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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

UM RIO CHEIO D'ÁGUA

Depois das cinzas, muito porre, orgia e arrependimento os foliões voltaram à vidinha do feijão com arroz.
Os estragos, como lembranças presas à retina ficaram para trás.
N'alguns pontos da Capital paulista, como a Vila Madalena, ficaram os restos orgíacos de quem não nasceu para conviver em sociedade.
Um horror!
Muito bicho com cara de gente foi visto nas ruas da cidade, em bandos.
Agora juntem-se o horror e a beleza, O dinheiro sujo de sangue e miséria com risos, brilhos e fantasias.
O resultado é êxtase sob as palmas do mundo.
Não dá para esquecer nesse processo a dinheirama que o ditador da  Guiné Equatorial despejou na conta dos donos da beija-flor.
Quatro décimos levaram á vitória a Beija-flor.
Foi tudo muito bonito, inclusive a poética contida no enredo. Entendo, porém, que a ética é um bem impagável, e como tal, qualquer cidadão, de qualquer lugar dele deva se orgulhar.
Um cidadão aético não é cidadão.

Depois de muito tempo, o Rio Piracicaba transbordou. Foi hoje. Com isso enormes volumes d'água seguiram para o Rio Tietê e do Tietê para o Paraná, para a Argentina e de lá, para o mar.
O que quero dizer com isso?
Quero dizer da incompetência e da indiferença dos nossos governantes que não mexem uma palha para, por exemplo, criar um meio para guardar ou represar a água que sobra dos rios.
É pra chorar ou não é?

Para lembrar uma cantiga que trata do Rio Piracicaba, clique: 

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

COISAS DA TELINHA E DA TELONA

Mesclada por meninas recém saídas da adolescência, uma multidão de mães e vovós pra frentex como se dizia lá atrás, nos anos de 1970, ocupou, no último fim de semana, as mais de um mil salas de projeção de filmes espalhadas Brasil a fora, doidas para ver cenas picantes e de maus tratos saídas das páginas de três tijolões intitulados 50 tons de cinza, da londrina Erika Leonard James, que estão sendo consumidos pelos rabos de saia do mundo todo.
Na estreia, o filme dirigido por Sam Taylor-Johnson, faturou cerca de 150 milhões de dólares nos EUA. No Brasil, até agora cerca de nove milhões de reais.
A história é babaca. Trata-se de uma jovem estudante que vai entrevistar para um jornal da sua faculdade. Os dois se envolvem nos lençóis e lá fazem tudo o que o diabo manda. E aí rola de tudo. Além de chicote e algemas, tem até serrote, frigideira, martelo e prego! Eu, hein!

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Ontem, ouvindo o programa Cartão Verde da TV Cultura, me deliciei com as histórias do ex-craque de futebol dos campos brasileiros Dadá Maravilha.
Dentro ou fora do campo, Dadá sempre foi e é uma maravilha!
Indagado sobre se fora proibido de transar antes dos jogos da Seleção, ele respondeu com a maior tranquilidade do mundo algo como: não se perdia na solidão, se completava por si próprio.

Viva o Dadá!

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Como eu disse ontem, a Vai-vai conquistou esse ano o seu 15º título.
A festa pelo novo título rolou na quadra da escola na Bela vista até de manhã. E atenção, no próximo ano, os foliões da Vai-vai, vão estar noutro lugar, pois no atual deverá surgir uma nova estação do Metrô.
A informação nos foi passada pelo amigo Tobias.
Daqui a pouco, saberemos qual será a campeã do carnaval carioca. Eu gostei muito da Unidos de Vila Isabel, que levou a Sapucaí, merecida homenagem e corpo presente ao paulistano Isaac Karabtchevsky, um dos maiores maestros do mundo. Tem 80 anos de idade.

...

Muitos amigos tem me telefonado para falar da minha presença na banca de pitaqueiros do Jornal da Cultura anteontem. Foi legal, quem não assistiu, clique:



terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

VIVA O CARNAVAL BRASILEIRO!

Oitenta e cinco anos depois de fundada, a escola de samba Vai-vai fatura o seu 15º título: o de campeã do carnaval paulistano 2015.
O novo título foi conquistado após um belíssimo desfile no sambódromo, onde outras 13 escolas desfilaram para gaudio dos milhares de espectadores que lotaram as arquibancadas e camarotes mesmo com os preços custando os olhos da cara.
A Mancha Verde e a Tom Maior, caíram.
No Rio de Janeiro, as escolas também fizeram bonito.
O resultado se saberá amanhã.
Eu, particularmente, gostei muito da Unidos de Vila Isabel, que homenageou o paulistano maestro Isaac Karabitchevsky.
A festa de comemoração ao 15º título da Vai-vai começou agora pouco, por volta das 18 horas, no bairro da Boa Vista, sua sede.
Essa festa se prolongará até o ano que vem, com muita cerveja, chuva e alegria.
Os canais de TV e emissoras de rádio não param de falar do carnaval que ainda prossegue em várias cidades brasileiras, como Salvador, onde folia não tem hora pra começar nem dia pra terminar.
Em Recife o frevo também continua.
O resultado disso tudo é o seguinte: a música está ganhando. Explico: a Vai-vai ganhou comemorando Elis Regina e, no Rio de Janeiro, quem sabe? A música também se reafirmará na batuta do maestro.
Detalhe: além da Vai-vai, outra escola que também abordou o tema música, a Tucuruvi, também  brilhou. O seu tema para o samba foi as antigas marchinhas do carnaval de outrora. Ficou em 6º lugar.
Viva o carnaval brasileiro!

Para lembrar, clique:

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

NA AVENIDA, MAESTRO UNE O POPULAR AO ERUDITO


Um fio invisível separa a cultura popular da cultura erudita, mas, a fonte que abastece a cultura erudita é visível e tem um nome: cultura popular. Exemplo disso é a obra de Shakespeare, de Alighieri e Cervantes. A obra de mistérios e calafrios de Poe também tem tudo a ver com o popular, por ser baseada no cotidiano banal da sua época. Porém, é do banal que se extrai a essência das qualidades literárias, musicais etc.

