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quinta-feira, 11 de abril de 2013

CONGRESSO MEGA BRASIL DE COMUNICAÇÃO

Está-se aproximando o dia da abertura de mais uma edição do Congresso Mega Brasil de Comunicação, que este ano, sob o tema O Planeta Comunicação na Era do Diálogo, acolherá cerca de 40 atividades, incluindo cursos, uma exposição fotográfica e 27 palestras temáticas – internacionais, inclusive - no grande auditório do Centro de Convenções Rebouças, na capital paulista.
A conferência magna de abertura que ocorrerá no próximo dia 23, às 12h10, intitulada A Empresa e Seu Legado Social, Econômico e Ambiental – os Desafios de Progredir sem Medo e Preservar com Coragem, será feita por Cledorvino Belini, presidente da Fiat/Chrysler para a América Latina.
No mesmo dia 23, às 19h15, será entregue o 14º Prêmio Personalidade da Comunicação (reprodução do convite ao lado) ao presidente executivo da Editora Três, Caco Alzugaray, e ao presidente de honra da mesma editora, Domingo Alzugaray.
No dia seguinte, às 19h30, após conferência internacional intitulada A Importância da Criatividade Para Alavancar Resultados aos Negócios, será apresentado o Sarau da Cultura Popular com artistas da nossa música ligados ao Instituto Memória Brasil, IMB, como o compositor e instrumentista Jorge Mello, também cordelista e poeta improvisador ao som de viola; o multipercussionista Papete, um dos três maiores na especialidade ao lado de Naná Vasconcelos e Airto Moreira; o músico Oswaldinho do Acordeon, as cantoras Fernanda de Paula, Celia e Celma e o poeta Fernando Coelho.
Também estarei presente. 
Depois da apresentação poética e musical será servido um coquetel, ocasião em que ocorrerá o lançamento do mais importante Anuário Brasileiro da Comunicação 2013, da Mega Brasil.
Mais informações pelo telefone 11-5576.5600.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

VIVA A POESIA!

É do poeta carioca Ricardo Viveiros, radicado na capital paulista desde a segunda metade dos anos 1970, os livrinhos que se leem num fôlego Saudade (Ed. Girassol, 2012) e O Poeta e o Passarinho (Ed. Biruta, 2011).
O primeiro traz ilustrações de Zélio e o segundo, de Rubens Matuck.
Leitura necessária e agradabilíssima, tanto um quanto o outro.
Destinados ao público em formação, isto é infantojuvenil, as obras de Viveiros nos remetem aos repentistas pernambucanos de Itapetim Antônio Pereira (1891-1982), chamado de Poeta da Saudade, e Otacílio Batista (1923-2003).
O Poeta da Saudade nos legou apenas uma publicação, no formato simples de folheto de cordel e hoje raríssimo.
Já Otacílio, que foi considerado um dos maiores repentistas de todos os tempos, nos deixou uma duzia de LPs e vários livros - 0 todos raros, como os discos - sobre a tradição da cantoria de viola com versos feitos no calor do improviso, sua especialidade.
São de Pereira estes versos, algumas vezes erroneamente atribuídos ao roqueiro baiano Raul Seixas:

Saudade é um parafuso
Que na rosca quando cai
Só entra se for torcendo,
Porque batendo num vai
E enferrujando dentro
Nem distorcendo num sai

Saudade tem cinco fios
Puxados à eletricidade.
Um na alma, outro no peito;
Um amor, outro amizade,
O derradeiro, a lembrança
Dos dias da mocidade

E de Otacílio, estes:

O poeta e o passarinho
São ricos de inteligência
Simples como a natureza
Eternos como a ciência
Estrelas da liberdade
Peregrinos da inocência

Herdeiros da providência,
Um no chão, outro voando,
Um pena com tanta pena,
Outro sem pena, penando,
Um canta cheio de pena,
Outro sem pena, cantando

Mas a lembrança dos dois fica apenas nisso: no tema (Saudade) e no título (O Poeta e o Passarinho).
As obras de Ricardo Viveiros, como os versos de Pereira e Otacílio, necessitam de leitura urgente, por serem o que são: ótimos.
Fica o registro.

FERNANDO COELHO
O poeta Fernando Coelho está se preparando para pegar estrada com seus poemas. Nessa empreitada, ele estará acompanhado da bela voz mineira Fernanda de Paula. O propósito da dupla é ocupar tudo quanto for espaço com versos de máximos quilates. Pois é, está mais do que na hora de o Brasil ser lavado com a poesia de Fernando Coelho, que todo mundo sabe ser de altíssimo nível.   

