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sexta-feira, 16 de abril de 2021

PANDEMIA COMO ROMANCE (1)

É uma história forte, tocante.
É uma história que foi não foi, mexe com o mundo. Com a humanidade. É cíclica.
A história que acabo "ler" começa num dia 16 de abril. Não tem ano, mas tem personagens muito interessantes: Rieux, médico; Rambert, jornalista; Paneloux, padre...
A história tem por título A Peste. É um romance (1947) do escritor Albert Camus (1913-60).
Começa numa cidade fictícia da Argélia denominada Orã com população de 200 mil habitantes.
Naquele 16 de abril, o doutor Rieux tropeça ocasionalmente num rato morto. Não liga. 
E a história vai começando, ratos mortos se multiplicando nas casas, vielas, ruas, corredores. E de repente, seres humanos morrendo de modo como nunca antes ocorrera naquele lugar.
É uma história incrível, que ora se repete na rua.
A Peste, de Camus, é atualíssima de todos os ângulos.
Amanhã contarei melhor essa história.

BRASIL DE GENTE GRANDE

O Brasil, país de dimensões continentais, é rico em gente, música, ouro, prata e tudo mais.
Foi aqui, no nosso País, que nasceram Chiquinha Gonzaga, Carlos Gomes, Benedito Lacerda, Pixinguinha, Chico Alves, Valdir Azevedo, Luiz Gonzaga, Tom Jobim, Cartola, Dalva de Oliveira, Elis Regina...
Todos os dias sou surpreendido por artistas apresentando suas obras como podem. Pela internet, principalmente.
Vocês já ouviram falar de Alexandre Neves e Adriana Gava?
Alexandre e Adriana são do Ceará, terra de Juvenal Galeno (1838-1931).
Vocês já ouviram falar da cantora, compositora e instrumentista Jordanna?
Jordanna é uma artista nascida na terra de Ary Barroso (1903-64) e das gêmeas Célia&Celma. Quer dizer, Ubá, MG.
De Alexandre e Adriana só tomei conhecimento agora, quando me enviaram uma belíssima adaptação da lenda amazonense O Boto (abaixo), que mora no rio e do rio sai na forma de homem pra conquistar mulher. É o besta!
A adaptação musical pra essa lenda foi feita por Vidal França e Márcia Aciolly.
Um dos primeiros CDs de Vidal traz um encarte com a minha assinatura. O cabra é bom.
Márcia Aciolly, jornalista, nasceu lá pelas bandas das Alagoa. Finíssima.
Lembro-me de uma vez que Márcia me "salvou". 
Foi numa noite em que eu apresentava São Paulo Capital Nordeste (rádio Capital AM 1040) e, de repente, surgiu-nos à frente o jornalista francês Gilles Lapouge (1923-2020). Foi sem avisar, de surpresa para me entrevistar para a radio France. E a Márcia, que domina a língua de Baudelaire, ajeitou tudo e tudo deu certo. E lá fui eu pra radio France, traduzido por Márcia. 
Pois é, este é o nosso país.

 
OUÇA TAMBÉM:

J&CIA ABORDA O TEMA "DEFICIENTES"

Jornalistas portadores de deficiência física, visual etc foram tema da edição especial do Newsletter Jornalistas&Cia, edição do dia 8 de abril de 2021, nº 1302.
"Foi uma edição excepcional, que tem rendido muitos comentários e sugestões", segundo seu fundador o jornalista Eduardo Ribeiro.
A edição ocupou mais de 60 páginas.
É histórica, pois até hoje órgão nenhum da Imprensa brasileira tratou do assunto.
Leia entrevista que abre a edição especial, cuja a íntegra pode ser conferida através do link: J&Cia: DIA DO JORNALISTA

“Fiquei cego só dos olhos”

A seguir, a entrevista que Assis Ângelo deu a J&Cia:
 

Jornalistas&Cia – Gostaríamos que você contasse primeiro a sua história, como ficou cego e como enxerga – apesar da cegueira – esse processo todo que envolve a deficiência, não só nos jornalistas, mas de um país inteiro que tem essas necessidades.

Assis Ângelo – Antes de mais nada, devo dizer – e digo com total convicção – que hoje vivemos numa sociedade cega, ou melhor, de cegos. Cegos, pior ainda, que veem. Ou quase veem ou fazem de conta que não veem. É terrível. Essa sociedade cega a que me refiro não vê o cego como cego; se recusa. É por preconceito, por medo, receio, é por tudo o que não presta. 

