"Olha, olha, olha...! Ó quem tá chegando!"
Todos ali ligados, de olhos fixos, na telinha da câmara de segurança que registrava a chegada de quem estava chegando. No caso, a pessoa mais esperada no momento.
"É ela! É ela! É ela!...", dizia assanhado o grupo de botões quando, de repente, alguém saiu da cozinha com um copo na mão dizendo: "Vocês enlouqueceram? Endoidaram? Que barulho do caralho é esse?".
Era o poetinha Zilidoro surpreso com o comportamento dos coleguinhas botões.
Surpreendentemente, Barrica esticou os olhos em direção a Zilidoro, ao mesmo tempo que dizia uma locução de baixo calão. Inaudível.
Enquanto isso, na telinha da câmara de segurança subia a escada passo a passo a esperadíssima Flor Maria.
A cada segundo, aumentava a expectativa dos "voyeurs" na casa do Zilidoro.
Só que, de repente, aparece na telinha também outra pessoa...
O pa, pa, pa dos sapatos chamou a atenção de quem estava à frente: Flor Maria.
Maria parou ao ouvir quem estava chegando atrás dela.
E aí ele e ela entraram na casa do botão Zilidoro. Palmas efusivas rolaram durante minutos que pareceram horas.
Puxa vida, pessoal, vocês estão impossíveis, disse eu.
A meu lado, Flor Maria não se conteve e disse com toda espontaneidade possível: "Vocês são incríveis!".
Lampa, sempre esquisito cutucando as unhas com o seu punhalzinho inseparável, de cabeça pra baixo olhava pra cima desconfiado...
Lá do fundo da casa, Zoião levanta a mão perguntando se pode falar. Dona Flor diz que sim.
"Eu queria saber o que a senhora acha dessa vida de porra que a gente vive. A gente trabalha, trabalha e ao fim só se fode. Desculpe-me pela expressão. Entra governo, sai governo...".
Antes de mais nada, pessoal, começou Flor Maria: "Somos mais de oito bilhões de pessoas habitando esse nosso mundinho explosivo. Pouco menos de uma centena de privilegiados ditam vida e morte sobre nós. Pobres materialmente que somos, sofremos".
Biu e Barrica, irmãos completos olham-se surpresos. Biu pergunta: "Dona Flor, a senhora está se apresentando a nós como uma pessoa muito especial. A senhora é política?".
"Todos nós somos políticos, políticas. De formação eu sou historiadora. E como tal, o passado é tão importante quanto o presente".
Muito bem, amiga Flor Maria, é isso mesmo. Pra um historiador o passado é importante, porque sem presente não há passado.
Zilidoro, Zilidoro lá do seu cantinho bateu palmas e disse: "A pensar, a pensar...".
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