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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

NEGAR, NÃO NEGO: FOI BOM PULAR NO CARNAVAL

Amanhã a partir das 22, no sambódromo do Anhembi, cá em Sampa, a folia de Momo recomeça com as chuvas, os ventos e o calor de sempre deste verão louco, muito louco.
Primeiro entrarão na avenida sob as vistas e os aplausos do público a campeã e a vice-campeã do Grupo de Acesso, Nenê de Vila Matilde e a Unidos do Peruche, seguidas de outras com ótimas notas tiradas terça passada, durante a apuração dos votos dos jurados: Gaviões da Fiel, Mancha Verde, Vai-Vai, Mocidade Alegre e Rosas de Ouro, que faturou o primeiro lugar contando a história do chocolate.
A diferença da primeira sobre a escola que ficou em segundo lugar, a Mocidade, que desenvolveu e defendeu com raça, graça e samba dos bons nos pés o curioso e bem-feito enredo Da Criação do Universo ao Sonho Eterno do Criador... Eu sou Espelho e me Espelho em quem me Criou, foi de apenas 0,25 pontos.
Pode?
Achei injusto.
Injusto eu achei, sim, mas por outro lado não ligo, não: eu não ia mesmo desfilar de novo...
O tema da minha escola, a X9 Paulistana, de cores verde, vermelho e branco, bonita que só, foi Do Além-mar, a Herança Lusitana nos Une... Ora, pois, a X9 é Portuguesa com Certeza, lembrando os 100 anos da república portuguesa e a revolução dos Cravos.
Ao meu lado, no 2º alegórico intitulado Língua que nos Une, cantaram e sambaram em destaque e felizes que nem passarinhos diante de gordos sacos de alpiste, os poetas Álvaro Alves de Faria, Celso Alencar e Luiz Roberto Guedes, mais a atriz Wendy Villa-Lobos e o cantor Roberto Leal, que há muito eu não via.
Foi uma experiência e tanto a que passei na madrugada de sábado para domingo últimos, 14 para 15.
A prova ilustra este texto, feita pelo amigo brasileiro-catalão Gabriel Martinez, um craque da computação, a quem agradeço de coração.
A X9 entrou linda no sambódromo com cinco carros alegóricos e 24 alas, totalizando quase 3.000 pessoas.
Perdemos da Rosas, nem sei por quê.
Coisa de jurados despeitados, eu acho.
Bom, ano que vem tem mais.

RIO DE JANEIRO
- O desfile das campeãs cariocas está marcado para depois de amanhã, a partir das 21horas. Gostei do que vi a Tijuca fazer na avenida. Mereceu o título. Ninguém falou, mas deixo registrado aqui o seguinte: a sugestão do tema campeão do carnavalesco Paulo Barros (É Segredo!) foi sugerido por um garoto de 15 anos, Vinicius Ferraz, via Orkut.

BRASILIA
- Os blocos de carnaval se multiplicam no País a cada ano, sempre animados e críticos. Pacotão, por exemplo, dos mais tradicionais da capital federal, bagunçou o coreto, isto é as ruas, com faixas que faziam referência aos políticos desonestos, com seus integrantes cantando no tom de marchinha: “Quem foi, quem foi/Que fez esse ebó?/Derrubou Arruda/E de lambuja o P.O.?”. P.O., no caso, é Paulo Octávio, o vice-governador que tem rabo preso com meio mundo e está para ser catapultado da cadeira do governador ladrão daqui a horas.

MINAS GERAIS
- As irmãs Célia e Celma mandam mensagem por e-mail informando que arrasaram em São João Del Rey, cantando marchinhas na Avenida Tancredo Neves, lotada.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

QUEM DIRIA: EU EM RIBA DUM CARRO ALEGÓRICO...

O amigo Paulo Vanzolini, de Ronda e Volta por Cima, e de outros sambas inesquecíveis do cancioneiro popular, do alto da sua experiência e convicção, diz que desfilar na avenida “para o povão” foi uma das suas maiores emoções já vividas, até hoje. Essas emoções ocorreram em 1988, quando desfilou pela Mocidade Alegre. Tema: O Cientista Paulo Vanzolini, de Roberto da Tijuca, Nenê Capitão e Wagner do Cavaco. Terminava assim:

...De noite eu rondo a cidade
Em busca de paz e de amor
Uma triste cena aconteceu
Que abalou meu coração
Na Avenida São João.

Ôôôôôô, ai que saudade me dá
Oi, deixa a lira me levar
Levanta sacode a poeira, dá volta por cima
Entra na roda, quero ver você sambar.

Inezita Barroso, também amiga e grande intérprete da nossa música, diz com o sorriso largo que a caracteriza desde sempre que desfilar lhe é tão importante quanto cantar uma bela canção; ou, mesmo, respirar nestes tempos de Momo e folia.
Faz tempo que ela desfila. Até tema de samba-enredo já foi. O primeiro em 1992, assinado pelos carnavalescos da escola Combinados de Sapopemba, campeã do carnaval (Grupo III) daquele ano. Tema: Inezita Barroso, a Estrela da Manhã, de Kilder, Saraiva, Fubá e Bispo do Banjo. Começava assim:

Olha que beleza
Isto é São Paulo glorioso
Vem a Combinados cantar
Com Inezita Barroso

Naturalmente o carnaval ficou mais belo
Nasceu a menina no meio do samba
Entre danças e cirandas
Na moda caipira imperou
Na arte da comunicação
Seu sonho de vencer
Se fez realidade
Atriz, mulher de verdade...

E eu, hein? Ainda não conheço essas aludidas emoções.
Há uns cinco anos me chamaram para uns passos na avenida. Na dúvida, desisti.
Há uns dias, recebi novo convite e segundos depois nem quis crer que havia topado.
Acho que estou ficando besta...
O tema carnaval me remete à minha querida cidade-berço, João Pessoa.
No começo dos anos de 1970, adentrei ao carnaval via o Clube Astréa, da capital paraibana, mas no papel de repórter-narrador ao vivo da folia de Momo para a Rádio Correio da Paraíba, onde trabalhei como redator e locutor noticiarista.
Anos depois, já em Sampa, fui escalado em momentos diferentes pela Folha e Diário Popular, já extinto (hoje, Diário de S. Paulo), para cobrir eleição de rainha e rei momos e preparativos outros para os dias de carnaval. Mas os pés na avenida, mesmo, eu nunca os pus.
Essas lembranças me levam a outras.
Numa entrevista para a revista Visão, já extinta, o compositor, cantor e ator bissexto itapirense Henricão, de batismo Henrique Felipe da Costa, ex-marido de Carmen Costa e autor do hino carnavalesco Está Chegando a Hora, versão não revelada da canção mexicana Cielito Lindo, me disse que o seu sonho maior era ser Rei Momo do carnaval de São Paulo. O sonho foi realizado em 1984, quatro meses antes de morrer, pobre e feliz.
Zé Kétti (foto acima) foi outro grande bamba que a vida levou, porém realizado com tudo que fez: A Voz do Morro, Opinião, Nega Dina, Acender as Velas, Malvadeza Durão, O Meu Pecado...
Conversei muito com Zé, com uísque e sem uísque, ora no seu apartamento, no meu ou na casa do amigo comum Artúlio Reis.
Uma vez, porém, o irritei perguntando se Máscara Negra era mesmo dele ou só de Pereira Matos.
Pra quê?
O Zé ficou bravo, subiu nos tamancos, soltou impropérios.
Disse que essa não era pergunta de amigo.
Depois, já calmo, eu lhe disse que é do instinto ou natureza do repórter perguntar, perguntar e perguntar quando sabe, e quando não sabe também.
Quando sabe, para ter certeza do que acha que sabe.
Quando não sabe, para aprender. Enfim...
Zé Kétti nunca desfilou na avenida e nem dançou em salão de baile, fosse ou não tempo de carnaval. “O meu negócio”, dizia, “é fazer o povo dançar”. E fevereiro era seu mês para ganhar dinheiro.
Máscara negra foi a última grande marcha rancho do carnaval.
Bom, vou tomar um negocim ali pra espantar aqui o calor que me toma; um banho frio depois e seguir lépido para a avenida, onde me aguardam os poetas Celso Alencar, Álvaro Alves de Faria...
Por volta da primeira hora da madrugada que vem, estarei me amostrando em riba do carro alegórico nº 2 (da Língua Portuguesa), da X9 Paulistana.
Skindô! E vamos que vamos!
Ah, o enredo da escola é Do Além-mar, a Herança Lusitana nos Une... Ora, Pois! A X-9 é Portuguesa com Certeza, de Júnior ABC, Márcio Camargo, Wagner, Rodney Cheto, Leonardo Trindade e Danilo Brito. A letra:

Veio d'além-mar...
E ancorou em nossa terra
Paraíso de belezas naturais
Jardim das Delícias de tantas riquezas
E o índio ele encontrou
E difundiu novas culturas
A miscigenação então surgiu
Salve a Pátria mãe gentil
Poetas, escritores, trovadores eternizaram
Um lindo idioma que jamais se viu
A língua máter do nosso Brasil
Vem pra cá cantar, sambar
Vem no balancê da nossa musicalidade
No futebol, a mesma paixão
Num só coração
A fé, a devoção em procissão... Ave-Maria
A religião traz emoção... nas romarias
Vem dessa crença a proteção
Pra nossa escola sambar feliz
Um centenário de história
Heranças deixadas em nosso País
Hoje faço a festa com a minha bateria
Meus 35 anos de alegria!
Ora, pois, quem vem aí
É a X-9 com certeza!
Valente, guerreira, luso-brasileira
Canta a herança portuguesa

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

ARMANDO FALCÃO E LUIZ. ALGO A VER ENTRE OS DOIS?

