integrante do Quarteto Paulista, ao lado de Zaccaria Autuori, Guido Santorsola e Bruno Kunze, nos anos de 1920.
Compôs a sua música mais famosa, Rapaziada do Braz, na noite de segunda-feira 20 de novembro de 1917 para Ângela Bentivegna, com quem se casaria em 1924 e teria dois filhos, Alberto Jr. e Nice, que aparece aí ao lado da cantora Inezita Barroso, na noite de inauguração (25-1) da instalação Roteiro Musical da Cidade de São Paulo, da qual respondo como curador.
Antes de ser gravada em 1927 pelo Sexteto Bertorino Alma (anagrama de Alberto Marino), Rapaziada já integrava o repertório dos seresteiros de boa parte da cidade.
A primeira gravação dessa obra data de 1926, feita pelos saxofonistas J. Pizarro e O. Pizarro, para o selo Imperador. A segunda é do Sexteto Piratininga, formado, entre outros, pelo italiano Giuseppe Rielli, pioneiro na gravação de solos de acordeon em discos no Brasil, e pelo próprio Marino, para a etiqueta Arte-Fone.
Há gravações dessa música feitas por Jacob do Bandolim, Carlos Poyares, Waldir Azevedo, Dilermando Reis, Canhoto, Francisco Petrônio, Radamés Gnatali e muitos outros artistas.
O primeiro a gravá-la com letra de Alberto Marino Jr., que também atendia pelo pseudônimo de Allan Martin, foi Carlos Galhardo, num LP de 1965.
No dia 25 janeiro de 1968 foi inaugurado o Viaduto Alberto Marino, no lugar onde havia a porteira do Braz.
Dez músicas formam o conjunto da obra gravada pelo Sexteto Bertorino Alma, incluindo Senhoritas do Brás e Luar de São Paulo, essa última também com letra de Alberto Marino Jr.
Você que agora me lê bem que poderia juntar os amigos e familiares e ir visitar nesse fim-de-semana a instalação Roteiro Musical da Cidade de São Paulo, aberta ao público, de graça, no Sesc Santana, à avenida Luiz Dumont Villares, 579. Caso deseje, entre no portal www.sesc.sp.org.br , de onde foi extraída a foto que se vê ao alto.



quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A POÉTICA MUSICAL DE IVES GANDRA

A forte base de sustentação das diversas melodias do músico-arranjador Eduardo Santhana para o CD Para Ruth (ao lado) é óbvia: os poemas de 14 linhas curtos e decassilábicos e alexandrinos de Ives Gandra da Silva Martins.

Nessa nova empreitada poética Ives se sai muito melhor do que a encomenda, tanto que se não fosse quem é na área jurídica, um nome de renome internacional, certamente não faria feio como poeta de carreira.
A prova são os belos versos que extraiu de recôndita sensibilidade para o singelo CD/tributo a sua musa querida, Ruth.
Há verdadeiras pérolas no disco, de 15 faixas, como esta que aparece já na 1ª faixa (Navegantes do Espaço), e que diz para gáudio geral:

Navegantes do espaço cruzam mares
Marinheiros do tempo sonham luas
Saltimbancos das vidas estelares
Descortinam sidéreas sombras nuas.

E segue:

Cavaleiro e cavalo em descompasso
Formam nuvens pálidas no azul
Cavalgando sem nunca deixar traço
Como os corcéis alados d´Stambul.

A melodia desenhada elegantemente pela irrepreensível flauta em Sol e o bandolim mágico do craque Pratinha completa a beleza dos versos, assinados por Ives.
Outra pérola se acha na 4ª faixa (Meu Cansaço), em que o autor confessa, de chofre:

Neste tempo de naves pelo espaço
E de espaços, no tempo, descobertos,
Eu vivo navegando por desertos
Que se escondem detrás do meu cansaço.

A penúltima faixa (Rainha de Todos os Cantos), mote para o músico numa estrofe em quadra, talvez seja a melhor de todas. É uma tocante ladainha composta na forma tradicional e interpretada por Santhana (voz) e Pichu Borrelli no violão 12 cordas, percussão e efeitos perfeitos.
Para Ruth é um disco para ser ouvido na paz dos silêncios.
Altamente recomendável.





sábado, 28 de janeiro de 2012

UM MESTRE DAS ARTES PLÁSTICAS, MIGUEL DOS SANTOS

O gênio das cores e formas do Brasil Miguel dos Santos continua criando, graças a Deus. E isso é importante.
É importante principalmente porque o nosso país, na obra dele, aparece por meios, formas e óticas mais diversas, e naturalmente.
Na sua arte Miguel, o Mago, porque mágico, registra o cotidiano histórico através da crença popular, dos sentimentos, dos comportamentos, do dizer-fazer da gente de carne e osso - e água.
O Brasil é Miguel; Miguel é Brasil de formas e conteúdos incríveis.
Uma amostra do que faz – e digo - é o que se vê ao lado, São Jorge.
Mas procurem saber melhor quem é esse artista genial, de grandiosidade sem tamanho, por gigantesco.
Miguel dos Santos é um deus-nos-acuda.
Flores em vida.
Viva Miguel!

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

INEZITA BARROSO É SHOW!


