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segunda-feira, 20 de maio de 2013

TROFÉU GONZAGÃO 2013, EM CAMPINA GRANDE

Tudo correu maravilhosamente bem ontem 19, à tarde, no Palco Paulo Vanzolini; desde a talentosa e paciente equipe técnica que contou com Fábio, Rafael e Edson, ao local escolhido pelos organizadores da 9ª Virada Cultural (Pateo do Collegio) e nomes dos artistas homenageados (Paulo Vanzolini e Luiz Gonzaga).
O paulistano Paulo (1924-2013) conheceu o pernambucano Luiz (1912-89) no município de Exu, durante uma das muitas expedições científicas que realizou Brasil a fora, em busca de espécies desconhecidas do mundo habitado por cobras e lagartos.
Na abertura do espetáculo O Samba do Rei do Baião, também nome do CD (Genesis Music) que acaba de chegar à praça, subi ao palco para juntar numa rápida fala os pontos dos fatos que aproximaram um do outro e culminaram com a acertada escolha do nome do palco para a realização do espetáculo que reuniu uma multidão de gente cantando e dançando alegremente na frente do colégio onde o jesuíta José Anchieta celebrou a missa de fundação da cidade, no dia 25 de janeiro de 1554.
O Samba do Rei do Baião foi apresentado por Oswaldinho do Acordeon e Socorro Lira, numa sintonia perfeita com os mestres Osvaldinho da Cuíca e Papete – dois verdadeiros shows à parte -, mais Rosa Macedo (coro), Ricardo Valverde (percussão), Cidão (violão 7 cordas), o maestro-arranjador Jorge Ribbas, que veio especialmente de Campina Grande, PB, para tocar, e a multi-instrumentista Ana Eliza Colomar, que encantou a todos tocando triângulo e se revezando no sax, flauta e clarineta, como uma mágica.    
O Samba do Rei do Baião levou ao conhecimento do público quatro músicas inéditas de Luiz Gonzaga: Tudo é Baião, Ai, Ai Portugal, Dúvida e Meu Pandeiro, com direito até a reportagem da Globo levada ao ar no programa Fantástico (registro aí, à direita). A virada levou em locais diferentes da capital paulista cerca de 4,5 milhões de pessoas, que curtiram mais de 900 atrações artísticas. A virada custou R$ 10 milhões.

TROFÉU GONZAGÃO 
Acabo de receber convite para participar da solenidade de entrega do Troféu Gonzagão 2013, dedicado à memória do grande sanfoneiro paraibano Sivuca (de nascimento, Severino Dias de Oliveira; 1930-2006). Será amanhã às 20 horas, no Centro de Convenções da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (Fiep), em Campina Grande. São esperadas mais de 1.000 pessoas, além de 110 artistas que participarão diretamente da festa, como Glorinha Gadelha (viúva de Sivuca), Fagner, Flávio José, Elba Ramalho, Nando Cordel, Alcimar Monteiro, Biliu de Campina, Cesinha do Acordeon, Adelmário Coelho, Pinto do Acordeon e Maciel Melo. Os homenageados nessa 5ª edição do Troféu Gonzagão são Antônio Barros & Cecéu e Genival Lacerda. A festa de entrega do troféu tem marcado nos últimos anos o início dos festejos juninos.

 
As cantoras Celia e Celma emocionaram quem as assistiu interpretando músicas sacras na capela da Igreja da Ordem Terceira do Carmo sábado à noite, na região da Praça da Sé. A apresentação fez parte da programação da Virada Cultural 2013. Elas estão com CD novo na praça, intitulado Lembrai-vos das Procissões e Devoções de Minas. Na foto acima, feita por Clarissa de Assis após o espetáculo O Samba do Rei do Baião, as duas, que são irmãs gêmeas, aparecem junto comigo (ao centro), Papete, Osvaldinho da Cuíca, Oswaldinho do Acordeon e Alessandro Azevedo, criador do personagem Charles sempre presente nos saraus de São Paulo. 
Acesse:

sábado, 18 de maio de 2013

NOTÍCIAS BOAS E MÁS

Uma boa noticia: de acordo com a programação da 9ª Virada Cultural de São Paulo, as mineirinhas Celia e Celma vão cantar daqui a pouco, mais precisamente às 21h30, na Igreja da Ordem Terceira do Carmo, também conhecida como Capela Venerável da Ordem Terceira do Carmo, ali na Nestor Pestana, 230, quase de lado da estação Sé do metrô, no Centro da cidade. No repertório, cantos sacros de séculos e uma jóia rara de Lamartine Babo, Maria. A capela foi construída entre 1747 e 1758, por leigos e bandeirantes.
Outra boa: logo mais às 20 horas e na virada de hoje para amanhã, domingo 19, o ator Alessandro Azevedo leva a sua criação Charles, um palhaço inspirado em Chaplin, para o Palco Parque da Luz. A apresentação, no coreto pequeno do parque, faz parte da programação da maratona multicultural iniciada às 18 horas com a baiana Daniela Mercury no grande Palco Luz. 
Uma má notícia: Manaus vira capital da Paraíba e Belém, de Pernambuco. Esse absurdo consta como verdade publicada na apostila M-5 do segundo bimestre dos 56.420 alunos matriculados na rede de ensino público municipal do Rio de Janeiro. A isso, meus amigos, dá-se o nome de descaso ao ensino no Brasil. Uma vergonha!. 
Outra boa: amanhã às 14 horas, no Pateo do Collegio num palco instalado em homenagem ao paulistano Paulo Vanzolini será apresentado o espetáculo O Samba do Rei do Baião, com Socorro Lira, Oswaldinho do Acordeon, Osvaldinho da Cuíca, Papete e um regional que tem à frente o maestro-arranjador e instrumentista pernambucano Jorge Ribbas.  
E mais uma má: Oswaldinho do Acordeon se apresentou ano no chamado Maior Forró do Mundo, de Campina Grande, foi aplaudido etc. e tal, mas até hoje não viu a cor do cachê. A isso dá-se o nome de safadeza.
Boa: o paraibano Rômulo Nóbrega está em meio a pesquisas para formatar um livro sobre a vida - e obra - do pernambucano de Macaparana Rosil Cavalcanti, cujo centenário de nascimento ocorrerá em dezembro de 2015. Rosil é autor da belíssima Tropeiros da Borborema.
Má: Roberto Carlos está mesmo doente de vícios e manias, tanto que depois de processar o governo da Venezuela por uso de uma de suas cantigas (Detalhes), anuncia através dos seus advogados que vai mover ação na Justiça para tirar do mercado o livro Jovem Guarda: Moda, Música e Juventude (Ed. Estação das letras e Cores/Fapesp), resultante de doutorado de Maíra Zimmermann.
Boa: editora 34 vai editar está pondo no mercado um clássico da literatura japonesa O Livro do Travesseiro, de Sei Shônagon. A obra foi escrita há mais de mil anos. A tradução é de um grupo de professoras da Universidade de São Paulo, USP.
Má: sem querer, acabei de quebrar um dos 52 discos de 78 RPM da série Cornélio Pires.
Boa: o médico. Dráuzio Varella publicou hoje no caderno Ilustrada, da Folha, um belo texto (amostra acima) sobre o dublê de cientista e compositor Paulo Vanzolini. Imperdível. Paulo vazia música por divertimento. "Eu não sou homem de duas profissões", dizia.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

