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sábado, 1 de fevereiro de 2025

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (164)

O Pecado, conto de Olavo Bilac, trata de uma jovem cheia de medo por ter cometido pecados cabeludos. Tinha de se confessar, de qualquer jeito, pra se sentir melhor. A caminho da igreja e do confessor, a jovem topa com uma amiga que vinha da igreja. Começa assim:


A Anacleta ia caminho da igreja, muito atrapalhada, pensando no modo porque havia de dizer ao confessor os seus pecados... Teria a coragem de tudo? E a pobre Anacleta tremia só com a idéia de contar a menor daquelas cousas ao severo padre Roxo, um padre terrível, cujo olhar de coruja punha um frio na alma da gente. E a desventurada ia quase chorando de desespero, quando, já perto da igreja, encontrou a comadre Rita.

Abraços, beijos... E lá ficam as duas, no meio da praça, ao sol, conversando.


— Venho da igreja, comadre Anacleta, venho da igreja... Lá me confessei com o padre Roxo, que é um santo homem...

— Ai! comadre! — gemeu a Anacleta — também para lá vou... e se soubesse com que medo! Nem sei se terei a ousadia de dizer os meus pecados... Aquele padre é tão rigoroso...

— Histórias, comadre, histórias! — exclamou a Rita — vá com confiança e verá que o padre Roxo não é tão mal como se diz...

— Mas é que meus pecados são grandes...

— E os meus então, filha? Olhe: disse-os todos e o Sr. padre Roxo me ouviu com toda a indulgência...

— Comadre Rita, todo o meu medo é da penitência que ele me há de impor, comadre Rita...

— Qual penitência, comadre?! — diz a outra, rindo — as penitências que ele impõe são tão brandas!... Quer saber? contei-lhe que ontem o José Ferrador me deu um beijo na boca... um grande pecado, não é verdade? Pois sabe a penitência que o padre Roxo me deu?... mandou-me ficar com a boca de molho na pia de água benta durante cinco minutos...


Bom, a obra de Olavo Bilac, é sem dúvidas uma obra exemplar. Como exemplar também é a enorme obra do cearense Chico Anysio.

Chico foi humorista, ator, escritor e um monte de outras coisas. Deixou muitos livros publicados. Seus espetáculos levavam muita gente, que ria de tudo que ele dizia.

Num dos seus últimos stand-ups, Chico conta histórias de amor, sexo e palavrões. Era seu jeito, solto e sem firulas. Fez o povo mijar-se de rir quando começou dizendo que no seu tempo “era muito difícil comer gente”. E mais: “Era só puta ou empregada… Eu gosto de puta porque a puta não me reconhece no dia seguinte”. Disse também: “Eu tinha um Fiat Pulga, que é um carro mínimo, né? Quem tem pau grande não cabe nele…”.

Pois é, teve um tempo rico de autores e atores. 


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