O cearense de Fortaleza Armando Falcão, ex-ministro da Justiça do governo Geisel (1974-79), foi enterrado ontem 11 no Cemitério São João Batista, no Rio, um dia após falecer.
Que descanse em paz.
Para muita gente, porém, ele já havia se ido há muito.
Foi para os domínios da escuridão com 90, de idade.
Ficou famoso pela frase “nada a declarar”, dita toda vez que algum repórter mais abusado o abordava com um assunto polêmico qualquer.
Era linha dura-duríssima, e assim, como tal, gostava de ser considerado.
Orgulhava-se.
O golpe de 64, ele o defendia com todas as unhas.
Mais radical que Golbery.
Teve uma passagem rápida pelo governo Kubistchek.
Uma, não: duas.
Foram passagens que nada acrescentaram à democracia brasileira, pela qual tanto brigamos.
Eu o entrevistei em 1989, quando dava pontos finais à redação do livro Eu Vou contar pra Vocês, que a Ícone publicou.
Ele, por sua vez, estava lançando o livro Nada a Declarar, na livraria Cultura, ali da Paulista, do Pedro Hertz, com quem convivíamos nas rodas literárias de sábados, ao lado de grandes como Marcos Rey, redator do Sítio do Pica pau e autor do belo Enterro da Cafetina.
Pois bem, a entrevista com Falcão girou em torno de Luiz Gonzaga, o rei do baião.
Gonzaga, recém saído do Exército como corneteiro (“nunca dei um tiro sequer”, ele me disse) , tentava a vida artística no Rio de Janeiro, na área do velho mangue, de rufiões, cafetinas e meninas da vida.
Tocava sua sanfona ao lado do guitarrista português Xavier Pinheiro e depois rodava o pires, o chapéu.
Com isso, ia vivendo.
Até que um dia um grupo de estudantes lhe perguntou de onde era.
Pergunta respondida, a provocação:
– E por que você não toca as coisas da nossa terra?
À página 56 do livro Eu vou Contar pra Vocês, de 1990, na nota de pé de página, o depoimento do ex-ministro, pra mim:
“Luiz acabara de sair do Exército e estava em situação difícil, financeiramente. Primeiro nos encontramos na (rua) Visconde de Paranaguá e logo nos fizemos amigos. Ele passou, então, a freqüentar a nossa república, onde cantava, tocava e depois corria o pires. Fazíamos uma espécie de ´vaquinha´ para ajudá-lo. Na verdade, éramos todos pobres. Luiz tocava milongas, tangos e outras coisas que não tinham nada que ver com agente. Eu dizia a ele que tinha de tocar músicas do Nordeste, do Brasil. Aí um dia ele nos mostrou Vira e Mexe,a Cho. Gostamos muito e lhe dissemos que era por aí que deveria seguir a carreira artística que abraçara. O resto dessa historia todo mundo sabe”.
Ainda à pág. 56 do livro Eu Vou Contar pra Vocês, eu digo: Armando Falcão faz uma revelação:
“O nosso grupo de estudantes era formado por mim e meu primo Renato e os também primos Dante e Jaime Vieira, Antônio Gurgel Valente, Cêurio Oliveira e Carlos Edilson Matos”.
O depoimento findou com o ex-ministro dizendo que guardava consigo uma gravação inédita de Luiz Gonzaga, “uma paródia que fiz de Agora vou Mudar Minha Conduta (Com que Roupa?), de Noel Rosa, da qual gosto muito”.
Pois, pois, aí está algo sobre aquele que passou na vida, eternizando-se, com o bordão “nada a declarar”, declarando, porém, essas coisas sobre o artista mais importante da música popular brasileira, Luiz Gonzaga, divisor de águas da nossa música. Aliás, concluo: sem Armando Falcão, muito dificilmente Luiz Gonzaga teria sido o que foi, artisticamente, pois o encontro dos dois abriu em Gonzaga um grande pensamento em torno do Nordeste. Fundamental. Foi um encontro de definições de rumos. E isso certamente pesará no julgamento final.
Ou não?

CHIQUINHA GONZAGA I
- A compositora e instrumentista carioca Franscisca Edwiges (1847-1935), a Chiquinha Gonzaga, passou pela vida deixando às gerações seguintes um legado fantástico, que em números até hoje tem sido impossível com exatidão calcular. Muitos falam de uma obra constituída de cerca de 2 mil títulos. O amigo Braz Baccarim, que sabe de muitas coisas em torno da nossa música, por e-mail me chamou a atenção:

Assis,
Para bem da verdade, a quantidade de obras da autora não chega a 400. Você poderá fazer um estudo a respeito, pois nenhum compositor, ao longa de sua carreia, consegue compor mais de 300 músicas. No começo da carreira é uma produção imensa, depois começa minguar. Veja como exemplo, Ary Barroso e Herivelto Martins.
Um abraço.
O assunto dá pano pra manga.

CHIQUINHA GONZAGA II
- Do colega jornalista Matias Ribeiro, recebo:
Assis,
Para o teu banco de informações, aqui vão currículos sucintos de Gilberto Assis & Ana Fridman, os inventores do projeto Chiquinha em Revista.

Gilberto Assis
Bacharel em Música pela FAAM com Mestrado em Artes pela PUC-SP. Com formação técnica em áudio pelo IAV em São Paulo e Alchemea College em Londres, atua como professor de Composição e Produção Musical em nível superior (FASM e Anhembi-Morumbi). Como compositor e produtor atuou ao lado de Tom Zé na trilha original Santagustin (2001) para o Grupo Corpo de Dança (Brazil/Italy, Milan Records) e no CD Jogos de armar, lançado pela Trama em 2000. Fazem parte deste CD as músicas Desafio e Passagem de Som, compostas em parceria com Tom Zé. Participou da criação e direção da trilha sonora Sombras, composta em parceria com Carlos Kater por ocasião da exposição Victor Dubugras precursor do modernismo, realizada no Conjunto Cultural da Caixa em 2003. Mais recentemente, compôs a trilha Khaos para o Balé da Cidade de São Paulo e Degelo(2007) para espetáculo de dança de mesmo nome selecionado pelo Rumos da Dança. Em 2007 foi selecionado pelo projeto Rumos do Itaú Cultural na categoria homenagem, com peça em homenagem ao compositor Walter Smetak. Em 2009 arranjou e produziu o CD Chiquinha em Revista para o Selo SESC, com participação de Ná Ozzetti e Suzana Salles, entre outros.
Atuações fora do Brasil: 2008: Selecionado para participar do projeto 60X60 em NY, com várias apresentações de música e dança pelos EUA e participação em um CD coletânea de trilhas sonoras. 2008: Selecionado para apresentação de obra musical, vídeo e dança no festival Frammentazione, na Itália. 2006: Selecionado para participar do festival de música contemporânea Ai-Maako, no Chile.

Ana Fridman
Pianista de formação erudita e popular, graduada em Música e Dança pela Unicamp atua profissionalmente como compositora, pianista, arranjadora, bailarina e professora de Percepção e Harmonia. Fez mestrado em composição no California Institute of the Arts e cursos de extensão na Guildhall School de Londres, onde participou de encontros de compositores com tribos africanas e atuou como pianista em diversos grupos de jazz, além de mostrar seu trabalho como compositora. Em 2002 ganhou a bolsa Virtuose em Composição para estagiar com o grupo Kinetic Concert, de Londres. Lançou em 2004, pelo selo Zabumba Records, o CD O Tempo, a Distância e a Contradança, com músicas e arranjos de sua autoria, incluindo trilhas para teatro e dança, sendo este trabalho apresentado em unidades do Sesc, no projeto Jazz na Caixa e Auditório do Ibirapuera, entre outros. Atua como diretora musical para espetáculos multimídia, incluindo trilhas para o coreógrafo Ivaldo Bertazzo para os espetáculos: Além Da linha D'água, Mãe Gentil, Folias Guanabaras e Noé, Noé, entre outros. Em 2007 foi selecionada como compositora no projeto Rumos de mapeamento de música brasileira do Itaú Cultural em 2007; em 2009 participou como arranjadora e intérprete do projeto A Chiquinha que não Tocou no Rádio, patrocinado pela Caixa Cultural, com turnês em São Paulo, Curitiba e Brasília; ainda em 2009, foi selecionada pelo ProAC como compositora, arranjadora e intérprete para a gravação de seu segundo trabalho autoral, o disco Notas de um sem tempo. Atualmente cursa Doutorado em Música na USP, com pesquisa sobre as influências da música não ocidental na improvisação.

CHIQUINHA GONZAGA III
- Este texto é ilustrado por uma carta da Chiquinha Gonzaga, dirigida a João. Quem se habilita a lê-la e a me dizer quem foi João?

CHIQUINHA GONZAGA IV
- Gilberto Assis e Ana Fridman, antenas sensibilíssimas, são também dois músicos incríveis. Ele um contrabaixista, ela uma pianista pra lá de admirável. O projeto que ambos idealizaram precisa correr o Brasil, pois o que é bom precisa ser visto, no caso.
O Sesc está de parabéns e nós regozijados.

CARNAVAL
- Hoje ainda é sexta, amanhã é sábado de carnaval. E eu em riba dum carro... Quem diria, hein?

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

CHIQUINHA GONZAGA EM REVISTA, NO SESC. IMPERDÍVEL

Há 99 anos estreava no Teatro São José, do Rio de Janeiro, a peça em três atos Forrobodó, expressão em si que a meu ver, ao contrário de outros, nada tem a ver com o velho e bom forró de Luiz Gonzaga, o rei do baião.
Forrobodó é sinônimo de confusão.
E a música de Forrobodó de quem é?
É da primeira chorona do Brasil, também a primeira maestrina a reger uma orquestra no Brasil e primeira compositora da música popular do País a fazer real sucesso (deixou uma obra com cerca de dois mil títulos); filha de um general do Exército Imperial e afilhada do Duque de Caxias. Seu nome: Francisca Edwiges Neves Gonzaga, conhecida por Chiquinha Gonzaga, autora da primeira marchinha carnavalesca, Ó Abre Alas, feita em 1899 para o Cordão Rosas de Ouro e gravada integralmente pela primeira vez pelas irmãs Linda e Dircinha Batista, para a série da Abril Cultural, História da Música Popular Brasileira, sob a regência de José Menezes, somente em 1971, pois até então apenas trechos eram gravados... De todas, essa é a marchinha mais conhecida e inda hoje tocada nos salões de baile de carnaval.
O texto de Forrobodó levou a assinatura de Luiz Peixoto e Carlos Bittencourt.
Detalhe: pela primeira vez na discografia brasileira aparece a palavra baião numa composição musical, e essa composição vem a ser de autoria de... Chiquinha Gonzaga, em parceria com o poeta Viriato Correa. Título: A Sertaneja, de 1915.
Quatro anos depois, a dupla Gonzaga-Correa voltaria a incluir a palavra baião noutra composição, A Chinelinha do Meu Amor, acrescida à peça A Sertaneja, cuja letra é esta:

Prateia a serra, tudo prateia
O luar branco de minha aldeia
(O luar branco de minha aldeia)
Em minha terra, quando a lua sobre a serra
A saudade se desterra
Nos confins do coração
A natureza fica muda, fica presa
Enlevada na beleza
Do luar do meu sertão
Em minha aldeia quando brilha a lua-cheia
A matuta sapateia
Nos requebros do baião
E ao som do pinho da viola e cavaquinho
Tudo baila à luz de linho
Do luar do meu sertão!

Mas por que faço eu esse arrodeio todo?
Para dizer, meus amigos, que amanhã às 21 horas eu vou assistir Chiquinha em Revista, também título do CD que será lançado na ocasião, com a participação de Na Ozzetti, Vange Milliet, Suzana Salles, Carlos Careqa e Rita Maria e os craques em instrumentos diversos: Vitor Lopes (gaita), Ronen Altman (bandolim), Bel Latorre (clarone), Sérgio Reze (bateria e percussão), Paola Picherzky e Ítalo Peron (violão), Gabriela Machado (flauta), Luiz Guello (pandeiro), Luiz Amato e Esdras Rodrigues (violino), Emerson Lujiz De Biaggi (viola), Adriana Holtz (violoncelo) e Valdir Ferreira (trombone).
O CD está ótimo, já o ouvi.
Vem com 13 faixas, cada uma melhor que outra, a maioria há muito deixada ao limbo, como Passos no Choro, Fogo Foguinho (obra-prima), Sultana, Falena, Cubanita. E o que dizer de Tava Assim de Português e da já citada A Sertaneja?
Claro, Corta-jaca está entre as faixas selecionadas.
Cinco das 13 faixas de Chiquinha em Revista tem arranjos assinados pela ótima pianista Ana Fridman, uma atração especial, à parte.
Ana, junto com o contrabaixista Gilberto Assis, foi quem teve a idéia de trazer à tona essas pérolas de Chiquinha.
Meu Deus, como o Brasil é rico!
Vamos assistir Chiquinha em Revista, na unidade SESC Vila Mariana? Fica ali na Rua Pelotas, 141, Vila Mariana. Corra. Reserve entrada pelo telefone 5080.3000.

