Enquanto houver fome, haverá comida?
Enquanto houver comida, haverá fome?
Não sei, não sei, não sei...
Só sei que fome é fome, fome é fome...
O trem faz: Café com pão, bolacha não, bolacha não...
Em 1946 o poeta negro pernambucano Solano Trindade (1908-74) escreveu um poema que, infelizmente, será eterno por sua beleza triste e pela realidade que dificilmente sairá de pauta. Chama-se: Tem Gente com Fome.
Tem gente com fome, tem gente com fome, tem gente com fome...
É um trem seguindo seu rumo, nos trilhos.
Onomatopeia.
Tem Gente com Fome é um poema atualíssimo.
Desnecessário entrar em detalhes, diante do desgoverno que ora vivemos. Leia:
Tem gente com fome
Solano TrindadeTrem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Piiiiii
Estação de Caxias
de novo a dizer
de novo a correr
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Vigário Geral
Lucas
Cordovil
Brás de Pina
Penha Circular
Estação da Penha
Olaria
Ramos
Bom Sucesso
Carlos Chagas
Triagem, Mauá
trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Tantas caras tristes
querendo chegar
em algum destino
em algum lugar
Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Só nas estações
quando vai parando
lentamente começa a dizer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer
Mas o freio de ar
todo autoritário
manda o trem calar
Pisiuuuuuuuuu
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