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quinta-feira, 10 de outubro de 2024
GUILHERME BOULOS: 50!
quarta-feira, 9 de outubro de 2024
HOJE É DIA DOS CORREIOS E DE TAIGUARA
TAIGUARA
terça-feira, 8 de outubro de 2024
MARIEL MARISCOTT ACABOU, MAS O CRIME NÃO
O dia 8 de outubro de 1981 começou, mas não terminou para o ex-policial Mariel Mariscott.
Mariscott, considerado o mais brilhante integrante do famigerado Esquadrão da Morte, tombou morto com uma saraivada de balas cravadas no corpo, quando com seu carro andava devagar numa rua no centro do Rio. Tinha 41 anos de idade.
O Esquadrão da Morte começou simultaneamente em vários Estados do Brasil. Isso, a partir dos anos de 1960.
Somente no Espírito Santo o Esquadrão deixou um saldo de mais ou menos 1,5 mil "bandidos" mortos.
No Río de Janeiro, o número de assassinatos assinado com a marca Esquadrão até hoje é incalculável.
Tudo começou em 1965, quando foi assassinado o famoso Milton Le Cocq.
Le Cocq era integrante do corpo pessoal de segurança do presidente Vargas.
Pois, pois, isso foi o suficiente para que um grupo da elite policial do Rio partisse para a "vingança".
A história é longa.
O crime de morte continua sendo praticado absurdamente em todas as partes do nosso País.
No segundo semestre do ano de 1978, eu e o amigo querido Nelson Del Pino, que já está no céu, entramos no complexo penitenciário Frei Caneca para entrevistar o homem de ouro Mariel Mariscot. Com ele, na cela, permanecemos pelo menos três horas. Durante esse tempo nada podíamos gravar ou escrever o que falávamos. Ao lado da cela, de fora, dois ou três seguranças do presídio a tudo acompanhavam.
De cara fechada, os seguranças pareciam postes.
Muita coisa aconteceu depois da entrevista que fizemos com Mariel.
Ao término do nosso papo, Nelson e eu saímos a passos largos até o boteco mais próximo. E lá pusemos a memória em movimento. Pusemos no papel toda a conversa que tivemos com Mariel. O resultado disso foi uma série de página inteira publicada diariamente no extinto diário paulistano Notícias Populares. Uma dessas páginas é essa em que o entrevistado fala que está sendo ameaçado de morte. Leia:
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segunda-feira, 7 de outubro de 2024
ATENÇÃO: BOULOS NA CABEÇA!
A esquerda tradicional, não a light, parece ter encontrado o caminho para nocautear o adversário bolsonarista no segundo round. Claro, aqui em Sampa.
A direita raivosa, canina, representada por um tal de Pablo não sei quê, chegou perigosamente no seu limite. À beira, pois, de engolir a democracia que a tanto custo as pessoas de bem conquistaram depois dos lamentáveis anos de chumbo que vivemos, entre 1964 e 1985.
A democracia como tal entendemos continua bravamente resistindo aos instintos selvagens da canalha que a ronda e a estoca com vara curta.
O paulistano Guilherme Boulos, do PSOL, foi à luta e na luta continua para se sobrepor aos ensurdecedores latidos da antidemocracia tão a gosto dos ditadores ativos ou de plantão sempre prontos para trazer à tona as desgraceiras do inferno muito além de Dante.
Foi de aperreio o tempo que durou a apuração dos votos depositados nas urnas eletrônicas, ontem 6.
Na corrida para o segundo turno à prefeitura de São Paulo, houve um momento em que o tal não sei quê assustou a democracia quando aproximou-se de Nunes. Isso durou pouco, felizmente.
É possível que o segundo turno em Sampa seja mais civilizado, com debates compreensíveis e de propostas condizentes às necessidades da população.
Uma coisa seja dita: o presidente Lula, a quem Boulos e o seu partido estão ligados, precisa baixar a bola e dedicar-se mais à campanha do próprio PT e dos partidos aliados, como o PSOL. O mesmo deve ser dito em relação à Marta, vice na chapa de Boulos à prefeitura paulistana. Deve ser mais explícita, mais clara, ao pedir voto para o seu parceiro na chapa PSOL/PT.
Por enquanto, Boulos está salvando o PT.
Boulos anda com os pés no chão, prometendo atender às necessidades do povo independentemente de credo, cor e gênero.