Na verdade, nem precisamos ir à Inglaterra de Shakespeare, à Itália de Alighieri e à Espanha de Cervantes, tampouco à Boston (EUA) do autor de O Corvo. Aqui mesmo, no Brasil, temos Augusto dos Anjos, Gilberto Freyre, Machado de Assis e outros grandes literatos de ontem. De hoje, Dalton Trevisan.

Carlos Gomes, o maior compositor operístico das Américas, foi quem levou pela primeira vez o nome Brasil para a Itália e outras partes do mundo. Isso a partir da segunda metade do Século XIX, que é quando ele apresenta O Guarani no Scalla de Milão.

São muitos os exemplos de arte popular e arte erudita, com a segunda bebendo diretamente na fonte da primeira. E para ilustrar tudo isso, não custa lembrar que a escola de samba Unidos de Vila Isabel, este ano com o enredo O Maestro Brasileiro Está na Terra de Noel, tem Partitura Azul e Branca da Nossa Vila Isabel, (para ouvir, clique abaixo) confirma que a nossa rica diversidade étnica se une com perfeição numa só unidade cultural, como bem diz o jornalista e escritor José Antônio Severo, autor do livro “os Senhores da Guerra”.  

A escola que leva o nome do bairro onde o bamba do samba Noel Rosa nasceu, homenageia o maestro Isaac Karabitschevsky que tantas alegrias já nos deu nas salas de concerto afora. Nessa madrugada, na própria avenida, mostrou toda sua grandeza ao reger em campo aberto uma orquestra. Foi coisa de encher os olhos. E ouvidos.  


Quero dizer com isto que o Brasil, com todas as suas mazelas e incongruências, ainda tem jeito. Viva o samba! 


domingo, 15 de fevereiro de 2015

O QUE HIENA TEM A VER COM CARNAVAL?



 Não faz tempo brincava-se o Carnaval por três dias seguidos, tanto que o período era chamado de “tríduo momesco” que culminava com a quarta feira de cinzas.
Eram brincadeiras simples, de cantigas simples, de marchinhas, de confetes e serpentinas nos clubes.
Hoje isso mudou nem confetes e serpentinas há por ai. O que há é muito exagero acompanhado de muita coisa que não presta como crack e desrespeito ao vizinho.
O tempo em que o Carnaval era brincado de modo simples e espontâneo e seu período chamado de tríduo momesco não existe mais, pois foi substituído por um tempo que é o tempo todo. Não tem mais esse negocio de três dias. Na Bahia, por exemplo, o Carnaval começa em Janeiro, ou antes.
Para ilustrar isso, basta lembrarmos que na Bahia quando não se esta dançando está-se ensaiando, como certa vez me disse o menestrel Juca Chaves.
Refiro-me, claro, ao nosso Carnaval.
O povo brasileiro é um povo difícil de ser entendido.
Como definir um povo que sofre e ao mesmo tempo ri tanto, até de si próprio.
Será que temos algo a ver com hiena?
Andei escrevendo mais longamente a respeito do nosso Carnaval, dos seus personagens compositores, da musica característica do período...
Clique:



sábado, 14 de fevereiro de 2015

CARNAVAL VENDIDO!

Na última madrugada perdi o sono e pelos meus ouvidos entrou o manjado e - quase sempre - irritante baticumbum das escolas de samba do grupo especial paulistano, no sambódromo, criado pela conterrânea Luiza Erundina, ex-prefeita de São Paulo.
O baticumbum começou com a Mancha Verde, cujo enredo tratou do centenário de criação do Esporte Clube Palmeiras, seguido dos Acadêmicos do Tucuruvi.
O enredo do samba da escola da Zona Norte da cidade tratou das antigas marchinhas de carnaval.
A última escola a desfilar no sambódromo paulistano foi a Nenê de Vila Matilde.
O baticumbum continua hoje.
Nas ruas do centro e da Vila Madalena, principalmente, o que se viu e ouviu foi a zoeira de dezenas de blocos de sujos.
Um bloco feminino, afro, chamado Ilu Obá de Min, foi um dos que, como sempre, encheram de alegria olhos e ouvidos dos foliões.
Hoje o desfile no sambódromo será aberto pelo samba da Vila Maria e encerrado com a X9 paulistana, escola pela qual desfilei há dois anos, em cima daqueles enormes carros alegóricos (acima, coisa que certamente jamais voltarei a fazer).
O baticumbum no Rio de Janeiro começará amanhã, na Marquês de Sapucaí.
Mas o carnaval de escola de samba, tanto no Rio quanto em São Paulo, está vendido: quem paga mais, vai pra avenida.
A Beija-flor de Nilópolis, é um exemplo disso: o ditador da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, que detém a oitava fortuna pessoal do mundo, segundo o ranking da revista norte-americana Forbs, comprou a sua alegria pela bagatela de dez milhões de reais, em dinheiro vivo. E mais: ele ainda entendeu de enfiar um "verso" seu na letra do samba intitulado "um griô conta a história: um olhar sobre a áfrica e o despontar da guiné equatorial. caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade".
Que vergonha, ter os bolsos cheio de dinheiro sujo procedente de um país que vive na miséria, como a Guiné Equatorial.
Desde já, zero para os dirigentes da Beija-flor.

TV CULTURA
Depois de amanhã, segunda, estarei integrando a mesa de pitaqueiros do Jornal da Cultura, a partir das 21 horas. Meus pitacos serão expostos após a apresentação das mazelas em forma de notícia em destaque no correr daquele dia. Um exemplo? Digamos que o apresentador dê a notícia que o mundo acabou. O meu comentário certamente será: "já não era sem tempo, acabou porque não prestava". 
Quem não tiver muito o que fazer, sintonize a Cultura nesse horário.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