CARNAVAL
A folia de Momo está batendo à porta.
Vou-me amostrar em riba dum carro alegórico da X9, na madrugada de sábado pra domingo. Direi algo amanhã. Ou depois, sei lá!

PROJETO DE LEI
Quase na mesma hora – o dia foi o mesmo, segunda 8 - que embarcava de São Paulo para a Eternidade o mineiro sertanejo Pena Branca, dos bons, do palácio do governo, em Brasília, o seu inquilino Lula da Silva despachava para o Congresso Nacional projeto de lei prevendo responsabilização administrativa e civil a empresas cujos dirigentes metam a mão no cofre público.
Já estava mais do que na hora de providência nesse sentido ser tomada.
É o primeiro passo para o trem entrar nos trilhos.
Espera-se agora dos congressistas a aprovação do projeto, para carimbo real.
Se aprovado esse projeto de lei, será preso e julgado quem fraudar licitações, pagar propinas a servidores públicos ou praticar maquiagem de serviços em produtos fornecidos pelo governo.
No tocante à essa questão, diga-se, a legislação em vigor é branda e não prever instrumentos legais que garantam o ressarcimento de prejuízos provocados por gatunos ao erário público.
Fica o registro.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A M ÚSICA CAIPIRA ESTÁ DE LUTO. PARTIU PENA BRANCA

O mineiro Pena Branca, de batismo José Ramiro Sobrinho, partiu ontem à noite para se encontrar com o irmão Ranulfo, no céu. Tinha 70 anos.
Em 1994, num dos discos da série Som da Terra que ajudei a fazer, no encarte escrevi:
“Depois de Cornélio Pires e sua turma, que representaram com categoria incomum a primeira geração de artistas sertanejos ou caipiras de verdade, e da segunda (geração) que foi encabeçada por gente do naipe de Tião Carreiro e Pardinho, por exemplo, fora alguns mais já citados nesta série memorial, poucos são, hoje, os artistas e fábricas de discos que se dispõem, de fato, a fazer e a divulgar esse velho, belo e judiado gênero musical”.
Mais:
“Mas nem tudo está perdido, pois por aí andam a incansável Inezita Barroso; o doce Zé Coco do Riachão, o instigante Rolando Boldrin sempre recusando modismos e construindo aos poucos uma obra monumental; Renato Andrade, com sua viola mágica... Enfim, o time é bom, mas precisa de reservas que, por sorte, vão surgindo aqui e ali”.
E aí eu falava da sensibilidade e da arte de Pena Branca e Xavantinho, que “são ótimos”; e os recomendava ao criador:
“Que Deus os mantenha assim”.
O disco trazia 14 faixas, entre elas os clássicos Cuitelinho, O Cio da Terra, Vaca Estrela e Boi Fubá, Penas do Tié e Cálix Bento.
Tornou-se raridade esse disco, mas diz sábio ditado: "Quem procura, acha".
Conheci a dupla num programa especial de fim de ano do qual participei, na TV Gazeta, num ano qualquer do século passado.
Depois nos vimos e nos falamos muitas vezes.
A última vez que vi e troquei um dedo de prosa com Pena foi num corredor da Rádio Record, poucos antes de gravar uma entrevista, junto com os Demônios da Garoa, no começo da segunda quinzena de dezembro de 2008.
É isso.
A foto que ilustra este texto foi feita e enviada pelo amigo e chefe de jornalismo da Rádio Record Anderson França, ao lado de quem apareço junto com Pena e Cesar de Holanda, também da Record.
Com o encantamento de Pena Branca, a música caipira só perde.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

PONTO DE CULTURA E TINHORÃO, 82

O pé d´água das quatro não caiu hoje por estas bandas de Campos Elíseos, onde moro perrto de Tinhorão e Inezita Barroso, meus vizinhos portanto.
E amigos.
Mas o tempo tá de cara amarrada, escuro, ameaçador. Sei não...
Desabou o pé d´água de hoje nas zonas Leste e Sul da cidade, começando nos últimos minutos das 18, a hora do Angelus...
Os primeiros bairros atingidos pelas águas do céu foram Ipiranga, Vila Mariana, Saúde e Santo Amaro, e também parte da marginal de Pinheiros.
O pessoal do Centro de Gerenciamento de Emergências de São Paulo cuidou logo de decretar estado de atenção nas partes inundadas, preventivamente... Não sei pra que serve isso, esse negócio de decretação de estado de atenção etc.
Mas, enfim, isso aconteceu hoje e hoje faz 47 dias de chuvas seguidas na capital paulista, com muitas mortes e milhares de desabrigados, sem o governo fazer nada que preste.
Se a chuva não caiu por cá, pras minhas bandas, foi por uma boa razão, creio, que deve ser creditada ao Pedrão lá de cima: a apresentação do pessoal do Galpão Raso da Catarina, que tem à frente o paraibano, meu amigo, Alessandro Azevedo, e que existe há uma dúzia de anos na Vila Madalena, cá em Sampa.
O pessoal do Raso apresentou na comunidade do Moinho, nas minhas proximidades, entre 17 e 18 e pouco, um espetáculo permeado de simplicidade, com números de malabarismos, equilíbrio, dança e música.
Na assistência, tudo gente simples. Tudo povo.
O Brasil pé no chão.
A apresentação marcou o lançamento de mais um ponto de cultura em São Paulo...
Taí, eu acho isso importante.
No caminho de volta, e de carona no carro da minha companheira Andrea, a atriz Ester Góes lamentou apenas uma coisa, e fora do tema, mas a ver: a dificuldade de os artistas excursionarem pelo País hoje, o que era bem mais fácil no século passado...
Conheci Ester em Brasília, durante entrevista para o Jornal de Brasília, no qual publiquei muita coisa. Faz tempo...
Mas, enfim, na vida tem que ter pão e circo; e como tudo, com equilíbrio.
E por falar em pão e circo, este é o mote da entrevista do ministro Juca Ferreira a Maíra Kubík Mano, da publicação Le Monde Diplomatique Brasil. Título: Cultura: uma Necessidade Básica.
Recomendo a leitura.
Pois bem, necessidade básica é conhecer as diversas facetas da cultura do Brasil, principalmente. E imprescindível é ler, sem dúvida, e imediatamente, a obra escrita disponível no mercado (Editora. 34) do garimpeiro da cultura brasileira José Ramos Tinhorão, que hoje, alliás, está completando 82 anos de idade.
Em nome de muita gente, agradeço por todas as trilahs que ele tem nos indicado no tocante à história do Brasil.
Viva Tinhorão!

CORINTHIANS
- Enquanto isso, o Timão continua ganhando. Enfiou ontem 4 na rede do Sertãozinho, no Pacaembu. Os dois times voltarão a se enfrentar no próximo sábado de carnaval. Eu estarei me amostrando no sambódromo, num carro alegórico da X9.
Falarei a respeito amanhã.

CARNAVAL: CELIA & CELMA
- Minhas queridas amigas irmãs gêmeas Célia e Celma mandam avisar que estarão se apresentando na choperia do Sesc Pompéia no próximo dia 10, a partir das 16 horas, cantando marchinhas tradicionais do carnaval brasileiro. Entrada livre.
Skindô!

TELEVISÃO
- Meu amigo Cássio manda email dos Steites dizendo que desistiu de ver televisão.
Eu fiz isso há tempo, pois não dá: é muita baixaria; muita porta aberta para o congelamento de idéias de quem está do outro lado da telinha hipnotizadora.
Eu, hein!
A televisão há muito perdeu o papel de divertir e educar.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

AI, AI, AI, É CHUVA DEMAIS

Cá em Sampa de novo a chuva da tarde de sempre chegou hoje um pouco mais tarde, ali pelas 15, mas fez um estrago deste tamanho, maior até do que ontem, quando deixou também, como agora, um rastro sujoso de desespero, pretume, miséria, dor e mortos afogados e soterrados nalgumas partes abandonadas da cidade e doutras partes além cidade.
No Rio de Janeiro, então...
O que fazer para acabar com tudo isso e fazer com que o povo escape?
A culpa é de São Pedro ou dos governantes?
De Kassab, de Serra, do cara do Rio?
Burocratas graduados da área de meteorologia dizem que o castigo tem vindo de frentes frias das bandas da Argentina...
Sei não, acho que o jeito é conferir isso de perto.
E acho que vou.
Termômetros da terra de Gardel prevêem calor superior a 30 graus para o tempo de amanhã.
Será?
O Lula presidente disse ontem na prefeitura da maior cidade da América do Sul e 5ª maior do mundo, Sampa, umas coisas interessantes de se ouvir e pensar, exatamente no momento em que recebia o mimo Medalha 25 de Janeiro, ao mesmo tempo em que o tempo desabava na cabeça de todos com Zé Ninguém lá fora pedindo socorro pelo amor de Deus.
Ele pediu que as três esferas governamentais se juntem e juntas procurem se somar em prol de uma solução que beneficie a população.
Gostei.
Em novembro de 1954, o arquiteto Rino Levi, paulista descendente de italianos, declarava ao repórter Carlos Scarinci, da Revista do Globo: “Ainda não há urbanismo no Brasil”.
Vejam: em 54!
Ipis literis, ele àquela época:
– De um modo geral, costuma-se dividir urbanismo em habitação, trabalho, recreio e transporte, mas indiscutivelmente o problema básico de qualquer estudo urbanístico é o da habitação, que tem sido muito descuidado em nosso país.
Passo a bola pra quem sabe da matéria. O pessoal do Metrô, por exemplo.
E aí, Nestor Tupinambá?

VENEZUELA
Ontem ao me referir à Venezuela, escrevi Colômbia. Um lapso.
Fica a correção, feita de Florianópolis pelo colega jornalista Marco Zanfra.
E por falar de novo na Venezuela: o bicho tá pegando por lá. Até o vice-presidente e ministro da Defesa, Ramon Carrizález, entregou os pontos.
Por lá, a insatisfação é geral: a continuar assim, sei não...

HAITI
Tem gente sendo resgatado dos escombros haitianos até ontem...

HONDURAS
Zelaya diz que deixa a embaixada brasileira hoje... Aguardemos.

SUÍNA
O que fazer agora com o estoque de vacina contra a gripe suína, hein?

CORINTHIANS X MIRASSOL
Claro, o Corinthians já ganhou. De quanto? Ah, isso detalhe. Dois gols serão do Ronaldo...