Um novo dia está chegando: 27 de outubro.
domingo, 6 de outubro de 2024
AINDA HÁ TEMPO PRA VOTAR EM BOULOS
Sinto-me livre que nem um passarinho voando num céu de brigadeiro. E pra que eu me sinta assim, desse jeito, a explicação é simples: saí há pouco da zona eleitoral após cravar os nomes de Boulos para a Prefeitura e Dheison para o cargo de vereador para a nossa Câmara.
Pois é, estou hoje aliviadíssimo por ter certeza de que exerci por completo o meu direito cidadão de escolher bons representantes políticos.
Quem ainda não voltou a essa hora da tarde (15:30h) sugiro que vá à urna e crave o nome Boulos 50 e o nome Dheison 13110.
É isso aí, pessoal!
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (136)
No campo ficcional americano tem, entre tantas, a romancista Nora Roberts.
Em Doce Vingança (1988), Nora conta a história de uma jovem e bela princesa que promete vingar-se do pai. É considerada pela crítica especializada como “a Sheldon de saia”.
Uma série de cinco romances de autoria de Jess Michaels, fez um sucesso estrondoso por aí afora.
Cada um dos livros da série Os Notórios Flynn, recebeu um título próprio. Pela ordem: O Outro Duque, A Amante do Canalha, Apostando na Viúva, Nenhum Cavalheiro para Georgina e O Marquês de Mary. No geral, conta a história de uma família londrina do começo do século 19.
Jess é uma das escritoras estadunidenses mais famosa e autora de uma centena de livros. O mais famoso é O Duque Silencioso (2017). Trata de história envolvendo o personagem Ewan, abusado pelo pai e tal.
Histórias desse tipo pululam por aí, em tudo quanto é língua.
No século 17, veio ao mundo uma gringa chamada Margaret Cavendish (1623-1673). É dela a ficção científica publicada no livro O Mundo Resplandecente (1666).
Depois de Cavendish, vieram Mary Shelley (1797-1851) e Mary E. Bradley (1844-1930), respectivamente autoras de Frankenstein (1818) e Mizora (1880).
Em O Mundo Resplandecente, Cavendish cria uma personagem feminina carismática, surpreendente, que habita um lugar cheio de gelo governado por um cara que só quer o bem de todos. É bacana.
Em Frankenstein, a autora apresenta ao mundo a figura estranhíssima de um certo doutor mal amanhado, esquisitíssimo. Bom, a história todo mundo já sabe.
Foto e Ilustrações de Flor Maria e Anna da Hora
sábado, 5 de outubro de 2024
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (135)
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Margaret Atwood |
Ainda seguindo a linha distópica de Huxley e Orwell, a canadense Margaret Atwood publicou em 1985 o livro O Conto de Aia. Esse livro trata de um golpe com características teocráticas dado nos EUA. Esse país passa a se chamar República de Gileade, na qual há uma onda crescente de mulheres estéreis. As mulheres não estéreis são raptadas, sequestradas, pelo poder então vigente e obrigadas a reproduzir filhos com os poderosos mandantes da tal república. Quem tentar fugir, morre.
O norte-americano Sidney Sheldon (1917-2007), um dos mais celebrados autores de ficção, tem livros que falam disso.
Bagshawe, uma inglesa, era fã de Sheldon e na continuação do Reverso da Medalha a matriarca da família Blackwell, Kate, volta à cena e ao desaparecer deserda uma de suas filhas. E o pau canta alto entre amor, ódio, inveja, drogas e mortes.
Pois é, tudo isso se acha lá.
O Reverso da Medalha é uma expressão encontrada no belo e original conto O Último Dia de um Poeta, de Machado de Assis, publicado originalmente em maio de 1867 no Jornal das Famílias. Esse conto foi assinado por Max, um dos vários pseudônimos de Machado. É leitura de hora e meia. Aliás, Machado de Assis era um grande leitor de Shakespeare. Lia-o no original. E no original também lia autores franceses. Foi ele o primeiro a traduzir para o português Victor Hugo, Edgar Allan Poe, Dante Alighieri, La Fontaine e tantos outros.
Machado também enveredou pela literatura grega, inspirando-se em tragédias verdadeiras ou inventadas.
Em 1903, o autor de Dom Casmurro publicou no Almanaque Brasileiro Garnier uma história intitulada Pílades e Orestes.