segunda-feira, 8 de abril de 2013

MÚSICAS X MASSACRE NO CARANDIRU

Começou hoje no Fórum Criminal da Barra Funda, na capital paulista, o julgamento de 26 soldados da Polícia Militar, acusados de matar 15 dos 111 detentos que se achavam trancafiados na Casa de Detenção, na manhã chuvosa de 1º de outubro de 1992.
Na ocasião havia 2.054 detentos no Pavilhão 9, local do massacre perpetrado por 321 policiais sob o comando do coronel Ubiratan Guimarães, morto por uma namorada com um tiro no começo da noite de 9 de setembro de 2006, no seu apartamento em São Paulo.
A notícia do massacre (destaque ao lado na 1ª página da Folha, edição de 2/10/1992) correu rapidamente o mundo todo e provocou muitos debates.
Provocou também o lançamento de livros, um filme e  músicas no Brasil e até no Exterior.
Na Inglaterra, por exemplo, o grupo Asian Dub Foundation, de origem anglo-hindu, acaba de lançar o rap La Rebellions (CLIQUE, abaixo). 
Estação Carandiru (Companhia das Letras, 1999) foi o primeiro livro escrito sobre o assunto. O seu autor, o médico Dráuzio Varella, à época atendia como voluntário na Casa de Detenção. O livro, fenômeno de vendas no mercado editorial (mais de meio milhão de exemplares vendidos), ganhou prêmio (Jabuti 2000) e virou filme (Carandiru, 2003) dirigido pelo argentino Hector Babenco.
O Dr. Dráuzio viria a publicar outro livro sobre o tema: Carcereiros (Companhia das Letras, 2012).
A primeira composição musical, Diário de um Detento, que trata do massacre foi escrita por Jocenir, um ex-presidiário, e gravada pelo grupo de rap Racionais MC’s, de São Paulo. 
No ranking das 100 maiores músicas brasileiras da revista Rolling Stones, Diário de um Detento ocupa o 52º lugar.
Outras músicas que tem por tema o massacre:
Rebelião no Carandiru, de Joelho de Porco; Terror no Carandiru (sem autoria identificada), Carandiru da Morte, de Pedro Anderson; Carandiru, de OZ; Carandiru, de Pagodart; e Casa Cheia, de Detentos do Rap; Paraíso Carandiru.

HÁ 100 ANOS

No dia 8 de abril de 1913, policiais em ação na capital paulista foram alvo da indignação das mulheres que usavam chapéus ornados com plumas longas. A preocupação dos policiais residia na possibilidade de os tais chapéus poderem ferir transeuntes.
E daí?
Daí que as notícias policiais da época eram, digamos, mais leves.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

TODO DIA É DIA DE GENIVAL LACERDA

O compositor e instrumentista da música popular Antônio Barros e a sua companheira de vida e arte musical Cecéu, de batismo Mary Maciel Ribeiro, eu conheci em São Paulo, mais precisamente no estúdio da extinta Rádio Atual onde eu apresentava todos os domingos, ao vivo, o programa Gente e Coisas do Nordeste.
A vida fez com que estreitássemos laços de amizade.
Esses dois personagens têm em comum o fato de serem paraibanos reconhecidos por suas obras em todo o País, mas não só por isso.
Eles são autênticos representantes da música popular nordestina.
A Barros e Cecéu se soma Genival Lacerda.
Cecéu nasceu no domingo de Páscoa de 2 de abril de 1950, dia em que ocorreu um eclipse lunar total.
Dentre os três, Antônio Barros é o mais velho.
Ele nasceu no dia 11 de março de 1930 em Queimadas, simpática cidadezinha localizada na Região Metropolitana de Campina Grande.
Lacerda, o primeiro e único artista mogangueiro do Brasil, ainda em plena atividade, nasceu no dia 5 de abril de 1931 em Campina Grande, cidade conhecida por representar o mais importante polo industrial do interior do Nordeste.  
Eu o conheci numa festa de confraternização de fim de ano para os funcionários do jornal paraibano O Norte, onde iniciei carreira de jornalista.
Corriam os primeiros anos da década de 1970 e Lacerda já era chamado de Senador do Rojão e Rei da Moganga, ou Muganga.
Ele chegou à praça como cantor e compositor no início da segunda metade da década de 1950, mais precisamente nos fins de 1956, quando lançou pela extinta Mocambo, de Recife, PE, as composições Coco de 56, dele e João Vicente, e Dance o Xaxado, também dele, dividida com o parceiro Manoel Avelino.
Nesse ano o rei do baião Luiz Gonzaga marcava um grande tento, laçando 14 títulos em sete discos de 78 rpm.
Entre 1956 e 1963, Genival Lacerda gravaria uma dezena de discos com 20 músicas.
O seu 2º disco, lançado em janeiro de 1957, trazia duas músicas com a assinatura de Antônio Barros: o rojão Dança do Bambo e Balança Coco.
O rojão é um ritmo inventado por José Gomes da Silva, o Jackson do Pandeiro, e lançado em disco Copacabana no final de 1953.
Gonzaga e Jackson permeariam de inspiração e portas abertas a vida de Barros, Lacerda e Cecéu.
Em momentos diferentes, o Rei do Baião gravou composições dos três. 
A relação discográfica em 78 rpm de Genival Lacerda, além das quatro músicas já citadas, é esta:
- Noé, Noé e Coco de Roda, ambas de Rosil Cavalcanti.
- Rojão Nacional, de Rui de Morais e Silva, e Eu Vou Pra Lua, de Luiz de França.
- Vazante da Maré, de Lacerda e Antônio Clemente, e Coco da Cajarana, de Lacerda e Jacinto Silva.
- Salve Cosme e Damião, de Manoel Avelino e Lacerda, e Rei do Cangaço, de Lacerda e J. Borges.
- Mariá, motivo popular adaptado por Antônio Clemente e Lacerda, e O Delegado Deu Ordem, de Rosil Cavalcanti e Lacerda.
- Forró de Zé Lagoa, de Rosil Cavalcanti, e Maria do Belém, de Lacerda e Braz do Pandeiro.
- Cajueiro Abalou, de Lacerda e Antônio Clemente, e Tomaram o Meu Amor, de Lacerda e Antônio Clemente.
- O Coco da Umbingada, de Lacerda e Bartolomeu Medeiros, e Resposta do Mata Sete, de Antônio Barros.
Mata Sete é o título de um rojão de autoria de Venâncio e Corumba, lançado por Zito Borborema e Seus Cabras da Peste em dezembro de 1956, pela extinta RGE. 
O primeiro dos 32 LPs gravados por Genival Lacerda chamou-se O Rei da Munganga (sic), que foi à praça com o selo da extinta gravadora Continental, em 1964.
Nesse disco se acham algumas músicas que Lacerda lançou no formato de 78 rpm. 
Genival Lacerda também gravou até aqui oito discos no formato de CD, dois dos quais com repertórios exclusivos de Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga.
A discografia em 78 rpm de Antônio Barros, gravada com a chancela do selo Sinter e da gravadora Philips entre 1959 e 1962, é constituída por seis títulos distribuídos em três discos:
- Xote do Bêbado e Ninguém me Quer, ambas de sua autoria.  
- Quadrilha do Manuel, de Buco do Pandeiro e Lerinho, e Xote da Galinha, dele em parceria com Geraldo Maia.
- História de um Pistoleiro e Homenagem a Zé Dantas, ambas também do próprio Barros.
Mas é de Antônio Barros uma das pérolas do repertório do rei do baião Luiz Gonzaga: Estrela de Ouro, de 1959, em disco RCA Victor, gravada pelo próprio Gonzaga.
Antônio Barros tem na história nove LPs e quatro CDs por ele gravados.
Curiosidade: em 1976, a dupla Barros e Cecéu lançou o LP Tony e Mary (Copacabana), com repertório romântico assinado por Cecéu e no estilo brega de Jane & Herondy.
Genival Lacerda, Antônio Barros e Cecéu são autores e intérpretes indispensáveis em qualquer tempo e discoteca ou trilha sonora de boa qualidade musical, do Nordeste ou não do Nordeste.
Nesse ponto, garanto: todo dia é dia de Genival Lacerda (na foto abaixo, comigo no estúdio da rádio Capital nos tempos do programa São Paulo Capital Nordeste); e também de Antônio Barros e Cecéu.
E já que estamos às vésperas do período junino, ou joanino, não custa lembrar uma das muitas pérolas musicais de Antônio Barros, Naquele São João, gravada pelo Trio Nordestino e inserida no LP É Forró Que Vamos Ter (CBS), de 1968.
CLIQUE:
http://www.youtube.com/watch?v=lzvvaseq5a0
ROCK IN RIO
Incrível! No correr de quatro horas, os organizadores do Rock in Rio venderam 450 mil ingressos. Pois é, essa é a cultura universal globalizada e endeusada pelos meios de comunicação. O gado come o que lhe dão, disse algo parecido uma vez Vandré. Pior: no caso, aqui, o gado compra sem risco de estouro de boiada.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

