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terça-feira, 17 de dezembro de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (156)

A literatura estrangeira sempre teve espaço no Brasil.

Escritores brasileiros como Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, José de Alencar, Machado de Assis, Zé Lins do Rego, Jorge Amado e tantos e tantos também ocupam espaços privilegiados nas estantes de estrangeiros que gostam da boa literatura. 

Pouca sabe que o maranhense Coelho Neto (1864-1934) escreveu e publicou mais de uma centena de livros com temática realista, naturalista e até poeta parnasiano ele foi. 

Quanto à Audálio, de quem já falamos linhas atrás, não custa dizer que ele foi bem mais do que um simples e mortal jornalista. Gostava de escrever contos e poemas no estilo cordelista. Uma vez até sugeriu a Vandré trocar um verso da canção Fabiana.

Pois é, poetas não faltam no nosso querido Patropi.

Em 2011, o cearense de Fortaleza Celso de Alencar publicou um livro, Poemas Perversos, sobre homens e mulheres de vida fácil ou difícil. Sei lá! Entre seus poemas, As Putas do Jardim da Luz:


São velhas e belas as putas do Jardim da Luz. 

Elas me amam à tarde 

e mastigam docemente as minhas mãos 

e colocam-se dentro do meu pênis 

como se fossem um oceano suntuoso e perfumado.

Eu caminho sóbrio como os pássaros 

para beijar-lhes as bocas de álcool fecundado 

entre a língua e a garganta.


Elas me amam e são puras 

e eu lhes digo que escuro está o dia 

e o vento dobra as árvores sobre mim 

e o meu coração murmura levemente os meus pecados.


Eu as ouço:

Vem comigo!

O vulcão dorme pela manhã 

e nos meses em que tudo é noturno.

Olha os nossos nomes que tremulam na

bandeira da estação ferroviária.

Mede a profundidade de nossas vaginas prolongadas. 

Escuta o som das flautas e dos trens

que sai de nossas almas. 

Ouve as histórias que contamos sobre

a vida breve de nossos filhos acinzentados. 

Coloca-te dentro da loucura incandescente e amarga.


Eu amo as putas do Jardim da Luz.

Elas são puras e eu ouço as vozes de seus filhos 

entre os lençóis que flutuam

como cortinas coloridas

nas portas dos quartos

onde a morte se encontra.

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