SAMBA DE GONZAGA É DESTAQUE NA VIRADA

A Prefeitura paulistana, agora sob a batuta de Fernando Haddad, chega amanhã 18, a partir das 18 horas, à 9ª Virada Cultural, isto é: há nove anos a prefeitura, através da Secretaria de Cultura, agora sob a batuta de Juca Ferreira, põe um enorme bloco multicultural nas ruas desta que é a 3ª maior cidade do planeta, São Paulo.
Tem de tudo esse incrível bloco: cinema, teatro, circo, dança e música de todo tipo à escolha do freguês; do erudito ao popular, incluindo rap, valsa, rock, forró, xote, baião, maracatu e samba; muito samba, do melhor ao pior.
Enfim, tudo para todos os gostos.
E folheando há pouco o Guia da Folha, leio à página 13 os destaques “para não perder”, o espetáculo preparado pelo Instituto Memória Brasil, IMB (http://www.institutomemoriabrasil.org.br/), em parceria com a Associação Raso da Catarina, O Samba do Rei do Baião, que será apresentado domingo 19, às 14 horas, no Palco Paulo Vanzolini instalado na praça do Pateo do Collegio.
É para não perder mesmo!

RAZÃO DE VIVER
O novo número da revista francesa Paris Match traz entrevista com o veterano ator Alain Delon. Ele diz estar de saco cheio com o mundo e que por isso mesmo anda vivendo à toa.
O seu desabafo me fez lembrar Marlon Brando, que abandonou a vida para ficar obeso e assim morrer.
O desabafo de Delon também me lembrou de artistas brasileiros como Vandré, que não se apresenta mais em público e vive aparentemente de bem com a vida, rindo até.
Lembrei-me também de Belchior, que deu um chute na barraca e sumiu deixando para trás mãe, mulher, amigos, casa, carros...
E agora me vem à mente o samba de Vanzolini:

Levanta sacode a poeira
Dá a volta por cima...

quinta-feira, 16 de maio de 2013

TEM COISA BOA NA VIRADA CULTURAL

No próximo domingo 19, às 14 horas, estaremos representando o Instituto Memória Brasil, IMB, no Palco Paulo Vanzolini com o espetáculo O Samba do Rei do Baião, que conta com Socorro Lira, Oswaldinho do Acordeon, Osvaldinho da Cuíca e Papete.
Do repertório constarão 14 gêneros musicais diferentes e obras de Luiz Gonzaga que ele, Gonzaga, jamais gravou. Entre essas obras se acham o samba Meu Pandeiro, a valsa Dúvida e o fado Ai, ai, Portugal recolhidas do acervo do IMB.
Socorro Lira, paraibana de Brejo do Cruz, foi uma das artistas escolhidas pelo júri do 23º Prêmio da Música Brasileira de 2012 para receber o prêmio de Melhor Cantora no segmento regional.
O carioca Oswaldinho do Acordeon é há muito um nome conhecido e reconhecido nacional e internacionalmente como um dos nossos melhores sanfoneiros.
Ex-integrante do grupo Demônios da Garoa, o compositor e instrumentista paulistano Osvaldinho da Cuíca, Cidadão Samba de São Paulo desde 1975, já esteve em dezenas de países mostrando a sua arte e o samba do Brasil.
O maranhense Papete, de renome internacional, é considerado um dos três maiores percussionistas do mundo, ao lado de Naná Vasconcelos e de Airto Moreira, ex-integrante do Trio Novo formado em 1966 por Theo de Barros (contrabaixo e violão) e Heraldo do Monte (viola e guitarra) para acompanhar Geraldo Vandré em suas incursões.
O Samba do Rei do Baião - também título de um CD que acaba de chegar ao mercado (ao lado, reprodução da capa assinada por Luciano Tasso) - é um espetáculo produzido por Andrea Lago, também por isso imperdível.
Um regional que tem à frente o maestro-arranjador e instrumentista pernambucano Jorge Ribbas acompanhará Socorro, Oswaldinho e artistas convidados. 
CLIQUE: http://www.youtube.com/watch?v=r0Kr6bhgsu0

ERUDITO E POPULAR
Acompanhadas por João Marcondes ao violão e por Micaela Marcondes ao violino, as cantoras mineiras Celia e Celma (foto acima) participam sábado do concerto Do Sacro Erudito à Devoção Popular, na Igreja da Venerável Ordem Terceira do Carmo, à Avenida Rangel Pestana, 230, Sé. O concerto contará também com o alaudista Guilherme de Camargo e a soprano Marília Vargas. Celia e Celma desenvolveram pesquisas e recolheram cantigas populares devocionais de Minas Gerais dos tempos da Idade Média, que renderam o CD Lembrai-vos das Procissões e Devoções de Minas. A apresentação, gratuita, faz parte da programação da Virada Cultural.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

