Eu
conversava muito com Luís da Câmara Cascudo (1898 - 1986), um dos mais
importantes estudiosos da cultura popular.
Eu
também conversava muito com Mário Souto Maior (1920 - 2001), outro grande homem
preocupado com a nossa cultura.
Cascudo
era do Rio Grande do Norte e Mário, de Pernambuco.
Mas
os dois partiram e o Brasil anda assim, assim.
Entra
governo e sai governo e lhufas para a cultura popular. É como se os responsáveis
pelos destinos da Nação fossem totalmente autossuficientes, ignorassem e, pior,
tivessem vergonha do que e de quem somos. Foi não foi, lembro da omissão do
governo Lula em relação à frase “o melhor do Brasil é o brasileiro”, de autoria
de Câmara Cascudo, e foi não foi também lembro da frase estampada aí em cima do
blog, que Dilma (ou seu ghost right) esqueceu de creditar como sendo de minha
autoria.
A
cultura popular é de fato muito importante não só para a memória de um país
como também para a formação de uma nação.
Pois
é, e outro dia bateu à minha porta uma francesa dizendo estar desenvolvendo uma
pesquisa a respeito dos poetas repentistas brasileiros. Falei muito a respeito
e ela aparentemente ficou encantada, gravando tudo o que eu falava e fazendo
perguntas e perguntas e perguntas. A ela fiz ver da grandeza da poética desses
violeiros. E indiquei vários deles.
Aproveitei
para perguntar sobre os trovadores franceses e como eles andam hoje,
especialmente no sul da França. Ela respondeu que eles já não existem. E disse
mais: a cultura popular francesa, grosso modo, também não existe.
Lembrei
do professor Raymond Campbell, que na década de 1970 veio ao Brasil para
desenvolver um estudo a respeito do Sebastianismo, mas na última hora desistiu
desse propósito e encampou o desafio de estudar a literatura de cordel feita no
nosso País.
Fica
o registro e a pergunta: não está na hora de o governo brasileiro mostrar a
grandeza da nossa cultura popular?
GRAFITE
Fico
sabendo a partir da minha filha Clarissa que o prefeito Fernando Haddad acaba
de liberar espaços em toda a extensão da avenida 23 de maio para que os
grafiteiros de São Paulo mostrem a sua criatividade. Isso também é cultura
popular. Meus parabéns ao prefeito, pela iniciativa. Lembrar, não custa: um dos
nossos maiores grafiteiros é o Kobra, que acaba de dar aos paulistanos um
belíssimo painel retratando o compositor Chico Buarque de Hollanda e o mestre
Ariano Suassuna. Esse painel (acima) se acha nas laterais da Senac Pinheiros, à
rua Pedroso de Moraes.
Detalhe:
é de autoria do mesmo Kobra a capa do livro A presença do futebol na música
popular brasileira, de minha autoria. Essa capa é a primeira assinada por Kobra
para um livro (ao lado).
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