Orestes matou a mãe, que matou o esposo degolando-o. A irmã dele, Electra, casa-se com seu melhor amigo: Pílades.
No texto de Machado, Orestes é Quintanilha e Pílades, Gonçalves. Quintanilha é deputado e Gonçalves o advogado. Surge de repente uma jovem muito bonita e não digo mais nada. É muito bom!
sexta-feira, 4 de outubro de 2024
POR QUE NÃO BOULOS NO PRIMEIRO TURNO?
Boulos é a esperança do povo paulistano e de quem escolheu Sampa para viver assim como eu.
Devo dizer a quem a estas linhas ler que tenho acompanhado o movimento de todos os candidatos à Prefeitura da cidade de São Paulo. Assim devo acrescentar que Boulos tem se comprometido a defender a cultura popular e o povo em geral, incluindo pessoas que têm no destino o peso de carregar problemas referentes à mobilidade. Incluo-me nesse destino, vivendo na escuridão da noite.
Boa política é a política bem feita em prol das pessoas, independentemente de cor, gênero ou ideologia.
Viva a esperança!
Viva a vida!
Alguém já disse que a democracia pode não ser o melhor sistema de governo, mas outro melhor não há.
quinta-feira, 3 de outubro de 2024
VOTEMOS NO MELHOR PARA SÃO PAULO: BOULOS, 50!
Em poucos dias iremos às urnas definir o futuro das nossas cidades. Serão as primeiras eleições depois de o Brasil ter vivido uma das jornadas democráticas mais importantes de sua história: a construção de uma ampla frente em defesa da democracia nas eleições presidenciais de 2022.
A vitória foi grande, mas não definitiva. O bolsonarismo se reorganizou e continua ativo, sem recuar um milímetro em seu programa, cujo cerne é destruir os direitos mais básicos da república brasileira.
Neste exato momento, bolsonaristas de todo o país se articulam para transformar o próximo domingo em um momento de virada, que elegeria candidatos bolsonaristas em muitas capitais do país. Esse bloco antidemocrático tem dois objetivos: dar uma grande demonstração de força e colocar as máquinas de muitas prefeituras importantes a serviço da candidatura presidencial do bolsonarismo em 2026.
A situação de São Paulo — a maior cidade do país — é especialmente preocupante, porque estamos diante do risco de dois candidatos bolsonaristas passarem ao segundo turno: Pablo Marçal e Ricardo Nunes. Um resultado como este representaria a consagração, pelo voto popular, da violência política, da defesa da tortura, do negacionismo científico, da destruição de direitos, do descaso com os mais pobres, do desprezo com a cultura, com as minorias e com a democracia além do vasto programa de destruição do meio ambiente.
A frente ampla que impediu Bolsonaro de permanecer no poder precisa se levantar novamente para evitar que este segundo turno de consagração do bolsonarismo aconteça.
Quando olhamos para as pesquisas, fica evidente que o candidato que reúne as melhores condições de evitar o desfecho trágico de um segundo turno entre dois bolsonaristas é Guilherme Boulos. Parte dos signatários deste manifesto tem preferência por outras candidaturas e só votaria em Boulos no segundo turno, mas reconhece que estamos diante de um risco que o país não pode correr.
Diante disso, fazemos um chamado a todas as pessoas comprometidas com a empatia, a democracia, a humanidade e o futuro para que votemos, já neste domingo, em Guilherme Boulos.
terça-feira, 1 de outubro de 2024
VIVA A RÁDIO CBN!
segunda-feira, 30 de setembro de 2024
O PAPA É UMA GRAÇA!
domingo, 29 de setembro de 2024
TEMPO QUE VAI NÃO VOLTA
Eu já vivi um bocado dessa coisa chamada tempo. Senão, vejamos: 864 meses, 3.760 semanas e 26.300 dias pelo menos. Um pouquinho mais, um pouquinho menos.
Os números aí fecham um longo ciclo de 72 anos vividos Brasil afora, incluindo passagens rápidas mundo afora.
Pois é, pessoal, ainda me acho em estado um tanto tonto, inebriado, pela presença salutar de queridos e queridas pessoas que tive a capacidade de fazê-las amigas minhas.
No último dia 27, de Cosme e Damião, reunimos aqui no meu cafofo gente de sensibilidade e talento.