VIDA SEM CENSURA

Se tudo correr bem - e tomara que corra -, até o fim da próxima semana o projeto de lei do deputado Newton Lima (PT-SP) que acaba de ser aprovado pela Câmara liberando “biografias de pessoas cuja trajetória pessoal, artística ou profissional tenha dimensão pública ou esteja inserida em acontecimentos de interesse da coletividade” será encaminhado ao Senado para aprovação definitiva.
O intento do deputado é provocar alterações necessárias no Código Civil, que diz que “a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas (...) se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade”.
A lei que até hoje proíbe biografias no País vai de encontro a texto da Constituição, que diz que “é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”.
Projeto de lei como esse de autoria do deputado Newton Lima há muito deveria ter sido aprovado, pois tem sido até aqui uma forte barreira de impedimento no tocante à preservação da memória do povo e do País.

CHÁ
Agora, cá pra nós: a Câmara de Vereadores de São Paulo parece não ter o que fazer, pois ao nome Viaduto do Chá vão acrescentar o nome do ex-governador Mário Covas. O viaduto foi construído há 120 anos. Nada contra o falecido, mas é dose!

HUMANOS
E o cara que assumiu a presidência da Comissão de Direitos Humanos em Brasília, hein, cai quando?

JECA
Este mês faz 49 anos que Angelino de Oliveira (1888-1964), autor de Tristeza do Jeca, partiu para a eternidade. Essa moda, na origem uma toada paulista, foi composta em 1918 e gravada pela primeira vez pela Orquestra Brasil-América, por volta de 1922 ou 1923 Odeon). A segunda gravação, por Patrício Teixeira, foi feita em dezembro de 1925 (Odeon). Detalhe: Teixeira gravou como Tristezas do Jeca. Fica o registro. 

quarta-feira, 3 de abril de 2013

O FIM NÃO HÁ, VIVA FLORA!

O dia de hoje está terminando.
Mas ainda há tempo, sim – creio –, para dizer que arte é meio de pensar vida.
E pensar vida é mudar.
Educar para transformar.
Hoje e depois, para sempre.
O exercício do pensar é terrível, sim...
Não há morte.
Pois, pois, pensar dói.