SERGIO CURSINO, FRANCO NETO, XICO SÁ
Ontem e hoje fiquei feliz que nem passarinho diante de sacos de alpistes. Razão? Simples: Primeiro me ligou Cursino, colega ocasional da Record rádio e amigo. Depois, passando de fone, Franco Neto, com quem tive a honra de trabalhar nos 80 na rádio Jovem Pan. E depois o cabra do Ceará, dos mais queridos, xico Sá, antena atenta desta nossa vidinha de meu Deus do céu.
Abraação a todos, e que continuem lendo estas mal batidas.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

SÃO PAULO NÃO É DA GAROA, É DAS ENCHENTES

Como previsto, tudo rolando nos trinques desde as primeiras horas do dia de hoje. Isto é, com a programação artística voltada aos 456 anos de fundação da 5ª maior cidade do planeta, São Paulo, transcorrendo sem problemas nas ruas e espaços especiais, na santinha paz e alegria das bênçãos caridosas do patrono José de Anchieta.
O “tudo” a que me refiro acima vai com sobrecarga de interpretação para as cinco estações climáticas há muito em voga em Sampa, ou seja: outono, primavera, verão, inverno e chuvas!
A leitura vale também de traz pra frente.
O dia amanheceu incrivelmente bonito, com céu de brigadeiro e sol de 20 graus a nos iluminar a alma.
Mas o calor foi aumentando de repente, minuto a minuto, e logo explodindo num toró descomunal daqueles de alagar buracos acima de metro e rios acima e abaixo de todos os níveis, por volta das 13 e até depois das 14.
Minutos antes, e num pulo, me levantei da rede e fui à banca da esquina buscar leitura.
Eu já sabia o que viria logo mais.
Na volta, fiquei de novo pra lá e pra cá lendo o noticiário de ontem, e esperando...
Não demorou e uma sequência de trovões fechou o tempo e relâmpagos em contrapartida riscaram de vermelho-fogo o céu anunciando a chuvarada que fez a gata Tina-cretina-menina-grã-fina-nordestina da minha filha Clarissa, que aqui não rima, soltar miaus arrepiantes enquanto ela própria, Tina, em cores preto-e-branco (é corinthiana a danada) sumia covardemente feito o coisa feia por debaixo de mesas e poltronas em busca de segurança, que não é besta.
Mas, bom, a programação festiva à Sampa continua a todo vapor.
A chuva, não.
Parágrafos atrás, parei de batucar estas linhas para atender telefonema do colega Pedro Vaz, da rádio Gazeta, pedindo uma fala ao vivo sobre São Paulo neste seu dia de sol, calor e enchente.
Falei da cidade e de seus contratempos, das suas belezas e feiuras, da sua importância, dos seus habitantes, da sujeira das ruas, dos bueiros entupidos.
Sugeri, por fim, que se faça uma campanha de educação e esclarecimento à população: que tal parar de jogar lixo nos rios, córregos etc., hein?
Pedro topou. Diz que começa amanhã.
Povo limpo é povo inteligente e saudável.
O Kassab tem de entrar com tudo nessa história.
Aliás, o Lula e o Serra estiveram com ele há pouco na sede da prefeitura, recebendo a Medalha 25 de Janeiro.
Na ocasião o presidente sugeriu esforço conjunto de todas as esferas governamentais para resolver os problemas provocados pelas enchentes frequentes em São Paulo.
Boa!
Falei ao programa do Pedro também sobre Luiz Gonzaga e Demônios da Garoa.
O Dicionário Gonzagueano, originalmente publicado via GTT, Grupo Trends Tecnologia, vai ganhar edição nova, via Lei Rouanet.
Pascalingundum, também.
Mais: Pascalingundum! Os Eternos Demônios da Garoa vai virar filme este ano em tela larga, grandona, dirigido por Pedro Caldas, de Versificando.
É isso.

CENTENÁRIOS
No jornal li notícia da mãe do Chico, dona Maria Amélia: 100 anos de vida hoje.
Lembrei da mãe do Vandré, também na casa dos 100.
Lembrei da viúva do Guimarães Rosa, também nos 100.
E do Niemayer, com 102.
A última pesquisa do IBGE dá conta que há no País mais de 11 mil pessoas com 100 anos ou mais, a maior parte é de mulheres.

CENSURA
E o ditador da Colômbia, hein?
O cabra não gosta da imprensa.
O seu gosto especial por fechamento de emissoras de rádio e televisão me lembra personagem de Josué Guimarães, no livro Os Tambores Silenciosos.
Vade retro, Chávez!

CASA DA MOEDA
Essa é de lascar: o presidente da Casa da Moeda do Brasil, Luiz Felipe Denucci, é multado em R$ 3,5 milhões pela Receita Federal, por movimentar grana muito além de suas posses declaradas.

ÁGUA BENTA
De lascar mesmo é esta, vem da Rússia: cento e tantas pessoas ingeriram água benta ontem durante celebração de uma Epifania e se deram mal, entre elas cerca de 50 crianças.
Eu, hein! Nem leite bebo mais, quanto mais esse tipo de água...

domingo, 24 de janeiro de 2010

DECLARAÇÃO DE AMOR A SÃO PAULO

A cidade que me adotou no início da segunda metade de 1976, completará amanhã 456 de fundação. Fez-me essa efeméride escrever o texto em versos que a peciência do paulistaníssimo Osvaldinho da Cuíca, meu amigo e parceiro bissexto, me acompanhar enquanto num estúdio da Freguesia do Ó, na zona Oeste, eu produzia um disco a que intitulei São Paulo Esquina do Mundo, que a SPTuris lançou encartado no livro São Paulo Minha Cidade, após um belo concerto para convidados especiais na Sala São Paulo, no dia 2 de abril de 2008. As 15 faixas que formam esse disco podem ser ouvidas no site www.saopaulominhacidade.com.br
Através desse mesmo site, o livro também pode ser lido.

São Paulo da Rapaziada do Brás
São Paulo dos passeios, das charretes
São Paulo dos segredos e mistérios do Pátio do Colégio e do Mosteiro de São Bento
São Paulo das zoadas, rezas e silêncios; dos sambas e batuques dos negros forros...
São Paulo-babel de todas as cores, sotaques e culturas que se expressam nas falas e gestos
São Paulo do Butantã e das cobras e lagartos do poeta Vanzolini
São Paulo de Nóbrega e Anchieta; de Tibiriçá e Bartira; de João Ramalho e Borba Gato...
São Paulo do Patriarca, Bom Retiro, Itaquera, Itaim
São Paulo da Fiesp, Bovespa e mais-valia; do cansaço, da correria...
Ah, São Paulo!
Bela e infinita...
Deusa, Deus, rainha do pobre e do rico
São Paulo do Solar da Marquesa, do Largo de São Francisco, do Masp, USP e dos mirantes a se perder de vista
São Paulo dos heróis sem berço e dos profetas e loucos do marco zero da Sé
São Paulo dos anjos tortos, caídos, perdidos no breu da noite
São Paulo das trevas, cortiços e favelas
São Paulo dos lampiões, dos bondes camarão e da garoa fina, finda
São Paulo guerreira, das entradas e bandeiras
Ah, São Paulo!
Menina-mulher pura e pecadora, durona e conciliadora.
Esfinge à frente do próprio tempo!
No teu leito de vida e morte, São Paulo, mão e contramão se chocam contra o irreal e a razão...
Palitos de aço e concreto te ferem o céu do teu pulmão, que chora poeira, óleo e carvão...
São Paulo, São Paulo...
Em ti, por ti, joões e marias se atiram às cegas na eterna luta pela vida, e ao fim e em uníssono, de todas as formas, todos dizem:
– Te amo!

ANIVERSÁRIO DE SÃO PAULO
É enorme a programação comemorativa ao aniversário da cidade. e a do tempo também.
Pois é. São Paulo é assim: num só dia, todas as cinco estações. Isto é: primavera, verão, outono, inverno e chuvas.

CORINTHIANS

O mais paulistano dos times brasileiros continua ganhando.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

VOU PRA PARSÁGADA...

Ontem foi uma criança, hoje foi uma senhora de oitenta anos.
Isso prova que esperança e Deus existem.
A criança e a senhora foram resgatadas com vida uma semana após o terremoto que praticamente tirou do mapa o Haiti.
Os Estados Unidos, urubus de sempre, já tomaram conta do território haitiano em nome da salvação.
Meu Deus!
São os mesmos Estados Unidos que em nome da paz fazem a guerra.
O que será do que sobrou do Haiti?
E dos haitianos?
Para onde vão o Haiti e o seu povo?
Caetano, o duvidoso emblemático uns anos atrás arriscou:

Quando você for convidado pra subir no adro
Da fundação casa de Jorge Amado
Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos e outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)
E aos quase brancos pobres como pretos
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados
E não importa se os olhos do mundo inteiro
Possam estar por um momento voltados para o largo
Onde os escravos eram castigados
E hoje um batuque um batuque
Com a pureza de meninos uniformizados de escola secundária
Em dia de parada
E a grandeza épica de um povo em formação
Nos atrai, nos deslumbra e estimula
Não importa nada:
Nem o traço do sobrado
Nem a lente do fantástico,
Nem o disco de Paul Simon
Ninguém, ninguém é cidadão
Se você for a festa do pelô, e se você não for
Pense no Haiti, reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui
E na TV se você vir um deputado em pânico mal dissimulado
Diante de qualquer, mas qualquer mesmo, qualquer, qualquer
Plano de educação que pareça fácil
Que pareça fácil e rápido
E vá representar uma ameaça de democratização
Do ensino do primeiro grau
E se esse mesmo deputado defender a adoção da pena capital
E o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no feto
E nenhum no marginal
E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual
Notar um homem mijando na esquina da rua sobre um saco
Brilhante de lixo do Leblon
E quando ouvir o silêncio sorridente de São Paulo
Diante da chacina
111 presos indefesos, mas presos são quase todos pretos
Ou quase pretos, ou quase brancos quase pretos de tão pobres
E pobres são como podres e todos sabem como se tratam os pretos
E quando você for dar uma volta no Caribe
E quando for trepar sem camisinha
E apresentar sua participação inteligente no bloqueio a Cuba
Pense no Haiti, reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui.

Estou me preparando pra dar um pulo em Parságada...

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

PATTY ASCHER, UMA BELA VOZ QUE NASCE OK

A bela rio-grandense do Norte Marina Elali tem agora no dial das FMs uma voz à altura, muito bonita, aliás: Patty Ascher.
Marina é neta do compositor pernambucano Zé Dantas, parceiro de mestre Luiz Gonzaga num punhado e meio de clássicos como Xote das Meninas, que ela canta em inglês discô no disco De Corpo e Alma Outra Vez.
Patty é filha do paulista de Presidente Epitácio Demerval Teixeira Rodrigues, o Neno, ex-integrante de um dos velhos grupos de rock dos anos 60 e 70: Os Incríveis, de Netinho, Mingo, Manito...
Naqueles tempos, faziam sucesso brasileiros com nomes estrangeiros, como Dave MacLean e Tony Stevens, esse dono de uma voz fantástica.
Uma voz, não; 12 vozes de timbres diferentes ocupavam a sua possante garganta de ouro.
Conheci Jessé Florentino Santos, isto é, Tony Stevens, de perto.
Guardo discos dele até hoje, tanto da fase gringa, quanto da vida brasileira pé-no-chão.
Impressionei-me tanto com a sua capacidade de interpretação, que acabei fazendo entrevistas com ele para o Pasquim e o Jornal do Trabalho, editado pelo guerreiro Perseu Abramo.
O MacLean, pseudônimo de José Carlos Gonzalez, paulista descendente de espanhóis, fez um sucesso dos diabos, com Me and You.
Lembra?
Também era dos 70 um cabra que atendia por Mark Davis, em todas as paradas estourado com Don´t let me Cry.
De batismo, Davis recebeu o nome de Fábio Correa Ayrosa Galvão.
Sacou?
O Mark Davis de ontem é o Fábio Jr. de hoje, das novelas, da mulherada...
Tinha também o Terry Winter, que Miriam Martinez me apresentou numa sala da extinta RCA Victor de Santa Cecília, cá em Sampa, e que um acidente de carro matou, nos 90.
Winter era paulista, com descendência britânica, batizado como Tommy Standen, que chegou a vender 600 mil cópias de um disco, quando Caetano Veloso, no máximo, chegava aos 5 mil exemplares de um título, e o tropicalismo, no cômputo geral, alcançava 30 mil do bolso pra fora.
Velhos tempos, tempos bons, tempos livres, loucos, de cuba libre e inda namoro no portão.
Marina Elali é voz comum ao fundo de novelas globais e em eventos purpurinovos.
Sim, claro, afinadíssima, mas que parece não saber falar o idioma pátrio e dele não gostar, embora aqui e ali seja levada a cantar em grandes eventos o Hino Nacional...
Patty Ascher, que também é compositora, das boas, se ligou à tomada do Jazz norte-americano cantando com o desembaraço das grandes intérpretes, nem parecendo ser filha de um baixista interiorano de um grupo de rock da terra da ex-garoa, hoje das enchentes, o já citado Neno, produtor do programa Inimigos do Silêncio, no ar uma vez por semana pela TV Aberta. Mais posso dizer: Patty é um doce de voz de pluma que inebria pela suavidade os corações e mentes necessitados de bom gosto.
Ouça Deu Jazz no Samba, o CD que ela está pondo na praça, com apoio de gente bamba como Dori Caymmi, Eduardo Lages, Cristóvão Bastos, Gilson Peranzetta e Roberto Menescal.
Sim, Patty, seja bem-vinda ao campo da vida musical.
Gostei disso aqui:

O samba encontrou o jazz
Propôs uma união
Muito amor, sem estresse
Samba jazz, samba jazz

O jazz ficou ressabiado
~Eta samba danado
Resistiu e não caiu
Nadade de pecado...