Comigo estiveram grande dama do forró Anastácia, o cantor e compositor Daniel Gonzaga, filho de Gonzaguinha e neto de Gonzagão; a produtora cultural Carol, neta de Anastácia; o radialista Carlos Silvio, o historiador Darlan Zurc, o jornalista Woile Guimarães e sua companheira também jornalista Regina, o craque do cordel Marco Haurélio e a sua mulher a xilogravurista Lucélia, a graciosa circense Poliana Helena e o maridão Julian, a jornalista Cilene com a irmã Cida, Lucia Agostini, a jornalista e produtora cultural Sylvia Jardim, acompanhada do marido Marcelo e do filho Felipe; a jornalista Vanira e a filhona Mariana, a maravilhosa Nalva, minhas filhas Clarissa e Ana Maria ao lado do companheiro Geremias; Flor Maria, que tanto a mim tem ajudado; o colega Marcelo Cunha, o cartunista Fausto e seu amigo Robson Rodrigues, o músico e roteirista de tudo Paulo Garfunkel, Magrão e ainda a coleguinha Patrícia, do time de ouro de Sylvia Jardim, que chegou acompanhada da sua cara metade André.
Pelo grambell recebi parabéns dos jornalistas Marco Antonio Zanfra, diretamente de Floripa, Wilson Seraine, do Piauí, Manoel Dorneles, de Natal... E de Sampa mesmo Júlio Medaglia, Luiz Carlos Bahia, Wilson Baroncelli, Célia e Selma...
TÉO AZEVEDO
Ontem 28 o poeta Moreira de Acopiara passou por cá e me levou até a Praça Benedito Calixto onde o agitador cultural Edson Lima promoveu um belo agito em homenagem ao querido cantador e violeiro Téo Azevedo. Muita gente boa esteve presente: Pedro Monteiro, Cacá Lopes, Luiz Wilson, Fatel, Dantas do Forró, Lucas da Sanfona, Marlus e Genivaldo, os três últimos integrantes do trio Golada.Foram vários os artistas que contaram causos e cantaram em memória do grande artista mineiro.
Fica o registro.
CHICO BUARQUE
O cantor e compositor Chico Buarque foi figura lembrada hoje de manhã pelos seus 80 anos de idade, recentemente completados.A homenagem a Chico contou com a belíssima apresentação da Big Band do Guri, sob a regência do maestro Daniel Lopes Filho. Foi legal e o palco do evento foi o Theatro São Pedro, cá no bairro paulistano da Barra Funda. Fui até lá levado pela jornalista Cris Alves e seu irmão Eduardo.
No repertório apresentado hoje de manhã no São Pedro um leque de clássicos assinados por Chico. Entre esses Construção, Gota d'Água e Sabiá, esse em parceria com Tom Jobim.
Os arranjos do maestro Daniel pessoalmente achei incríveis, originalíssimos.
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (134)
Amor e paixão na obra shakespeariana marcam mesmo quando abordados de forma leve, tranquila, insinuantemente. Exemplo é a peça Muito Barulho por Nada, que entre nós virou ditado popular.
Essa história tem lá seu lado engraçado, picante e tal. Um dos personagens ama uma jovem, mas não tem coragem para dela se aproximar. Pede então ajuda a um amigo príncipe pra servir de elo entre ambos. Lá pras tantas a cobiçada jovem é acusada de dar pra Deus e o mundo. E mais não digo.
E o enredo de A Megera Domada, hein?
Nessa peça Shakespeare mistura humor com seriedade, riqueza com pobreza, erudito com o povarél. O enredo põe em destaque a disputa de dois jovens por uma donzela: Bianca. Mas Bianca não pode se casar antes de sua irmã mais velha, a megera…
Em 1958, Huxley voltou ao tema por ele abordado em 1932. Título: Regresso ao Admirável Mundo Novo.
Nesse novo livro, o autor avalia as previsões que fizera no seu livro de estreia no qual alertava o mundo para educar os seus cidadãos, da melhor forma possível, para não caírem em ditaduras. Isso, infelizmente, há muito ocorre. São 49 ditaduras ou quase ditaduras espalhadas mundo afora, segundo pesquisa feita pela Freedom House e tornada pública em 2021.
