Foi num mês como este, outubro, que o rei do baião Luiz Gonzaga gravou num compacto simples a guarânia Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores, do paraibano Geraldo Vandré (no clique de Darlan Ferreira, ao lado do maestro Mário Albanese ontem, aqui em casa).
Gonzaga foi o primeiro artista da nossa música a fazer isso em estúdio, antes mesmo do autor.
Caminhando, ou Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores, disputou a primeira fase eliminatória do III Festival Internacional da Canção no Tuca, teatro da Pontifícia Universidade Católica – PUC – de São Paulo, nos dias 12 e 14 de setembro de 1968.
A final do festival ocorreu no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, duas semanas depois.
A música campeã foi Sabiá, de Chico Buarque e Tom Jobim, defendida sob vaias do público por Cynara e Cybele.
Caminhando, escolhida entre 1008 composições inscritas e uma das dez enviadas por Vandré à banca seletiva do festival, ficou em 2º lugar.
A canção na voz do autor foi proibida de ser ouvida em todo o território nacional no dia 29 de setembro de 1968 e somente liberada pela Divisão de Censura de Diversões Públicas no dia 14 de novembro de 1979, um ano e dois meses depois de publicada no suplemento Folhetim, da Folha de S.Paulo, uma polêmica entrevista que ele me concedeu (reproduzida no especial Memória da Cultura Popular do newsletter Jornalistas&Cia):
Na época não houve repercussão e nem foi apreendido o disco com a gravação de Caminhando feita pelo rei do baião.
Detalhe: quando o "pau quebrou", isto é, a Censura proibiu a execução pública de Caminhando, Vandré justificou-se a amigos: "Quem escolheu Caminhando não fui eu, foram eles (da Globo). E riu".
Seguir o blog
Assinar:
Postar comentários (Atom)
POSTAGENS MAIS VISTAS
-
Coisas da vida. Zica Bergami, autora da valsinha Lampião de Gás partiu. Tinha 97 anos completados em agosto. O caso se deu ontem por volta d...
-
http://www.youtube.com/watch?v=XlfAgl7PcM0 O pernambucano de Olho da Agua, João Leocádio da Silva, um dos mais inspirados compositores...
-
Cegos e demais pessoas portadoras de deficiência, seja ela qual for, come o pão que o diabo amassou. Diariamente. SER CEGO É UMA MERDA! Nã...
-
Este ano terrível de 2020 está chegando ao fim, sem deixar saudade. Saudade é coisa que machuca, que dói. É uma coisa que Deus botou no mund...
-
Intriga, suspense, confusão, mentira, emoção atentado contra a ordem e a lei e otras cositas mas . O cantor, compositor e instrumentista To...
-
Escondidinho de carne seca e caldinho de feijão antecederam o tirinete poético travado ao som de violas repentistas ontem à noite, na casa ...
Legal ver essa foto, Assis. Como está essa figura, que se não tivesse sido abafada, poderia ter sido o estopim da resistencia popular contra a ditadura? O Vandré anda produzindo algo? Chegará até nós??
ResponderExcluirabraço.
musical e profissionalmente, vandré não faz mais coisa nenhuma. para o mercado, e por sua decisão, vandré morreu.
ResponderExcluirEle já nos deixou muita coisa boa, mas podia deixar ainda mais, certamente, como o Zé das Graças Pereira(Cantos Intermediários de Benvirá, 1973)..." Depois de muitos tempos passados, em cima de contos que não tinham fim nem comêço preciso, Zé Pereira resolveu desaparecer, deixando comigo sua "mala de esperanças", cheia de papeis escritos e recolhidos em suas viagens." p.15
ResponderExcluirO mercado é mesmo algo que despreza e também é desprezível. Os fãs dos belos poemas e músicas de Vandré pagam por isso.
Prezado Assis Ângelo: sou professor e pesquisador universitário (na Universidade Estadual de Goiás) e tenho me dedicado nos últimos meses ao estudo da obra de Geraldo Vandré (se puder, leia o texto em meu blog, que escrevi no início desse trabalho), e fiquei muito curioso quanto à gravação de "Caminhando" por Luiz Gonzaga. O Sr. por acaso tem notícias desse registro?
ResponderExcluirAh sim, o link pro texto em blog...
ResponderExcluirhttp://www.arquivoscriticos.blogspot.com.br/2014/04/vandre-utopia-e-elegia.html