Referência à bossa nova, que foi buscar no jazz a sua célula mor...
Eu gostaria de ouví-la cantar algo como Juazeiro, de Gonzaga e Humberto Teixeira, que Peggy Lee gravou ao raiar dos 50 em 78 rpm na sua terra-berço, os Estados Unidos de Obama.

TERREMOTO NO MUNDO
- O Haiti está sem rumo, perdido no globo dominado pelo Tio Sam, que, aliás, está mandando e desmandando por lá, Haiti.
O Haiti é aqui, como diz a canção do baiano Caetano.
Precisamos nos cuidar, pois os terremotos provocados pelo mau-caratismo de boa (boa?) parte dos políticos tapuias são perigosíssimos.
Tio Sam anda por perto, rondando, sondando as nossas fraquezas...

CHUVAS DEMAIS
- O que está acontecendo em São Paulo e parte do Brasil me faz lembrar a toada de Gordurinha, Súplica Cearense:

Oh! Deus, perdoe este pobre coitado
Que de joelhos rezou um bocado
Pedindo pra chuva cair sem parar

Oh! Deus, será que o senhor se zangou
E só por isso o sol arretirou
Fazendo cair toda a chuva que há...

Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinho
Pedi pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta no chão

Oh! Deus, se eu não rezei direito
O Senhor me perdoe,
Eu acho que a culpa foi
Desse pobre que nem sabe fazer oração

Meu Deus, perdoe eu encher os meus olhos de água
E ter-lhe pedido cheinho de mágoa
Pro sol inclemente se arretirar...

Desculpe eu pedir a toda hora pra chegar o inverno
Desculpe eu pedir para acabar com o inferno
Que sempre queimou o meu Ceará...

CORINGÃO
- Pois é: e o Corinthians continua a ganhar...
Fui!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

LULA SANCIONA LEI PROFISSIONALIZANDO REPENTISTAS

Os poetas repentistas do Brasil são agora profissionais reconhecidos por legislação própria. A lei que legaliza a profissão é a de nº 12.198, aprovada primeiramente em novembro pelo Senado e quinta 14 sancionada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, mas somente ontem passou a valer com a publicação no diário Oficial da União. A íntegra:

LEI Nº 12.198 DE 14 DE JANEIRO DE 2010
DOU 15.01.2010
Dispõe sobre o exercício da profissão de Repentista.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Fica reconhecida a atividade de Repentista como profissão artística.

Art. 2º Repentista é o profissional que utiliza o improviso rimado como meio de expressão artística cantada, falada ou escrita, compondo de imediato ou recolhendo composições de origem anônima ou da tradição popular.

Art. 3º Consideram-se repentistas, além de outros que as entidades de classe possam reconhecer os seguintes profissionais:
I - cantadores e violeiros improvisadores;
II - os emboladores e cantadores de Coco;
III - poetas repentistas e os contadores e declamadores de causos da cultura popular;
IV - escritores da literatura de cordel.

Art. 4º Aos repentistas são aplicadas, conforme as especifidades da atividade, as disposições previstas nos arts. 41 a 48 da Lei nº 3.857, de 22 de dezembro de 1960, que dispõem sobre a duração do trabalho dos músicos.

Art. 5º A profissão de Repentista passa a integrar o quadro de atividades a que se refere o art. 577 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943.

Art. 6º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 14 de janeiro de 2010; 189º da Independência e 122º da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Basta a legalização oficial da profissão?
O que de fato muda na vida desses profissionais, que tiram poesia “de onde não tem” e colocam “onde não cabe”, como definia tão bem o paraibano Pinto do Monteiro (1895-1990), chamado de Cascavel do Repente?
De qualquer forma, acho que aqui cabe o pensamento do jornalista e dramaturgo santista Plínio Marcos (1935-99), exposto no artigo que assinou no suplemento dominical Folhetim, do jornal Folha de S.Paulo, no dia 6 de fevereiro de 1977: “Um povo que não ama e preserva suas formas de expressões mais autênticas, jamais será um povo livre”.
A calhar, me vem também à lembrança a saudação em versos que o poeta Manuel Bandeira (1886-1968) fez aos repentistas que se apresentavam num concurso no Rio de Janeiro, nos fins dos 50, do qual era jurado ao lado de outros intelectuais. Os versos se acham no livro Estrela da Vida Inteira (José Olympio; 1966) e são estes:

Anteontem, minha gente,
Fui juiz numa função
De violeiros do Nordeste
Cantando em competição,
Vi cantar Dimas Batista,
Otacílio, seu irmão,
Ouvi um tal de Ferreira,
Ouvi um tal de João.
Um a quem faltava um braço
Tocava com uma só mão;
Mas como ele mesmo disse,
Cantando com perfeição,
Para cantar afinado,
Para cantar com paixão,
A força não está no braço,
Ela está no coração.
Ou puxando uma sextilha,
Ou uma oitava em quadrão,
Quer a rima fosse em inha
Quer a rima fosse em ao,
Caíam rimas do céu,
Saltavam rimas do chão!
Tudo muito bem medido
No galope do Sertão.
A Eneida estava boba,
O Cavalcanti bobão,
O Lúcio, o Renato Almeida,
Enfim toda comissão.
Saí dali convencido
Que não sou poeta não;
Que poeta é quem inventa
Em boa improvisação
Como faz Dimas Batista
E Otacílio seu irmão;
Como faz qualquer violeiro,
Bom cantador do Sertão,
A todos os quais humilde
Mando minha saudação.

Detalhe: os onze primeiros versos desse belo poema o alagoano Djavan achou por bem se apropriar e musicá-los sem a nobreza, porém, de citar o autor. Pior: ele informa no selo e no encarte do disco LP Coisa de Acender (Columbia, 1992) que são de sua autoria os versos. Ora, ora...
Na foto, um clic para a história: Otacílio Batista sendo por mim entrevistado no programa Gente e Coisas do Nordeste, que por mais de ano apresentei ao vivo na Rádio Atual, de São Paulo, em 1995. A foto foi extraída do livro A Presença dos Cordelistas e Cantadores Repentistas em São Paulo; Ed. Ibrasa, 1996, que serviu de base para o filme franco-brasileiro Saudade do Futuro, dirigido por Marie-Clémence e César Paes; 2000.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

GARCÍA MÁRQUEZ, BRECHT, REICH? NÃO. EDUARDO COSTA

Não é de hoje a confusão que se faz em torno de nomes e obras lliterárias, seja no Brasil, seja fora do Brasil.
Os pontos nos is acabam, porém, sendo postos como no caso da autoria do poema Desejo, que imaginei fosse de Victor Hugo e como tal creditei no texto que postei neste blog no último dia do ano passado.
Mas como eu ia dizendo, não é de hoje que se faz confusão em torno de nomes e obras, aqui e alhures.
Pois bem, por muito tempo circulou nas hostes populares e acadêmicas a certeza de que os versos do poema No Caminho com Maiakovski eram mesmo do poeta russo Vladimir Vladimirovich Mayakovsky (1893-1930).
Não eram.
Uma vez, na noite de 25 de outubro de 2003, convidei para uma entrevista ao programa São Paulo Capital Nordeste, que apresentei por mais de seis anos, em Sampa, o niteroiense Eduardo Alves da Costa, safra de 36, bom papo, tranquilo, meio tímido, cabeça boa, que estava lançando pela editora Geração Editorial o livro... No Caminho com Maiakovski.
O poema-título começa na página 47 e se estende por mais duas.
É como se fosse um poema dentro de outro.
O autor começa:

“Assim como a criança
Humildemente afaga
A imagem do herói,
Assim me aproximo de ti, Maiakovski...”.

Mais adiante, timidamente:

“Tu sabes,
Conheces melhor do que eu...”.

E é aqui, extamente aqui, que entra a confusão em 15 linhas desrimadas, fortes, bombásticas, em tom de alerta a um povo que se via massacrado, oprimido, no Brasil de 68:

“Na primeira noite, eles se aproximam
E roubam uma flor
Do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
Pisam as flores,
Matam nosso cão,
E não dizemos nada.
Ate que um dia,
O mais frágil deles
Entra sozinho em nossa casa,
Rouba-nos a luz, e,
Conhecendo nosso medo,
Arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada”.

E segue célere o poema de Eduardo Alves da Costa.
Tudo começou em 1977, quando o jornalista, escritor e terapeuta paulista Roberto Freire (1927-2008), criador de um negócio chamado somaterapia, que vem a ser terapia de grupo, publicou pela extinta editora Símbolo o livro Viva eu, Viva tu, Viva o Rabo do Tatu.
Nesse livro, Freire põe em epígrafe versos de Edurado, publicados pela primeira vez em 1968 e após a confusão feita e espalhada se desculpa; mas é tarde, pois mais do que depressa os versos atribuídos a Maiakovski e também a Gabriel Garcia Marques, Jorge Luís Borges, Wilhelm Reich, Brecht, Leopoldo Senghor e Jung correm impressos e de boca em boca mundo afora.
Fazer o quê?
Viva Eduardo Alves da Costa, e que mais belos versos ele nos brinde.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O BAIÃO FOI INVENTADO POR LUIZ GONZAGA

