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domingo, 26 de dezembro de 2021

J&CIA PREMIA OS MELHORES JORNALISTAS (3)

Caricatura de Sidnei Maschio feita por Cláudio
SIDNEI MASCHIO
“Jornalismo é simplicidade”

O jornalista esportivo Juca Kfouri deseja-nos um belo e justo País. O mesmo deseja-nos o jornalista do agronegócio Sidnei Maschio.
O sonho de Juca é dar em primeira mão a manchete "Bolsonaro perde a eleição”.
Sidnei Maschio, nascido no município paulista de Assis, a 438 km da Capital, sabe tudo e muito mais da vida do povo no campo.
Cedo semeou e colheu o que a terra pedia e dava, ao lado dos pais Mauro e Dirce e dos irmãos Roberto e Wagner.
O pai fez 90 anos no último mês de agosto e a mãe fará 90 neste mês de dezembro.
O irmão Roberto virou advogado e especialista em contabilidade de empresas rurais. Já Wagner é médico veterinário e fiscal agropecuário do Ministério da Agricultura.
Noutras palavras: o campo e a vida no campo fazem parte da vida de Sidnei, incluindo animais e modas de viola.
Tinha esse Sidnei uns 16 ou 17 anos quando arrumou o primeiro emprego pra escrever e dar notícia ao microfone da modesta Rádio Difusora de Assis, que ainda existe. Gostou da experiência e logo que pode trocou sua cidade pela cidade grande, Sampa, onde formou-se em Jornalismo.
Com o diploma debaixo do braço foi trabalhar como revisor do Estadão. De lá saiu para dar duro na Rádio Capital e da Capital, na Eldorado.
Do quadro de revisores do Estadão, não custa lembrar, também fez parte o fabuloso e inesquecível Cornélio Pires (1884-1958), no começo do século 20.
Cornélio transformou-se num dos maiores conhecedores do mundo caipira.
Sidnei é fã declarado da obra corneliana, formada por 23 livros e 52 discos de 78 rpm.
Depois de passar por algumas redações, Sidnei Maschio topou trabalhar em um tablóide recém-lançado intitulado DBO Rural, que virou revista e agora até na internet está. “No DBO aprendi muito. Aprendi até como se faz leilão de animais”, conta.
Um dia, ao atender o telefone, uma voz o procurava. “Sim, sou eu”, disse.
Esse telefonema o levou a integrar o time de repórteres do programa Globo Rural, no qual permaneceu por mais de dez anos.
Como repórter da Globo, Sidnei garante que conheceu o Brasil longe das capitais, onde desenvolveu muitas reportagens. Dentre elas, a que considera a mais bonita, feita com base numa pesquisa sobre a recriação de lagostas, no litoral do Ceará.
Além dessa, Sidnei destaca outras duas grandes reportagens que fez quando trabalhava na Plim, Plim: uma no noroeste do estado de São Paulo, sobre o resgate de uma grande população de cervos do pantanal numa área que seria inundada pela construção de uma hidrelétrica. E outra sobre abusos no uso de veneno nas plantações de batatas.
Depois da exibição dessa última reportagem, a indústria do setor mudou radicalmente os seus procedimentos. Deixando o repórter orgulhoso.
A sua linguagem, nas reportagens, é a mesma do cidadão do campo: simples e natural. Filosófica, até.
Jornalismo é simplicidade.
A simplicidade do jornalista Sidnei Maschio o levou de volta à infância. Tudo que aprendeu, ele aprendeu na convivência pacata da sua gente, no campo. Tanto que costuma usar chavões próprios e curiosos à moda caipira, para anunciar a cotação do “boi gordo” no mercado, por exemplos:

“O mercado tá mais fraquinho do que filhotinho de tico-tico que a chuva derrubou do ninho”;
“O mercado tá mais devagar do que burro velho puxando carroça cheia debaixo do sol do meio-dia”;
“O mercado tá andando mais devagar do que jabuti perneta, querendo subir na barranca do rio em dia de chuva”;
“O mercado tá mais devagar do que bicho-preguiça de barriga cheia em dia quente”;
“O mercado tá mais apertado do que preá em boca de jiboia”;
“O mercado tá mais parado do que água de poço…”.

Sidnei tem 4 livros publicados, reunindo poemas que ele mesmo compõe, sem preocupação nenhuma com rima e métrica: Versinhos de Caipira (2011), Versinhos de Caipira Segundo Livro (2012), Versinhos de Caipira Terceira Fornada (2013), Versinhos de Caipira Inteirou os Quatro (2021).
A telinha é o meio que considera melhor para transmitir o que colhe na vida no campo.
Depois de passar pelas TVs Senac, Globo e SBT, Sidnei Maschio já se acha há uns 15 anos no canal Terraviva. “Sinto-me bem nesse canal, de assinantes da Band, em que edito e apresento o DBO Terraviva”, diz.
Esse programa, no ar de segunda a sexta-feira, termina sempre com um texto poético. Como este:

Minha alma sempre espera, calma, a primavera, mas eu tô longe de ser bondoso como um monge, e se for pra defender meus companheiros eu sou mais ligeiro do que a gata pintada atocaiada na galhada esperando passar o cateto apalermado que ficou apartado do bando. A lida que eu escolhi nesta vida foi correr chão neste sertão, tocando viola e boiada, pelejando contra a injustiça que campeia nessas aldeias, e na minha jornada o que mais atiça o meu coração é a paixão, jamais a cobiça.
Para Sidnei Maschio, o futuro da televisão é a Internet.
O desejo maior desse jornalista é querer um Brasil igualitário, onde todas as pessoas tenham acesso ao trabalho, à cultura, à educação, à comida e ao dinheiro, e não só uma minoria de privilegiados.
Sidnei Maschio nasceu no dia 22 de julho de 1956.

SIDNEI MASCHIO AGRADECE:

"Com tanta gente boa competindo, alguns meus professores, sinceramente não esperava ganhar esse prêmio. Quando comecei a visitar produtores rurais em suas propriedades, dos mais humildes aos mais poderosos, a primeira coisa que aprendi no jornalismo de agropecuária foi a ouvir as pessoas para aprender com elas. Então, em toda a minha carreira, meu principal foco foi aprender a linguagem das pessoas; apreender um pouco da cultura sertaneja, caipira, da agropecuária em geral, que é a essência do nosso campo. E, além disso, essa humildade que hoje trago. E foi com muita humildade que recebi esse prêmio. Como disse Zé Hamilton Ribeiro, é muito importante receber esse prêmio por indicação dos colegas, porque eles sabem o quanto é duro fazer jornalismo de agropecuária."

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