O SAMBA PEDE PASSAGEM

Hoje é sexta feira 13, de Carnaval.
É a festa mais popular do Brasil e uma das maiores do mundo.
Começou com o Entrudo, no século 19.
O carnaval como nós conhecemos, é brasileiro. Mas as suas origens remontam há muitos séculos, desde os tempos em que galinha tinha dente. No entanto, repito: Como tal o conhecemos é brasileiro.
Nos barracões a bagunça está organizada há meses e ganhará a avenida logo mais às 23 horas.
A primeira escola a desfilar é ....
Na telinha de fazer doido, como dizia o bem humorado Stannislaw Ponte Preta, é uma mesmisse só com muito colorido e pernas e outras coisas de fora. Mas há alternativa para olhos cansados dessa mesmisse: O rádio.
Aliás, hoje é o Dia Mundial do Rádio, criado pela ONU - Organização das Nações Unidas.
Quando o carnaval começou a substituir o entrudo, a bagunça começou a ser organizada. Tão organizada que o Barão do Rio Branco chegou a falar a respeito:
E aí vieram as marchinhas.
Vieram as marchinhas, os sambas de ritmos diversos e só bem depois, os sambas de enredo.
O primeiro disco com sambas de enredo, foi gravado nos fins de 1950.
Era tudo muito simples, tudo muito natural, tudo, a bem dizer, familiar.
Em São Paulo, havia corsos, como no Rio de Janeiro.
Lembro que certa vez, o maestro - vejam só! - Eleazar de Carvalho contou-me da beleza que era desfilar na Rio Branco dos anos 50; ele, tocando tuba; Pixinguinha, flauta; João da Baiana, Villa-Lobos e Almirante, entre outros bambambans da época.
Uns 20 anos antes, o mesmo Eleazar estreara em disco "de 78 voltas", acompanhando com a sua tuba a portuguesinha abrasileirada Carmem Miranda.
Mas essa é outra história.
Em São Paulo, as escolas de samba datam dos anos de 1930.
Em São Paulo, o carnaval passou a ser notícia de rádio, com narração inclusive, no começo dos anos de 1960. Quando, por iniciativa do radialista Moraes Sarmento, a gravadora Continental levou à praça o primeiro LP reunindo sambas de enredo interpretados pelo paulistano Geraldo Filme e a rainha do baião, a carioca Carmélia Alves.
A televisão encontrou nos desfiles carnavalescos um modo simples de ganhar audiência e faturar alto para seus cofres.
Só anos depois, e me refiro aos anos 60/70, é que o rádio também entrou na parada.
A partir de hoje por exemplo, a Rádio Estadão promete por seu bloco de jornalistas/radialistas na rua e no ar, sob o comando do craque Emanuel Bomfim. Com Bomfim, estarão Leão Lobo, Renê Rodrigues, a compositorta, deputada e cantora Leci Brandão e o veteraníssimo Moisés da Rocha, titular há quase 40 anos do Programa O Samba Pede Passagem, pela rádio USP.
A palavra Carnaval aparece escrita pela primeira vez no dicionário Aulete, impresso em Portugal no ano de 1842. Diz o verbete:
"Carnaval (kar-na-vál), s. m. os dias próximos e anteriores á quaresma, e principalmente os três dias antes da quarta feira de cinzas. // Folguedos, mascaradas; orgias.// F. ital. Carnavale.
Como se vê, pouco mudou da essência do carnaval desde as suas origens.
Os sambas de enredo do carnaval paulistano deste ano de 2015 são, na sua maioria, muito bonitos. Destaque para "Entre confetes e serpentinas, Tucuruvi relembra as marchinhas do meu, do seu, do nosso Carnaval", dos compositores Fábio Jelleya, Henrique Barba, Leandro Franja, Serginho Moura, Gabriel, Fabinho Chaves, Edu Borel e JC Castilho.
Clique: 



NOTA TRISTE
Da página do Facebook do amigo cordelista Marco Haurélio, o seguinte registro:

Morreu ontem, como um passarinho, em Brumado, Bahia, Dona Maria Rosa Fróes, contadora de histórias, cantadeira de romances, rezadeira, mestra da cultura baiana, brasileira, universal.
Conheci-a em 2005, apresentado por minha colega do curso de Letras da UNEB e neta de Dona Maria, Giselha Rosa Fróes. Registrei com a sua voz dezenas de contos e lendas, espalhados nas seguintes obras:
_Contos folclóricos brasileiros_ (Paulus, 2010);

_Contos e fábulas do Brasil_ (Nova Alexandria, 2011);
_O Príncipe Teiú e outros contos do Brasil_ (Aquariana, 2012);
_Contos e lendas da Terra do Sol_ (com Wilson Marques, Folia de Letras, 2014).
Também devo a Dona Maria talvez a versão mais estruturada em língua portuguesa da milenar “História dos três Conselhos”, que registrei em sua forma original e depois verti para o cordel, conservando sua estrutura básica.
Reproduzo aqui, em sua homenagem, o conto “Toco Preto e Melancia”, que faz parte da obra _Contos e fábulas do Brasil_.
Era uma vez um homem que vivia com a mulher e as filhas. Uma de suas filhas se apaixonou por um rapaz que morava nas redondezas. Pelo fato de o moço ser tropeiro, o pai dela não permitia o casamento, alegando que ele viajava muito e não parava em casa. Ela respondeu que ele viajava para ganhar a vida, mas que se tratava de um bom rapaz:
— Quem vai casar com ele sou eu, e não o senhor, meu pai!
Como não adiantava reclamar, a moça e o rapaz começaram a namorar escondido. Um dia, combinaram um encontro na roça de mandioca do pai dela, onde tinha um toco preto no lugar de uma árvore queimada. Ele disse:
— Nós vamos nos encontrar toda semana no dia tal.
E assim foi feito: eles se encontravam para conversar sem o pai da moça saber. De noite, ela dizia que ia à casa da vizinha e, desviando do caminho, ia ao encontro dele. O namorado, então, fez essa proposta:
— Vamos nos tratar com outros nomes: você me chama de Toco Preto e eu a chamo de Melancia. Assim ninguém vai desconfiar. O casal continuava a se encontrar nos dias marcados. Mas, depois do último encontro, ele ficou um ano sem vir, viajando com sua tropa. Nesse espaço de tempo, apareceu um moço chamado Antônio de Zé Moreira que queria casar com Melancia. A moça disse aos pais:
— Ele é muito bom, mas não para casar comigo. — Mas, depois de pensar que já fazia um ano sem ver o seu amado, resolveu aceitar o casório. O casamento foi marcado no mesmo dia em que se davam os encontros entre Toco Preto e Melancia. Quando Toco Preto retornou da viagem, ficou sabendo do casamento de sua amada. Então ele disse:
— Não tem nada, não. — E chamou um empregado, dizendo:
— Vai na casa da moça que está se casando e faça tudo o que eu mandar. — E passou todas as informações para o empregado.
A festa rolava solta com os noivos no salão. Naquilo, chegou um homem e começou a jogar uns versos que diziam:
Lá na serra da Taquara
Desceu hoje um cachorrinho
Tomando sol pela testa
E vento pelos ouvidos.
Lá no toco preto, ingrata,
Eu deixei o seu gemido.
E o homem continuou dançando e cantando:
— Samba pra trás, rapaziada! Samba pra trás, rapaziada! — enquanto jogava os versos. Mas Melancia só ouvia, sem desconfiar do que se tratava:
Oh! que moça tão bonita
Tão custosa a desconfiar.
Minhas avistas, Melancia.
Toco Preto está no lugar!
Bastou ele cantar estes versos para ela entender tudo. Pediu licença à madrinha, dizendo que ia se deitar um pouquinho para descansar. Em casa, chamou uma empregada que lavava a louça, e disse:
— Ana, pegue uma lata, coloque uma galinha cheia e um lombo com farofa, feche-a e ponha numa sacola e traga para mim, rápido!
As outras empregadas pensaram que era presente para alguém na festa. Com toda cautela, Melancia saiu pelos fundos com a empregada Ana. Na estrada para a roça, tinha uma porteira. Ana segurou-lhe o vestido para não se sujar e as duas seguiram viagem. Quando chegaram na roça de mandioca, no toco onde se davam os encontros, o rapaz que jogou os versos já as esperava. Toco Preto ordenou, então, ao empregado que pegasse os cavalos, que estavam arreados. Montaram rapidamente e tocaram viagem para a terra de Toco Preto.Na festa, quando deram por falta da noiva, a mãe perguntou à madrinha:
— Cadê Ana?
— Está na cozinha lavando louça!
— E minha filha?
— Ah, ela foi se deitar um pouco porque estava cansada, mas já faz um bocadinho.
A mãe resolveu, então, ir ao quarto procurar a fi lha, mas não a encontrou. Na cozinha, soube que ela e Ana saíram com uma sacola, e que já fazia um tempinho.
Desta forma, Melancia saiu para encontrar-se com seu Toco Preto e deixou noivo, festa e todos para trás.


terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

ABRE ALAS, É CARNAVAL!

A marchinha de carnaval como tal conhecemos nasceu livre no ano da graça de 1899, logo após a princesa Isabel alforriar os negros que se matavam de trabalhar em prol do progresso dos seus senhores.
A marchinha à qual me refiro é Ó Abre Alas, criada pela carioca Francisca Edwiges Neves Gonzaga a pedido dos foliões do histórico cordão Rosa de Ouro. Essa marchinha porém só foi gravada integralmente em disco no começo da década de 70, pelas irmãs Batista - Linda e Dircinha -, filhas do cantor e compositor cômico Bastista Jr.

Chiquinha, portanto, foi a mãe da marchinha.
O frevo, que nasceu também por aquela época teve como pai Matias da Rocha.
Os continuadores direto da marchinha e do frevo, foram respectivamente, Braguinha e Capiba.
O nome de batismo de Braguinha era Carlos Alberto Ferreira Braga e do Capiba era Lourenço da Fonseca Barbosa.
Naquele tempo o carnaval estava ainda tomando forma, pois o que existia era o Entrudo, que era uma brincadeirinha de péssimo gosto em que uns agrediam outros das formas as mais lamentáveis.
O frevo só passou a ser conhecido nacionalmente por volta dos anos 30 e  40 do século passado. Hoje o frevo ocupa espaço apenas em Pernambuco, especialmente na capital recifense.
O auge das marchinhas carnavalescas ocorreu entre os fins de 1930 e começos dos 60, mas vez por outra põe as unhas de fora como agora, em São Luís de Paraitinga e nas capitais do Rio e São Paulo.
Curiosamente, as marchinhas estão embalando os blocos que ora se multiplicam Brasil afora.
A primeira vez que a palavra Carnaval aparece impressa é no Aulete, primeiro dicionário da língua portuguesa.
A palavra frevo aparece impressa pela primeira vez em 1908, num jornal pernambucano de pequena tiragem.
Mas tudo tem seu tempo.
As marchinhas já não são as mesmas, embora o frevo ainda resista com sua bela coreografia e passos que desfiam passistas e encantam as pessoas que os acompanham.
Mas, como eu disse, o frevo ocupa apenas uma parte do território pernambucano.
Os pernambucanos são uns privilegiados!
E o Galo da Madrugada hein?

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

HOJE É DIA DE FREVO!

Dizer que o frevo pernambucano existe desde que existe Pernambuco, seria exagero. Mas certamente dizer que o frevo pernambucano existe há mais de cem anos não seria simplesmente uma verdade; Mas, sim,  uma verdade definitiva.
O frevo, Patrimônio Imaterial da Humanidade,  como boa parte do Nordeste e do Brasil conhece saio da cuca de Matias da Rocha, que compôs a “frevente” Vassourinhas. Ouça:


 Isso na virada do século XIX para o século XX, embora a sua primeira gravação date do final da primeira metade do século passado.
Frevo é uma corruptela da palavra ferver.
A primeira vez que essa palavra aparece na discografia brasileira é na composição Frevo Pernambucano, numa gravação do rei da voz, Chico Alves.
Essa música é  de Lupece Miranda e Osvaldo Santiago. Hoje é o Dia do Frevo.