FLORA PURIN
Mulher incrível é essa mulher.
Incrível foi uma palavra que Deus inventou para definir as qualidades dessa mulher, Flora.
Ela é o norte do Airto, um dos três maiores percussionistas do mundo, ao lado de Papete e Naná Vasconcelos.
Viva Flora e Airto!

DA GAITA
E não é que duas horas antes, há pouco, um pouco sim ou depois, bateu aqui à porta o Walter da Gaita?
Ele tem 62 anos, mas é como se não tivesse tudo isso...
Duvido que alguém faça uso de gaita melhor do que ele, Walter.

JURANDY DA FEIRA
Fui ligar para o Geraldo do Norte, na Rádio Nacional, para falar sobe o Walter da Gaita e quem atendeu foi Jurandy.
Dá pra entender?

DOMINGUINHOS
Voltaremos ao assunto amanhã. E com algo bem bonito.
A história se faz com entregas.

terça-feira, 2 de abril de 2013

A BOA MÚSICA E O BAR DO ALEMÃO

O Bar do Alemão, ali na Avenida Antártica, 554, Água Branca, continua sendo um boníssimo ponto de referência entre os bares da capital paulista.
Ontem, como toda segunda-feira, à noite, a roda de choro estava mais do que perfeita com chorões, como Izaias, tocando e botando banca de verdade.
Uma beleza.
Lá para as tantas, chegaram o menino flautista Rafael d´Ávila, de 12 anos; Luís Nassif, Serginho Arruda, Barão do Pandeiro, Dudah Lopes e Gereba, com seu novo CD debaixo do braço: Luas do Gonzaga, que tem a participação de artistas de valor como Maciel Melo, Adelmário Coelho, Elba, Gil e Fagner.  
Aliás, foi no Bar do Alemão que uma vez, ainda no século passado, cheguei a um encontro com Fagner com atraso de duas horas.
Ele ficou uma arara, mas não dependeu de mim o atraso.
O culpado foi o trânsito da cidade.
O Bar do Alemão, hoje levado à frente por Eduardo Gudin, compositor e violonista dos melhores, autor de alguns clássicos como E lá se Vão Meus Anéis, com Paulo César Pinheiro, foi fundado em 1968.
Por lá passaram muitas figurinhas carimbadas da MPB, como Cartola, Nelson Cavaquinho, Paulinho da Viola, Carlos Liras, Celso Viáfora, Toquinho, Vinicius, Paulo Vanzolini, Baden Powell, Beth Carvalho, Elis Regina e Clara Nunes, entre outras.
Lá para as tantas perguntei a Nassif se ele enxergava alguma diferença entre o promissor menino Rafael e o menino Charles Gonçalves, que ele lançou em 1988 com 14 anos. “Nenhuma”, respondeu.
Viva os chorões de Sampa!

segunda-feira, 1 de abril de 2013

GOLPE DE VERDADE, NO DIA DA MENTIRA

O dia 1º de abril de 1964 raiou com forças militares contrárias ao regime democrático tomando as ruas do Estado da Guanabara, então a capital da República.
Forçado, João Goulart (1919-76) pegou um avião e foi embora no dia seguinte, deixando vaga a cadeira de presidente da República.
O seu gesto por uns considerado covarde evitou um rio de sangue.
Os norte-americanos que organizaram e apoiaram a queda do presidente desde a sua posse, por temê-lo, não esperavam isso.
À frente do golpe desenvolvido nos bastidores políticos e nas casernas, esteve o tempo todo o embaixador no Brasil Lincoln Gordon (1913-2009).
A história do golpe de 64 começa no governo Kennedy e termina no governo Johnson.
Esse é o enredo do documentário O Dia Que Durou 21 Anos, de Camilo Tavares, filme absolutamente necessário para se compreender o Brasil da ditadura militar que se instalou no País e permaneceu incólume por duas décadas e um ano.  
O filme é recheado de falas de Kennedy, Johnson e seus principais assessores.
Falas até então guardadas a sete chaves.
Há vários pontos nebulosos na história que o filme esclarece.
Você sabia, por exemplo, que o general Humberto de Alencar Castelo Branco assumiu o cargo de presidente da República por escolha do governo estadunidense, e que foi o próprio Castelo Branco quem decidiu se estender um pouco mais no poder?
E você sabia que o plano de golpe no governo Jango custou aos norte-americanos US$ 8 milhões, por eles mesmos calculado?
Pois é, corram para assistir O Dia Que Durou 21 Anos.
Vale a pena, é uma aula e tanto!
E ainda tem 1968, uma história dentro da outra.

