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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

EDUCAÇÃO É CULTURA

Depois de uma enxurrada de votos a favor da primeira mulher eleita pela vontade popular, no Brasil, um alívio: todos podem continuar a caminhar de cabeça erguida, sem medo de papa-figo.
E também podem, os mais humildes, caminhar de pés calçados para evitar a quentura torturante do chão.
O chão quente, fervente, assim feito pelo sol escaldante das horas do meio-dia, racha pés e racha almas.
E no Nordeste, principalmente no sertão, quase sempre é meio-dia...
Fernando Henrique sabe disso?
- Sabe não.
Serra sabe disso?
- Sabe não.
O que Serra sabe é que o Nordeste existe; mas ele só soube disso agora, para seu desassossego.
Quer dizer, não adiantou dizer que foi amigo de Luiz Gonzaga, o rei do baião, quando na verdade sequer o conheceu.
Não adiantou ir à terra do Padre Cícero... Pra que?
Não adiantou pegar terço, escapulário, ir à missa e dar beijinhos coreografados nas ruas de Recife, para uma multidão em câmera fechada.
É preciso ter fé no Brasil, no seu povo, nos seus mitos.
Não adianta prometer o que não dá pra cumprir.
É preciso respeito, ora.
Os nordestinos demonstraram respeito por um Brasil que lhes dá respeito, o que me fez lembrar uma coisa que Rei do Baião me disse há muito tempo:
- O nordestino não é pobre e nem é besta, mas é explorado. E isso não é culpa sua, é culpa dos governantes.
A mesma história da mais-valia de que me lembrava o cantor Taiguara.
A exploração do homem pelo homem.
Coisa antiga, mas ainda em voga no campo e na cidade.
Como mudar essa tristeza, como mudar essa realidade?
Através da escola, da formação profissional, da formação cidadã, da cultura e da educação, sabemos.
É por aí, pelo caminho da educação e da cultura, molas propulsoras do bem-viver.
Ninguém nasce pra sofrer, não é mesmo?
Por ser secularmente explorado e abandonado, o nordestino sabe perfeitamente reconhecer quem trabalha e quem o explora e o abandona.
O resultado foi o que se viu.
Agora me vem à tona uma imagem, esta:
Serra no dentista.
O dentista com seus instrumentos de trabalho à mão:
- Abra a boca e diga: Diiiiiiilma.
Hahaha, brincadeirinha.

CASAMENTO
O conterrâneo Sinval Sá, autor do livro O Sanfoneiro do Riacho da Brígida, sobre o rei do baião Luiz Gonzaga, telefona coberto de razão para dar bronca a respeito da minha ausência na festa de casamento de sua neta Thais com o filho de seu Jorge e dona Vera, Luis, no dia 29 último, aqui em São Paulo. Pôxa vida, que cabeça doida essa minha! Imperdoável.

LANÇAMENTO
Os amigos Arievaldo Viana, cearense, e o pernambucano Jô Oliveira, participaram no ´pultimo sábado da maior feira literária a céu aberto das Américas, em Porto Alegre. Os dois lançaram os folhetos de feira 300 Onças e Coco Verde e Melancia, adaptados do livro Contos Gauchescos, coletânea do folclorista gaúcho Simões Neto. Não os li, mas já gostei. Fica o registro.

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