Escritores brasileiros como Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, José de Alencar, Machado de Assis, Zé Lins do Rego, Jorge Amado e tantos e tantos também ocupam espaços privilegiados nas estantes de estrangeiros que gostam da boa literatura.
Pouca sabe que o maranhense Coelho Neto (1864-1934) escreveu e publicou mais de uma centena de livros com temática realista, naturalista e até poeta parnasiano ele foi.
Quanto à Audálio, de quem já falamos linhas atrás, não custa dizer que ele foi bem mais do que um simples e mortal jornalista. Gostava de escrever contos e poemas no estilo cordelista. Uma vez até sugeriu a Vandré trocar um verso da canção Fabiana.
Pois é, poetas não faltam no nosso querido Patropi.
Em 2011, o cearense de Fortaleza Celso de Alencar publicou um livro, Poemas Perversos, sobre homens e mulheres de vida fácil ou difícil. Sei lá! Entre seus poemas, As Putas do Jardim da Luz:
São velhas e belas as putas do Jardim da Luz.
Elas me amam à tarde
e mastigam docemente as minhas mãos
e colocam-se dentro do meu pênis
como se fossem um oceano suntuoso e perfumado.
Eu caminho sóbrio como os pássaros
para beijar-lhes as bocas de álcool fecundado
entre a língua e a garganta.
Elas me amam e são puras
e eu lhes digo que escuro está o dia
e o vento dobra as árvores sobre mim
e o meu coração murmura levemente os meus pecados.
Eu as ouço:
Vem comigo!
O vulcão dorme pela manhã
e nos meses em que tudo é noturno.
Olha os nossos nomes que tremulam na
bandeira da estação ferroviária.
Mede a profundidade de nossas vaginas prolongadas.
Escuta o som das flautas e dos trens
que sai de nossas almas.
Ouve as histórias que contamos sobre
a vida breve de nossos filhos acinzentados.
Coloca-te dentro da loucura incandescente e amarga.
Eu amo as putas do Jardim da Luz.
Elas são puras e eu ouço as vozes de seus filhos
entre os lençóis que flutuam
como cortinas coloridas
nas portas dos quartos
onde a morte se encontra.
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