… A cintura da garota na dobra de seu braço era macia e quente. Ele a puxou, de modo que eles estavam de peito a peito; o corpo dela parecia derreter no dele. Para onde quer
que suas mãos se movessem, tudo era tão flexível quanto água. Suas bocas se agarravam; era bem diferente dos beijos duros que haviam trocado antes. Quando voltaram a separar seus rostos, os dois suspiravam profundamente. [...]
Winston colocou seus lábios contra a orelha dela. “Agora”, ele sussurrou.
“Aqui não”, sussurrou ela de volta. “Vamos voltar para o esconderijo. É mais seguro”
Rapidamente, com um crepitar ocasional de galhos, eles trilharam seu caminho de volta para a clareira. Uma vez dentro do anel de mudas, ela se virou e o enfrentou. Ambos respiravam rápido, mas o sorriso havia reaparecido nos cantos de sua boca. Ela ficou olhando para ele por um instante, depois abriu o zíper de seu macacão. E, sim!, foi quase como em seu sonho…
Foto e Ilustrações de Flor Maria e Anna da Hora
sábado, 28 de setembro de 2024
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (133)
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Aldous Huxley |
É certo que Ariano Suassuna inspirou-se nos cavaleiros medievais para desenvolver muitas das suas tramas. Estudou, estudou e virou povo.
Tudo o que Ariano Suassuna escreveu tem o dedo do povo, a presença do povo. Porradas e sofrimentos, alegrias e tristezas. E sonhos. Nada de sadismo ou masoquismo, apenas vontade de viver brincando.
Assim como Ariano, foi François Rabelais (1494-1553).
Tudo que Rabelais escreveu foi baseado nos contos e lendas do povo. Está tudo em Gargântua e Pantagruel, obras que se completam.
Também no poço insecável da cultura popular bebeu o imortal Shakespeare, para nosso deleite.
Falar desse autor de tantas obras-primas, nunca é demais.
O inglês Aldous Huxley (1894-1963) tinha nele um mestre, como o nosso Machado de Assis. No romance futurista Admirável Mundo Novo (1932), Huxley inspirou-se, é certo, em Shakespeare.
Nesse livro, o autor de Hamlet e Otelo está de modo muito forte presente. Até o título do seu famoso livro Huxley inspirou-se em Shakespeare tirando-o de A Tempestade, publicado originalmente em 1510/11:
…(Abre-se a porta da cela, deixando ver Ferdinando e Miranda, que jogam xadrez)
MIRANDA — Estais usando de esperteza, príncipe.
FERDINANDO — Não, querida; por nada neste mundo poderia fazê-lo.
MIRANDA — Sim, por um par de reinos poderíeis altercar, e eu vos juro que chamara a isso jogo correto.
ALONSO — Se tudo isto for outra vez uma ilusão desta ilha, duas vezes perdi meu caro filho.
SEBASTIÃO — Oh Milagre estupendo!
FERDINANDO — Muito embora ameacem sempre, os mares são piedosos. Amaldiçoei-os sem razão para isso. (Ajoelha-se em frente de Alonso.)
ALONSO — Que te envolvam as bênçãos incontáveis de um venturoso pai. Alça-te e dize como aqui vieste ter.
MIRANDA — Oh! Que milagre! Que soberbas criaturas aqui vieram! Como os homens são belos! Admirável mundo novo...
A tempestade do título da peça é provocada pelo mago Próspero, um conde que foi traído pelo rei Alonso. Numa manobra sacana, Alonso faz Próspero confinar-se numa ilha distante de tudo. Pra essa ilha foi também a filha de Próspero, Miranda. O Exílio dura 12 anos e a filha de Próspero acaba apaixonando-se por um cara chamado Ferdinando. E a história segue.
sexta-feira, 27 de setembro de 2024
TEMPOS DE JORNALISMO POLICIAL
quarta-feira, 25 de setembro de 2024
VARELLA É O NOSSO DOSTOIEVSKI
Estação Carandiru é um livro impressionante, recheado de histórias horripilantes, de degola, empalamento, quase inacreditáveis. Literariamente poderíamos classificá-lo como surrealista. Mas não nos enganemos. Esse é um livro absurdamente realista.
É difícil nomear qual a mais original e chocante história desse livro. São muitas que despertam vivamente a atenção do leitor.
As fugas e tentativas por túneis escavados à mão eram no Carandiru cinematográficas. De uma só vez, pouco mais de uma cetena de detentos lograram êxito.
