Olá pessoal, estou trazendo um amigo pra conhecer vocês. Trata-se do historiador e ensaísta Darlan Zurc.
"De onde você é, Zurc?", perguntou Zilidoro emendando outra pergunta: "Tem livro na praça, seu Zurc?".
Zurc sorriu tirando o blazer e disse: "Sou baiano de Nova Soure, cidadezinha abrasível de quase 30 mil habitantes e localizada há 225 km de Salvador".
Biu cutucou o irmão Barrica, dizendo em voz baixa: "O cara é meio esquisito...". E o irmão, também em voz baixa: "Intelectual é assim mesmo, esquisito, metido...".
Lá do seu canto, Lampa cabisbaixo cutucava as unhas com seu punhalzinho de estimação, aparentemente indiferente.
O Zurc, pessoal, está lançando um livro muito interessante. O título já é de chamar atenção: A Fúria de Papéis Espalhados.
"De que trata esse livro, Sr. Zurc?", perguntou o bom Mané. E Zurc: "É um livro no qual reúno ensaios sobre escritores brasileiros. Basicamente é isso".
Para minha surpresa, Zé pediu a palavra pra dizer que lera um texto que escrevi a respeito de Zurc e seu livro. Com o celular aberto pediu licença e leu em voz alta um trecho do que escrevi:
"Declaradamente fã do jornalista Paulo Francis (1930-1997), Zurc escreve com leveza e um quê de graça.
Nos tempos de Silvio Romero e José Veríssimo o que se lia nos jornais era poesia e romances continuados. Folhetins. Mas isso não impedia que os jornalistas daquele tempo escrevessem com firmeza e originalidade.
Eram os tempos do jornalismo literário. À propósito, João do Rio (1881-1921) deixou um livro específico sobre esse tema: O Momento Literário, publicado em 1909. Tempos aqueles em que escritores formavam opinião, como os jornalistas de hoje.
Eram jornalistas todos aqueles que escreviam em jornais.
José de Alencar (1829-1877) escreveu críticas e folhetins, como O Guarany. Obra-prima.
Machado de Assis seguia na mesma linha, publicando poemas, contos, crônicas, romances e críticas diversas.
E assim foi.
Pra falar do presente, é preciso saber do passado.
Já na virada do século XIX para o século XX, João do Rio ganhava notoriedade publicando críticas, crônicas, contos etc. O João referido foi o cara que inventou a reportagem. História.
É basilar a função de um crítico.
Darlan Zurc pode ser, quem sabe, uma luz no deserto da crítica literária nacional..."
Nos tempos de Silvio Romero e José Veríssimo o que se lia nos jornais era poesia e romances continuados. Folhetins. Mas isso não impedia que os jornalistas daquele tempo escrevessem com firmeza e originalidade.
Eram os tempos do jornalismo literário. À propósito, João do Rio (1881-1921) deixou um livro específico sobre esse tema: O Momento Literário, publicado em 1909. Tempos aqueles em que escritores formavam opinião, como os jornalistas de hoje.
Eram jornalistas todos aqueles que escreviam em jornais.
José de Alencar (1829-1877) escreveu críticas e folhetins, como O Guarany. Obra-prima.
Machado de Assis seguia na mesma linha, publicando poemas, contos, crônicas, romances e críticas diversas.
E assim foi.
Pra falar do presente, é preciso saber do passado.
Já na virada do século XIX para o século XX, João do Rio ganhava notoriedade publicando críticas, crônicas, contos etc. O João referido foi o cara que inventou a reportagem. História.
É basilar a função de um crítico.
Darlan Zurc pode ser, quem sabe, uma luz no deserto da crítica literária nacional..."
Zilidoro bateu palmas e perguntei, rindo: Pra quem são essas palmas, Zilidoro? "Pra seu Zurc e para o Sr., seu Assis", disse Zilidoro.
Ainda em silêncio, Lampa continuava cutucando as unhas. Zoião, em silêncio até agora, ousou perguntar: "Por que o Sr. resolveu escrever livro?". Resposta: "Escritor escreve livros. Cursei História na Universidade da Bahia e a minha vontade era ensinar. Talvez faça isso agora. Estou me preparando. Quero ser professor e o caminho, mais uma vez, é a Universidade".
Jão perguntou: "As pessoas parecem que estão lendo menos, a que se deve isso?".
Zurc gostou da pergunta e respondeu: "Pesquisas indicam que cada vez mais, menos pessoas estão lendo. É uma pena, pois a leitura nos enriquece sobremaneira. A leitura nos enriquece, nos dá conhecimento. Quem não lê, não sabe o que está perdendo".
Zé seguiu na linha de Jão, perguntando: "O Sr. lê muito?". E Zurc: "Sim, leio bastante. Pelo menos um livro por semana. Mas leio também jornais e revistas. Tenho fome por leitura. E o Sr., seu Zé, também gosta de ler?", aproveitou para perguntar o escritor. E Zé: "Mais ou menos, mais ou menos. Mas gosto de ler".
E você Lampa, lê também?, perguntei.
Pego de surpresa, Lampa tossiu e gaguejando respondeu: "Não, não leio. Não sei ler, não aprendi a ler. Durante toda minha vida, só trabalhei".
"No Brasil ainda há milhões de brasileiros analfabetos. A educação é de fundamental importância para um país, mas entra governo e sai governo e a educação passa sem a atenção merecida", disse Darlan Zurc. E Zilidoro: "O Lula e o Ciro, candidatos à presidência da República, têm dito que se eleitos vão radicalizar positivamente no campo da educação. Garantem que no seu governo vão acabar com o analfabetismo. Tomara que isso aconteça".
Bom pessoal, a conversa está muito boa e pronto. "Bom fim de semana a todos e foi ótimo conhecer vocês", emendou o convidado dessa prosa, o escritor baiano Darlan Zurc.
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