Pisei na bola.
Do poeta Peter Alouche, recebo o puxão de orelhas:
Assis,
para o bem da verdade, o poema DESEJO não é de Victor Hugo. É um poema do autor brasileiro chamado Sergio Jockyman, escrito em 1978 e publicado em 1980. O texto original em português foi traduzido inclusive para o francês (Je te Souhaite ....), para o espanhol (Te deseo). Certamente é um poema magnífico, com estilo muito inspirado em Victor Hugo, mas não é de Victort Hugo.
Fica o registro.
Bom, semana passada, precisamente sexta, assisti o documentário de longa metragem O Homem que Engarrafava Nuvens, cuja pré-estréia ocorrerá amanhã às 21h30 no Espaço Unibanco da Rua Augusta, 1475, Cerqueira Cesar, cá em Sampa.
Vão lá, valerá a pena.
O filme, do pernambucano Lírio Ferreira, conta a trajetória, rica, do compositor cearense de Iguatu Humberto Teixeira, parceiro imortal de Luiz Gonzaga em duas dezenas de clássicos genuinamente brasileiros, dentre os quais Baião, Estrada do Canindé, Juazeiro, Assum Preto e Asa Branca, toada essa que ostenta o primeiro lugar no campo das gravações do repertório nacional, seguida do chorinho Carinhoso, de Pixinguinha e João de Barro.
A gracinha bossa-novista Garota de Ipanema, de Vinicius e Tom, não conta nessa história, pois, além de bobinha, foi composta com óbvios e propositais fragmentos do jazz norte-americano para o mercado internacional, embora sua primeira gravação mundial “furtada” por Pery Ribeiro dos autores à entrada dos 60, no Rio, como me disse, tenha sido na língua que herdamos dos portugueses.
O Homem que Engarrafava Nuvens é bonito do começo ao fim dos seus 102 minutos, que diante dos nossos olhos parece passar em menos tempo.
E isso é positivo, claro.
Um elogio.
Nota mil para a fotografia.
Começa com Denise Dumont atriz aplaudida de outras fitas fazendo uma visita ao Cemitério São João Batista, onde estão sepultos os restos do pai que ela diz pouco ou nada saber.
Belo e triste.
Positivo também é esse recurso, para mostrar um personagem de tão grande importância na nossa música popular, como o foi Teixeira, desconhecido da família; da única filha, principalmente.
O roteiro, também assinado por Ferreira, flui com naturalidade. Peca, porém, aqui e ali, pelo excesso de depoimentos...
O cantor e compositor Gilberto Gil, por exemplo, do alto da sua sabedoria, diz que o baião vem das bandas da Península Ibérica. Ora, ora...
A não ser que ele, Gil, tenha querido se referir aos poetas repentistas de quem Gonzaga tirou a batida do baião e até o nome.
Revelo isso no livro Eu Vou Contar pra Vocês, de 1990.
Gonzaga, à página 53:
“...O baião em sua forma primitiva não era um gênero musical. Ele existia como uma característica, como uma introdução dos cantadores de viola. Era um ritmo, uma dança. Antes de afinar a viola, o cantador faz uma introdução. Faz assim (imitando um cantador): tom, tom, tom, tim, tim, tim, tam, tam, tam, pam, pam, pam... Minha viola/Já afinei o meu bordão.... d-tém, d-tém, d-tem...”.
No filme emocionante são algumas passagens, como aquela em que Denise se encontra com a mãe, Margarida.
Tocante. Dói pra xuxu.
Na verdade, e a bem da verdade, acho que esse filme lava a alma de Denise.
Com O Homem que Engarrafava Nuvens Denise Dumont conseguiu reconhecer o pai e um pouco do Nordeste que ela também desconhecia. Mais: salvou um fantasma da sua vida.
E isso também é positivo.
No tocante a Lírio Ferreira, particularmente, uma coisa: ele se recupera do desmantelo que foi fazer Cartola.
Que novos filmes no campo documental venham, como esse O Homem que Engarrafava Nuvens.
Ah! Sim, sem a fala de Teixeira no link da história, em off, dificilmente o filme se concretizaria. Melhor: sobreviveria.
Parabéns a todos que nele se envolveram.
Mas não precisava deixar o Rei do Baião em plano tão secundário, pois, enfim, foi ele, Gonzaga, quem procurou Humberto Teixeira num dia de 45 para pôr letras nas suas melodias e histórias baiônicas.
Um detalhe: Asa Branca é um tema popular de Pernambuco e Paraíba.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

TOMANDO UMAS PARA LEMBRAR QUE O MUNDO É JÓIA

Como tantos, o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade andou dando mensagens sobre o Ano Novo.
Dele é o trecho que segue, do poema TEMPO, este:
“…Para você,
Desejo o sonho realizado.
O amor esperado.
A esperança renovada.
Para você,
Desejo todas as cores desta vida.
Todas as alegrias que puder sorrir.
Todas as músicas que puder emocionar.
Para você neste novo ano,
Desejo que os amigos sejam mais cúmplices,
Que sua família esteja mais unida,
Que sua vida seja mais bem vivida.
Gostaria de lhe desejar tantas coisas.
Mas nada seria suficiente…
Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos.
Desejos grandes e que eles possam te mover a cada minuto
ao rumo da sua felicidade”.

O poeta francês Victor Hugo, espelho do meu amigo Peter Alouche, também andou falando sobre desejo, palavra que significa vontade e que tão bem mestre Drummond aplicou no poema acima referido.
Hugo, no seu DESEJO:
“Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer...
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo, por sinal, que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia,
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom.
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal,
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga `Isso é meu`,
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem...
Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo homem
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem,
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar”.

Fantástico, não?
A vida é isso, é desejo, realização.
Eu gosto do Natal, mas não gosto dessa figurinha ridícula que o comércio maleficamente espalha entre nós e nossos filhos e netos, e a que dão o nome idiota de Papai Noel.
Machado de Assis, no seu SONETO DE NATAL inserido por ele próprio no livro Poesias Completas (W. Jackson Inc. Editores, 1900), resultante de Chrysalidas, Phalenas e Americanas (que ele chamava de Occidentaes) anteriormente publicados, à pág. 376, diz:
“Um homem — era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno, —
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,
Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.
Escolheu o soneto... A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca,
A pena não acode ao gesto seu.
E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
`Mudaria o Natal ou mudei eu?’".
Fica no ar a pergunta que pode ser estendida a todos nós.

Um telefonema há pouco me fez bem.
Tinhorão, ele, a antena à qual nada escapa com relação à cultura brasileira, me faz uma pergunta, na bucha:
“Você conhece a Ópera dos Três Vinténs, do Kurt Weill e Brecht, estreada em 1928, em Berlin?”.
Disse que sim.
“Você já ouviu o trecho overture dessa ópera?”.
Sim...
“Você conhece a canção Sabiá, de Tom Jobim (letra de Chico Buarque)?”.
Digo de novo que sim, que empatou com a guarânia Pra não Dizer que não Falei de Flores, de Geraldo Vandré, no Festival Internacional da Canção, FIC etc., em setembro de 68.
“E aí?”, ele pergunta de novo com a vontade da constatação da informação e do saber.
No Youtube: THREEPENNY OPERA OVERTURE Chamber League.
Pra encerrar, revelo: de João Pessoa, PB, me vem o e-mail:
“Caro Chico,
Que 2010 seja de glória para suas letras faladas e escritas.
O que faz do homem, homem, é a transcendência. Como matéria, tudo apodrece.
Lembre-me aos seus,
do irmão, Miguel”.
Lembrado, Miguel, lembrado. Sempre.
O vento nos dá trilhas e o mar somos nós.
Aproveitando o ensejo, quero mandar aqui o meu abraço querido, carinhoso e apertado aos amigos de sempre; aos conhecidos vindos de todas as vidas etc., como Isa, Chico de Isa, Vitória recém chegada, Gabriel gênio, Darlan solidário, Vandré único, Behring compreensivo, Peter além do óbvio, Paulo Benites ocupado, Marco Haurélio cuidando de cordel, como Klévisson e Arievaldo, sumidos; Gregório expandindo seus negócios, Roberto Luna que não sei por onde anda, Geraldo Nunes voando sobre Sampa, Aluizio Gibson resolvendo paradas, Cássio nos Stêites se firmando a cada dia no mundo da música, Wagner idem, Chinem quieto, Alcides preocupado, Alê sonhando, Vanzolini ensinando e quem quer apredendo... E o da Cuíca, como vai?
Deus do céu, como é bom viver!
Também de bom tudo quero desejar aos meus filhos e à neta, Iara.
Para todos, enfim, tudo de bom.
Ah! Sim, na foto acima eu e a minha vida; essa que atende por Andrea Lago.
E como não tenho muito o que fazer, agora vou almoçar, isto é jantar, e tomar mais uma que não sou de ferro.
Sozinho, naturalmente.
O mundo capitalista é uma bosta, e leva os moles à farsa!

É uma bosta capistalisno
Mas quem sou, Assis, pra dizer
Depois de andar tempos por aí
Que este mundo é bonito sem ser?
Prefiro umas e outras tomar
Para ficar bebo e esquecer.

A línguagem do título é dos 70, quem lembra?

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

VÂNDALOS, UMA PRAGA A SER EXTINTA

Ainda estou chocado e pensando a respeito da notícia sobre os vândalos que mais uma vez atacaram a estátua do poeta Carlos Drummond de Andrade no calçadão de Copacabana, no Rio. Caso caiam nas garras da Polícia – e torço para que isso ocorra o mais rápido possível –, necessário será fazê-los pagar pelos danos provocados à memória drummondiana.
E qual pena a eles seria justamente aplicada?
Ora, simples: fazê-los ler e copiar à mão a obra completa do vate mineiro, de Itabira.
Aliás, acho que já está mais do que na hora de a Polícia fazer uma caça séria a quem cuida de destruir o patrimônio público.
O que leva alguém a fazer isso, hein?
Em São Paulo, os vândalos – essa raça não tem cor, sexo e nacionalidade, tampouco senso de cidadania e respeito ao próximo – se armam de sprays e saem na calada da noite pichando tudo o que encontra à frente: casas, edifícios, templos etc. Raramente um deles é pego em flagrante e quando isso ocorre a Polícia simplesmente o obrigo a limpar o que sujou.
É pouco.
Os vândalos, esses párias de cabeça oca, teriam no meu ponto-de-vista que fazer o lhe obrigam quando preso e mais: por um longo tempo, eles deveriam prestar serviço à comunidade e varrer ruas, como exemplo.
E claro, obrigá-los também a estudar.
Outro dia estive em Búzios, balneário do Estado do Rio com área de 70 km² e 30 mil habitantes aproximadamente, localizado nas proximidades de Cabo Frio e que fez a alegria da ex-cantora e atriz francesa Brigitte Bardot, no verão de 64.
A notícia foi publicada em todo canto.
Mas por que falo isso?
Porque achei Búzios uma cidade, limpa, muito bonita.
Tem lá no centro, claro, uma estátua de BB.
Tem lá também uma estátua de Juscelino e um belíssimo monumento aos pescadores.
Nenhuma dessas obras foi depredada.
Belo exemplo de respeito à preservação da memória os oriundos de Búzios e os seus visitantes têm nos dado.
Fico agora imaginando o comportamento de Drummond pela agressão sofrida.
O poeta era de pouca conversa, como o compositor paulista de Valinhos Adoniran Barbosa.
Pra se ter uma idéia: uma vez, como repórter da Folha de S.Paulo, eu lhe perguntei para qual partido político puxava as asas. Resposta fria, seca:
– Homem de partido, é partido.
Baixa o pano.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

GRUPO TRENDS É REFORÇO DO METRÔ PARA BEM-ESTAR DOS USUÁRIOS

Poxa...
Vocês leram a pergunta posta no “comentário” abaixo, a de nº 3?
Passo ao Peter, que é especializado no assunto, a indagação de Angelocca:
“Com prazer e alegria, respondo: As novas portas de plataforma do Metrô de São Paulo serão extremamente importante para a segurança dos usuários (criança que cai na via, pessoa que é empurrada na via, suicídio etc.), além de serem um fator de elevação da regularidade e confiabilidade do sistema (a todos objetos que caiam na via, como guarda-chuvas, bolsas etc., é parado o sistema para retirar tais objetos) e também um fator de tranquilidade psicológico para o condutor, na chegada à estação. Em linhas que operam SEM CONDUTOR (linha 14 de Paris, metrô de Lille, de Singapura e Linha 4 do Metrô de São Paulo, por exemplos), essas portas (de plataforma) serão indispensáveis para a operação do sistema, porque serão vitais para a segurança dos passageiros. Em Singapura (cidade ao nível do Equador, extremamente quente) as portas de plataforma de metrô vão até o teto, porque as estações são a ar condicionado. E como bem lembrou o Assis: são novidades em todas as Américas, detalhe que demonstra a preocupação do Metrô de São Paulo com o conforto de seus milhões de usuários/dia”.
O Grupo Trends Tecnologia está se somando ao Metrô de São Paulo, ao trtzer de fora novaas tecnologia, como a das portas. Parece besteira, ms aguardem os resultados disso.
Novidades costmam provocar discussões.
Espero que a resposta do engenheiro Peter L. Alouche atenda à curiosidade dos usuários, aqui representada por Angelocca.
A foto das novas portas publicada ontem neste espaço, como a de hoje, aliás, foi a primeira, publicamente. Até então, nenhum colega havia publicdo nada a respeito, tampouco fotos. Furo, pois, deste blog. Com isso espero, também, ter o leitor Marco Zanfra entendido o publicado até aqui.
Na foto, apareço com o engenheiro Alouche e outros profissionais do Metrô.