Eu e Inezita Barroso subimos ontem à noite ao palco do teatro do Sesc Santana, para um rapidinho dedo de prosa.
Como previsto, eu falei e ela cantou.
A cantora-símbolo da boa música brasileira desde São Paulo respondeu com graça e naturalidade às perguntas que lhe fiz diante de uma platéia atenta e participativa.
Ela começou dizendo que ainda sente um friozinho na barriga toda vez que começa um show, seja para pequeno ou grande público.
Depois, contou da sua enorme paixão por São Paulo e a razão que a levou a interpretar o mundo caipira pela via da música.
Falou de Mário de Andrade e que a timidez a impediu de conversar com ele, seu vizinho no bairro onde residiam, Barra Funda, tradicional ninho do samba de Sampa.
No correr do espetáculo, que durou 1h37mim, ela fez o que nunca faz: situar as músicas do repertório num contexto histórico, pessoal e impessoal, de modo claro e objetivo.
Foram 15 obras apresentadas, incluindo valsas, sambas e modas de viola.
A primeira foi Serenata, obra-prima de Martins Fontes e Mary Buarque, sua professora de canto e piano nos anos de 1930, seguida de outras igualmente belas: Urutau, de Lamartine Paes de Barros; Rapaziada do Brás, de Alberto Marino; As Brabuletas (DP); Colcha de Retalhos, de Raul Torres; Chuá, chuá, de Pedro Sá Pereira e Ari Pavão; Divino Espírito Santo, de Torrinha e Canhotinho; Viola Quebrada, de Mário de Andrade; Bonde Camarão, de Cornélio Pires; O Batateiro, de Zica Bergami; Na Serra da Mantiqueira, de Ary Kerner; Ronda, de Paulo Vanzolini; Moda da Pinga (DP); Perfil de São Paulo, de Francisco de Assis Bezerra de Menezes; e, sob uma chuva de vivas e aplausos Lampião de Gás, de Zica Bergami.
Na noite anterior, durante o coquetel de abertura da instalação Roteiro Musical da Cidade de São Paulo, no já referido Sesc, Inezita foi apresentada a familiares de Alberto Marino, autor de Rapaziada do Brás, e disse, no show, que queria revê-los.
Disse também em público sentir a falta de Sylvia, filha de Zica Bergami, autora de Lampião de Gás.
Ao falar de Paulo Vanzolini, contou como ocorreu a gravação de Ronda, em 1953: por acaso esse samba foi gravado.
Há muito não se via um espetáculo musical tão completo e bonito.
PRÊMIO
- Inezita Barroso mais uma vez foi agraciada com troféu do Prêmio Governador do Estado. A solenidade, que teve à frente Geraldo Alckmin, ocorreu na última noite de 24, no Palácio dos Bandeirantes. A cantora educadamente declinou do convite de premiação para estar presente na inauguração da mostra Roteiro Musical da Cidade de São Paulo, cuja visitação ela recomendou ao público durante a sua apresentação ontem, no teatro do Sesc Santana.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

UMA VIAGEM AO TEMPO, NO SESC SANTANA


Logo mais, às 16 horas, estarei falando a respeito da instalação Roteiro Musical da Cidade de São Paulo na área de Convivência II do Sesc Santana, à avenida Luiz Dumont Villares, 579, sobre o resultado de uma pesquisa que desenvolvo há duas décadas sobre a música feita para esta chamada Terra da Garoa, aniversariante do dia.
A mostra, inaugurada ontem à noite com coquetel para convidados (na foto Peter Alouche, autor, com o violeiro Téo Azevedo, da toada São Paulo de Todos Nós) tem por finalidade mostrar que é possível contar a história de uma cidade – ou de um país – pela via da música, o que, embora óbvio, nunca foi feito.
Nos diversos espaços da instalação, o visitante terá certamente muito do que gostar.
No espaço “Arena”, por exemplo, será possível ouvir trechos de entrevistas com artistas feitas e levadas ao ar nos programas de rádio que apresentamos ao longo do tempo em São Paulo, hoje preservadas pelo Instituto Memória Brasil, IMB.
Nas “Janelas”, há destaque a personalidades como Paulo Vanzolini, Inezita Barroso e Alberto Marino, a movimentos musicais e levantes armados como a Revolução Constitucionalista de 1932, que teve no campineiro Guilherme de Almeida o seu grande poeta/herói.
No “Túnel”, além de originais e reproduções, há curiosidades.
Compositores e intérpretes daqui e de fora têm cantado a capital de tudo quanto é jeito, gêneros e ritmos, desde sambas e batuques a dobrados, marchas e pagodes; valsas, choros e forrós; baiões, xotes e lambadas; toadas, modinhas e maxixes, tangos, emboladas, corridos, polcas e rancheiras.
Loas à cidade em que nasceram a Jovem Guarda, o Tropicalismo e os festivais de música, e também QG do baião segundo seu criador, Luiz Gonzaga, se acham espalhadas nos martelos e redondilhas dos artistas improvisadores do Nordeste, como Sebastião Marinho e Andorinha, e do Sul, como Gildo de Freitas e Teixeirinha; nas chulas, lundus e fandangos e nas batidas inconfundíveis do pop-rock e do heavy metal.
Blues, reggaes e ragtimes são outros estilos notados nos temas à Sampa.
Anhangüera, do compositor alagoano Hekel Tavares, para orquestra, coros e solistas sob argumento de Marta Dutra e texto de Murilo Araújo, é um dos mais belos poemas sinfônicos já feitos para a cidade fundada por Manuel da Nóbrega e José de Anchieta, em 1554.
Com versos do carioca Fagundes Varela, o paulistano Francisco Mignone também deixou marca numa música de concerto para a cidade.
O manauara Cláudio Santoro fez o mesmo.
Idem o maestro Erlon Chaves e seu parceiro Mario Fanucchi.
DJs e MC´s que se multiplicam nas zonas Sul e Norte da megalópole não esquecem a temática.
Enfim, nas obras em referência – cerca de três mil –, há citações a ruas, avenidas, parques e pontes; estádios de futebol, bairros, praças e ônibus; camelôs, favelas e filas de banco; delegacias, HC, bares e chuvas – e enchentes – fora do tempo; fábricas, construções e buzinas; o metrô, a garoa, hoje sem graça; igrejas, largos e vilas; escolas de samba, Martinelli e Copam; Masp, USP, museus e monumentos; heróis, paisagens e rios; trabalho, trabalho, trabalho e hinos e odes para agremiações esportivas como Corinthians, São Paulo e Palmeiras.
Tudo ou quase tudo da cidade, sua gente e seu cotidiano tem sido abordado desde o século 18 nas obras de artistas que vão de DJ Hum a Thaíde, passando por Mano Brow, Rappin Hood, Emicida, Sabotage, Criolo e Negra Li; Cornélio Pires, Adoniran Barbosa, Mário Zan, Geraldo Filme, Germano Mathias, Jarbas Mariz, Edvaldo Santana, Costa Senna e Osvaldinho da Cuíca; Ary Barroso, Sílvio Caldas, Nélson Gonçalves, Luiz Gonzaga, Mário Albanese, Tom Jobim, Hermeto, Papete, Gil, Caetano e Vinicius, que uma vez caiu na besteira de dizer que São Paulo é o túmulo do samba.
Na longa lista de obras dedicadas à Sampa, também chamada de Capital Bandeirante, Terra dos Bandeirantes, Terra da Garoa e Paulicéia – a mais populosa do planeta, depois de Mumbai e Délhi, na Índia; Istambul, na Turquia; e Karachi, no Paquistão –, aparecem tragédias como o incêndio no edifício Andraus, em 1972, e o massacre na Casa de Detenção, em 1992.
São Paulo é grande até no número de obras em seu louvor.
Essa constatação começa a se confirmar em 1990, quando o editor do D.O. Leitura – antigo suplemento cultural do Diário Oficial do Estado de São Paulo –, Wladimir Araújo, nos pediu para escrever um texto sobre o tema até então inédito em livros, jornais e revistas.
De início colhemos duzentos e poucos títulos, como o samba Ronda, do paulistano Paulo Vanzolini; o tango Estação da Luz, do paulista de Jaú Herivelto Martins, com o carioca David Nasser; canções do paraense Billy Blanco, como O Céu de São Paulo e Grande São Paulo; o chorinho Cidadão Paulistano, do capixaba Carlos Poyares; o blues São Paulo Zero Grau, do piauiense Jorge Mello; e São São Paulo, Meu amor, do baiano Tom Zé, vencedor do IV Festival da Música Popular Brasileira em 1968.
O texto foi publicado no referido suplemento em fevereiro de 1991, em duas páginas.
Depois disso, achei partituras e notas em periódicos já extintos.
O Correio Paulistano, edição de 6 de agosto de 1862, noticiou a existência de um álbum intitulado Melodias Paulistanas, formado por 12 peças para canto e piano, de autoria do padre Mamede José Gomes da Silva, diretor do Liceu Paulistano e amigo de Antônio Carlos Gomes, o mais importante compositor operístico das Américas, autor de um hino aos estudantes de Direito do Largo de São Francisco: À Mocidade Acadêmica, com letra de Bittencourt Sampaio.
Mas antes de Mamede José e Carlos Gomes, houve quem louvasse a inspiradora cidade: os religiosos Calixto e Anchieta Arzão, em Missa a São Paulo, com data de 1750.
Em 1823, o músico Bento Maurício Arcade compôs Águas do Anhembi.
Numa frase?
Esta é uma biografia musical da cidade de São Paulo.
Tomara que gostem.