FOME NÃO É NOTÍCIA PRA JORNAL

A fome não alisa, dizia a minha sábia avó Alcina.
Na última segunda 13 discutiu-se à exaustão um tema premente e atual no teatro da Pontifícia Universidade Católica, PUC-SP: a fome e as desigualdades sociais no mundo.
Os debates foram iniciados com o sociólogo suíço Jean Ziegler dizendo que a fome está massacrando milhões e milhões de humanos a cada ano, sem que os governantes das grandes potências, como os Estados Unidos, movam uma palha sequer.
Nos próprios EUA, pesquisa de 2007 indicava que uma em cada grupo de seis crianças passava fome e vivia a terrível insegurança da falta de alimento na mesa, o que significava dizer que no país de Obama havia pelo menos 12 milhões de crianças à beira da fome e outras 3,5 milhões sem ter o que comer.
De lá para cá, a situação pouco mudou.
Dados de setembro de 2010 a agosto de 2011 divulgados em dezembro último davam conta de que 49,1 milhões de norte-americanos viviam na pobreza e que continuava crescente o número de sem-teto, sem falar que por lá continuava assustador o índice de desemprego disparado com a quebradeira de 2006.
Agora estudiosos do Departamento Florestal da ONU - Organização das Nações Unidas - vem a público recomendar que troquemos as proteínas e minerais das carnes bovina, caprina, suína, e também das aves e peixes do mar e dos rios pelos sabores exóticos de quase 2.000 espécies de insetos que se acham à disposição de qualquer um por aí.
...E pensar que o britânico Vincent Holt publicou em 1885 um livro a que deu o título Por que Não Comer Insetos?
Pois bem, por eso y otras cositas mas é bom que nos acostumemos logo com a ideia de Holt.
Ziegler falou da banalização da fome – um escândalo mundial - e da violência crescente em todos os quadrantes, do Brasil à Síria.
Depois foi a vez de o ensaísta e tradutor José Paulo Netto (acima, no destaque) expressar seus pontos de vista sobre o abismo que vive o mundo todo hoje. Ele citou o guerrilheiro argentino Chê Guevara, os pensadores alemães Marx e Engels e o poeta chileno Pablo Neruda.
Paulo Netto disse em fala inflamada, de mais de hora, que a fome aumenta na China e aqui, que somos o país mais poderoso e democrático da América Latina e do mundo e que o que se tem praticado contra o povo é uma coisa chamada "crime famélico". Após elogiar Jean Ziegler dizendo ser ele “o homem-chave no combate à fome”, Netto, cético, indagou: “Onde está a esperança?”. E concluiu com uma frase de Chê: “Os poderosos podem matar uma, duas, três flores, mas jamais deterão a primavera”.   
Foi muito aplaudido.
Muito aplaudido também no teatro da PUC foi o líder do MST e da Via Campesina, João Pedro Stédile, que começou dizendo ser a “fome não um fenômeno da seca, mas da cerca”.
Após enaltecer as qualidades de Josué de Castro, autor do clássico livro Geografia da Fome, “que morreu de saudade do Brasil no seu exílio em Paris”, o líder campesino atacou sem dó nem piedade o capitalismo mundial.
Ele lembrou que as lutas de classe são das classes “até que as massas, estando no inferno, resolvem dar uma tapa no diabo”. E disse mais, que “a luta do povo é contra o capital, cuja hegemonia se internacionalizou” e que “o povo quer, agora, pão, terra e liberdade”.
Após criticar a classe dominante pela “acumulação primitiva de bens”, Stédile findou prometendo que “logo, logo, as massas voltarão às ruas para mudar o mundo”.
No dia seguinte não li nenhuma linha nos jornais sobre o tema fome nos jornais, por que, hein?
Se a minha avó estivesse ainda viva, certamente teria aplaudido com entusiasmo os conferencistas que participaram da mesa onde se achava Stédile.

SUSTO
Para encerrar, uma historinha: em 2007 participei de uma palestra com Stédile, na PUC-BA. Ele falando dos malefícios provocados a nós humanos pelos agrotóxicos e eu sobre a importância de as pessoas permanecerem em suas terras, principalmente os agricultores, pois a cidade grande nada tem a lhes oferecer além de problemas. E lembrei as tantas músicas que falam disso. Foi legal. Antes, ainda em Salvador, almoçamos na casa do cantor, compositor e instrumentista Fábio Paes. Depois da palestra, tomamos uma cervejinha no aeroporto e embarcamos. Era noite. Ao se levantar para ir à toalete, Stédile desabou no corredor do avião e desmaiou. Foi um corre-corre danado. Imediatamente comuniquei às aeromoças de quem se tratava. Um passageiro médico o atendeu e logo tudo voltava à paz. Pegamos um táxi em Guarulhos e já recuperado Stédile me deixou em casa e seguiu.
Ufa!

terça-feira, 14 de maio de 2013

MORREU ARECESSONI DE ALMEIDA E SILVA

A inteligência brilhou ontem na mesa que discutiu o capitalismo, a destruição, as lutas e a “proteção social” no teatro da Pontifícia Universidade Católica, PUC-SP.
Formada pelos professores Jean Ziegler, José Paulo Netto, Ivanete Boschetti e o fundador do MST e da Via Campesina, João Pedro Stédile; a mesa, coordenada pela professora Mariângela Belfore Wanderley, fez parte da programação do 6º Seminário Anual de Serviço Social promovido pela Cortez Editora.
A Cortez está lançando o livro Destruição em Massa (Geografia da Fome), do suíço Ziegler.
José Xavier Cortez abriu o seminário falando das suas origens e trajetória. Ele disse com naturalidade ser parte da porcentagem de 42% de seus irmãos sobreviventes.
As lembranças de Xavier Cortez referentes aos dilemas e catástrofes provocadas pelas longas estiagens no Nordeste - como a atual, que já dura quase três anos - serviram de mote para os debates que foram ponteados de referências e reverências ao pernambucano Josué de Castro, pioneiro no estudo da fome.
Geografia da Fome (A Fome no Brasil), de Josué, publicado em 1946 e traduzido em muitas línguas, é um clássico do gênero.
Jean Ziegler foi o primeiro conferencista a expor e a explicar questões que levam à morte pela fome cerca de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo. Misturando inglês, francês e espanhol, ele conseguiu fazer-se entender pela plateia que lotou os 672 lugares do Tuca.
Sartre e outros pensadores dos séculos 19 e 20 foram bastante citados.
Voltaremos ao assunto amanhã.

ARI MORREU
Arecessoni (de Almeida e Silva; o zabumbeiro da foto), Ari, irmão de Oswaldinho do Acordeon e filho de Pedro Sertanejo, morreu no começo da madrugada de hoje, aos 60 anos de idade. Ele morava sozinho, na zona leste de São Paulo. Deixa quatro filhos. O velório será às 6 horas e o sepultamento três horas depois, no Cemitério Parque do Carmo, à rua Professor Hasegawa, 727, Itaquera.