DRUMMOND, O POETA
Em sete anos – ouço a notícia na tevê –, arrancaram oito vezes os óculos do monumento que reflete o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, plantado solitariamente num banco do calçadão de Copacabana, a pouca distância de onde ele morava, no posto seis.
Deus do céu! Que tristeza.
Como pode alguém bater numa imagem de concreto armado e quebrá-lo sem razão?
Como pode, hein?

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O METRÔ A SERVIÇO DOS USUÁRIOS: NOVIDADES À VISTA

Assisti Avatar, o novo filme de James Cameron, o mesmo de Titanic.
Ficção, ação, aventura etc. e tal em tela privilegiada. Som idem.
Ficção e realidade se misturam entre si, se fundem; não por acaso, confundem.
Avatar é exemplo.
Os Sertões, de Euclides da Cunha, também.
O que um tem a ver com o outro?
Pra começar, dois coronéis de exército.
Um do passado, outro do futuro.
O primeiro, de Avatar, se chama Miles Quaritch e é um troglodita completo, vilão de primeira linha e minudezas. Irretocável.
O segundo, de Os Sertões, Antônio Moreira César.
Na hora do vamos ver, Quaritch promete a seus comandados que vai “jantar” em Pandora, lua fictícia do fictício mundo virgem de Polifemo criado por Cameron, onde ele, o troglodita Quaritch, imagina pôr fim a tudo que se mova nesse mundo de pureza total, de beleza incomum, com o peso da sua ignorância e armas mortíferas, impensáveis ainda na realidade de hoje.
O mesmo fizera César, com ligeira variação ao prometer a seus comandados que iria “almoçar” em Canudos, tão certo estava do massacre que promoveria com seus homens e canhões de último tipo em poucas horas contra os fiéis seguidores do beato Antônio Conselheiro, no interior da Bahia de fins do século 19.
O primeiro se lascou, o segundo também.
Quaritch é um celerado, asqueroso, mal dos males.
César, também.
O primeiro embota a ficção.
O segundo, a história do Brasil.
A promessa do primeiro se vê em tela larga e em 3D, na batalha final de Pandora, em Avatar.
A promessa do segundo se lê à página 327 da 9ª edição (definitiva; Livraria Francisco Alves, 1926) de Os Sertões.
A história de Cameron se passa num tempo não muito longe da nossa imaginação, quando tudo parece final e a salvação da raça dá sinais de vida na selva de Pandora – ou da Amazônia, se me entendem.
Nesse ponto, a “mensagem” de Cameron é primorosa, cabendo aos poderosos do momento assumi-la.
Sem dúvida, além de lição exemplar, o Avatar de James Cameron é uma boa diversão para crianças dos 8 aos 80.
Fica o recado: cuidemos do nosso planeta.

O CIDADÃO, EM PRIMEIRO LUGAR
Se o que se passa em Pandora é ficção, o que se passa no Metrô de São Paulo é realidade das boas, diferentemente do que se viu em Canudos do beato Conselheiro.
A realidade que se colocará já, já, nos trilhos das novas estações a serem entregues ao público garantirá mais vida e segurança aos três milhões e tanto de usuários/dia do nosso sistema metroviário, o primeiro do País, fundado em 68.
Digo o que vi:
Ontem à tarde, conferi pessoalmente a ação dos trabalhadores – a maioria formada por nordestinos – nas obras da futura estação Sacomã da Linha-2 Verde, na região Sul-Sudeste de Sampa.
Bonito,
Incrível o empenho de todos em prol da coletividade.
Perguntei ao engenheiro Peter Alouche, um dos fundadores do Metrô de São Paulo e hoje requisitadíssimo profissional de consultoria na área de transportes do Grupo Trends Tecnologia, quais as novidades a serem implantadas nas futuras estações, além da reformulação da linha de bloqueio anunciada pelo secretário dos Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella.
Peter destacou as vantagens do sistema de porta-plataformas novísissimo nas Américas (a novidade vem da Ásia) que está sendo implantado primeiramente na estação Sacomã:
“Segurança dos usuários e confiabilidade da operação, evitando paradas provocadas por quedas de objetos no vão entre os trilhos. Além disso, esse novo sistema de portas evitará suicídios, quedas de crianças e adultos no mesmo vão...”.
Voltarei ao assunto.
Ah! Na foto, o novo sistema de portas sendo instalado na estação Sacomã que será entregue em breve à população.

domingo, 27 de dezembro de 2009

O RADIOJORNALISMO PERDE O SAMURAI MUÍBO CURY

A história dos samurais de Kurosawa a que me referi ontem neste espaço vem do século 16, como Ran, Os Senhores da Guerra, outro filme imperdível e plasticamente perfeito do grande diretor japonês que veio a este mundo só para fazer obras primas.
E foram muitas.
Os Sete Samurais e Ran são exemplos, como Kagemusha, Derzu Usala e Madadayo, cujo lançamento nacional, em 1993, eu assisti encantado numa sala do Conjunto Nacional, na capital paulista.
Pois bem, a história de Os Sete Samurais (Schichinin no Samurai) tem origem nos tempos feudais da vida japonesa, quando ponteavam homens corretos e treinados militarmente pelo império para viver – e morrer – com honra em nome da paz e da justiça, custasse o que custasse.
Ao fracassarem, se matavam.
Seu tempo durou cerca de 800 anos.
Na história de Kurosawa, o samurai Kambei (Takashi Shimura) é contratado por indefesos camponeses a preço de quase nada para defendê-los das garras de um bando de celerados que os assaltam nos tempos de colheita.
Kambei escolhe a dedo os companheiros que o seguirão na árdua tarefa, entre os quais o bem humorado Kikuchiyo (Toshiro Mifune).
E se dá bem.
No Nordeste de padre Cícero e Gonzagão, a história e os personagens dessa história encontrariam alguma equivalência no Cangaço e, forçando um pouco a barra, nos pistoleiros de aluguel que pululam por aí.
Lembram de Billy, the Kid?
E de Robin Hood?
Pois é, o detalhe nessa história toda é que Kurosawa bota pra lascar, filmando melhor do que todos os jovens Barretos de hoje juntos e quase tanto quanto o velho Lima, de O Cangaceiro.
No começo dos anos de 1960, o norte-americano John Sturges levou à tela uma cópia da história dos samurais kurosawanos: Sete Homens e um Destino, com Charles Bronson, Yul Brynner e Steve McQueen, entre outros durões.
Fica o registro.
Ah! Sete Homens e um Destino é também um filme muito bom.
Acabei de assistir Avatar.

TRISTE PERDA: MUÍBO CURY
O paulista de Duartina Muíbo César Cury, uma espécie de samurai do radiobrasileiro, partiu silenciosamente ontem aos 80 para a Eternidade, sem se despedir de ninguém. Era calmo, discreto, e foi tudo muito rápido. Ocorreu após complicações no coração. Ele era uma pessoa exemplar, um profissional correto, inconteste, descoberto por Ariowaldo Pires no começo dos anos de 1950. Dono de uma voz muito bonita, Muíbo ocupou os microfones da Rádio Bandeirantes por quase 60 anos. Compôs músicas, gravou discos, fez dublagem para cinema e televisão. Era um monumento do radiojornalismo brasileiro. A última vez que nos vimos foi no ano passado, quando tive o prazer de lhe entregar exemplares do CD Inéditos do Capitão Furtado & Téo Azevedo, que produzimos ao lado de Inezita Barroso, Tinoco, Moacyr Franco e duplas como Irmãs Galvão, Mococa & Paraíso e Rodrigo Mattos & Praiano. O primeiro depoimento que se ouve no disco é o de Muíbo, sobre seu amigo o Capitão.
Fica entre nós o seu exemplo de vida por um mundo melhor. Saudade.

sábado, 26 de dezembro de 2009

KUROSAWA E ROBERTO CARLOS, ALGO EM COMUM?

Fazia tempo que eu nada fazia.
Isto é, que não dava bolas a relógio, horários etc.
Anteontem saí por aí, à toa, engolindo vento.
Fui ao mercadão da Cantareira após passar por um sebo na Mooca.
Fiz compras e conversei com um monte de gente que não conhecia.
Tomei umas; poucas, mas tomei.
Já nos meus domínios na cozinha, caprichei numa bacalhoada.
Liguei o rádio e ouvi notícias sobre a cidade, o trânsito e também sobre a lamentável figura do velho de barbas brancas e postiças induzindo gente pobre a gastar o que não tem, enquanto bufa seu hô, hô, hô idiota pelas ruas da vida.
Li bastante, menos jornal.
Antes de bater a hora de matar a fome, me deitei na rede e me balancei um pouco.
Por um instante, dei de garra do controle e passei a zapear.
Lá pras tantas, o P&B Os Sete Samurais de Akira Kurosawa aparece na telinha.
Colossais, o filme e o diretor.
Fez-me lembrar o filme de três horas e meia o fax de Kurosawa à poeta paulista de Planalto Mariazinha Congílio, amiga querida fundadora da inesquecível Pensão de Jundiaí, outrora frequentada por Hernani Donato, Fábio Lucas, Jayme Martins, Mário Albanese, João Marcos Cicarelli, Geraldo Vidigal, Ives Gandra da Silva Martins e o seu irmão, o pianista hoje maestro João Carlos; Expedito Jorge Leite, Paulo Bomfim, Marcello Glycerio de Freitas, Rhadá Abramo, Inezita Barroso, eu mesmo e tantos outros.
Mariazinha, que já está no céu, teve em 1992 a salutar ideia de criar o Dia Internacional do Homem, com estatuto e tudo que guardo como relíquia.
Os primeiros homenageados foram o jurista/filósofo Miguel Reale, o pintor Inos Corradin e Paulo Vanzolini, de Ronda e Volta por Cima. Depois Mandela, Kurosawa, o palhaço Arrelia, o historiador Sebastião Witter, o professor Pasquale, o cientista Clodowaldo Pavan, o jornalista Oliveiros Ferreira, entre outros.
Na impossibilidade de comparecer pessoalmente à solenidade de entrega de um diploma e um mimo, a Moringa da Pensão, no caso, Kurosawa mandou um fax agradecendo a iniciativa e a escolha de seu nome.
Lembro isso para lembrar a grandeza dos homens simples.
Ser simples por si só é ser grande, é ser sábio.
A pureza anda de mãos dadas com a simplicidade, quem não sabe?
Grande Akira Kurosawa!
Ainda num zap e noutro, aparece na telinha Roberto Carlos cantando suas coisas resultantes de pesquisas e tal.
Lembro dele, sim.
Nos meus tempos de repórter da Folha, nos 70/80, fui escalado para cobrir, numa madrugada fria, uma passagem de som sua, no Ibirapuera.
Fiz a cobertura, claro, mas sem entrevista.
Quem me ajudou no cumprimento da pauta foi o empresário, Marcos Lázaro.
Tudo bem que a vaidade e o lucro estejam acima de tudo nos planos de vida de Roberto, mas que ele é esquisito, isso é.
Como pode alguém se irritar tanto, ao ponto de acionar advogados para retirar do mercado um livro tão bem-feito a seu respeito, no caso Roberto Carlos em Detalhes, do historiador Paulo Cesar Araújo, que conheci de entrevista ao programa São Paulo Capital Nordeste que apresentei por anos a fio na Rádio Capital paulista?
Eu, hein!
Ah! A foto que ilustra este texto, vem dos meus arquivos e lembra o registro da cobertura de passagem de som de Roberto. À esquerda, eu. À direita, Lázaro.

domingo, 20 de dezembro de 2009

MENINA VITÓRIA, CHICO-ISA E CORINTINHIANS. VIVA A VIDA!