PS - Em seguida ao nosso bate-papo, às 18 horas, estarei no teatro do mesmo Sesc ao lado de Inezita Barroso.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

NO SEU DIA, SÃO PAULO GANHA BIOGRAFIA MUSICAL

- Você sabia que “Rapaziada do Brás”, com “z” no original, foi a primeira música dedicada a um bairro da cidade e que seu autortinha apenas 15 anos de idade quando a compôs?
- Você sabia que o autor de “Rapaziada do Brás”, Alberto Marino, era violinista e assinava suas obras com o anagrama Bertorino Alma, também nome de um sexteto criado por ele no início dos anos de 1920?
- Você sabia que “Rapaziada do Brás” ganhou letra em 1960, a pedido do cantor argentino naturalizado Carlos Galhardo e quem a compôs foi Alberto Marino Jr.?
- Você sabia que Alberto Marino Jr. foi promotor e desembargador do Estado de São Paulo e que ele atuou em mais de 300 sessões do Tribunal do Júri?
- Você sabia que Alberto Marino Jr. levou à cadeia o Bandido da Luz Vermelha e um de seus filhos, o juiz da Vara das Execuções Criminais Alberto Marino Neto, foi quem o libertou, em 2009?
- Você sabia que a letra do samba “Ronda”, do paulistano Paulo Vanzolini, tem sido cantada e gravada incorretamente até hoje?
- Você sabia que Paulo Vanzolini é um biólogo muito respeitado no mundo, com PhD em Harvard e também membro da Academia Brasileira de Ciências, desde 1963?
- Você sabia que Paulo Vanzolini foi diretor por muitos anos do Museu de Zoologia da USP, cuja biblioteca ele formou com os direitos de autor pelo samba “Ronda”?
- Você sabia que a cantora Laura Okumura participou do filme de suspense A Dama do Cine Xangai, cantando “Ronda”, em japonês?
- Você sabia que Mary Buarque foi professora de piano de Inezita Barroso, a primeira cantora a gravar o samba “Ronda”, em 1953, no seu 2º disco de carreira?
- Você sabia que Inezita Barroso foi professora de piano e folclore em duas universidades de São Paulo?
- Você sabia que a valsa “Lampião de Gás”, lançada por Inezita em 1960, ganhou versão em japonês de Kikuo Furuno, gravada por Yoko Abe, nos tempos dos discos de 78 RPM?
- Você sabia que a letra do samba “Trem das Onze” ficou engavetada por cinco anos e quem a desengavetou a pedido do produtor Braz Baccarin foi Arnaldo Rosa, um dos fundadores do conjunto Demônios da Garoa?
- Você sabia que o rei do baião, Luiz Gonzaga, faz referência a São Paulo em cinco músicas e que até lançou um LP intitulado SP: QG do Baião, em 1971?
- Você sabia que o sanfoneiro pernambucano Dominguinhos gravou até hoje apenas uma rancheira, "A Moça do Metrô”, com letra do jornalista Elias Miguel Raide?
Há muitas informações históricas e curiosiddes na instalação multimídia Roteiro Musical da Cidade de São Paulo, no Sesc Santana.
Você vai gostar.
Embora a mostra permaneça aberta à visitação pública, gratuitamente, até o dia 1º de abril próximo, o mesmo não ocorrerá com a maioria das atrações. Os ingressos para o show de abertura, por exemplo, a cargo da mais expressiva cantora de São Paulo, Inezita Barroso, já estão completamente esgotados. Corram: Tom Zé é a próxima atração.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