Viva o Frevo!

domingo, 8 de fevereiro de 2015

CARNAVAL, SAMBA E BLOCOS


O samba existe desde o semba, que é um gênero de origem africana e que tem rigorosamente, tudo a ver com os nossos conhecidos lundu e batuque.
O samba tal e qual hoje conhecemos, fincou suas raízes primeiramente no interior de São Paulo, embora boa parte dessa história nos remeta à primeira década do século XX ao Rio de Janeiro.
No correr dos anos pós descoberta do Brasil pelo navegador Cabral, navios negreiros despejavam escravos no incipiente porto de São Vicente, a mais antiga cidade brasileira assim nomeada por Américo Vespúcio em 1532. Muitos desses escravos separados de suas famílias, eram encaminhados para o trabalho duro no interior do estado. Para lazer, o máximo que seus senhores permitiam era que cantassem e dançassem ao som dos instrumentos que eles próprios construíam. O som era o batuque, tirado de rústicos tambores.
Batuque e semba tinham e têm tudo a ver.
E do semba para o samba foi um passo.
No ultimo mês de 1916, no Rio de Janeiro, o jornalista Mauro de Almeida e o batuqueiro Donga se apropriaram do ritmo que rolava na casa da velha bahiana Tia Ciata e o registraram na Biblioteca Nacional. No ano seguinte, o nosso primeiro cantor profissional, Bahiano, gravou para a Casa Edson o que se chamou de samba: Pelo Telefone.
Mas bem antes disso, os negros vindos de Portugal deixaram a sua marca nas senzalas paulistas.
Em 1914, na capital de São Paulo, o negro descendente de escravos Dionísio Barbosa criava o primeiro cordão carnavalesco, no qual o samba era o ritmo mais forte.
Essa história é comprida.
A primeira escola de samba criada para o carnaval surgiu no Rio de Janeiro, em 1928.
A segunda escola de samba criada para o carnaval surgiu na capital paulistana, em 1934.
A segunda escola de samba paulistana chamou-se Lavapés e surgiu em 1937, e que existe até hoje.
Desde os primórdios, o carnaval era um divertimento popular.
Com o advento das escolas, isso foi mudando.
Hoje as escolas são atrações que levam as pessoas a gastar dinheiro, muito dinheiro, restando ao blocos, hoje em processo de fortalecimento, a levar a alegria espontânea às ruas.
Neste carnaval de 2015, cerca de um milhar de blocos carnavalescos estão programados para irem às ruas do Rio de Janeiro. O mais antigo de lá é o Bola Preta, que reúne, anualmente, mais de um milhão de foliões.
Este ano em São Paulo, foram catalogados 302 blocos, muitos deles recebendo apoio financeiro da Prefeitura de Fernando Haddad.
Não custa dizer que antes de o povo descobrir e brincar o carnaval, o carnaval era coisa da aristocracia europeia, que usava máscaras e dançava valsas em amplos e requintados salões.

Quem sabe um dia o carnaval volte a ser a alegria do povo.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

UMA PRECE À SANTA DOS CEGOS

Cego no mundo existe desde que o mundo é mundo. E há cegos de todo tipo: magro, gordo, cabeludo, careca, rico, pobre, negro, branco, alto, baixo, feio, bonito e também mulheres e crianças.
Na Bíblia, cegos aparecem em vários versículos.
Antes mesmo de Cristo, muitos cegos se celebrizaram, como Homero e Diógenes.
Aliás, já escrevi bastante a respeito. Clique:
Não são poucas as pessoas que andam no mundo tateando.
Deficientes visuais são quaisquer pessoas que apresentam obviamente algum tipo de deficiência visual, como estrabismo, miopia, catarata, etc.
No Brasil, calcula-se em cerca de 80% o numero de pessoas que apresentam problemas de visão.
Em suma, qualquer pessoa que usa óculos de graus é pessoa deficiente visual. Eu, por exemplo, por não ter muito o que fazer andei pensando na Santa padroeira dos cegos e escrevi isto que Darlan Ferreira postou com a minha voz:


VITAL FARIAS/CANTORIA
Acabo de receber do cantor e compositor Vital Farias duas pérolas que ele conservou no seu baú de coisas de ontem:
A gravação do espetáculo cantoria que fez ao lado de Elomar Xangai e Geraldinho, que ele agora para o formato CD. Ponto pra ele. Acho que tudo que é bom deve chegar ao alcance do público.


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

É TEMPO DE OUVIR GERMANNO E JURANDY


Assis, Antônio, Jurandy da Feira, Luciana Freitas, Moisés da Rocha e
Germanno Júnior .  (Foto: Darlan Ferreira)
Jurandy da Feira, de Batismo Jurandy Ferreira Gomes, cantor, compositor e violonista de recursos inimagináveis para 
um forrozeiro, como assim ficou conhecido desde que o rei do baião, Luiz Gonzaga, passou a gravar músicas de sua autoria. 
Germanno Júnior, que um dia já foi Zé do Coco, é um compositor de múltiplas qualidades.
A primeira música que o Rei do Baião gravou de Jurandy foi o forró "Nos Cafundó de Bodogó", inserido no LP capim novo (RCA), produzido pelo compositor, instrumentista e arranjador pernambucano Rildo Hora, em 1976. 
O que Jurandy e Gernanno têm em comum?
Simples: Qualidade e talento.
O disco novo de Jurandy, Outras Cantorias, é duplo e traz no total, 21 faixas,
das quais apenas uma (Movimento) que traz um parceiro: Almir Padilha.
É um álbum muito bonito esse do Jurandy, com ritmos lentos e outros apressados que não deixam a desejar por agradar a gregos e baianos. Na escala de zero a dez, a nota é dez.
O novo disco do Rio-grandense do Norte Germanno Júnior, Forró do Tempo dos Mestres, é também um disco muito bonito, com compassos alterados de faixa a faixa e igualmente incapaz de deixar quem quer seja indiferente. Começa com Dominguinhos cantando e tocando (Eterno Rei do Baião) em homenagem a Luiz Gonzaga, ao lado de Germanno. O mesmo Dominguinhos volta a fazer duo com Germanno na última faixa, interpretando a música - título do seu LP de estreia, em 1964, Fim de Festa, que saiu pelo selo Cantagalo do original forrozeiro baiano Pedro Sertanejo, pai do mestre Oswaldinho do Acordeon.
A nota para esse disco do Germanno é a máxima.
Os dois artistas estiveram recentemente exibindo as suas qualidades no Instituto Memória Brasil, IMB.