Eu perdi minha visão, recebi o laudo técnico do Hospital das Clínicas no dia 17 de fevereiro de 2013. São mais de oito anos. Isso depois de eu me submeter a duas cirurgias em clínica particular – laser e sei lá mais o quê – e em seguida HC, porque pensei que ali seria um caminho mais fácil, haveria ali para mim uma luzinha no final do túnel. Mas essa luzinha não chegou para o cego. Então, depois de um total de nove cirurgias, recebi um laudo técnico, de uma junta – porque vários médicos assinaram −, dizendo que todos os meios haviam sido tentados, mas infelizmente... − E tem retorno isso, doutor? − Não, não tem.

J&Cia – O seu problema é...

Assis – Descolamento de retina. Então, não há notícia de alguém que tenha ficado cego, completamente cego, e voltado. Se a retina caiu de vez, lascou-se! E no meu caso foi terrível! Inclusive, no próprio HC ela estava descolando e descolou. Fui orientado a ir lá pra o pronto-socorro, acompanhado, e lá embaixo não havia ninguém, médico ou enfermeiro... Fiquei esperando, esperando, esperando e o trem não chegava nunca. E quando o responsável pelo pronto-socorro chegou, olhou e pronto! Já foi. Eu chorei pra danar, não parava de chorar. Mandaram voltar uns dias depois, voltei e a tortura continuou. Uma cirurgia aqui, outra acolá, e acabou! Descolamento de retina total, absoluto. As cirurgias foram dolorosas em todos os sentidos. Foram cirurgias na alma, cortes no pensamento...

J&Cia – Foram quantas semanas nesse período?

Assis – Cerca de um ano. Esse problema aconteceu quando eu me apresentava no palco do Centro Cultural dos Correios, no Rio de Janeiro. Era o mestre de cerimônias do meu projeto Rodas Gonzagueanas. Levei Osvaldinho do Arcordeon, a cantora Socorro Lira, um monte de gente boa. 

De repente, aconteceu. Não foi total, no meu caso foi devagarinho. Quando terminei o negócio lá eu não via mais nada. E o choro... sou mole demais, não parava de chorar. Ninguém entendeu nada. Todo mundo desceu do palco e eu fiquei que nem uma barata tonta, rodando pra lá e pra cá. A Socorro Lira chegou e perguntou: “O que tá havendo, baixinho?”. Eu não conseguia falar nada. Ela me pegou pela mão, me tirou dali e a coisa ficou assim. Acabou com a minha noite. No dia seguinte já voltei pra São Paulo.

J&Cia – Você ainda conseguia ver alguma coisa?

Assis – Conseguia. Com o olho direito, porque o esquerdo já tinha apagado. Só me sobrou o olho direito. Pensei que o mundo tinha acabado, mas que não poderia acontecer mais nada comigo. Depois, as cirurgias, sempre acreditando que podia fazer alguma coisa. No hospital fiz um poema/oração:

Creio em ti, Santa Luzia,
Dos cegos a padroeira.

Creio em ti, Santa Luzia,
Dos cegos a mensageira.
Rogo a ti, Santa Luzia,
Que me dês boa visão
Para que eu possa
Ver as maravilhas da criação. 

Ó minha Santa Luiza,
Luzia santa querida,
As maravilhas da criação
São os pilares da vida.
Eu quero ver esses milagres,
Quero ver essa magia.
Eu quero luz nos meus olhos.
Eu quero ver, Santa Luzia. 

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. 

Essa prece eu fiz no Hospital das Clínicas. Mas a santa estava com outras preocupações...

J&Cia – Como era a sua vida até aquele momento?

Assis – Muito agitada. Eu viajava o Brasil inteiro.

J&Cia – Não tinha um emprego fixo, né? 

Assis – Não, porque chegou uma hora em que optei, apostando na cultura popular. O estudo da cultura popular sempre foi muito importante pra mim. Sempre, sempre fiz isso, sempre me envolvi com a cultura popular. E olhando prum lado e pra outro, notei – como hoje ainda dá pra notar – que o País, os seus dirigentes, em todas as esferas, não dão lá muita bola pra cultura popular. Não sabem esses dirigentes que a cultura popular é a marca de um país, a marca de um povo. É a “personalidade” de um país, sua identidade. Aí me envolvi mais ainda. Foi como Dom Quixote: não estou fazendo nada mesmo, então vamos inventar...

J&Cia – Você fez trabalhos pra várias instituições...