VAMOS LEVAR LANDELL DE MOURA ÀS ESCOLAS

Pouquíssimas vezes vi no correr da minha carreira de jornalista – de 40 anos – resultados tão positivos como esses que estão sendo devidamente alcançados pelo informativo semanal Jornalistas&Cia, tocado à frente pelo titã incansável da categoria, Eduardo Ribeiro.
Cá no caso específico, me refiro à campanha  movida em torno do Movimento Landell de Moura, de reconhecimento nacional do nome do padre-cientista gaúcho Roberto Landell de Moura, iniciada há dois anos pelo J&Cia, e que, a rigor, termina amanhã 21.
Esse dia 21 marca os 151 anos de nascimento de Roberto Landell de Moura.
Landell de Moura, precursor do rádio e das telecomunicações no Brasil, foi completamente esquecido pelos poderosos de plantão de sua época, e da nossa também nestes dias atuais.
Mas água mole em pedra dura...
As primeiras experiências para criação do rádio por Landell de Moura datam de 1893.
No dia 3 de junho de 1900, segundo notícia veiculada no Jornal do Commercio, ele conseguiu transmitir pela primeira vez a voz humana através de ondas eletromagnéticas, a partir da Rua Voluntários da Pátria, no bairro de Santana, e a Avenida Paulista, no bairro de Cerqueira César, na capital de São Paulo.
É história.
O feito foi testemunhado por representantes do governo federal e pelo vice-cônsul inglês Percy Charles Parmenter.
Pois é, e é pensamento comum que o inventor do rádio foi o italiano Marconi.
O Movimento Landell de Moura, que contou com valiosíssima pesquisa do jornalista-historiador Hamilton Almeida, autor de Um Herói Sem Glória, já renderam um selo pra cartas dos Correios em janeiro do ano passado e o título póstumo de Cidadão Paulistano.
Agora o nome do inventor está beirando a batida de martelo da presidente Dilma Rousseff para levá-lo ao Panteão dos Heróis.
Mas, o mais importante: está mais do que na hora de a história do padre Roberto Landell de Moura ir para as escolas de todo o País, para ser devidamente contada aos brasileirinhos que estão chegando.
Pessoalmente, já contei um pouco disso no livro de letras infantojuvenil A Menina Inezita Barroso (Cortez Editora, 2011). E continuarei contado essa história na exposição Roteiro Musical da Cidade de São Paulo, que será aberta ao público no próximo dia 25, no Sesc Santana.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

HIC, ENFIM UM LIVRO SABOROSO: DE BAR EM BAR

Lançado em 1994 pela Editora Siciliano, somente agora eu li a pérola São Paulo de Bar em Bar, escrito por Francesc Petit com base em pesquisas do legendário Mylton Severiano, o Myltainho, e Lídice Severiano.
Petit traça um belo roteiro alcoólico-gastronômico do que de melhor existia em Sampa dos 90.
Eu tive o prazer de conhecer boa parte dos bares selecionados.
Estão lá o Amigo Leal, o Bar das Putas, ao qual levei em noites diferentes os cantadores Elomar e Geraldo Vandré; o Bartolo, o Brahma, de tantos porres e desencontros; o Frangó, na Freguesia; o Long Champ, que apresentei a Sérgio Ricardo num fim de tarde e garoa fria; o Metrópolis, que freqüentei junto com o ainda anônimo William Bonner e a filósofa Marilena Chauí; o Martin Fierro, o Pé pra Fora, o Ponto Chic, de onde certa noite saí pra ser assaltado por dois vadios que pus a correr, na São João com a Ipiranga... O Riviera, ah o Riviera de tantos chopps com os cartunistas Angeli, Jotinha e o finado Glauco!
O Vou Vivendo, onde em noite comprida o mago Hermeto me tirou da mesa onde eu estava com o flautista Carlos Poyares e o violonista Heraldo do Monte, entre outros artistas cujos nomes a memória não me traz.
Lembro Hermeto, com a língua enrolada provocando:
- Você não é jornalista, crítico de música? Então, leia o que escrevi aí.
Ele tinha escrito uma música numa pauta na parede do Vou Vivendo e queria que eu a lesse...
Depois de muito bate-boca, o conciliador Eduardo Gudin - grande Gudi! – chegou com o “parem com isso!” e tudo terminou num tim, tim.
Tantas histórias!
Mas senti falta do Parreirinha na listagem do livro que é uma delícia de ler.
Eu ia lá pelo uma vez por semana, tomar umas e outras – e às vezes até jantar – com Inezita, Miltinho e Jamelão, sempre irritadiço.
Uma vez, cheguei lá com uma mulher e o Ronald Golias com seu jeito bronco foi logo tirando uma:
- Nova namorada?
Nem precisa dizer mais: o pau cantou.
Pois é, tão cedo e os tempos já são outros.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

BBBBBBBBBBBBBBBBBB ARGH!

Vou hoje quebrar a seqüência dos comentários que ultimamente venho fazendo sobre livros que acabo de ler.
Lamentável, mas vou fazer.
A razão?
Essa aberração chamada BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB qualquer coisa que a Plim Plim há anos nos põe goela abaixo, para ganhar grana e alienar todo mundo.
Lá dizem que acontece de tudo, até estupro.
Não duvido.
Outro dia recebi de presente O Livro do Boni.
Na obra, o autor de próprio punho me chama de amigo e diz que me admira pelo meu trabalho.
Inda bem.
O Geraldo Vandré estava cá em casa comigo (foto ao lado, de Darlan Ferreira) e comentou, depois de fazer observações a respeito da capa do livro:
- Ele sabe das coisas...
Dias depois eu vejo na própria TV Globo José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, dizer que não gosta e jamais dirigiria o que chamo de aberração, o BBB.
Quer dizer, o velho sabe mesmo das coisas.
E olha que o diretor do BBBBBBBBBBBBBBBBBBBB é seu filho, chamado de Boninho.
Com essa programação de lixo, até onde vai a Globo?
E a mim me pergunto: será que os bam bam bans que fazem televisão hoje acham mesmo que o Brasil é um país de idiotas?
Sei lá, talvez eu volte ao assunto...
Ah! E essa história de todo mundo procurar um rato que mordeu nesses dias uma funcionária no Senado, hein?
Cá pra nós, acho que essa não é tarefa difícil não, pois lá tem ratos a dar com pau.
Fui!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

LULA DÁ NÓ EM PINGO D´ÁGUA

Lendo O Que Sei de Lula, lembrei de uma passagem que tive como repórter da Folha com o personagem principal do novo livro de José Nêumanne.
Foi na madrugada da intervenção federal do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, ali nos fins dos 70.
Esperávamos o interventor, que enquanto não chegava jogávamos conversa fora em torno de uma mesa sentados e de pernas cruzadas, com Lula e Ricardo Kotscho que um dia assumiria a Secretaria de Imprensa da Presidência da República. Quando, enfim, o interventor apresentou-se, brinquei com Lula cantarolando um trecho de música de Roberto Carlos:
- O show já terminou...
Com olhar fulminante, irritado, ele reagiu com a rapidez de um raio:
- Show, que show? Aqui não tem show nenhum!
Logo depois, diria em entrevista que iria abandonar a liderança sindical.
Lembro isso para dizer que o personagem que dá título ao livro de Nêumanne não é sopa e nunca esteve pra brincadeira. E tal camaleão acuado, sai-se bem de qualquer parada, sempre.
Amigo de Deus e do Diabo, Lula aprendeu tudo o que sabe na escola da vida.
É um ás da política, capaz de dá nó em pingo d´água até em figurões já varridos pela morte da cena política nacional, como o general Golbery do Couto e Silva.
Um dia o general, diz a lenda, sonhou ter em Lula um aliado.
Lula, que faz da política um jogo de xadrez mortal, riu quando o general partiu.
O Que Sei de Lula é um livro bem-feito, bem escrito. Poderia ser confundido com um romance policial se não tivesse o título que tem, tamanha a quantidade de personagens inescrupulosas, inclusive, que se movimentam serelepes no virar de cada página.
É um enredo e tanto!
Dá filme.

