No novo CD de Marlui Miranda, músicas do repertório infantil dos índios Juruna. |
O
baiano Dorival Caymmi morou em São Paulo e aqui produziu a obra-prima
Maracangaia.
Isso,
na década de 50.
Anos
antes, o baiano Jorge Amado morou em São paulo e em São Paulo conheceu a mulher
que o acompanharia por toda a vida: Zélia Gattai.
Várias
décadas depois, os baianos Caetano e Tom Zé também trocaram seus berços pela
capital paulista. Aqui os dois, em anos
diferentes, compuseram Sampa e São Paulo, meu amor.
Agora
me dizem que Gal Costa, de batismo Maria da Graça, está morando aqui ao lado.
Eu moro no bairro de Campos Elíseos, vizinho à Higienópolis.
Gal
me faz lembrar Marlui Miranda.
Gal
sempre quis ser cantora. Quando era pixoxotinha ela ficava zanzando dentro de
casa e procurando espaços que lhe facilitassem ecoar a voz. Um desses espaços,
era o banheiro. E lá ela cantava, cantava e cantava. Outro espaço que ela
adorava era a panelona que a mãe usava para fazer feijoadas. Essa panelona Gal
enfiava na cabeça e cantava, e cantava, e cantava.
Marlui,
como Gal, também sempre quis ser cantora.
Nos
seus tempos de criança no Ceará, ela adorava ficar ao pé do rádio ouvindo os
artistas da Rádio Nacional, como Luiz Gonzaga.
Um
dia, o pai chegou em casa com um monte de discos de 78 rotações. Entre esses
discos, vários com gravações de números sinfônicos. Antes, ela nunca vira ou
punha na mão discos desse tipo. Encantou-se. E a medida que a mãe os punha para
tocar, ela emocionava-se ao ponto de chorar. E muito. No começo, a mãe
preocupava-se. Depois, relaxou achando graça. Eram tão inusitadas as situações,
que a mãe passou a convidar as amigas para ver a filha ouvindo discos e
chorando.
Marlui
Miranda, como Gal Costa, cresceu e se tornou uma das mais importantes cantoras
do Brasil, emprestando a sua bela voz a, digamos, causa musical indígena.
A
maior parte da discografia de Marlui é constituída por cantigas dos nossos
índios. Exemplo disso é o seu novo CD, Fala de bicho, fala de gente (Sesc), que
começa com a belíssima moda de ninar Duku duku.
Viva
os baianos e viva a Marlui Miranda, que reencontrei no último fim de semana,
depois de muitos anos.
Ouça Marlui Miranda: http://www.sescsp.org.br/online/selo-sesc/132_DIARIO+DE+VIAGEM+MARLUI+MIRANDA+E+O+POVO+DO+XINGU#/tagcloud=lista
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