REENCONTRO
E hoje à tarde tivemos a alegria de receber no Instituto Memória Brasil, IMB, o cordelista baiano Marco Haurélio, o cartunista paulista Fausto e os artistas da nossa música popular Oswaldinho da Cuíca , paulistano; e o cantor, compositor e instrumentista alagoano Ibys Maceioh.
Foi um reencontro e tanto!
A foto abaixo é um registro.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

A FOME QUE AINDA TORTURA E MATA GENTE

O sistema capitalista continua fazendo grandes estragos na barriga do povo do mundo todo, através da fome que só no ano passado provocou a morte de pelo menos 18% de um total de 70 milhões de pessoas. Isso significa que a cada cinco segundos alguém morre de fome, ou: 57 mil por dia, o que quer dizer que nem o nazismo e o fascismo juntos foram páreo para o capitalismo que ainda massacra e assusta os povos de todos os recantos.
O assunto é conhecido e muito sério, com direito a lançamento de livro e debates que serão abertos daqui a pouco pelo rio-grandense do Norte José Xavier Cortez, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC. Os debates contarão com a presença de intelectuais mundialmente conhecidos como o sociólogo suíço de Berna Jean Ziegler e o economista e ativista social gaúcho João Pedro Stédile, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, MST, e da Via Campesina.
Ziegler autografará seu novo livro Destruição em Massa, Geopolítica da Fome (376 pág., Cortez Editora, SP), com texto de contracapa assinado por Stédile.
Em 1946 o médico pernambucano Josué de Castro, especializado em doenças de nutrição, publicou o desde então necessário livro Geografia da Fome (A Fome no Brasil), enquanto o mineiro João Guimarães Rosa publicava o belíssimo livro de contos Sagarana e a Assembleia Constituinte promulgava a 5ª Constituição dos Estados Unidos do Brasil e o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias extinguindo o fantasma da pena de morte e reafirmando as liberdades constantes na Carta anterior, a de 1934.
Josué de Castro foi deputado federal por sua terra e o mais votado no Nordeste, em 1958, e embaixador do Brasil junto à Organização das Nações Unidas, ONU. Foi ele quem primeiro abordou com rigor e método próprio os estudos que tratam da fome no mundo, até então um tabu intocável, delicado e perigoso.
A sua obra, constituída por 30 livros e centenas de artigos publicados em cerca de 30 idiomas, tem por base a fome, uma questão que considerava política e achava ser resolvida só com uma distribuição séria e metódica de renda e o respeito às leis da natureza mundo a fora.
Josué, que teve seus direitos políticos cassados pela ditadura militar, morreu triste no exílio em Paris, com 65 anos de idade.
O livro de Jean Ziegler, cuja capa traz uma reprodução da obra-prima Criança Morta, de Portinari, é dividido em seis partes. A primeira (O Massacre), a segunda (O Despertar Das Consciências) e a quarta (A Ruína do PAM e a Impotência da FAO), trazem referências importantes a Josué e à sua obra.
Ziegler conta a história e as mazelas da fome com base nas informações que colheu no correr de anos, em organismos internacionais.
Atualíssimo e de denúncia responsável, Destruição em Massa traz uma radiografia da fome no mundo e indicativos de solução que provavelmente jamais se serão aplicados porque, grosso modo, não é essa uma questão de interesse dos governos; e não sendo do interesse dos governos essa questão nunca terá um fim feliz, o que o autor lamenta com todas as letras quando lembra que a riqueza atual da terra daria para alimentar com folga quase o dobro da população do mundo, hoje estimada em 7 bilhões de pessoas.
E você que está nos lendo agora, quer saber a opinião de Ziegler sobre a fome que ainda faz sofrer e matar gente no Brasil? Então, leia o livro Destruição em Massa.

CARTUNISTA FAUSTO
Como costumo fazer, ontem estive na Praça Benedito Calixto, na região de Pinheiros, e para minha alegria revi, depois de anos, o amigo Fausto (abaixo, no clique de Andrea Lago), que é um baita cartunista. Revi também o compositor e cantor Ibys Maceioh. Aproveitei para almoçar com eles, depois de adquirir livros e discos na feirinha de bugigangas da praça.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

POIS É...

Num recente fim de tarde, o jornalista e historiador santista criado no Rio de Janeiro José Ramos Tinhorão chegou dizendo que acabara de se deixar aplicar uma injeção no posto de saúde que fica aqui perto de casa, para depois resumir puxando no “r” que ganhou dos cariocas quando trabalhou para jornais e revistas como Correio da Manhã, Última Hora, Cruzeiro e Veja:
- Ser velho é uma merda!
Isso não pelo fato de às vezes sentir no corpo algum cansaço, mas por fazer parte, involuntariamente, do chamado grupo da “terceira idade” ou “melhor idade”, para ele outra “merda”.
O incômodo de Tinhorão merece reflexão pela discriminação silenciosa que mais das vezes lhe é dirigida e a outros que igualmente “passam da idade”, mas que idade?
Reflexão merece também o texto criterioso Cemitério de Elefantes, de Gabriel Priolli, que a revista Imprensa acaba de publicar na edição que se acha nas bancas.
Jornalista de currículo invejável e hoje produtor independente de TV, Priolli lembra que o fato de a imprensa norte-americana manter desde priscas eras nos seus quadros repórteres de “idade avançada”, isto é, ali pelos 60, sempre lhe impressionou.
No Brasil, exceções à parte, um jornalista de 40 e poucos anos já é considerado “velho”; e por ser o que acham que é o jornalista de 40 e poucos anos vai ficando cada vez mais na redação e menos na reportagem.
E Priolli confirma o que estava longe de se duvidar: “Lugar de tiozinho, no jornalismo pátrio, é na retaguarda, não na linha de frente. Isso para os poucos que ainda restam na ativa. Para a maioria, lugar de jornalista veterano é a rua mesmo. A da amargura”.
Lamentável, não é?
De clima tropical, bonito, gostoso, bom de viver, sem guerras, vulcões, terremotos, maremotos ou tsunamis para nos castigar além daqueles provocados pela gula insaciável dos políticos de espírito canalha, o Brasil é um país com quase 200 milhões de pessoas falando uma mesma língua e ocupando um espaço calculado em mais de 8,5 milhões de km2, o que o torna o 5º maior do planeta em termos territoriais, atrás apenas da Rússia, Canadá, China e Estados Unidos.
Vistos por esse ângulo, somos privilegiados.
Mas se é assim, o que nos falta?
Desde tempos remotos, o mínimo que nos faltam é uma boa formação escolar, respeito e igualdade no item cidadania, questões essas que passam naturalmente pelo explosivo quesito distribuição de renda.
Pois é, e ainda há gente passando fome e vivendo na linha da miséria no Brasil.
Pois é, continua assombroso o índice de analfabetismo no Brasil.
Pois é, povo analfabeto é povo oprimido e dominado.
Pois é, e como se não bastasse a falta de vergonha na cara, ainda nos vestimos e saímos por aí cantando a música dos gringos, sem nem sabermos a nossa língua direito.
Pois é, precisamos de uma injeção contra safadezas.
Agora vem o governador de São Paulo dizer mais uma obviedade: que faltaria guilhotina para punir corruptos.
Uma vez publiquei entrevista com Jece Valadão na Folha, em que ele dizia que se o povo soubesse a força que tem não deixaria que lhe pusessem canga.
Pois é, mas nós deixamos.
Deixamos de lado tanta coisa boa que poderíamos fazer e não fazemos, como tentar entender os caminhos da formação da cultura popular no nosso país.
Mas para isso é preciso ir às bibliotecas, aos museus etc.
Pois é...
Já se acha nas bancas a revista Bravo! (reprodução da capa, acima), com matéria à pág. 10 sobre o Instituto Memória Brasil, IMB.
Acesse e comente:
www.jornalistasecia.com.br/edicoes/culturapopular13.pdf