Cinematográfica também foi uma fuga frustrada de um pequeno grupo armado que invadiu o refeitório da diretoria fazendo reféns o poderoso Luizão, um capitão, um tenente e um casal de advogados em visita à instituição.
Curiosamente, essa fuga não deu certo porque os celerados confundiram o barulho de um helicóptero de uma televisão como se fosse o barulho de helicóptero da Polícia como exigiam para a fuga.
Ao ler Estação Carandiru e Carcereiros não deixei de lembrar de Recordação da Casa dos Mortos (1862), de Fiódor Dostoiévski (1821-1881).
Em 1849, Dostoiévski foi preso sob a acusação de participar de um complô que tinha por objetivo derrubar o Czar. Julgado, foi condenado à morte. Na última hora, porém, teve a pena capital transformada em prisão na Sibéria. Lá ele sofreu como jamais imaginara. Passou fome, passou frio e levou muitas porradas.
A dura experiência de Dostoiévski na prisão rendeu o livro aí citado contando os terríveis anos que viveu na prisão. Aqui, o ponto: não dá pra deixar de comparar a bela e contundente escrita de Varella com a do grande escritor russo.
O terceiro livro da série tem por título Prisioneiras. É um tapa na cara da sociedade machista, sacana, hipócrita.
Os depoimentos colhidos junto às presidiárias são uma prova de que as mulheres continuam sendo vitimadas pelos arroubos preconceituosos dos machos da vida e, de certo modo, abandonadas pela própria família.
Entre as presidiárias ouvidas pelo médico há líderes do PCC.
O PCC ganhou forma pública em agosto de 1993. O berço foi o "Piranhão" de Taubaté, a cerca de 130 km da Capital paulista.
Piranhão era o nome dado à cadeia pública de Taubaté.
Dráuzio Varella continua desenvolvendo trabalho voluntário agora na Penitenciária do Estado, onde foram realocadas as mulheres condenadas pela Justiça.
terça-feira, 24 de setembro de 2024
LIVRO CARCEREIROS, 12 ANOS
...No mês de janeiro de 2012, o sistema prisional paulista recebeu a média diária de 121 presos novos, enquanto foram libertados apenas cem. Ficaram encarcerados 21 a mais todos os dias, contingente que agrava o déficit de vagas conforme o tempo passa.Como os presídios novos têm capacidade para albergar 768 detentos, seria necessário construir um a cada 36 dias, ou seja, dez por ano. Esse cálculo não leva em conta o aprimoramento técnico da polícia. Se a PM e a Polícia Civil conseguissem realizar o sonho da sociedade brasileira, prendendo marginais com a eficiência dos policiais americanos — 743 para cada 100 mil habitantes —, seria preciso erguer uma penitenciária a cada 21 dias.Agora, analisemos as despesas que as construções demandam. No primeiro semestre de 2012, pôr uma cadeia em pé consumia 37 milhões de reais, o que dá perto de 48 mil reais por vaga. Para criar uma única vaga, gastamos mais da metade do valor de uma casa popular com sala, cozinha, banheiro e dois quartos, com a qual é possível retirar uma família da favela.Esse custo, no entanto, é irrisório quando comparado aos de manutenção. Quantos funcionários públicos há que contratar para cumprir os três turnos diários? Quanto sai por mês fornecer três refeições por dia à massa carcerária? E as contas de luz, água, material de limpeza, transporte, assistência médica, jurídica?...
Em 1978, Pereira Lima estava com 58 anos de idade e preso há 36 anos. Apesar de sua longa permanência na prisão, ainda era lembrado com desconfiança pela imprensa e pela Justiça como alguém perigoso que liderou a famosa rebelião e fuga em massa na Ilha Anchieta e assassinou o diretor do IPA de São José do Rio Preto. Antes de ser posto em liberdade condicional, ele concedeu uma última entrevista, em 08 de outubro de 1978, ao jornalista Assis Ângelo, do jornal Folha de São Paulo, em uma edição do Folhetim.Ao ser entrevistado, disse que após cumprir todos estes anos de detenção tinha a certeza de que longos anos de prisão não regeneravam ninguém, posto que toda a força repressiva e punitiva produzia ainda mais delinquência e revolta nos presos. Carregando marcas físicas e psicológicas destas ações, continuou afirmando que não atuou como o líder da rebelião da Ilha Anchieta e que não havia nenhum plano de fuga elaborado entre os presos, como os jornais noticiaram, mas que eles, há muito tempo estavam descontentes com o regime punitivo aplicado na ilha-prisão, com a rotina de espancamentos, práticas de tortura e com a má alimentação e, na ocasião, encontraram a oportunidade de fugir.