Para ouvir as músicas do LP de estreia de dominguinhos, clique no link abaixo: 


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

SARAU NO INSTITUTO MEMÓRIA BRASIL

Uma trintena de pessoas do mundo artístico compareceu à sede do Instituto Memória Brasil, IMB, no último fim de semana. O motivo desse encontro foi discutir os rumos da entidade e escolher a sua nova Diretoria, incluindo o Conselho Fiscal e Consultivo. Entre os artistas presentes estiveram também os jornalistas Audálio Dantas, Eduardo Ribeiro, Roniwalter Jatobá, Luciano Martins Costa, Ricardo Viveiros, que esteve acompanhado de seu filho Miguel; Vitor Nuzzi, Matias José Ribeiro, Luciana Freitas e Rivaldo Chiném.
No decorrer do encontro discutiu-se questões pertinentes aos diversos meios da cultura brasileira, como música, teatro, cinema e literatura.
No sábado, 31, as discussões em torno da nossa cultura no IMB, se iniciaram por volta das 11 horas , com a presença do contador Cícero Afanso e dos advogados Jorge Mello (que também músico) e Armando Joel.
O cordelista e estudioso da cultura popular Marco Haurélio, autor de mais de 40 livros, discorreu amplamente a respeito das suas atividades e da pobreza que se vê hoje em dia nos meios de comunicação de massa, especialmente a televisão. A sua fala provocou muitas observações. Foi unânime. O editor José Cortez, da Cortez Editora, não só concordou com Marco como enalteceu a importância do Instituto Memória Brasil como guardião da história da nossa cultura popular. Ele disse, entre outras coisas, que "O IMB é uma instituição que merece toda a atenção de quem pensa Brasil pela via da formação do indivíduo na sociedade", acrescentando ainda que "Não dá para dissociar educação de cultura". O poeta e jornalista Ricardo Viveiros seguiu falando na mesma linha do editor Cortez. Ele lembrou  da dificuldade de se fazer pesquisas a respeito de cultura popular, a partir de discos de 78 rpm por exemplo. "Esses velhos discos são muito importantes, mas onde achá-los para pesquisa? Acho que só no IMB".
O maestro e compositor Mário Albanese, criador do gênero musical Jequibau, junto com Ciro Pereira, falou da importância de grandes artistas de passado não muito distante, como o violonista Garoto.
Enfim, o encontro que reuniu expressivos nomes das artes no IMB, foi marcante. Todos falaram sobre tudo referente às suas atividades: Osvaldinho da Cuíca (Primeiro Cidadão Samba de São Paulo, título conquistado em 1975), Théo de Barros (coautor da moda de viola Disparada) e Papete, compositor e um dos maiores percussionistas do mundo, junto com Naná Vasconcelos e Airto Moreira.
Escolhidos os novos membros da Diretoria e Conselho, seguiu-se um sarau com os artistas Jarbas Mariz, Jurandy da Feira, Luiz Wilson, Natanael e Janaína Pereira, do grupo musical paulistano Bicho de Pé.
O produtor Darlan Ferreira, encerrou o encontro com esta pérola: "E olha que dessa vez, não estiveram presentes Vandré, Tinhorão, Anastácia, José Hamilton Ribeiro, Oswaldinho do Acordeon, Bráz Baccarin e nem Deus". Viva a cultura popular brasileira! (Fotos by: Daniel Justi/Clarissa de Assis)

Saiba mais sobre o IMB, clicando no link abaixo: 

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

VIVA VANJA ORICO!

O câncer é morte, e como tal uma "coisa".
O câncer é morte, e como tal intratável.
No mundo, há gente boa e gente ruim.
Gente ruim é intratável.
Na literatura universal, a morte é referida como uma senhora muito feia. Essa senhora, é mais feia do que qualquer bruxa do mal. Ela, toda maltrapilha, carrega às costas uma foice muito bem amolada. E dela ninguém escapa, nem as estrelas como Vanja Orico.
Já escrevi diversas vezes sobre a importância da cantora e atriz carioca Vanja Orico. 
Em 2009 escrevi, por exemplo:
Comecei a blogar textos de forma tímida e descontinuada, sem pretensão.
O primeiro que escrevi foi sobre a atriz e cantora carioca Vanja Orico, de batismo Evangelina, cuja fala a respeito de suas experiências mundo a fora eu mediei na tarde de 26 de março de 2009, para pequena – e seleta – plateia na área de convivência da unidade Sesc Vila Nova http://assisangelo.blogspot.com.br/2009/04/dia-da-mentira.html
Vanja, estrela do filme O Cangaceiro, clássico de Lima Barreto, foi a primeira e única atriz brasileira e da América do Sul a ser dirigida pessoalmente por Federico Fellini (Mulheres e Luzes) na Itália, em 1950.
A sua discografia é extensa.
A primeira música que ela gravou, em abril de 1953, foi Sodade Meu Bem Sodade, de Zé do Norte, pseudônimo do paraibano de Cajazeiras Alfredo Ricardo do Nascimento (1908-79).  
De batismo Evangelina, a artista que ficou conhecida no mundo todo como Vanja Orico deixou um legado muito importante para a cinegrafia mundial.
Ela nasceu 15 de novembro de 1931 e morreu ontem, vítima de câncer.
A cultura brasileira, sem ela, fica mais pobre.

PARABÉNS
Ontem foi um dia de festa para a jornalista Luciana Freitas e seus amigos. Motivo: Seu aniversário, que foi compartilhado com grande animação no espaço de comes e bebes num shopping da capital paulista. Com ela estiveram cantando parabéns a filhona Carol, o pai Eli, as irmãs Elaine e Viviane, os primos Sidnei e Shirlei, o companheiro Maurício e sua filha Tatá, a jornalista Rosely Tardeli (a primeira apresentadora do programa Roda Viva da TV cultura) e mais uma multidão de gente bonita. Tin, tin, viva Luciana!

Luciana é a titular do portal Por Dentro da Mídia: http://pordentrodamidia.com.br/ 



segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

VANDRÉ E O ANIVERSÁRIO DE SÃO PAULO

Numa longa entrevista que fiz com Geraldo Vandré em 1978, para o suplemento dominical, já extinto, Folhetim, do jornal Folha de São Paulo, fiquei sabendo que ele, Vandré, nascera na capital de São Paulo no começo dos anos 1960.
Vandré é o alterego do paraibano, de João Pessoa, Geraldo Pedrosa de Araújo Dias, de profissão advogado. 