quinta-feira, 9 de maio de 2013

ZÉ RAMALHO NA ESTRADA HÁ QUATRO DÉCADAS

Em maio de 1983, o paraibano Zé Ramalho estava bombando Orquídea Negra, seu 5º LP (Epic/CBS), nas emissoras de rádio de todo o País, quando ainda as emissoras de todo o País incluíam na sua programação músicas de boa qualidade.
O texto do encarte que acompanhava o disco era assinado porJosé Nêumanne Pinto.
Orquídea Negra foi reeditado no formato CD exatos 20 anos depois, em 2003, com duas faixas a mais: Os Doze Trabalhos de Hércules e A Última Nau.
Antes de dizer a que estava chegando com o álbum duplo Paêbiru (Rozenblit, 1975), gravado em parceria com Lula Côrtes, Zé Ramalho já tinha praticamente pronto o repertório para o seu primeiro disco solo, Avohai, que iria à praça três anos depois com estrondoso sucesso, através da CBS.
O primeiro disco da fábrica Rozenblit com o selo Mocambo trazia de um lado o frevo-de-rua Come e Dorme (Nélson Ferreira) e, do outro, o frevo-canção Boneca (Aldemar Paiva/José Menezes), foi lançado em 1953 no formato de 78 rpm e teve como intérprete o pernambucano Claudionor Germano. 
A Rozenblit encerrou suas atividades em 1983, em decorrência das enchentes de chuva seguidas que destruíram completamente os seus equipamentos, curiosamente no bairro recifense de Afogados.
Como o CD Nação Nordestina, que tem a participação de Hermeto Pascoal e no repertório Pra Não Dizer que Não Falei de Flores, originalmente uma guarânia de Geraldo Vandré, o LP Orquídea Negra foi um marco na carreira de Zé Ramalho, a partir, mesmo, da faixa-título assinada pelo carioca Jorge Mautner.
O disco traz participação especial de Fagner, Robertinho de Recife, Egberto Gismonti e da soprano e letrista Maria Lúcia Godoy.
Na reprodução da página de jornal acima, o registro de Vandré e Zé (ao centro) juntos.
Zé Ramalho continua sendo um dos maiores artistas da música brasileira.

CLIQUE:
http://www.institutomemoriabrasil.org.br/

quarta-feira, 8 de maio de 2013

PAULÍNIA, UMA CIDADE MODELO

Inezita Barroso telefona para dizer que acabara de voltar de uma apresentação musical feita em sua homenagem no município paulista de Paulínia, localizada na mesorregião e microrregião de Campinas, a 199 quilômetros da capital.
Ela disse que se surpreendeu enormemente com a beleza da cidade que sabia ser chamada de Hollywood brasileira, mas que conhecer de ir, mesmo, ainda não conhecia.
"Agora fui e gostei, inclusive porque lá eu não vi sujeira na rua e nem rua esburacada, tampouco ouvi notícia de violência”, disse entusiasmada, acrescentando ser Paulínia, por isso mesmo, um exemplo de cidade.  
“Teatro? O teatro de lá é fantástico! E até zoológico há em Paulínia. E o povo? Incrível! O paulinense é tranquilo e aparenta viver o tempo todo de bem com a vida”.
Depois de receber as homenagens que lhe foram prestadas pela Cidade do Petróleo, Cinema e Música, Inezita foi comer um churrasco “em plena madrugada”.
“Adorei”, ela resumiu.
Foi Inezita quem lançou em novembro de 1953 o samba Ronda do seu amigo biólogo Paulo Vanzolini (foto ao lado), que teve missa de sétimo dia celebrada segunda-feira na paróquia Santa Margarida Maria, no bairro paulistano da Aclimação.

ESPECIAL MEMÓRIA DA CULTURA POPULAR: Paulo Vanzolini
Clique:
www.jornalistasecia.com.br/edicoes/culturapopular13.pdf

segunda-feira, 6 de maio de 2013

HOJE É DIA DE MISSA PARA PAULO

Na terça 25 de maio de 1993, o pernambucano de Cabo Manezinho Araújo foi dormir com a sua companheira Lala e não mais acordou, assim como um pássaro, como Charles Chaplin...
A seu velório no cemitério da Consolação,  em São Paulo, compareceram cerca de 30 pessoas.
A Missa de 7º Dia, celebrada na capela do Divino Espírito Santo, à Rua Frei Caneca, 1047, foi marcada por uma bonita e pungente roda musical que improvisamos e que contou com  Audálio Dantas, Téo Azevedo e Rolando Boldrin, entre outros.
Manezinho, que foi o primeiro artista da nossa música a gravar um jingle para o rádio, ainda nos anos 30, ficou famoso como rei da embolada.
Ele deixou clássicos na sua própria voz, como Pra Onde Vai Valente (1934) e O Carrité do Coroné (1939), e na voz de artistas como Luiz Gonzaga.
No seu gênero, foi único.
Pois é, e nem parece que já faz uma semana que o cientista e compositor paulistano Paulo Vanzolini (aí na foto, comigo e amigos) nos deixou. E para lembra-lo será celebrada hoje, às 20 horas, uma missa na Paróquia Santa Margarida Maria, à Av. Lins de Vasconcelos, 2129, Aclimação.
Ana Bernardo, que foi a sua companheira por muitos anos, diz que à paróquia a música será bem-vinda.
O corpo de Paulo, como o de Manezinho, foi sepultado no cemitério da Consolação.
Em memória a Paulo, eu alinhavei estas linhas heptassílabas aos moldes dos poetas repentistas do Nordeste, de que tanto ele gostava:

Vanzolini foi-se embora
Rumo à eternidade
Ele deixou obra completa
E em nós muita saudade
Foi mestre, compositor,
Cantou a alegria e a dor
Com toda liberdade

Ele lutou por igualdade
E fez da música oração
Da ciência o seu caminho
Fortaleceu-se na razão
Vanzolini foi artista
Nascido em terra paulista
Foi ele um bom cidadão

Fez Samba Erudito e Leilão,
Ronda e Volta por Cima,
Amor de Trapo e Farrapo
Tanta coisa de boa rima
Fez Vanzolini com ciência
Porque teve paciência
Para estudar nosso clima

Vanzolini está acima
Do banal e do rasteiro
Pela vida ele passou
Como grande brasileiro
Fez o que tinha de fazer
Sem desistir do prazer
Foi da ciência guerreiro

terça-feira, 30 de abril de 2013

E AGORA?