domingo, 15 de janeiro de 2012

A FORÇA POÉTICA DE FERNANDO COELHO

Começo de ano é começo de tudo, também de pôr em dia leituras atrasadas.
É o que estou fazendo.
Nas mãos, a última página de Balada de Itapoã, novo livro do poeta baiano Fernando Coelho, jornalista fora da roda de engolir gente e sonhos, agora se dedicando à cata de pérolas que sua sensibilidade maiúscula não guarda pra si.
Essa balada é salutar; é obra boa de ler num fôlego a partir, mesmo, da dedicatória que lembra que “nossa história passa pela força do Nordeste”.
Aliás, o talento poético de Fernando Coelho é força de leão macho e de mil tempestades juntas.
Aparentemente sem nenhum esforço, ele dá cabo de seus propósitos ao extrair poesia até nas formas ocas e simples em que a vida se esconde.
Nessa sua poética, Fernando continua a brincar com palavras, fazendo jogo com elas.
O pretexto, aqui, é pedir o “de comer” a Iaiá para não passar fome na viagem que nos leva à Itapoã, sua "Bíblia do mar".
Ele quer marisco, quer caranguejo, quer arraia e sereia negra.
E quer mais, muito mais que o poeta não é bobo.
E taliquá cantador debaixo da aba de céu estrelado, o o cantor de Itapoã roga atenção dos habitantes encantados do mar, para se proteger.
Não dá, pois, para ficar indiferente aos versos de Fernando Coelho.
É tudo bonito o que ele põe nas páginas dos livros.
Leiam-no!

sábado, 14 de janeiro de 2012

SERRA DE NOVO PREFEITO? É PIADA

Ler que há gente – aliados – que querem, segundo o noticiário de hoje, que o ex-tudo e qualquer coisa José Serra volte a disputar a Prefeitura paulistana, é, no mínimo, um desvario.
Meu Deus!
Serra é algo chamado nada.
O PSDB, partido ao qual pertence, também.
Muro.
O partido do Serra é muro sempre, sem opinião construtiva.
Acabei de ler o livro A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr.
É um livro que todo mundo deve ler.
Não conheço pessoalmente o autor.
Mas um cara com o currículo desse Amaury, autor do livro agora necessariamente polêmico, não iria, com certeza, pôr no pescoço uma corda pra se matar.
Recomendo: leiam A Privataria Tucana.
Ante tudo que é dito nesse livro, o personagem Maluf, odiento e lamentável sob todos os aspectos, é fichinha.
Sem dúvida, o lobo não é Lula.
Amaury Ribeiro Jr., com esse livro, fez sua parte.
Claro, contra ele vão surgir muitos processos do PSDB.
Vão dizer que ele é mentiroso. E, pior: petista.
Parabéns, Amaury.
Seu livro é nota dez!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

EUGÊNIO LEANDRO CANTA HISTÓRIAS

O Brasil realmente é um país rico, em tudo.
Há muitos anos, o pintor Miguel dos Santos me surpreendeu adquirindo piano para tocar valsas e sonatas.
Depois, o mesmo Miguel voltou a me surpreender publicando um livro de poesias.
O Miguel de quem falo é uma espécie de Picasso melhorado, nascido em Caruaru, PE, e vivido na capital paraibana, João Pessoa.
É um criador e tanto, o Miguel; e um ser sempre bom e bem-humorado.
Agora quem me surpreende é o cantor e compositor cearense Eugênio Leandro, de quem acabo de receber, via Correio, um belíssimo livro que recomendo: A Noite dos Manequins (Expressão Gráfica Editora; Fortaleza, CE).
O livro, Prêmio Moreira Campos de Conto 2011, traz pérolas bem-acabadas como a que lhe dá título.
Gostei muito da história O Mar é Grande, Vincenta!, que começa na página 29 e termina na 37.
É historinha de um cantador de viola desgarrado e uma professorinha do interior sonhadora.
Ele, dono do mundo.
Ela, querendo ser dona do mundo dele.
Não daria certo.
E tudo acaba nos conformes.
O conto da página 81 que vai até à 90, também é bonito, singelo.
O personagem central é Aluizio, delegado de um povoado sem graça distante horas e horas de Fortaleza, cidade onde vive a paixão do delegado, sua noiva Izabele.
Ele pensa nela o tempo todo, inclusive na sexta-feira de lua que tirou pra comer no bar de Donanja.
O dr. Aluizio é ciumento, o que acontecerá ao fim do conto, hein?
Parabéns, Eugênio Leandro!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

MARIA DO CAPITÃO É LIVRO BONITO

Merece destaque em qualquer estante o livro Bonita Maria do Capitão, assinado por Vera Ferreira e Germana Gonçalves de Araújo e chancelado pela editora da Universidade do Estado da Bahia. O livro, ricamente ilustrado, conta a trajetória da Maria que morreu abraçada com seu amado capitão Virgulino ao raiar do dia 28 de julho de 1938, nas quebradas de Aracaju.
Ela tinha 27 anos quando a fatalidade lhe bateu à porta.
Ele, quase 40.
A noite de lançamento da obra foi ontem na Livraria da Vila, unidade de Pinheiros.
Concorridíssima.
Lá estiveram alguns cangaceiros das letras, como José Nêumanne e Ruy Gandra, que eu não via há muito.
Abrilhantando o evento, Antônio Amaury, principal biógrafo do Cangaço, chamou a atenção de muita gente.
Amaury pesquisa e estuda o movimento cangaceiro do Nordeste há 62 anos.
Na prática, pois, tem dedicado a sua vida à compreensão do fenômeno que teve na pessoa do capitão Virgulino o símbolo maior.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

