Só agora, com algumas pessoas se manifestando a respeito do texto de ontem, é que me dei conta de que escrevi: “...nove Estados e mais de 50 mil habitantes...”, quando o correto seria: “...mais de 50 milhões de habitantes num território que ultrapassa 1,5milhão de Km²”.
Na verdade, segundo dados do IBGE divulgados há dez anos, o Nordeste, região geoeconômica de povoamento mais antigo do País, tinha 53.591.197 ou seja: 27,99% do total da população brasileira, cuja estimativa era de 191.480.630 pessoas; atrás, apenas, do Sudeste com seus 80.915.332 cidadãos, ou 42,26% do total de residentes no território nacional; incluindo os estrangeiros, que já passavam dos 100 mil.
Cabral desembarcou em 1500 na Costa baiana, quem não sabe disso?
Foi lá, também, que se realizou a primeira missa...
Sim, a maioria do povo brasileiro é católica; mas não precisa ninguém sair por aí erguendo e beijando miniaturas de santos...
O Sudeste é formado pelos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.
Nas últimas eleições, Dilma Rousseff ganhou na região capixaba no primeiro turno e perdeu no segundo, com diferença não muito grande. Mas em compensação ganhou nos dois dos três maiores colégios eleitorais: Rio (60,48%) e Minas (58,4%).
A primeira presidenta eleita pelo voto livre no País ganhou em 15 Estados e no Distrito Federal e Serra, em 11.
Há de se convir: nada mal para quem sempre alimentou de maneira obssecada a ideia de ser presidente da nação, desde tempos de antanho.
Ser presidente do País, ora, não pode ser simplesmente um projeto pessoal.
Tem de ser coletivo, abrangente, para ser forte e bonito.
A pergunta que se faz costumeiramente a meninos e meninas de qualquer parte do mundo, e a Serra também foi feita, é:
- Você vai ser o que quando crescer?
Geraldomente pais corujas riem felizes quando a resposta é de efeito, grandiosa na ingenuidde infantil; mas, claro, isso nunca deve ser levado tão a sério como Serra levou.
Pôxa, e logo ele que teve tanto tempo para aprender e não esquecer nenhuma das regiões do País, mas esqueceu.
Esqueceu o Nordeste, os nordestinos, como Fernando Henrique seu amigo sempre esquece, e quando lembra é pra dar pau e tirar sarro.
Sabe-se porque está na Internet suas declarações e na memória da gente as besteiras que tanto dizem.
Lembram da história do Rei do Baião?
Pois é, Serra nem o conheceu e disse que fora seu amigo apenas para ganhar simpatia e votos.
Isso não pega mais.
Na verdade, nem Serra e nem FHC gostam de quem nasce onde nasceram Ruy Barbosa, Dorival Caymmi, Luiz Gonzaga, João do Vale, Vandré, João Pessoa, Pedro Américo, Lula, Câmara Cascudo, Gilberto Freyre, Augusto dos Anjos, Jorge Amado, Eleazar de Carvalho, Patativa do Assaré, Gonçalves Dias, Manuel Bandeira, Capiba, Vitalino, Manezinho Araújo, Humberto Teixeira, Zé Dantas, Pedro Américo, Nélson Ferreira e milhares e milhares, milhões de grandes seres que vingaram por aquelas bandas de sol ardente.
Pena, não é?
E a história do Padre Cícero?
Pois é, foi até Juazeiro...
O Brasil é de todos e tem de ser governado para todos.
Ah! sim, e Serra respondeu:
- Presidente! Eu quero ser presidente da República.
Tinha uns cinco anos de idade, segundo a lenda.
Numa de suas entrevistas à Globo, acho que no SPTV apresentado por Chico Pinheiro, o governador renunciante declarou uma vez, como candidato a prefeito também renunciante da 5ª maior cidade do planeta, São Paulo, que o baixo nível escolar registrado nessa cidade se devia à presença dos migrantes, dos nordestinos.
Deus do céu!
É a história de que a violência em São Paulo era culpa dos nordestinos. Foi se ver em pesquisa da Secretaria de Segurança Pública e... nada disso.
Colhe-se o que se planta, não é mesmo?
Lembro também que em 1990 tramitou na Câmara Municipal um projeto visando impedir a entrada de nordestinos na capital paulista. A proposta era do vereador Bruno Feder, que já não é vereador nem nada, pois foi reprovado pelos eleitores nas urnas que deram vitória a Dilma.
Agora não tem como não lembrar a canção João e Maria, do paraibano Geraldo Vandré e do rio-grandense do Norte Hilton Acyoli, que termina assim:
Quem sabe o canto da gente
Seguindo na frente
Prepare o dia da alegria...
No texto de ontem também usei erradamente a palavra xenofobia, para designar os preconceituosos de linha nazista.
Xenofobia serve para classificar quem defende com veemência as cores do seu país, criticando especialmente a influência estrangeira.
Lugar de preconceituosos é a escola.
E tenho dito.
Estudo neles!
Atenção: o Diário Oficial da União, edição de hoje, traz dados preliminares do último Censo iniciado no mês de agosto passado, indicando que a população brasileira é de 185.712.713 de pessoas.
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Assis
ResponderExcluirHá muito sou testemunha de seu trabalho pelo resgate e a beleza da cultura popular brasileira, com ênfase no nordeste. Quero aqui, dizer-lhe que seus textos não somente se sustentam como são poéticos. Aproveito também a ocasião para acrescentar mais algumas personalidades nordestinas fundamentias na cultura de nosso Brasil. No momento em que estou escrevendo este comentário, imagino ao mesmo tempo que seria incompleta nossa literatura sem Graciliano Ramos, nossos sons sem Hermeto Paschoal, nossa dramarturgia sem Nelson Rodrigues,a bossa-nova sem João Gilberto, nossa cultura tradicional sem as cores do maracatu, as rimas do repentismo, os tambores dos terreiros, o teatro popular sem Ariano Suassuna, o cinama novo sem Glauber Rocha...e a tropicália, teria existido?
É tanta gente importante que daria um tratado se fosse assinalar todos.
Mas as pessoas preconceituosas talvez não saibam. Talvez nem saibam que a Republica foi proclamada por um general nordestino.
Tenho certeza que não, pois não sabem nem que Rio de Janeiro e Minas Gerais onde Dilma teve grande maioria dos votos estão situados no sudeste.
Sem rancores, sem ufanismo regionalista, mas com muita solidariedade a você
Márcia
Arriba!
ResponderExcluirViva o Brasil!