Pois é, e agora?
Há pouco foi para a eternidade a paulista de Ibitinga Maria Elisa Campiotti (1913-2011), mais conhecida por Zica Bergamo, pintora naïf – nas horas que tinha vagas -, autora da valsa Lampião de Gás tornada clássica ainda no tempo e formato dos discos de 78 rpm, por Inezita Barroso.
Era uma flor dona Zica, de quem tenho na parede de casa desenhos maravilhosos que me deu e na memória guardo a sua imagem de vó incrível, sempre sorrindo, de bem com a vida.
Há pouco também foi para o infinito o paulistano, descendente de italianos, Alberto Marino Jr. (1924-2011), autor da letra de Rapaziada do Brás, a primeira valsa-choro – na verdade, a primeira música - que trouxe no título o nome de um bairro da capital de São Paulo, composta originalmente em 1917 e em disco gravada – ainda sem letra - pelo próprio autor e seu conjunto, o Sexteto Bertorino Alma, dez anos depois; e de modo independente, diga-se de passagem.
Paralelamente à carreira bissexta de poeta e compositor, Alberto Marino Jr. foi um dos mais importantes promotores, juízes e desembargadores do Brasil.
O selo musical que acolheu Rapaziada do Brás, na sua origem, chamou-se Brasilphone, hoje com história perdida na poeira do tempo.
Em seguida partiu para o céu o carioca Altamiro Carrilho (1924-2012), um deus da flauta.
Agora, meu Deus, quem acaba de ir para bem distante de nós, mortais, é o maior de todos os brasileiros atuantes no campo da Biologia e Humanismo, o Dr. Paulo Emílio Vanzolini (foto) que também foi compositor de música nas horas de lazer e que gerou – atentem! - o primeiro samba-canção que tem a cidade paulistana, a 3ª maior do planeta em população, como pano de fundo para uma história de amor de dor: Ronda.
Pois é, esses nomes, incluindo o pai do Dr. Alberto Marino Jr., o maestro Alberto Marino, foram muito importantes para o Brasil, em todos os sentidos...
E nenhum livro sobre eles foi publicado até hoje!
A dois ou três editores conhecidos, eu sugeri que publicassem livros que eu mesmo escreveria sobre eles, mas...
E eles, os personagens citados, ainda estavam vivos...
Os editores consultados responderam que não tinham interesse, porém sugeriram: se eu bancasse ou conseguisse quem bancasse os livros que propus escrever, eles publicariam...
E assim a história viva do nosso País, no casso a partir da música, vai se perdendo até que eu também vá embora.
Mas que importância tem isso, não é mesmo?
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segunda-feira, 29 de abril de 2013

PAULO VANZOLINI ESTÁ NO CÉU

Hoje o dia amanheceu sem cor e triste anunciando, sem rodeios, a partida inesperada de Paulo Vanzolini, o Vanzo para os amigos.
Paulo Vanzolini está no céu.
Paulo Vanzolini nos lega uma obra musical sem par.
Como cientista, coautor da Teoria dos Refúgios, segundo a qual as mudanças climáticas em florestas contínuas, como a Amazônia, fragmentam formações vegetais que causam especiação e, consequentemente, enriquecem a biodiversidade da nossa América, o Dr. Paulo Emílio Vanzolini, Ph.D em herpetologia pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, era conhecido e reconhecido em quase todo o mundo por suas necessárias e contributivas pesquisas científicas.
O seu nome identifica vários répteis.
Ele parece ter vindo à vida para nos enriquecer com sua sabedoria, presença e obra.
Ele estudou muito, especializou-se na profissão que escolheu - a Zoologia - e foi a campo pesquisar para nos fazer bem.
Como passatempo e divertimento, ele compôs um punhado de músicas para nos alegrar a alma.
E ao fim disso, juntou tudo e nos deu de presente.
Viva Paulo Vanzolini, para quem dedico as setilhas abaixo compostas à maneira dos poetas repentistas improvisadores ao som de viola de que tanto ele gostava.
Um dos seus ídolos era Zé Limeira, paraibano que se evaporou num ano qualquer da década de 1950.
Enfim...

PARA PAULO

Vanzolini foi-se embora
Rumo à eternidade
Ele deixou obra completa
E em nós muita saudade
Foi mestre, compositor,
Cantou a alegria e a dor
Com galharda liberdade

Ele lutou por igualdade
E fez da música oração
Da ciência o seu caminho
Fortaleceu-se na razão
Vanzolini foi artista
Nascido em terra paulista
Foi ele exemplar cidadão

Fez samba, toada e canção,
Leilão e Volta por Cima,
Idem Napoleão e Ronda
Foi autor de boa rima
Craque da cantiga e ciência
Estudou com paciência
Mudanças do nosso clima

Vanzolini está acima
Do banal e do rasteiro
Pela vida ele passou
Como grande brasileiro
Fez o que tinha de fazer
Sem desistir do prazer
Foi ele de fato guerreiro

Poeta do Brasil inteiro
Vanzolini soube ser
Na sua morcega vida
Como aranha foi coser
Uma bela teia pra morar
Brincar, pensar, viver, amar,
E jamais essa teia descoser

Apresentamo-nos algumas vezes juntos, a última na noite de 9 de fevereiro de 2012, no Sesc-Santana, zona Norte da capital paulista. O tema apresentado - São Paulo como inspiração musical - contou com a presença do compositor e instrumentista Eduardo Gudin.
Para conferir trecho da nossa prosa editado por Darlan Ferreira, CLIQUE:



CLIQUE também, a ver com Zé Limeira e Paulo Vanzolini: Memória da Cultura Popular, ed. 8 || J&Cia

domingo, 28 de abril de 2013

PAULO VANZOLINI NÃO ESTÁ EM CASA

O compositor Paulo Vanzolini está internado desde a última quinta 25 no hospital Albert Einstein, na zona Sul paulistana.
Ele deu entrada com um quadro de pneumonia preocupante e deixou a Unidade de Terapia Intensiva, UTI, ontem.
Está sedado e recebendo todas as atenções médicas e familiares.
As visitas estão proibidas.
Autor de obras-primas como Samba Erudito e Cravo Branco, praticamente desconhecidos do chamado grande público, ao contrário de Ronda e Volta Por Cima, Paulo Vanzolini fez 89 anos de idade exatamente no dia em que foi levado ao hospital por sua companheira Ana Bernardo.
A obra musical de Paulo é pequena, porém densa demais.
No dia 9 de janeiro de 2003 ele reuniu amigos e lançou o que considera a sua “obra completa”, reunida numa caixa com quatro CDs de 13 faixas, cada, que rapidamente se esgotou e nunca mais foi relançada ao mercado.
A seleção musical incluída na caixa (Acerto de Contas) foi feita por ele próprio e dela participaram Chico Buarque, Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Martinho da Vila, Eduardo Gudin (aí na foto comigo e Paulo, numa prosa no Sesc-Santana em 2012), Inezita Barroso e Ventura Ramirez, entre outros.
Paulo nunca se considerou um compositor profissional.
Sempre disse que fez música por distração, e que Ronda – um dos clássicos da chamada MPB – é uma bobagem lançada em 1953, por sua amiga Inezita Barroso.
Provocador, sempre disse também que a gravação de Ronda feita por Inezita é uma bobagem.
Considera sua profissão, mesmo, a Medicina; principalmente um dos ramos dela, a herpetologia.  
Foi diretor do Museu de Zoologia da USP por muitos anos.
É PhD em Harvard.
Eu sempre gostei de beber e prosear com Paulo, e isso desde o começo dos anos de 1980, quando ele ainda continuava à frente do Museu de Zoologia da Usp.
Sai logo daí, Paulo!
O teu lugar não é hospital; é aqui entre nós, jogando conversa fora e botando cerveja pra dentro.
CLIQUE:

segunda-feira, 22 de abril de 2013

HÁ GÊNIOS JOVENS, SIM

Antônio Nóbrega é um recifense da safra de 1952, nascido quatro meses antes de mim, que sou escrevinhador de vivências e de coisas perdidas da nossa cultura popular como a catira e as quadrilhas juninas, entre outras; mas também um tanto atento a artistas em ação que levam a vida mostrando com categoria no palco ou na rua o que há de melhor do universo da nossa cultura.
E ele, Antônio Nóbrega, faz isso de modo muito bem, e há 50 anos; 30 dos quais na capital paulista, onde montou barraca, isto é: o teatro Brincante, que fica ali na agitada Vila Madalena, zona Oeste da cidade.
Mas ao contrário do que muita gente pensa Antônio Carlos Nóbrega não começou a carreira trilhando o caminho sagrado das artes populares, no sentido autêntico, de originalidade.
Ele começou tocando o que ouvia no rádio e na televisão, ainda nos tempos dos Beatles, da Jovem Guarda e da incipiente MPB, representada por Chico, Caetano, Edu Lobo, o pessoal dos festivais... 
Mas ele teve a sorte de se recuperar a tempo, com o chamamento do medievo escritor paraibano Ariano Suassuna, que ao vê-lo tocando violino em João Pessoa, na Orquestra Sinfônica de lá, logo o convidou para fazer parte do Quinteto Armorial que estava criando, em 1971.
E assim foi, para o bem da Pátria e de todos nós.
E agora uma historinha: em junho de 1997, no extinto Jornal da Tarde, escrevi um artigo com o título Nóbrega, um Gênio (reprodução aí ao lado).
O título foi um espanto para o editor, que a mim me perguntou mais de uma vez se eu tinha mesmo certeza de que queria que o título fosse aquele.
O que passou pela cabeça do meu amigo editor, ao me fazer essa pergunta, não sei.
Quem me responde?
Viva Antônio Nóbrega!
Viva a cultura popular! 

SÃO JOÃO
O mês dos Santos Antônio, João e pedro está chegando. Mas para animar com um colorido todo especial faltam quadrilhas juninas, daquelas bonitonas de Fortaleza, João Pessoa, Campina Grande e Aracaju na principal cidade do Brasil e do hemisfério Sul, a 3ª maior do mundo em população: São Paulo.
Clique:
http://www.youtube.com/watch?v=8dp6k5OPxFc 

sábado, 20 de abril de 2013

O CRAQUE SINFÔNICO OSWALDINHO DO ACORDEON

No século passado Oswaldinho me disse que ia mais uma vez à França para tocar com cobras criadas do zydeco, que é um ritmo nascido ali pelos anos 1950, em Louisiana, EUA, que se mistura de modo bom com o cajun, que é a música do povo acadiano expulso do Canadá, e com o canto creole de trabalho dos negros escravos americanos e tem na canção Les Haricot Sont Pas Sales a origem do seu nome.
Clifton Chenier, discípulo de Amédé Ardoin, primeiro negro sanfoneiro a gravar música creole, em 1929, foi um dos mais expressivos representantes do gênero.
Chenier morreu em 1987 e Amédé, em 1934.
Pois bem, e aí eu pedi a Oswaldinho me trouxesse o catálogo ou folder desse encontro de cobras para os nossos arquivos.
E ele trouxe, porque nordestino ou filho de nordestino quando diz que faz, faz.
E Oswaldinho faz e toca de um jeito que ninguém faz, nem toca.
Oswaldinho, filho do baiano Pedro Sertanejo, que foi pioneiro na difusão do forró e do baião em São Paulo, a pedido e orientação do seu amigo Luiz Gonzaga, é uma espécie de reserva do que há de melhor em termos de música sanfonada no Brasil.
E o Brasil, ó, parece que nem liga.
Enquanto norte-americanos, japoneses, franceses, espanhóis, portugueses, holandeses, suíços, alemães, canadenses, italianos e outras raças e gentes de outras falas e cores o requisitam e o aplaudem e o cortejam de todas as maneiras, fazendo afagos, acarinhando e convidando-o para festivais, nós ficamos indiferentes a isso tudo e, lamentavelmente, dando uma de morto para torturar o coveiro.
Até quando?
O carioca de Duque de Caxias Oswaldo de Almeida e Silva, o Oswaldinho, filho de seu Pedro e de dona Noêmia, nasceu no dia 5 de junho de 1954 e cresceu com o Nordeste dentro de casa, isto é: com os mais importantes artistas nordestinos visitando e tocando com seu pai. O Rei do Baião, por exemplo, o punha no colo. O mesmo fazia a filha de baianos e cearenses Carmélia Alves
O pai Pedro lhe deu a primeira sanfona de oito baixos e depois eletrizou a de 120.
Pronto! Não havia mesmo jeito de o menino fugir da sina de sanfoneiro.
E como se não bastasse, o rei Gonzaga também lhe dava sanfona e o incentivava a ir em frente para alegrar o povo.
E foi assim que Oswaldinho se apaixonou pelo instrumento.
Mas para que tudo corresse bem, tinha de estudar.
E estudou, no Brasil e na Itália.
Aos 13 anos de idade ele já gravava disco com o pai, que tinha casas de forró e programas de rádio.
E o menino foi crescendo e ficando famoso e importante.
Tem mais de 30 discos gravados, entre LPs e CDs.
Tem também centenas de participação em discos de outros artistas e shows de gente como o norte-americano All Jarreau e o paraibano Sivuca.
Os moldes das suas mãos estão expostos no Museu de Reggio Emilia, Itália, “identificados como as mãos mais ágeis do acordeon”.
É pouco?
No Brasil, nada.
Mas ele vai seguindo a vida, fundindo sonhos com cores e sons.
No teclado da sua sanfona, ele vai do baião e do forró gonzaguianos ao blues e a todos os ritmos e gêneros musicais conhecidos ou não.
E se você não sabia, fique sabendo que Oswaldinho foi o primeiro artista brasileiro a se divertir com uma sanfona digital, que nada, nada, tem  140 timbres acústicos.
Nesses anos todos ele tem atuado também como solista de várias orquestras, entre as quais a Jazz Sinfônica de São Paulo, a Sinfônica do Paraná, a Sinfônica de Santo André, a Sinfônica de Porto Alegre, a Sinfônica de Santos, a Infanto-Juvenil de Violões...
E agora, para relaxar, ouça um baiãozinho que fizemos juntos. CLIQUE:

SARAU
Oswaldinho do Acordeon participará do Sarau Popular do Instituto Memória Brasil que será apresentado no próximo dia 24, às 19h30, no Centro de Convenções Rebouças. O evento faz parte da programação do 16º Congresso Mega Brasil de Comunicação, que este ano se desenvolve sob o tema Planeta Comunicação na Era do Diálogo. Também participarão do sarau que terei o prazer de estar, o jornalista e poeta Fernando Coelho, o multitudo Jorge Mello, o mágico da percussão Papete, as cantoras Fernanda de Paula e Celia e Celma. 

PS – A foto em que também se vê Cesar do Acordeon, registra apresentação nossa no teatro Brincante, de Antônio Nóbrega, quando comemorávamos a primeira edição do Dia Nacional do Forró - 13 de dezembro - , que nasceu no programa São Paulo Capital Nordeste, virou projeto-lei aprovado pelo Congresso Nacional e em seguida sancionado pelo então presidente da República, Lula da Silva.    

sexta-feira, 19 de abril de 2013

PAPETE, O REI DO BERIMBAU

Em 1982 ele estava em Montreux, Suíça, participando do festival de jazz que há lá desde 1967. 
Montreux é uma cidadezinha bonita e aconchegante de 25 mil habitantes e 33,4 Km2 de extensão, localizada à margem setentrional do lago Léman, considerado o segundo maior da Europa Ocidental.
Em beleza Montreux é parecida com a maranhense cidade de Bacabal, berço de José de Ribamar Viana, que boa parte do mundo civilizado chama carinhosamente de Papete. 
A diferença entre uma e outra cidade se acha apenas no tamanho, no clima e no número de habitantes.
Bacabal, que é conhecida como a Capital do Médio Mearim, tem 1.683 Km2 de extensão, o seu clima é tropical e o território habitado por pouco mais de 100 mil habitantes.
Essa é a diferença, “e a língua!”, acrescenta Papete brincando, naquela sua calma franciscana.
A língua do povo de Montreux é francesa.
Houve um tempo que os franceses construíram um forte e tomaram para si o Maranhão.
O forte chamou-se São Luís, em homenagem ao rei Luís 13.
Hoje, São Luís é a capital do Maranhão.
Mas essa é outra história.
Papete voltou à Montreux mais vezes como um dos três maiores percussionistas do mundo, ao lado de Naná Vasconcelos e Airto Moreira.
Na verdade, Papete voltou muitas vezes a muitos lugares por onde andou.
E em muitos desses lugares ele ainda é idolatrado, como na Itália.
Depois de gravar com Ornella Vanoni o disco Uomini, a imprensa italiana não só considerou o melhor disco do  ano, em 1977, como o chamou de "o mais importante percussionista do mundo".
Mas como bom nordestino, Papete não liga muito para essas coisas; tanto que não guarda nem recortes de jornal e revista que tratam dele e da sua obra, seja no Brasil, seja onde for.
Papete, o único artista do mundo que faz um berimbau falar, é um intransigente estudioso da cultura popular da sua terra, produtor musical apuradíssimo, compositor, cantor e tocador de instrumentos de cordas e de todos os instrumentos de percussão que lhe caírem ou lhe caem às mãos.
Papete tira som de tudo.
Do nada, ele próprio se transforma numa orquestra.
É um mágico!
É um gênio!
A enorme importância que o berimbau tem hoje em dia no Brasil e fora do Brasil se deve a ele, sem a menor dúvida, da mesma maneira que se deve a Waldir Azevedo a importância do cavaquinho em qualquer conjunto de chorinho que se preze, por exemplo.
Um conjunto de choro sem cavaquinho, não é conjunto de choro.
Antes de Waldir, o cavaquinho era um instrumento sem muita serventia, apagado, sem expressão, esquecido.
Aliás, da mesma forma que a cuíca.
Há a cuíca antes e depois de Osvaldinho... da Cuída.
Toquinho e Papete correram o mundo, cantando e tocando, mostrando o Brasil.
No começo dos anos 1980, os dois interpretaram a toada Asa Branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, para muitos públicos.
Eles interpretaram Asa Branca em muitos lugares: na suíça, na Itália... 
Um show deles na Suíça foi gravado e comercializado na Europa toda, no formato de vídeo-cassete, antes de se transformar em DVD (reprodução da capa acima; abaixo, um trecho do show). 
Pois é, e na noite do próximo dia 24, Papete vai estar conosco participando de um sarau no Centro de Convenções Rebouças. A apresentação faz parte da programação do 16º Congresso Mega Brasil de Comunicação, cujo tema este ano é Planeta Comunicação na Era do Diálogo.

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