Está claro, não está, que Vandré é uma criação do Dr. Pedrosa?
Pois bem, os anos se passaram e nos tornamos amigos.  
Há 25 anos, eu desenvolvo uma pesquisa sobre a música composta para a cidade de São Paulo. Já são mais de 3.000 títulos devidamente catalogados nos arquivos do Instituto Memória Brasil - IMB, que presido.
Há pelo menos duas décadas, durante conversa de miolo de pote, indaguei a Geraldo/Vandré porque a té então não compusera uma música ou poema sobre  a cidade paulistana.
Com ar de paisagem, ele respondeu:
 - É mesmo...
O tempo continuou a passar, ou nós por ele, e o fato é que um dia Geraldo me apresentou um poema a que deu o título de A Rosa do Povo.
Para minha surpresa - e alegria -, na noite de 24 de março do ano passado, no palco do Teatro Bradesco, a personagem de Geraldo Pedrosa de Araújo Dias declamou um fragmento do referido poema para a uma platéia estasiada.
A seu lado estava o mito feminino da música de protesto norte americano, Joan Baez.
A cidade de São Paulo foi fundada em 1554, por jesuítas.
Ontem, a capital paulistana completou 461 anos.
Foi um aniversário e tanto.
Detalhe: O parceiro Darlan Ferreira do IMB, postou no facebook o trecho poético declamado naquele teatro. Isso, às 3:43 da madrugada de domingo.
De novo, para minha surpresa, o post de Darlan não mereceu, até agora 17:43 se quer uma curtidazinha da parte dos "Feicebuqueiros".
Que conclusão pode se tirar daí?
O post é este, clique: https://www.youtube.com/watch?v=mtckSd7DSJA

P.S. Após fazer a postagem referente a Vandré, Darlan fez algumas postagens digamos, banais, e essas postagens mereceram curiosamente a atenção de feicebuqueiros, que as curtiram.

domingo, 25 de janeiro de 2015

SÃO PAULO DE TODOS NÓS

Como todos os dias, acordei viajando através dos "dials" das emissoras de rádio AM e FM. Na PAN futebol, futebol, futebol. Na estadão, a história dos 140 anos de fundação O Estado de S. Paulo e uma reportagem especial o aniversário da capital paulista, ocorrida em 1554. Na CBN, escutei notícias de arrepiar: os salários de marajá que as nossas autoridades estão recebendo. Algo em torno de 33 ou 34 mil reais mensais, é mole?! Enquanto isso, o salário mínimo recentemente anunciado pelo ministro da área econômica, não passa de 780 reais. E por aí fui ouvindo as rádios.
Em Taiwan, um cara morreu depois de três dias seguidos sem sequer dormir, jogando vídeo game.
Aqui de lado, um amigo me disse que lá pela bandas da Ásia um cara também morreu depois de trabalhar durante 14 dias sem parar. Ah, mas isso nós todos fazemos aqui no Brasil e continuamos... quase vivos.
Hoje cedo no rádio também ouvi meu amigo Luiz Wilson pondo pra tocar no seu programa na rádio FM Imprensa a bela música São Paulo de Todos Nós, gerada do talento de Peter Alouche e Teo Azevedo.
São Paulo de Todos Nós é o hino que falta para Sampa.
Na rádio Web da agencia sindical comandada por João Franzin você que está me lendo pode ouvir, em três horários (9h00, 16h00 e 21h00 até o dia 31 de Janeiro), uma entrevista que dei ao colega e amigo José Donizete sobre os 461 de fundação de S. Paulo.

Clique aqui.
Viva São Paulo!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

O SAGRADO RESPEITO, EM DISCUSSÃO

O mundo está pegando fogo, de canto a canto.
Aliás, nem precisamos rever Nostradamus para concluir que o fim geral está próximo.
O desrespeito grassa entre todos os povos, a prova disso  está bem perto de nós: aqui no Brasil, na Europa e no chamado “mundo Árabe”.
No correr do século passado, ainda no tempo em que frequentava eu a escola, aprendi que “a liberdade de um termina onde começa a de outro”.
Isso era destaque natural da matéria  Educação Moral e Cívica, hoje infelizmente banida do ambiente escolar.
É claro que o tema liberdade de expressão merece atenção e debates para que não caiamos num buraco profundo do desrespeito entre as pessoas. O que os chargistas do semanário Charlie Hebdo fizeram foi, infelizmente, ultrapassar a barreira do desrespeito entre uma pessoa e outra ou entre um povo e outro.
 O Papa Francisco ontem tocou no assunto no que me refiro neste texto, acrescentando que se alguém, de algum modo, desrespeitasse a sua mãe, ele, o Papa, revidaria provavelmente um murro.
Mas para não piorar a situação, ele fez uma ressalva: não se pode matar em nome de Deus.
Num tempo já distante estudei religiões, especialmente a Católica, ajudei padre a rezar missa etc.
O que eu quero dizer com isso?
Cada mundo tem a sua cultura.
A minha sábia avó materna dona Alcina, que se acha noutra dimensão há muito tempo, ensinava que nunca se deve mexer com religião, tampouco provocar pessoas. E ela dizia mais, lembrando uma passagem bíblica: “Quem cm ferro fere, com ferro será ferido”.
Em suma: em casa de marimbondo não se mexe.
Se sou Charlie?
Não, eu sou Assis Ângelo, um ser que julga ter aprendido a respeitar o próximo; até porque, o próximo somos nós.
Sou a favor do ensino, da educação, da democracia, da liberdade.
Ah, sim!
Você sabia que diariamente no Brasil são assassinadas por motivos diversos cerca de 150 pessoas?
O mundo precisa se reeducar.
O Pasquim dava de zero na chamada grande imprensa e também no anarquista Charlie Hebdo, que hoje está chegando às bancas do Reino Unido.
Viva o respeito entre todas as pessoas!

O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM OS ESTUDANTES
Cerca de seis mil estudantes se inscreveram no último ENEM. No teste de redação, quase 600 inscritos conquistaram com seu talento e sensibilidade a nota zero. Isso, numa escala de zero a mil. Dos 250 rapazes e moças que conseguiram a nota máxima, curiosidades se destacaram. Num dos textos, cujo tema era a mídia na infância, houve um jovem que deixou claro não entender em que situação se coloca as expressões  “esse e este”. E mais: desconhecia a palavra “carismático”.