domingo, 31 de março de 2013

O DIA QUE VIROU 21 ANOS

Mais de dois mil anos depois de provocar rebuliço ao ser denunciado por um discípulo – Judas - perseguido, preso, julgado e condenado; em seguida torturado, crucificado e morto nos arrabaldes de Jerusalém, num lugar chamado Gólgota ou Calvário, onde eram mortos os inimigos do rei; e depois, por fim, ressuscitado, Jesus Cristo, filho de Maria, mulher de José, ainda faz o mundo pensar, especialmente em datas como a Páscoa.
A Páscoa é data para se pensar no passado e tempos por vir.
A tradição católica diz que Cristo veio para salvar a humanidade, que, por si mesma, e até hoje, parece não querer.
Diz também a tradição – e isso está nas sagradas escrituras – que Cristo ressuscitou no terceiro dia – um domingo, como o de hoje – após ser assassinado por seus algozes a golpes de lança, embora o legista e professor norte-americano da Universidade de Columbia, patologista-chefe do IML nova-iorquino por mais de 30 anos, Frederick Zugibe afirme à luz da ciência que a causa mortis de Cristo não foram apenas as estocadas com pontas de lança, mas, sim, uma série de outras ocorrências que culminaram com a crucificação, daí ter ele sofrido uma “parada cardíaca e respiratória” inevitável.
Zugibe é autor do livro A Crucificação de Jesus – As Conclusões Surpreendentes Sobre a Morte de Cristo na Visão de um Investigador Criminal (Editora Ideia e Ação, 455 páginas).
Mais de dois mil anos depois disso tudo, e de ter sido pivô de assassinatos de crianças por ordens do sanguinário Herodes, o Grande, rei da Judéia – província romana -, Cristo ainda é nome que nos leva a entender a necessidade profunda de paz no mundo, mesmo com guerras em andamento e outras por vir.
Pergunta: depois de morto e ressuscitado quem matou Cristo de novo, e quando?

GOLPE
Há 49 anos a se completarem na madrugada de hoje para amanhã, o Brasil era lacrado com o povo dentro. 
O dia 31 de março de 1963 amanheceu com a Folha de S.Paulo (abaixo) estampando manchete 
na 1ª página, informando que o governo federal colocara tropas do Exército em estado de 
prontidão no Estado da Guanabara, então capital do País. O prédio da UNE fora 
cercado pela do governador Carlos Lacerda. 
O filho do jornalista Flávio Tavares, Camilo, acaba de realizar um filme que não pode deixar de ser visto: O Dia Que Virou 21 Anos, em cartaz no Espaço Itaú de Cinema, ali na Frei Caneca, 569. 
Veja o trailer, clicando:
CAI QUANDO?
E esse Marco Infeliciano que não cai, que não sai do lugar que não é seu - a Comissão dos Direitos Humanos da Câmara -, hein? 

sábado, 30 de março de 2013

GONZAGA CONTINUA EM PAUTA

O rei do baião, Luiz Gonzaga, continua em tudo quanto é canto: em disco, livro, folheto de cordel, filme, minissérie e programas e novelas de televisão.
O baião Paraíba - resultado de parceria com Humberto Teixeira, lançado por Emilinha Borba em 1950 -, teve verso citado hoje por um dos personagens do folhetim Salve Jorge, de Glória Perez, na Globo.
Um personagem do humorístico global Zorra Total também citou hoje um verso do calango Dezessete e Setecentos feito por ele e Lauro Maia, em 1945.
Fica o registro.
Fica também aqui o registro da bela declamação de Rolando Boldrin para o poema Cunfissão de Cabôco - de autoria do paraibano Zé da Luz - que fecha a 3ª edição (revista) do livro Brasil Caboclo, que foi composta nas oficinas da gráfica O Cruzeiro, em março de 1956.
O poema, de final trágico, trás na essência a importância da alfabetização na vida de qualquer cidadão.
Belíssimo.   

PS - Uma correção: Zé da Luz, de nascimento Severino de Andrade Silva, nasceu no dia 29 de março de 1904; portanto não teria feito, como eu disse ontem, se vivo estivesse, 99 anos de idade.  

sexta-feira, 29 de março de 2013

HOJE É DIA DE PAIXÃO E ZÉ DA LUZ

Caso ainda estivesse conosco, o paraibano de Itabaiana Severino de Andrade Silva, de alcunha Zé da Luz, faria hoje 99 anos de idade. Ele foi um dos mais inspirados poetas do Brasil, tão grande quanto o seu conterrâneo pré-modernista Augusto dos Anjos, nascido há 120 anos a se completar em abril próximo, dia 20. Augusto foi um erudito e Zé da Luz um poeta popular de graça e sensibilidade incomuns, como bem nos mostra em As Flô de Puxinanã, resultado de paródia que fez numa ano qualquer dos 30 do poema As Flô de Gerematáia, de Napoleão de Menezes, constante do seu livro Brasil Caboclo:
 

Três muié ou três irmã,
Três cachôrra da mulesta,
Eu vi num dia de festa,
No lugar Puxinanã.

A mais véia, a mais ribusta
Era mermo uma tentação!
Mimosa flô dos sertão
Qui o povo chamava Ogusta.

A segunda, a Guléimina,
Tinha uns ói qui ô! Mardição!
Matava quarqué critão
Os oiá déssa minina!

Os ói dela paricia
Duas istrêla tremendo,
Se apagando e se acendendo
Em noite de ventania!

A tercêra, era a Maroca.
Cum um cóipo munto má feito.
Mas, porém, tinha nos peito
Dois cuscús de mandioca.

Dois cuscús, qui, prú capricho,
Quando ela passou pru eu,
Minhas venta se acendeu
Cum o chêro vindo dos bicho!

Eu inté, me atrapaiava,
Sem sabê das três irmã
Qui eu vi im Puxinanã,
Quaá era a qui mi agradava...

Inscuiendo a minha cruz
Prá sair desse imbaraço,
Desejei morrê nos braços
Da dona dos dois cuscús!!! 