segunda-feira, 23 de setembro de 2024
LIVRO ESTAÇÃO CARANDIRU, 25 ANOS
domingo, 22 de setembro de 2024
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (132)
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A morte de Alcestis, de Jean-François-Pierre Peyron |
A Friné citada por Masoch, fez-me lembrar a personagem Alceste que dá título à peça do antigo autor grego Eurípides. É história encantadora. Enigmática. Um trecho:
…Alceste não é uma tragédia, como diziam ser — acho que é uma obra obscura porque é uma história doméstica mais íntima, e justamente por isso gostei tanto. A montagem se passava nos dias atuais, numa casinha no subúrbio de Atenas. E gostei do escopo que deram à peça. Uma tragédia íntima e realista. O protagonista está condenado à morte, e sua mulher, Alceste, quer salvá-lo. A atriz que interpretava Alceste parecia uma estátua grega, com um rosto magnífico; eu ficava pensando em pintá-la. Pensei em pegar informações sobre ela e fazer contato com o agente. Quase comentei isso com Jean-Felix, mas me contive. Não quero mais envolvê-lo na minha vida, seja lá para o que for. No fim, eu estava com lágrimas nos olhos. Alceste morre e renasce. Literalmente volta do além…
(Parte do diário da personagem Alicia Berenson, constante no livro A Paciente Silenciosa, escrito pelo norte-americano Alex Michaelides)
Leopold Masoch publicou no total 34 livros, incluindo A Vênus das Peles.
Foto e ilustrações por Flor Maria e Anna da Hora.
sábado, 21 de setembro de 2024
LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (131)
Em 1787, o Marquês de Sade escreveu o romance Justine ou Os Infortúnios da Virtude.
Interessantíssimo. Bom de se ler. Fez sucesso e acabou entrando no rol dos clássicos.
Pouco tempo depois de Sade publicar Justine, Restif de La Bretonne escreveu e publicou Anti-Justine.
Justine é um livro que trata de duas irmãs que são postas pra fora de um convento de freiras depois que a mãe morre.
Uma vira prostituta, Juliette, que passa a ter uma vida farta e movimentada na sociedade do seu tempo. A outra, Justine, nasceu pra sofrer.
Sade foi Sade. Sádico.
Sadismo vem do Marquês de Sade.
E Masoch?
O austríaco Leopold von Sacher-Masoch (1836-1895) gerou a palavra masoquismo, que tem a ver com a pessoa que tem prazer sexual com o próprio sofrimento ou humilhação a que se submete. Masoch, como pelo sobrenome ficou conhecido, é o autor de A Vênus das Peles.
Esse livro, publicado em 1870, conta a história de um casal que sente prazer em ser maltratado um pelo outro. Normal, dentro da temática do viver. Freud adorou o tema.
Um trecho:
— A dor possui para mim um encanto estranho, e que nada acende mais a minha paixão do que a tirania, a crueldade, e sobretudo, a infidelidade de uma mulher formosa. Esta mulher, este estranho ideal de terrível estética, imagino-a com a alma de Nero e o corpo de Friné.
Friné, como se chamava, foi uma cortesã de luxo da antiga Grécia. Era pouco vista em público e viveu no correr do século 4 a.C. Ainda no referido livro, lê-se:
… Eu sou ultra-sensualista, que em mim toda a concepção procede, antes de mais, da imaginação e que se nutre de quimeras. Desde que, pelos dez anos, puseram nas minhas mãos a vida dos mártires, desenvolvi-me e sobreexcitei-me nesse sentido. Recordo-me que lia com um horror que constituía para mim um verdadeiro prazer, a maneira como languesciam na prisão, os estendiam nas grelhas, os atravessavam de setas, os ferviam em pez, os deitavam às feras, os crucificavam, tudo sofrendo eles com uma espécie de alegria. Sofrer, suportar cruéis torturas, parecia-me então uma forma de prazer, sobretudo se estas torturas se infligiam por intermédio de uma mulher bonita…
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