Vitória, filha primeira do casal Chico-Isa, veio ao mundo ontem, 353º dia do calendário gregoriano.
Ela, Vitória, chegou a este mundo com saúde de ferro e pesando, pra comprovar, 3,5 quilos.
A boa-nova veio do Hospital São Luís, no Itaim, cá em Sampa.
Eu, pai, pensei no primeiro filho que tive há vinte e tantos anos, pois grávido também fiquei, ora!
O filho é filha.
Chama-se Luciana, maravilhosa, e que até uma netinha igualmente maravilhosa Lu já me deu: Yara.
Quase quatro anos depois de tão importante acontecimento na minha vida, inda me sinto assim, assim, com sorriso largo me alumiando a cara redonda que a Paraíba e dona Maria Anunciada e seu Severino Ângelo me deram, em setembro de 52.
Ê, coisa boa!
É a vida se reproduzindo; é a gente se reproduzindo pensando num mundo melhor.
Que o diga o meu amigo Flávio Tiné, pernambucano dos bons...
Beleza ter filhos e netos!
Andrea, mãe de Pedro e Marina, me disse que Isa pariu legal às 7 da manhã. Menos de 12 horas depois, ela, Isa, já tava pedindo algo pra molhar a goela e um cigarro pra relaxar, antes de se meter espontaneamente numa sessão de exercícios no hospital, para admiração e medo de médicos e enfermeiras que lhe pediam calma e repouso.
Mas Isa, embora calma, tranqüila como sempre, nunca foi pessoa de repousar, tampouco a pedido. Ela gosta mesmo é de trabalhar, de produzir.
Um dínamo é o que ela é.
Através de Andrea, minha companheira de vida e sonhos, eu fiquei sabendo que Chico de Isa, o pai de Vitória, não perdeu um segundo para inteligentemente enaltecer o Corinthians – opa! –, pondo na porta do quarto do hospital da consorte o aviso óbvio: “Aqui nasceu gente!”, e o símbolo, naturalmente, do Timão agora às vésperas do seu 1º centenário de nascimento.
Grande Chico, que acha no campo da vida a razão de torcer. E por ser o que é, um corinthiano da gema, lhe dedico e dedico também a ela e a “ela” a letrinha cuja melodia está se gerando no útero cerebral do meu parceiro Osvaldinho da Cuíca, esta:

UMA BATUCADA PRO CORINTHIANS
Assis Ângelo

Neco, Teco,
Teleco e Neto,
Corinthians!
Maestros no campo.
Mestres da bola.
No gesto do drible.
No gesto do riso.
No rito da glória.
À vitória!
Corinthians!
Corinthians!
Corinthians!
Gilmar, Wladimir,
Baltazar e Sócrates
Mais o Pequeno Polegar.
Ó glória!
Cláudio, Idário, Basílio,
Rivelino, Dida e Tupã,
Palhinha, Viola e Grané,
Todos grandes
Como Maria, o Superzé.
Maestros no campo,
Mestres da bola.
No gesto do drible.
No gesto do riso.
No rito da glória.
Corinthians!
Corinthians!
Não sai da minha mente,
Nem do meu coração.
É preto e é branco
É Corinthians campeão!
É guerreiro,
É valente,
É brasileiro,
É o time da gente.
Corinthians!
Corinthians!
Corinthians!
De ontem, hoje e sempre,
Corinthians!
Corinthians!
Corinthians!

E especialmente à filha de Chico-Isa, esta sextilha:

Seja bem-vinda, Vitória,
A este mundo desigual,
Aproveite e plante nele
Uma semente genial,
Pois sem isso não se vive:
É preciso ter um ideal

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

GRUPO DEMÔNIOS DA GAROA VAI VIRAR FILME, EM 2010

Isso mesmo!
A história do grupo musical mais antigo em atividade profissional ininterrupta do mundo, o Demônios da Garoa, vai ser contada na tela grande, no ano que vem.
Bom, não é?
Até o diretor já foi escolhido: Pedro Caldas; o mesmo de Versificando, que tem enchido os olhos – e ouvidos – de muita gente, mundo a fora.
Quem me deu tão boa notícia foi a produtora cultural Andrea Lago, aniversariante de hoje, 17 de dezembro.
O filme será baseado no livro Pascalingundum, que escrevi e o Grupo Trends Tecnologia pôs nas mãos de seus amigos e clientes durante um show na empresa, há um ano.
Andrea lembra que ainda há espaço para patrocínio. A pessoa jurídica que se habilitar... Sairá ganhando.
Sobre o assunto, falarei daqui a pouco ao vivo, ao meio-dia, no programa Em Cartaz, de Atílio Bari, acessado nos canais 9 (Net) e 72, 99 e 186 (TVA).

PETER EM REVISTA

A nova edição da revista argentina Vial, traz longa entrevista com o engenheiro Peter L. Alouche, consultor especializado em transprotes na área de tecnologia para o Grupo TGrends, Banco Mundial e Agencia Francesa de Desenvolvimento (AFD). Ele falou sobre transporte, naturalmente, e sustentabilidade. Leitura imperdível.

METRÔ E NORDESTINOS

Em primeira mão: o Metrô de São Paulo vai homenagear os nordestinos em São Paulo, com uma nova estação a ser entregue à população no começo do ano que vem. Já era tempo! A respeito, falarei mais depois.

domingo, 6 de dezembro de 2009

PETER ALOUCHE EM DICIONÁRIO DE MÚSICA BRASILEIRA

Um ganha, outro perde.
É o jogo da vida.
No correr das últimas rodadas esportivas, os torcedores palmeirenses perderam um pouco a alegria de viver. E isso foi mais do que óbvio e necessário, no meu ponto-de-vista, pois as besteiras que o time do Parque Antarctica cometeu são, simplesmente, imperdoáveis. E não vou aqui enumerá-las para não fazer os marcelos da vida palmeirense sofrerem mais, não é mesmo Aluizio?
Tudo é triste e é só.
Eu disse marcelos?
Pois bem: o Marcelo Cunha, sempre verde de raiva quando seu time perde, deve estar se mordendo como o personagem de quadrinhos Hulk, de Jack Kirby e Stan Lee...
O que fazer?
Dizer miau, ora!
Os são-paulinos, também.
De certa forma, nós, corinthianos, temos algo a ver com isso tudo.
Adivinhem.
Estamos na Libertadores e isso por ora basta!
Claro: o Palmeiras, não.
Quem deve também está sofrendo muito com o resultado do Brasileirão findo ontem é o Paulo Benites.
Nada grave, um bom uísque resolve.
Paulinho, como o querido Ives Gandra da Silva Martins, irmão do maestro João e presidente do Conselho Consultivo do São Paulo Futebol Clube – sou democrático! – e prefaciador do meu opúsculo A Presença do Futebol na Música Popular Brasileira, lançado primeiramente pelo Metrô de São Paulo e depois pela Paulus, esperneou, fez, desfez, quis, mexeu, doeu, ai, ai, ai, pulou miudinho, chorou, berrou, mas teve de segurar a onda numa boa.
E...?
Ano que vem já sabemos: é Coringão na cabeça.
100 anos!
Ninguém ou instituição nenhuma chega a 100 a toa.
...Uma vez Flamengo, sempre Flamengo!
Boa.
Grande Lamartine Babo (1904-63).
Lamartine compôs 13 grandes hinos, seis dos quais num dia só.
O primeiro, para o time do seu coração, o América.
Depois, para o Fla, Vasco, Flu, Bangu e Botafogo, que faturou o Palmeiras no Brasileirão findo ontem, por 2 x 1.
Digo mais? Digo não.
Mais tarde os jornais dirão.
.....................
PETER ALOUCHE EM DICIONÁRIO

Enquanto o Flamengo ganhava, o Palmeiras perdia e o São Paulo ganhava sem muita precisão, eu dava um pulo na livraria Cultura, ali na Paulista, acompanhado de Peter Alouche, coringa por causa do Gordo.
Quada-cais... Eita!
Pois...
Num instante, mas por acaso, ele achou o Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira.
Alegria dez, tal qual outro amigo se fez e a mim: Paulo Vanzolini, quando o Aurélio há trinta anos fez verbete sobre o “volta por cima” e o citou.
Parecia menino o Paulo, naquela ocasião.
Parecia menino o Peter, hoje len do seu nome no dicionário do Houaiss.
Bonito.
Deve ser bom em vida saber-se reconhecido pelas belezas feitas.
Quem sabe, chegarei lá...
Posteridade: na foto que ilustra este texto, da direita (epa!) para a esquerda, as figurinhas exibidas, são: Paulo Vanzolini, eu, Peter, Sérgio Salvadori (por onde anda?) e o atual presidente do Metrô de São Paulo, Jorge Fagali, que não tem tempo pra falar comigo. O ambiente em que foi feita essa foto: livraria Cultura, de Pedro Hetz.

RONIWALTER

Do amigo Roniwalter Jatobá, escritor dos maiores que o nosso País tem, recebo neste instante a indagão que nos faz a goela tremer:
"Você soube? Tenho acompanhado o drama do dramaturgo que foi baleado cruelmente na praça Roosevelt. Terrível, né? Violência de quem? O mundo precisa beber mais, sem raiva".
O dramaturgo aqui lembrado é Mário Bortolotto, que está vai não vai na Santa Casa de Misericórdia...
Meu deus!
Quarta que vem vou tomar um porre com Roni, no Consulado Mineiro do amigo Geraldo Magela. Quem sabe assim a gente ajeita o mundo, hein?
É o jeito, viu Zanfra?

LUIZ GONZAGA
Logo mais às 22 horas de hoje 7 do mês, um especial sobre o rei do baião Luiz Gonzaga, na TV Brasil. Tem Fagner, Dominguinhos, Lirinha, do Fogo Encantado, e eu... Ui! O especial vai no programa De Lá Pra Cá, do Ancelmo Gois e Vera Barroso.

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