É dele também o poema constante do livro O Sertão em Carne e Osso Ai! Sesse!...:

Se um dia nós se gostasse;
Se um dia nós se queresse;
Se nós dos se impariásse,
Se juntinho nós dois vivesse!
Se juntinho nós dois morasse
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse!?
Mas porém, se acontecesse
Qui São Pêdo não abrisse
As portas do céu e fosse,
Te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminasse
E tu cum eu insistisse,
Prá qui eu me arrezorvesse
E a minha faca puxasse,
E o buxo do céu furasse?...
Tarvez qui nós dois ficasse
Tarvez qui nós dois caísse
E o céu furado arriasse
E as virge tôdas fugisse!!!
 

Zé da Luz morreu no Rio de Janeiro, no dia 12 de fevereiro de 1965.

SEXTA DA PAIXÃO

A Semana Santa na tradição católica culmina na Sexta da Paixão, sem carne vermelha à mesa.
O tempo é de Pascoa; Pascae e Paska, em latim e grego.
De passagem, de ressurreição de Cristo e renovação da vida é a data.
Foi em latim, língua quase morta, que Bento 16 confessou a um grupo de visitantes, no Vaticano, que estava cansado e iria deixar o Papado.
Um choque sentido no mundo todo, mas a confissão passaria batida se uma assessora de imprensa de lá não soubesse a língua.
A cultura popular registra abundantemente o martírio de Cristo até sua crucificação.
Do cordelista José Pacheco da Rocha são estes versos, do folheto Os Sofrimentos de Jesus Cristo:

DENTRO DO LIVRO SAGRADO

São Marcos com perfeição
Nos faz a revelação
De Jesus crucificado
Foi preso e foi arrastado
Cuspido pelos judeus
Por um apóstolo dos seus
Covardemente vendido
Viu-se amarrado e ferido
Nas cordas dos fariseus.


Ontem à noite, em Santana do Parnaíba, SP, à beira do rio Tietê, um grupo de atores foi bastante aplaudido pela encenação da Paixão de Cristo.
O mais recente CD das mineiras Celia e Celma, Lembrai-vos, traz o poema Estava a Mãe Dolorosa (Stabat Mater), do século 13, de autoria atribuída ora ao papa Inocêncio (c.1160-1216), ora ao frade franciscano Jacopone da Todi (c.1230-1306) musicado por desconhecidos ao longo do tempo e que a agora a dupla recuperou. Ei-lo:

Estava a mãe dolorosa

Junto ao pé da cruz, chorosa
Enquanto o filho pendia
Mãe de Jesus transpassada
De dores ao pé da cruz
Rogai por nós, rogai por nós
Rogai por nós a Jesus
Oh, quão triste e quão aflita
Se viu a sempre bendita
Mãe de nosso Redentor
A qual chorava e gemia
Porque as penas crués via
De Jesus seu doce amor
Viu mais, depois de açoitado
Foi em uma cruz pregado
Jesus, seu filho inocente
Viu mais, seu Jesus querido
Despedaçado e ferido
Morrer por nós cruelmente
Dai-me ó mãe, fonte de amor
Parte dessa vossa dor
Para eu convosco chorar.
...
Acima, detalhes de folhetos de cordel de Tarcísio Pereira, Apolônio Alves e Abraão Batista.

quarta-feira, 27 de março de 2013

ESQUECERAM RUBENS BORBA DE MORAES

Brasiliana.
Segundo definição em minúsculo verbete do Dicionário Aurélio (Editora Nova Fronteira, 1ª edição, 3ª impressão; 1976) significa, além de feminino de brasiliano, “coleção de livros, publicações, estudos, acerca do Brasil”.
O Houaiss da Língua Portuguesa (Editora Objetiva, 1ª edição, 2001), faz uma variação: 
“Coleção de estudos, livros, publicações, filmes, músicas, material visual etc. sobre o Brasil”.
Não havia nenhuma definição sobre o termo até a segunda metade do século 19, quando foi a público a 1ª edição do Diccionario Contemporaneo da Lingua Portugueza, Feito Sobre um Plano Inteiramente Novo, imaginado e iniciado por Francisco Júlio de Caldas Aulete (1826-78) e finalizado por Antonio Lopes dos Santos Valente, “que a (edição) dirigiu até a sua final conclusão, devendo-se a esse ilustre homem de lettras a innovação do plano no interesse da obra...”, escreveu Basilio de Castelbranco na apresentação da obra.
O Dicionário Aulete, como a obra ficou conhecida, foi à praça em 1881; e é essa edição que se acha no Instituto Memória Brasil, IMB, e com prazer ora folheio. 
Pois, pois.
E nem no Novo Dicionário da Língua Portuguesa (Livraria Bertrand, Lisboa, Portugal/W.M. Jackson, Inc., Rio de Janeiro), de Antonio Cândido de Figueiredo (1846-1925), há qualquer definição sobre o termo Brasiliana.
E anotemos sobre Figueiredo, que foi “incontestavelmente a maior das nossas competências actuais em matéria de lexicologia portuguesa...”, escreveu Rui Barbosa em Réplica às Defesas do Proj. de Cód. Bras., (pág. 339).
Pois, pois, de novo digo.
“Brasiliana” é termo relativamente novo e título de uma coleção da Editora Nacional para quem quiser conhecer o Brasil, lançada por Monteiro Lobato em 1931. 
Digo isso para lembrar a importância da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin.
Estive na inauguração e um detalhe me chamou a atenção, que foi a falta de uma referência nos discursos ao paulista de Araraquara Rubens Borba de Moraes (1899-1986).
Rubens foi um brasileiro importante. 
Ele, de certo modo, recuperou o Brasil através de tudo que se escreveu sobre o nosso país, desde a terceira década (1530) da descoberta da terra de Santa Cruz pelo português Cabral.
Rubens foi um brasileiro completo.
E por ser um brasileiro completo no item bibliografia, não custava - não é mesmo? – que se fizesse ao menos uma referência a ele na inauguração da Biblioteca Brasiliana. 
E tem a história do pacto entre ele e Mindlin, de que quem morresse primeiro passaria a biblioteca ao outro.
Rubens morreu primeiro. 
Miécio Caffé, baiano da safra dos 20 do século passado, foi para o infinito em 2003, decepcionado.
Alguém lhe garantiria um emprego público se doasse ao Museu da Imagem e do Som, MIS, SP, o seuvalioso acervo musical.
Ele fez isso e depois se arrependeu.
Pois é, de uma forma ou de outra os homens morrem.
E de uma forma ou de outra, os acervos vivem.
Rubens e Mindlin se conheceram de modo inusitado.
Rubens vendendo um terço do seu acervo para os Estados Unidos e Mindlin bloqueando a transação.