HISTÓRIA E BELLE ÉPOQUE

Tenho andado fora do ar, como uns e outros devem ter notado.
Pulei fora do Natal, pulei fora do tal ano novo.
Festividades que a mim nada me dizem.
Tibunguei no mar torto do sul da Bahia para trazer de volta a esperança de viver.
Tomei umas, claro, e apreciei o vento bater no peito.
O céu do Sul baiano tem coisas que nunca vi em lugar nenhum. Exemplo é que o tempo de repente se fecha, com nuvens pesadas e tudo, e umas canequinhas de chuva sem mais nem menos parece cair do nada para refrescar corpos.
Achei muito interessante.
Um sol danado e, de repente, um chuá em pingos.
Beleza.
Também aproveitei pra ler.
Um dos livros foi sobre a belle époque paulista, melhor: sobre a cidade de Franca, chamado Modernização Urbana na Belle Époque Paulista, de Fransérgio Follis, resultado de dissertação de mestrado para a Faculdade de História, Direito e Serviço Social da Unesp.
Se mais mestrandos fizessem o que Follis fez, certamente outro Brasil viria à tona. Para isso, e pra começo de conversa, bastaria um mergulho nos anais das câmaras municipais e bibliotecas públicas.
Fica a dica.

domingo, 18 de dezembro de 2011

DIA DE MORTE ONTEM NO BRASIL, DE BAILE HOJE NO JAPÃO

Ontem o dia foi de morte, pois partiram para longe, numa viagem sem fim, o ator que sabia tudo de teatro no Brasil, Sérgio Britto; o carnavalesco que sabia tudo de carnaval no Brasil, Joãozinho Trinta; e uma das cantoras que cantavam a vida como poucas na nossa língua, Cesária Évora.
De certa forma, hoje também o dia foi de morte: o “Peixe” morreu afogado, suicidado. E todo mundo viu essa tragédia a partir das 8h30, horário de Brasília. Foi um baile, um chamamento à morte como o fazem as sereias.
Mas poderia ter sido pior o suicídio para quem viu. Por essa ótica, o resultado de 4 x 0 bastou.
Por que isso?
Porque ao invés de jogar, a equipe do Santos estranhamente optou por reverenciar o time de Messi.
Apenas isso, e por isso perdeu o título que poderia ter disputado pau a pau, de campeão de Mundial de Clubes.
Bom, fica para o Corinthians ano que vem.

DO BAÚ
Procurando nos meus arquivos um registro fotográfico de entrevista que fiz há anos com os craques paulistanos da nossa literatura Marcos Rey e Lourenço Diaféria, para o programa Gente e Coisas do Nordeste que apresentei na extinta Rádio Atual, achei uma foto (acima) em que me revejo magro e metido a besta ao lado do querido amigo Paulo Vanzolini, e mais à frente, todo de branco da paz, incluindo o sorriso, o poeta brasileiro nascido no Egito Peter Alouche, autor de uma das mais belas letras sobre a cidade de São Paulo, que republico abaixo.
Antes, um doce para quem adivinhar o nome dos outros personagens que aparecem na foto.

Vim de terras bem longínquas
Abrigar-me no teu calor;
Fugi da fome de solos áridos
Fugi de guerras de almas secas;
Vim da Sicília, vim do Japão,
Sou português, sou catalão,
Sou libanês, perdi meu chão,
Não tenho pátria, sou judeu errante,
Vim procurar paz, lar e pão.
Sou branco, sou negro, sou oriental,
Sou nordestino do sertão
Deixei a casa onde eu nasci,
Ah! Que saudades do Cariri!
Vim descobrir minha esperança
Ao te pedir chão e trabalho;
Com muita lágrima e suor,
Fui perseguir teu futuro,
Edifiquei tua riqueza,
Tornei-te forte e poderosa,
A mais altiva da nação.
São Paulo, São Paulo de todos nós
Ao te ver de braços abertos,
Te adotei no coração.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

LUIZ GONZAGA NÃO MORREU

Caso ainda estivesse entre nós de corpo e alma, o que seria muito bom, Luiz Gonzaga rei do baião estaria completando hoje 99 anos de idade.
A sua extensa obra já gerou quase uma trintena de livros e centenas de folhetos de cordel e músicas  umas 500 em sua homenagem, compostas e gravadas pelos mais importantes artistas do País, como Chico Buarque.
A propósito, vocês já ouviram o novo disco do Chico?.
Ouçam também a última edição do programa Vira e Mexe, apresentado por Paulo Rosa na Rádio USP.
Gonzaga não morreu.
Exemplo disso é o belo poema elaborados aos moldes dos cordelistas que está sendo lançado agora pelo pernambucano de Araripina Cacá Lopes, Vida e Obra de Gonzagão - O Mais Completo Cordel Ilustrado Sobre Luiz Gonzaga (capa ao lado), para o qual escrevi o texto de contracapa que segue abaixo:
O mundo do repentismo, isto é, da improvisação poética ao som de violas, é recheado de modalidades, ao contrário, por assim dizer, do mundo do cordelismo, que é basicamente habitado por sextilhas, setilhas e décimas. Desse mundo, porém, grandes nomes se sobressaíram e se eternizaram no Brasil a partir dos últimos anos do século 19, como Silvino Pirauá, Leandro Gomes de Barros, João Martins de Athayde, João Melchíades, Firmino Teixeira do Amaral, Francisco das Chagas Batista, José Camelo Rezende e o mais biografado deles: Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré, que alcançou o tempo da televisão e da internet.
Depois desses, muitos outros têm surgido espontaneamente ou através de concursos como os realizados em São Paulo em 2002 e 2003, que trouxeram à tona nomes em gestação, pouco conhecidos, mas de grande talento, como Pedro Costa, Rouxinol do Rinaré e Varneci do Nascimento.
Esses concursos renderam 410 mil folhetos, que foram distribuídos gratuitamente na rede estadual de ensino.
Da nova geração, há muitos outros nomes já firmados no mercado, como os irmãos Klévisson e Arievaldo Viana, Allan Sales, Moreira de Acopiara, Cícero Pedro de Assis e Marco Haurélio, além dos profissionais que fazem cordel e música ao mesmo tempo, como Chico Salles, Costa Senna e Cacá Lopes.
Cacá passou cerca de dez anos gerando as quase 400 estrofes deste livro, que recomendo a todos que gostam de leitura versificada, feita com categoria e sensibilidade.
Vida e Obra de Gonzagão, O Mais Completo Cordel Sobre Luiz Gonzaga é diferente dos outros que contam a história do Rei do Baião por ser todo escrito em estrofes de seis versos.
Até agora, ninguém havia se dedicado a desenvolver tal façanha.
Por isso, mas não só por isso, o autor está de parabéns.
À leitura!