Assis – Muitas. Pra Sesc... Me apresentei muito em palcos, fazendo palestras, basicamente sobre cultura popular, embora pudesse fazer sobre vários assuntos. Mas cultura popular sempre foi o meu interesse. Para falar de cultura popular você sempre faz um voo, uma viagem, por outras facetas, como a cultura erudita... é um tema muito amplo, por isso sempre me interessou.

J&Cia – O Assis desse período era o quê? Um poeta, um jornalista, um declamador, um compositor. O que você era? Tudo isso e um pouco mais?

Assis – Era um pedaço de cada coisa. Era, não, sou um pedaço de cada coisa. A vida para mim sempre foi um desafio. Sempre procurei coisas na vida pra me ocupar e entender. Sempre tive a cabeça cheia de interrogações. Então, sempre procurei respostas para as minhas indagações, às minhas perguntas. As respostas que ninguém me dava fui buscar. Fui à pé, fui entrevistar, com um gravadorzinho, às vezes com um bloco de papel. Enfim, cruzei o Brasil de cabo a rabo, como diria Luiz Gonzaga. Fui pra fora, pra França, pra... e pra onde eu fosse ia buscar a cultura popular, especialmente o Brasil perdido pelo mundo. Então, achei lá nos alfarrábios de Portugal muita coisa bonita relativa ao Brasil. Achei nos alfarrábios da França muita coisa bonita relativa ao Brasil. Achei discos que nunca foram lançados aqui, nos seus originais. Como de Geraldo Vandré, lá gravados e que lá mesmo ficaram. Uma vez falei pra ele, que duvidou. Sentado neste sofá, onde estou, mostrei a ele. Geraldo se emocionou, evidentemente.

Então, muita coisa tenho aqui. Por exemplo, mais de três mil discos só de músicas de brasileiros gravadas em outras línguas. Tenho milhares e milhares de folhetos de cordel, do Brasil e de outros lugares. Inclusive de Portugal, das suas origens. Fora outros milhares de livros, de partituras, jornais e revistas a partir do final do século 19, do Brasil inteiro. É por aí, pela cultura popular, que se pode fazer o resgate, é possível recompor, recontar a história de um cidadão, de uma cidadã, de um país, de um lugar qualquer.

J&Cia – Você aplicou nisso boa parte do que ganhou na vida, não é? Até onde sabemos, não considerava isso um gasto, mas uma realização e um investimento. Tem ideia de quanto vale esse acervo? Quantos itens são?

Assis – Aproximadamente 150 mil itens. É muita coisa mesmo. E não me arrependo, absolutamente. O que comprei, está comprado. O que comprei, ninguém comprou.

J&Cia – Você ganhou muito dinheiro pra poder comprar tudo isso?

Assis – Eu trabalhava muito, né? Fui repórter da Folha, do Estado, ocupei chefia no Estadão, em vários lugares. Rádio, TV, revistas... assessoria de imprensa. Deixei a TV Globo a convite do Quércia [Orestes Quércia (1938-2010), governador de São Paulo de 1987 a 1991] pra assumir a assessoria da Secretaria da Agricultura do Estado. O secretário era um ex-prefeito de Bauru, Tidei de Lima. Fui ganhando muito bem, três ou quatro vezes o que ganhava na Globo. Fiquei mais ou menos um ano, até que o Estadão me chamou pra ser chefe da editoria de Política. Fui pra lá ganhando mais ainda. 

Na época o editor era José Nêumanne Pinto, paraibano como eu. Anda sumido. Desde que fiquei cego nunca mais telefonou. Mas faz parte, né? Quando perdi a visão, só perdi a visão dos meus olhos. Mas estou inteiro. Continuo falando direito, não esqueço as coisas, ando − mas sozinho não dá... −, tá tudo na minha memória. Sei escrever, é claro. Mas como não posso escrever... Não sei escrever em braile. O braile foi muito importante, mas agora não mais. Principalmente pra alguém como eu, que se mexeu tanto na vida.

J&Cia – Quando você ficou cego os amigos desapareceram?

Assis – Olhe... gato, cachorro, papagaio... etc etc etc. Até o macaquinho que havia ali no pé de côco foi embora também. Ficou um aqui, outro acolá. As pessoas mais queridas, pessoas lindas como a minha filha Ana Maria. Devo muita coisa a ela, por que não dizer: a vida.

J&Cia – Porque o seu apartamento aqui era um centro de referência, não? Um intenso vaivém...