E aí?

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

SEREMOS REFÉNS DO MEDO?

O mundo livre vive sobre um barril de pólvora. E há muito. O fuzilamento dos chargistas do semanário Charlie Hebdo mais uma vez veio a provar isso. E a reação esperada das autoridades francesas, comprova: os fuziladores foram fuzilados.
E o que isso quer dizer, que o mundo livre está livre das ações dos malucos solitários que se multiplicam por aí a fora?
Claro que não, o mundo livre a que me refiro é o mundo do cidadão comum, como eu e você que veio passear e por aqui tem encontrado obstáculos enormes, que vão desde o assalto à mão armada, estupro, sequestro, latrocínio, etc., até as degolas de inocentes praticadas pelos carrascos do estado islâmico.
A inacreditável mobilização policial que resultou na morte dos irmãos Kouachi não quer dizer que estamos livres da violência que a nós pobres mortais se apresentam no dia a dia.
A força policial posta à caça dos assassinos dos chargistas, também nos assusta.
Nos assusta porque a máxima baseada na lei universal que diz que “somos todos inocentes até prova contrária”, pode ser invertida.
Por essa linha de pensamento, somos, a rigor, todos suspeitos.
Os parisienses estão naturalmente em clima de sobressalto e o resto do mundo, também.
Mas uma coisa é certa: não dá pra alisar cabeça de terrorista.
Quando eu escolhi o Jornalismo como profissão, há uns 40 anos, eu já sabia que não era bolinho o que eu tinha escolhido. Eu sabia que a profissão já era de risco. E fazer graça, então, também não é bolinho.
Aquela história de que “livre pensar é só pensar”, carimbada por mestre Millôr, não é bem assim. Pagamos por pensar, em qualquer sentido que signifique isso.
Aquela história de que “viver é um negócio perigoso”, de mestre Rosa, vivida por um de seus personagens no livro Grande Sertão: Veredas, foi mais uma vez comprovada pelo brutal assassinato dos chargistas do Charlie Hebdo.
Mas, é claro, nem sempre levamos a sério algumas coisas sérias que lemos ou que ouvimos dos nossos antepassados.
Exemplo?
“Pra viver basta estar vivo.”

Viva a vida!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

VIVA O MUNDO LIVRE!

  "Livre pensar é só pensar", garantia o cartunista-filósofo Millôr Fernandes.
"Viver é um negócio muito perigoso", dizia o escritor Guimarães Rosa através de um de seus personagens no livro Grande Sertão: Veredas
"Pra morrer, basta estar vivo", segundo a sabedoria popular.
Os cartunistas franceses que tombaram ontem pelos disparos de dois malucos fundamentalistas certamente sabiam disso, mas não seguiram nenhuma dessas recomendações.
Os tiros que mataram esses valorosos profissionais, críticos de si próprios e, em última análise, do mundo em que vivemos também nos acertaram, deixando-nos em terrível sobressalto.
O ataque ao semanário Charlie Hebdo deverá servir de combustível para o fortalecimento da democracia.
Viva a vida!


PS - O Charlie Hebdo, inspirado no personagem Charlie Brown, voltará às bancas na próxima semana, com a tiragem de 1 milhão de exemplares. Detalhe: A tiragem normal da publicação é de 60 mil exemplares.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

VIVA JOEL DOS SANTOS!

Ele nasceu como num dia como o de hoje, em 1957.
Ele não tira coco de pandeiro, não toca viola repentista, não faz verso de cordel, não toca rabeca triângulo ou zabumba, não dança lundu nem ciranda, não é palhaço de circo ou marcador de quadrinha junina; Também não é piadista como Chico Anysio, não faz graça como o velho Faceta, mas gosta de pastoril, tanto do sacro quanto do  profano. Sim, a rigor ele não faz parte do chamado universo da cultura popular, embora defenda tudo quanto é bom. Aliás, não à toa, fez Direito pra seguir reto da vida.
Armando Joel dos Santos é natural da cidade de São Vicente, SP a mais antiga do País.
É Corinthiano, de alma e ideias.
Mesmo sem ser o artífice da cultura popular, Joel reconhece a importância de artistas do povo como Patativa do Assaré. Para ele nomes como Otacílio Batista e Oliveira de Panelas são gênios da arte da cantoria.
Pois é, o moço tem bom gosto.
Joel nasceu no mês e ano em que a cantora carioca Maysa lançava a praça nacional, em disco de 78 voltas, o samba-canção Se todos Fossem iguais a Você de Tom e Vinícius. 
Pessoa simples e amada pelo povo da rua onde mora em Osasco, Joel jamais se fez de rogado por quem o procurasse ou procura, para ajudar seja do que for.
A música de Tom e Vinícius lhe cai como uma luva,  é o que acham seus amigos e admiradores.
Há 38 anos dividindo a sua vida com a enfermeira Gracilda Luciano, Joel diz que tem muito ainda a dividir.
Joel acredita em Deus e num mundo melhor.
Viva Joel!

PS: A montagem fotográfica que ilustra este texto feita por Darlan Ferreira, registra momentos de alegria de Joel com amigos.
Joel é um dos grandes frequentadores mais assíduos do Instituto Memória Brasil, IMB.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

PETER ALOUCHE E CORDEL

O poeta Peter Alouche, elogiado por sua obra desde tempos d’antanho até pelo General Charles de Gaulle (1990-1970), é autor de versos que residem em casas de perolas como São Paulo de Todos Nós.
Embora popular o poeta Alouche, formado em letras pela Universidade de Nancy, França,  domina pelo menos uma dúzia de línguas.
Desde muito jovem, encantava a todos que liam seus versos, inclusive o D’Gaulle.
O general francês, herói na guerra contra os nasistas, chegou a escrever a Peter elogiando alguns de seus versos.
Detalhe: Àquela altura, o general-herói era presidente da França (1959-1969) e os elogios que enviou ao poeta foram assentados em papel timbrado da República francesa, com a assinatura de próprio ponho pelo presidente.
Em 2002, usando o pseudônimo Pedro Nordestino, Peter Alouche foi um dos poetas premiados no 1º Concurso Paulista de Literatura de Cordel, com Encontro no Metrô.


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