PS- O livro está sendo lançado pela Ensinamento Editora. Contato: poeta@cacalopes.com.br

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

BONI, JORGE MELLO E MÁRIO LAGO


Fila interminável ontem à noite na Livraria Cultura, ali na Paulista.
O assunto era Boni, que estava autografando livro sobre a sua história – e da Globo.
Encontrei um monte de amigos e conhecidos.
Lá estavam Júlio Medaglia, Solano Ribeiro, Tarcísio Meira, Lima Duarte, Marília Gabriela e tantos.
Como a fila não terminava nunca, só aumentava, dei meia volta e cá estou, desde então.
Eu queria saber de Boni que fim levou o tape do Festival da Canção que registrou o alvoroço provocado por Geraldo Vandré (foto) na madrugada de 29 de setembro de 1968, no ginásio do Maracanãzinho, ao ficar em 2º lugar na disputa com Sabiá, de Chico e Tom.
O que eu queria saber, o amigo Darlan Ferreira também queria. E sem meias palavras, perguntou. Rindo, Boni disse que também tem curiosidade de saber o paradeiro do tape.
Ao saber disso, Vandré, que deseja também ver o tape, ficou pasmo, sem acreditar.
A busca continua.

JORGE MELLO
Outro dia eu trouxe de Paris um CD com várias músicas de autores brasileiros, e de intérpretes. Entre os quais, o piauiense de Piripiri Jorge Mello. Ele achou curioso e não deu muita bola, pois dissse que havia no Rio um artista homônimo. Hoje, porém, por acaso pôs o disco para ouvir e, surpresa! Era ele mesmo cnatando, só que a música Se Acaso Você Chegasse, de Felisberto Martins e Lupicinio Rodrigues, estava com título diferente: Se Caso Você Não Chegasse, assim mesmo. Pois, coisas da vida.

MÁRIO LAGO
No evento comemorativo aos 100 anos de Mário Lago, realizado no dia 26 do mês passado, no Rio, uma pessoa querida da família do ator foi vítima da emoção, desmaiou e morreu. Pois é, coisas da vida.

domingo, 4 de dezembro de 2011

CORINTHIANS, PENTACAMPEONATO
Hoje 4, 12 de 11
Uma data inesquecível
Que existiu para provar
Que o Timão é imbatível
Jogando contra quem for
Jogará de modo incrível

E hoje no Pacaembu
Desembaraçado e pimpão
Respeitou o adversário
Faturou mais um jogão
Que dedicou ao Dr. Sócrates
Grande mestre da emoção

Torcedores estão felizes
Por vibrar com o Timão
A equipe do grande Parque
Que vive na contramão
Provocando rebuliço
Na mente e no coração

Mas Coringa é Coringa
Aqui e em todo lugar
Por ser ele o time que é
Um motivo pra se amar
A torcida fica feliz
Sem ter o que reclamar

O DR. SÓCRATES FOI JOGAR NO CÉU


O Dr. Sócrates cansou desta vidinha besta, pegou o chapéu e partiu. Antes, deu ao povo alegria e provocou polêmica de todo tipo.
Ora, ora, onde já se viu um jogador de futebol ter cabeça pra pensar, e acima de tudo de modo próprio e sem ninguém mandar, hein?
Pois isso ele fez, e fez com a categoria que lhe foi peculiar no correr de meio século.
Ele foi o artífice da idéia que gerou a Democracia corintiana, lembra?
Também brigou pelas eleições Diretas, subindo em palanques e dizendo o que pensava.
Ciente dos diretos e deveres do cidadão, Sócrates era um ser e tanto!
Algumas vezes nos encontramos para prosas em torno de música, futebol e literatura.
Isso mesmo, literatura.
Ele gostava dedilhar violão, cantar, ler e escrever.
Chegou a gravar um LP (capa, acima) interpretando músicas que lhe marcaram a vida.
Ele levava a vida numa boa, sem traumas ou dramas.
Era resolvido.
Uma vez me surpreendeu declamando poesias suas e do português Fernando Pessoa.
Guardo comigo algumas dessas declamações que gravei em fita-cassete, e também alguns textos poéticos de sua lavra, escritos à própria mão.
Cheguei a publicar algo a respeito em jornais e revistas.
No D. O. Leitura, por exemplo, extinto suplemento cultural do Diário Oficial do Estado de São Paulo, dei até capa desenhada pela pena brilhante de Ionaldo Cavalcanti, com quem ele deverá se encontrar daqui a pouco prum porre, no céu.
Eu estou triste com sua partida, logo hoje quando o Corinthians se sagrará pentacampeão do Brasileirão.
Vários artistas cantaram Sócrates.
A letra abaixo, Sócrates Brasileiro, de Zé Wisnik, coube a Ná Ozzette gravar em 1988.

Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira
Deu um pique filosófico ao nosso futebol
O sol caiu sobre a grama e se partiu
Em cacos de cristais
As cores vestiram os nomes
E fez-se a luta entre os homens
Até os apitos finais
(Disseram os deuses imortais)
A história não esquece que a bola
Se negou, mas chorou nosso gol
E vai se lembrar para sempre
Da beleza que nada derrotou
Mas quem será que diz que venceu
No país em que o ouro se ganhou e perdeu
(Derreteu)
O futebol é a quadratura do circo
É o biscoito fino que fabrico
É o pão e o rito o gozo o grito o gol
Salve aquele que desempenhou
E entre a anemia a esperança
A loteria e o leite das crianças se jogou
Com destino e elegância dançarino pensador
Sócio da filosofia da cerveja e do suor
Ao tocar de calcanhar o nosso fraco a nossa dor
Viu um lance no vazio herói civilizador
(O Doutor).

sábado, 3 de dezembro de 2011

LEITE MATOU CARLOS PARANÁ, HÁ 41 ANOS

Eu não conheci o compositor paranaense Luiz Carlos Paraná, morto no Hospital Oswaldo Cruz em São Paulo num dia e mês como os de hoje, 3 de dezembro, há 41 anos.
Quem sempre me falou a seu respeito, e muito bem, foi o autor de Ronda e Volta por Cima Paulo Vanzolini, seu amigo e parceiro no Jogral dos movimentados anos de 1960 e 70.
O Jogral, que teve endereço ali na Galeria Metrópole, no centro de Sampa, marcou época.
Lá Vanzolini chegava a fazer vezes de garçom e, entre uma prosa e outra, bebericava, sem culpa, com um ou outro frequentador.
Também ora ou outra arriscava cantar, contar causos e declamar antes de se "apresentar" à seleta platéia no melhor estilo dos cantadores repentistas do Nordeste, em sextilha:

Eu sou Paulo Vanzolin
Animal de muita fama
Que tanto corre no seco
Como na varge de lama
Mas quando o marido chega
Corre pra baixo da cama

O Jogral foi um lugar one se podia beber e ouvir música de qualidade.
Era frequentado por intelectuais e artistas do naipe de Martinho da Vila, Luiz Gonzaga, Ismael Silva e o bom Manezinho da Flata, sobrinho de Pixinguinha. .
Lá Paraná também cantava, tocava e servia a todos com sorrisos de paz e alegria.
Ele era o dono do ambente, como Paulo.
A obra de Paraná é pequena no tamanho, mas não no requinte e grandeza.
De Paulo, Paraná gravou alguma coisa como Capoeira do Arnaldo.
De Paraná muitos gravaram, entre os quais Adauto Santos, Cascatinha e Inhana e Roberto Carlos, que defendeu Maria Carnaval e Cinzas no III Festival de MPB em outubro de 1967, classificando-a em 5° lugar, para insatisfação de muitos.
Naquele tempo e naquele templo, tudo era festa.
Luiz Carlos Paraná nasceu em 1932 e morreu, de cirrose, em 1970, sem nunca ter ingerido uma gota sequer de álcool.
Só leite, pode?
Por isso, acho que leite faz mal.
O Paulo também, que foi radical e parou de compor desde o fim de Paraná, embora contnui tomando umas e outras em sua homenagem.
Inezita, que dizem andar meio adoentada nos seus 86 anos, concorda também.
Outro dia, ela me disse que vai trocar de médico.
A razão, explicou:
- Ele está com a idéia de me tirar do paladar o gostinho do bom vinho.
E caiu na risada.
Ah! Esses médicos de hoje!

RESTAURANTE ENVENENA SÓCRATES


Pena: mais uma vez Sócrates (na foto aí ao lado comigo, nos tempos de democracia corintiana) volta ao hospital Einstein para tratamento. Foi quinta à noite, em estado grave. E mais grave: vítima de intoxicação após almoço num restaurante de São Paulo, ao lado da mulher, Kátia, e de um amigo.
A mulher e o amigo também passaram mal, segundo Juca Kfouri no seu blog posto há pouco no ar.
Outros absurdos, como esse do envenenamento do cidadão Sócrates num restaurante de Sampa, leio no espaço livre da Internet.
Dizem que ele está com problemas de saúde porque bebe etc. e tal.
Ora, pro inferno tais falas!
Cada um cuida de si como acha, pode e deve.
A Sócrates o que é de Sócrates, inclusive o direito de viver - e morrer - como quer.
Que restaurante é esse, hein, Juca?

MÁRIO LAGO
Atendendo a convite do agitador cultural da Benedito Calixto, Edson Lima, falei ontem à noite na Biblioteca Alceu de Amoroso Lima sobre outro grande brasileiro: Mário Lago, jornalista, advogado, ator, poeta, escritor, o escambal. Mário foi um cidadão que acreditou enormemente na vida e no ser humano. Queria um Brasil melhor e viver 100 anos. Ele deixou nas suas ações a beleza de viver, ao participar de tudo que indicasse o caminho do bem-estar coletivo, independentemente de raça, cor e religião. Em todos os momentos ele procurava dar cor à vida, até na prisão por onde várias vezes passou acusado de ser comunista. Sim, Mário Lago foi um dos maiores revolucionáros brasileiros do século XX. Deixou saudades e uma extensa e bela obra. Viva Mário!   

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O BRASILEIRO QUE ACOMPANHOU GARDEL, EM PARIS


Já estamos às vésperas de novo ano e até agora ninguém se deu à tarefa de sequer lembrar os dez anos do desaparecimento do mais importante sanfoneiro-compositor do Brasil, o mineiro de Uberaba Antenógenes Silva.
Professor informal de Luiz Gonzaga nos tempos de vaca magra, Antenógenes construiu ao longo de seus de 70 anos de carreira, oficialmente iniciada com a gravação de dois discos de 78 RPM, em 1929, uma das mais completas e belas discografias da música brasileira.
Seus primeiros dois discos traziam o choro Gostei de tua Caída e a valsa Norma; o maxixe Saudade de Uberaba e a valsa Feliz de quem Ama, de sua autoria e gravadas num mesmo dia: 4 de novembro.
As gravações de Antenógenes em discos de 78 RPM somam exatos 150, duas dezenas e pouco mais do que conseguiu gravar o Rei do Baião, que curiosamente iniciou a carreira com dois discos gravados num dia - 14 de março -, na mesma gravadora de Antenógenes, a Victor, em 1941.
Cerca de cinco anos antes de partir, no dia 9 de março de 2001, Antenógenes me deu entrevista na qual revelou, com emoção, ter sido o único sul-americano a se apresentar com o rei do tango Carlos Gardel, em Paris, na condição de acordeonista.
Não custa lembrar que nos fins dos anos de 1950, Antenógenes, depois de ganhar o 1º lugar num festival de música internacional, na Alemanha, foi considerado o mais importante acordeonista do mundo.
Antes disso, ele participou de filmes e gravou em discos de Katherine Dunhan e da portuguesinha Carmen Miranda, nos Estados Unidos e Europa.
Acho que foi nessa mesma entrevista que ele contou ter sido afinador de sanfonas de Luiz Gonzaga, quando Gonzaga já era chamado de rei do baião.
A obra de Antenógenes bem que merece bons lugares nas lojas de discos, não é mesmo?

AUDÁLIO DANTAS
- Logo mais às 20 horas, o tranqüilo e sempre craque do jornalismo Audálio Dantas (acima, sem chapéu), nordestino bom da cepa, filho e guerreiro do reino encantado de Tanque D´Arca, no coração das Alagoas, se apresentará no auditório do Itaú Cultural para contar um pouco da sua longa história. Dessa maneira, ele atende a pauta do programa Jogo de Ideias, Série Repórter, da TV Itaú. Entrada franca. Vamos lá?

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