Assis – Vinha gente do Brasil inteiro. Professores, estudiosos do México, da França, dos Estados Unidos, de países aqui do Cone Sul. Sempre abri as portas e sempre orientei a quem pude orientar. Atendi a muitos estudantes de jornalismo, de artes, de artes visuais... Vejam vocês, de artes visuais (risos)... Agora não dá mais pra atender a ninguém porque não poderei ajudar. Claro que sei mais ou menos onde estão os discos, os livros, as partituras. Mas é o que digo: mais ou menos. Não serei um orientador rico de informações como antes.

J&Cia – Depois de tantos anos tendo você como colaborador e amigo, sabemos que você tem uma memória de elefante. A cegueira reforçou ainda mais a sua memória?

Assis – Uma memória fantástica, uma carinha maravilhosa e um corpinho dando sopa (risos). Mas voltemos ao tema central dessa conversa. Os seres humanos nasceram tortos desde sempre. Desde que o homem desceu da árvore foram surgindo pessoas que se arrastavam no chão, pessoas mudas, surdas, cegas. Em algumas sociedades essas pessoas deficientes eram atiradas em precipícios, assassinadas ainda bebês. Isso na antiga Roma, na velha Grécia... Grécia, berço de Homero, um cego, que deixou para a humanidade obras, pérolas, como a Ilíada, a Odisseia, escritas séculos antes de Cristo. Não é brincadeira, não. Ele escapou. Até porque era de uma família abastada. Mas o governo da época o exilou em Atenas. Aí ficou meio chapado, ficou doido, e escreveu aquelas obras.

Aliás, em Odisseia tem uma coisa muito importante. O personagem, Ulisses, luta dez anos até a vitória e volta pra casa disfarçado de mendigo. Todos o davam como morto, menos a mulher, que era a rainha, Penélope. Durante todo esse tempo ela resistiu ao assédio para que se casasse, dizendo que só faria isso quando terminasse de tecer um sudário, mas toda noite desmanchava o que tinha feito de dia. Quando Ulisses voltou, ela não o reconheceu. Quem o reconheceu foi o cachorro, que já estava velho e cego, e morreu em seguida. Então, os cegos, mais do que outros, sempre sofreram muito. E ainda sofrem.

J&Cia – Mas você conseguiu preservar a sua memória e ela é uma luz pra você...

Assis – É, com certeza. Vejam bem: havia essa desgraceira toda, deficientes sendo mortos por causa dessa sua condição. O tempo foi passando até que em 1784, na França, o rei Luís XVI criou o Instituto Real dos Meninos Cegos de Paris. Em 1825, um menino chamado Louis Braille, com 16 anos de idade, criou o sistema de leitura tátil que leva seu nome. Nesse mesmo ano nascia no Brasil D. Pedro II. O que tem a ver? Já vou contar. Em 1844, um menino de dez anos, cego, de família abastada, vai para a França estudar no instituto, volta seis anos depois trazendo o sistema Braile, começa a mostrá-lo a outras pessoas cegas no Rio de Janeiro e a coisa vai evoluindo. D. Pedro assiste a uma demonstração desse método de leitura e em 1854 cria algo parecido com o que havia na França: Real Instituto dos Meninos Cegos do Rio de Janeiro. O instituto foi inaugurado em dezembro daquele ano, mas sem a presença do menino, que havia morrido em março, aos 19 anos. O nome dele era José Álvares de Azevedo. Em 1891 – portanto, logo após a queda do Império −, o instituto ganhou outro nome: passou a chamar-se Instituto Benjamin Constant, que era professor de Matemática da escola. O tempo correu e o IBC está lá até hoje.

J&Cia – Hoje, com toda a sua capacidade produtiva, boa memória, capacidade de escrever, de acompanhar o mundo contemporâneo, por que nada acontece, o que está faltando pra você ter um trabalho?

Assis – Tá faltando muita coisa, que poderia se resumir numa canetada do bem. Estão faltando pessoas com decisão, que dessem atenção às pessoas não só cegas, mas às pessoas portadoras de algum tipo de deficiência, seja de nascença ou adquirida. Falta muita coisa. Por exemplo: esse menino aí, Álvares de Azevedo, foi o primeiro professor de cegos. Isso poderia se multiplicar. Depois do instituto lá no Rio de Janeiro, surgiu outro em Minas Gerais, cujo nome não recordo; surgiu outro aqui em São Paulo, acho que o Padre Chico. Deve haver outros por aí.