segunda-feira, 25 de março de 2013

BRAVO ABRE CONCURSO PARA LEITOR

Março é mês que nos lembra de artistas que marcaram profundamente a vida musical do Brasil, entre eles o compositor, violinista e maestro Alberto Marino (na foto, ao lado), autor da primeira música que traz no título o nome de um bairro paulistano. 
A música, Rapaziada do Brás, na origem uma valsa choro instrumental gravada e lançada em 1927 em disco Brasilphone pelo Sexteto Bertorino Alma - anagrama do autor -, foi composta na noite de 20 de novembro de 1917,  ano em que explodiu a primeira grande greve em São Paulo, iniciada na Mooca e imediatamente assumida pelos operários do Brás.
O autor tinha, então, 15 anos de idade.       
Depois Alberto Marino, pai de Alberto Marino Jr., que poria letra na melodia de Rapaziada do Brás para o argentino naturalizado Carlos Galhardo gravar em 1960, comporia e gravaria ainda à frente do Sexteto as valsas Luar de São Paulo, Senhoritas do Brás, Nice e Noites Paulistas, lançadas em disco Columbia, em 1934; e dois anos depois, pela mesma gravadora, a valsa Amarga Serenata, composta em parceria com o cantor Jorge Amaral, e Vai Depressa, a única rancheira que Alberto Marino compôs.
Além das músicas de sua autoria, o maestro gravaria com seu sexteto meia dúzia de músicas de outros compositores, como Domingos Pecci (Não Chores Mais Meu Bem) e José Rizzo (Em ti Pensando).
São de março Adelino Moreira, Ademilde Fonseca, Antenógenes Silva, Antônio Maria, Aracy Cortes, Benedito Lacerda, Bidu Sayao, Carmélia Alves, Ernesto Nazareth, Guerra Peixe, Giuseppe Rieli, Inezita Barroso, Ismael Silva, Jorge Goulart, Josué de Barros, Luiz Americano, Luiz Carlos Paraná, Morais Sarmento, Nora Ney, Robertinho do Acordeon, Teixeirinha, Théo de Barros, Villa-Lobos, Waldemar Henrique, Zé Dantas...
O baiano Assis Valente, também autor de músicas que fazem referência a São Paulo, como o batuque Não Quero Não lançado em 1938 pelo Bando da Lua, nasceu no dia 19 de março de 1911 e morreu no dia 6 desse mesmo mês, em 1958, de modo mais do que lamentável: suicidando-se ao ingerir formicida num banco de praça no Rio de Janeiro, depois de sair do escritório da União Brasileira dos Compositores, UBC, sem receber nada do que esperava a título de direitos autorais.
Ele estava endividado, com credores lhe batendo à porta e desesperou-se.
Ary Barroso chegou a pagar o último aluguel da casa onde ele morava.
Valente deixou obras-primas, como Brasil Pandeiro e Boas Festas, em que diz:

Anoiteceu, o sino gemeu
E a gente ficou feliz a rezar
Papai Noel, vê se você tem
A felicidade pra você me dar
Eu pensei que todo mundo
Fosse filho de Papai Noel
E assim felicidade
Eu pensei que fosse uma
Brincadeira de papel
Já faz tempo que eu pedi
Mas o meu Papai Noel não vem
Com certeza já morreu
Ou então felicidade
É brinquedo que não tem
 

REVISTA BRAVO
A Bravo, uma das mais importantes revistas culturais do País, acaba de abrir inusitado concurso direcionado a seus leitores.
As inscrições se estendem até o final deste mês e o regulamento com todos os esclarecimentos se acha no site da revista. Clique:

domingo, 24 de março de 2013

INAUGURADA BRASILIANA NA USP

Lereno Selenuntino foi o primeiro brasileiro poeta improvisador de tercetos, quadras e sextilhas ao tom de viola de arame, de batismo Domingos Caldas Barbosa (1740-1800), mulato filho de um português, Antônio, e de uma africana alforriada de Angola, Maria de Jesus. 
Mas Lereno/Domingos foi muito mais do que isso: ele foi o cara que deu forma (e nome) à modinha e levou o lundu a Portugal do século 18, quando tinha a idade de aproximadamente 30 anos.
Passei muito tempo procurando nos alfarrábios da vida um de seus livrinhos em dois volumes, Viola de Lereno: Collecção de Suas Cantigas Offerecidas a Seus Amigos, lançado originalmente em Lisboa nos anos de 1798 (1º volume) e 1826 (2º volume).
Consegui apenas a edição brasileira, lançada na primeira parte do século passado.
Lembro isso porque folheando o catálogo de destaques da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, inaugurada ontem à tarde merecidamente com todas as pompas e circunstância na Universidade de São Paulo, USP, na zona Oeste da capital paulista, identifiquei a publicação que por tanto tempo procurei.
Não teve samba, forró nem baião, mas foi uma festa e tanto a inauguração da “indisciplinada” biblioteca de 32 mil volumes que o advogado, empresário e bibliófilo paulistano José Ephim Mindlin (1914-2010) e a sua companheira, Guita Mindlin (1916-2006), transferiram ainda em vida aos cuidados da USP.
Indisciplinada era como Mindlin classificava a sua biblioteca incrível, que agora ocupa uma área construída de 21 mil m2, ao custo total de R$ 130 milhões.
Centenas de pessoas compareceram ao ato de inauguração.
Revi amigos como Luís Ernesto Kawall, um dos fundadores do Museu da Imagem e do Som, MIS, no Rio, e ex-assessor de imprensa da Carlos Lacerda.  
Enquanto revia e abraçava amigos, eu anotava presenças ilustres em discursos corretos, incluindo o prefeito Haddad e a ministra da Cultura, Marta, que prometeu atenção à Biblioteca Nacional pelo menos igual a que começa a ser dada à Brasiliana Guita e José Mindlin.
Marta foi muito aplaudida pelo que disse.
Centenas de obras raríssimas formam a biblioteca inaugurada ontem.
Além da 1ª edição de Viola de Lereno, se acham lá manuscritos de Guimarães Rosa (Grande Sertão: Veredas) e Graciliano Ramos (Vidas Secas), por exemplo.
Domingos Caldas Barbosa foi tradutor de Voltaire e de outros nomes importantes da literatura de seu tempo. E foi também o primeiro erudito sem formação acadêmica que melhor traduziu a alma brasileira em Portugal, cantando a graça das mulatas, os amores e a saudade que ele deixou para trás.
Eis um exemplo da sua verve, em sextilha:

Coração, que tens com Lídia?
Desde que seus olhos vi,
Pulas e bates no peito
Tape, tape, tape ti;
Coração não goste dela
Que ela não gosta de ti.

José Mindlin foi um apaixonado pela história e pela literatura, independentemente de origem, desde os 13 anos de idade.
Além do acervo que lega à posteridade, ele deixa muitas histórias engraçadas e quase trágicas, como aquela em que quatro ladrões invadem a sua casa exigindo dinheiro.
Ameaçavam tacar fogo nos livros, caso o desejo deles não fosse atendido. 
Desesperado, Mindlin fez um telefonema de urgência e, por fim, conseguiu o que os criminosos queriam.
E foi assim que o acervo se salvou.

sábado, 23 de março de 2013

CULTURA POPULAR NO IMB

Ontem esteve conosco numa visita à sede provisória do Instituto Memória Brasil, IMB, na capital paulista, o senador Eduardo Suplicy (no clique de Darlan Ferreira, mais o editor José Cortez e o compositor e instrumentista Oswaldinho do Acordeon). 
A pauta do encontro foi, naturalmente, Brasil e nela se ressaltou a importância da cultura popular na formação do País e sua gente.
O paraibano Ariano Suassuna já disse várias vezes que sua obra desde o primeiro livro, Uma Mulher Vestida de Sol, de 1947, tem por base a literatura de cordel e os versos de improviso dos cantadores repentistas do Nordeste.
Shakespeare não disse, mas é fato que a obra que fez é baseada nas coisas do povo.  
Ela disse que a cultura popular é a alma do povo.
O trinômio arte, educação e cultura precisa ser mais e melhor compreendido por todos, pois sem arte a expressão não dá pé.
É fato.
Falamos que hoje boa parte dos professores fingem que ensinam e boa parte dos estudantes fingem que estudam. Ao final – e isso é consenso – o resultado é geleia geral.
É preciso mudar normas e formas com urgência, e mudanças urgentes só ocorrem com decisões urgentes.
O Brasil carece de um perfil melhor.
Que tal levar à educação uma cesta cheinha de arte e cultura para todos?

GASTRONOMIA E CULTURA POPULAR
Daqui a pouco eu e as cantoras Celia e Celma estaremos na pracinha da Rua Lacerda Franco, no Cambuci, falando sobre temas relacionados à cultura popular. A nosssa presença faz parte da programação da V Rota Gastronômica do Cambuci, que começa hoje e termina amanhã.

ACERVO/USP
Depois, às 4 da tarde, estaremos na USP, participando da inauguração da Biblioteca Guita e José Mindlin. Evento importantíssimo, se levarmos em conta que os acervos brasileiros há muito estão se diluindo nos sebos da vida e vendidos para o Japão e Estados Unidos, já que o governo brasileiro até aqui não tem dado muita importância à questão.

GERAÇÕES FUTURAS
O que será dessa gente que virá depois de nós? Será formada pelo professor Google?

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