Eu já falei sobre essa tragédia, claro. Mas não falei que chorei, chorei acompanhado pelos funcionários e trabalhadores do Museu, presentes diante da tragédia, impotentes mas ali diante, tentando fazer qualquer coisa para salvar a riqueza de que cuidavam todos os dias, tocante.
A cultura nunca interessou, grosso modo falando, aos nossos dirigentes republicanos.
O Museu Nacional foi criado por Dom Pedro I e sua mulher, Dona Leopoldina. A propósito, quem decidiu pela independência do Brasil foi Dona Leopoldina, cinco dias antes de o seu marido dar o famoso berro de liberdade do Brasil em relação a Portugal às margens do riacho hoje poluído do Ipiranga.
No Brasil há, hoje, 3.025 museus.
A França tem hoje 130 museus.
Uma perguntinha que não custa fazer: será que há algo de errado nesses números?
O Museu Nacional, que em junho passado fez 200 anos, guardava nas suas dependências pelo menos 20 milhões de itens que iam desde documentos de muitos anos antes de Cristo a documentos mais recentes, como a História de uma de nossas ancestrais mais famosas, Luzia.
Com o incêndio que engoliu o Museu Nacional, Luzia morreu novamente.
O Museu nacional, importantíssimo para o mundo, foi criado por Dom Pedro I, repetir não custa.
O Museu Nacional foi visitado por sumidades do mundo inteiro, entre elas o físico alemão Albert Einstein. O Museu Nacional, porém, nunca foi visitado por presidentes da nossa época. O único, em toda a história republicana foi o mineiro Juscelino Kubitschek. Triste, não é?
E tão triste quanto é a informação de que os presidentes brasileiros não tiveram, até hoje, interesse nenhum em visitar o Museu Nacional é o fato de os candidatos à presidência hoje dizerem besteiras enormes sobre o incêndio, sobre a cultura, sobre museus, sobre a nossa história. Exemplo?
O Bolsonaro andou dizendo que museu é bobagem, é porcaria, não serve prá nada, queimou, queimou.
E nessa linha os candidatos à presidência seguiram. Ackimin disse nada, Ciro disse nada. A Marina pelo menos disse que dará importância à cultura, à história, à ciência...
A cultura forma gente e identidade de um país, de qualquer país.
Ano passado uma escola do Rio de Janeiro dedicou seu enredo aos 200 anos do Museu Nacional. Ouça:
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