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terça-feira, 11 de novembro de 2014

GOVERNO E CULTURA POPULAR

Eu conversava muito com Luís da Câmara Cascudo (1898 - 1986), um dos mais importantes estudiosos da cultura popular.
Eu também conversava muito com Mário Souto Maior (1920 - 2001), outro grande homem preocupado com a nossa cultura.
Cascudo era do Rio Grande do Norte e Mário, de Pernambuco.
Mas os dois partiram e o Brasil anda assim, assim.
Entra governo e sai governo e lhufas para a cultura popular. É como se os responsáveis pelos destinos da Nação fossem totalmente autossuficientes, ignorassem e, pior, tivessem vergonha do que e de quem somos. Foi não foi, lembro da omissão do governo Lula em relação à frase “o melhor do Brasil é o brasileiro”, de autoria de Câmara Cascudo, e foi não foi também lembro da frase estampada aí em cima do blog, que Dilma (ou seu ghost right) esqueceu de creditar como sendo de minha autoria.
A cultura popular é de fato muito importante não só para a memória de um país como também para a formação de uma nação.
Pois é, e outro dia bateu à minha porta uma francesa dizendo estar desenvolvendo uma pesquisa a respeito dos poetas repentistas brasileiros. Falei muito a respeito e ela aparentemente ficou encantada, gravando tudo o que eu falava e fazendo perguntas e perguntas e perguntas. A ela fiz ver da grandeza da poética desses violeiros. E indiquei vários deles.
Aproveitei para perguntar sobre os trovadores franceses e como eles andam hoje, especialmente no sul da França. Ela respondeu que eles já não existem. E disse mais: a cultura popular francesa, grosso modo, também não existe.
Lembrei do professor Raymond Campbell, que na década de 1970 veio ao Brasil para desenvolver um estudo a respeito do Sebastianismo, mas na última hora desistiu desse propósito e encampou o desafio de estudar a literatura de cordel feita no nosso País.
Fica o registro e a pergunta: não está na hora de o governo brasileiro mostrar a grandeza da nossa cultura popular?
  
GRAFITE
Fico sabendo a partir da minha filha Clarissa que o prefeito Fernando Haddad acaba de liberar espaços em toda a extensão da avenida 23 de maio para que os grafiteiros de São Paulo mostrem a sua criatividade. Isso também é cultura popular. Meus parabéns ao prefeito, pela iniciativa. Lembrar, não custa: um dos nossos maiores grafiteiros é o Kobra, que acaba de dar aos paulistanos um belíssimo painel retratando o compositor Chico Buarque de Hollanda e o mestre Ariano Suassuna. Esse painel (acima) se acha nas laterais da Senac Pinheiros, à rua Pedroso de Moraes.
Detalhe: é de autoria do mesmo Kobra a capa do livro A presença do futebol na música popular brasileira, de minha autoria. Essa capa é a primeira assinada por Kobra para um livro (ao lado).

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