Quando eu perdi a visão dos olhos, uma das pessoas políticas com quem falei foi a Luíza Erundina, deputada amiga, pessoa querida, minha conterrânea. Ela me recomendou ir a uma instituição na praça da Árvore. Uma instituição pequena, mas que não oferecia nada do que eu precisava. Tinha muito jogo de dominó, xadrez. A minha vontade é produzir, escrever, editar, falar. Atualmente duas pessoas me ajudam. Uma é Anna Clara da Hora, garota de 23 anos, estudante de artes visuais, que tem uma paciência enorme em me ouvir – com ela escrevo um ou dois textos diariamente para o blog, com exceção dos finais de semana; e o Vito Antico, jornalista recém-formado pela PUC, que estagiou no meu Instituto Memória Brasil, com minha orientação. Fechei o IMB como entidade cultural e sem fins lucrativos – até porque era sem fins lucrativos mas eu só pagava; então, quando só tira e não repõe, complica. O IMB ficou só na memória e o acervo ficou aqui, onde sempre esteve. Falta isso: mais atenção ao cego. O último censo do IBGE, que tem já 11 anos, indicava cerca de 600 mil cegos totais no País, mais de seis milhões de pessoas com visão reduzida. Mas é censo antigo e quem diz que fazem um novo?

J&Cia – Tem ideia de quantos deficientes são no total?

Assis – Segundo esse mesmo censo, 46 milhões de brasileiros tinham então algum tipo de limitação, de deficiência.

J&Cia – E o que existe de informação pra essas pessoas?

Assis – Nada! Elas estão no canto da parede, como eu fiquei quando recebi o laudo. Só pensava em me matar. Posso falar isso agora. Muitos na mesma condição que eu estão no canto da parede, chorando ou se matando. Não aparece em lugar nenhum porque suicídio não é notícia; especialistas dizem que esse tipo de noticiário incentiva mais suicídios. Só sei o seguinte: é muito sério o problema de uma pessoa sem visão. Qualquer tipo de deficiência é ruim, mas a falta de visão dos olhos é uma coisa danada. Tudo na vida é feito para o visual. Quando você perde isso, tem que se refazer, tem que se reestruturar, se reinventar. Mas é difícil para um invisível se reinventar. Eu me tornei uma pessoa invisível, infelizmente. (chora, emocionado) Somos humanos, temos o que pensar. A cabeça está boa, mas tenho a certeza de que muitas cabeças de cegos não estão boas. A propósito, sabem quem são? Procurem. Não vão achar. Os cegos estão escondidos. Escondidos pelo pai, pela mãe, pela irmã, pela família, engordando, sem meta, sem objetivo algum. Essa é a história.

Eu, apesar de tudo, sou um privilegiado. Estou querendo trabalhar há muito tempo. Quero voltar ao rádio, à televisão. Posso fazer isso com a maior naturalidade do mundo. Minha memória é boa, não preciso de script. Basta dar uma geral: olha o assunto é esse. Vamos fazer? Vamos fazer... No rádio, na televisão...

J&Cia – Você teve um programa de rádio que foi líder de audiência, não foi?

Assis – Na Rádio Capital. Durante sete anos apresentei um programa chamado São Paulo, Capital Nordeste. Líder de audiência em São Paulo. E era AM, ia pro Brasil inteiro. Levei cerca de quatro mil artistas, jornalistas, poetas, escritores, atores... todo mundo participou.

J&Cia – Você acha que poderia contribuir com isso, de algum modo? Acabar com essa invisibilidade, essa ausência? O que teria de ser feito?

Assis – Sim! Visão Cidadã! Esse será o título do programa de televisão e rádio que apresentarei em breve... (risos) Não é possível que não apareça alguém pra me chamar pra fazer um negócio desses. Esse é um projeto que já existe há algum tempo, no papel... Tenho já 13 episódios escritos, bonitinhos, com personagens sendo entrevistados, por mim e por uma amiga jornalista, Cilene Soares. Ela é uma jornalista muito boa e uma produtora excepcional. É isso aí, vamos fazer!

Olha aí, pessoal! É possível fazer! Por quê? Pra mostrar a minha cara feia, a minha fala? Não, não! É exatamente pra mostrar as lacunas que há na nossa sociedade em relação ao cidadão que está ali atrás, esquecido, quase como se fosse um cidadão de segunda classe.

J&Cia – Fale um pouco desse programa.

Assis – O ponto de partida, o gancho, é o deficiente visual, o cego. Sempre vamos fazer uma viagem pelo mundo, pela história, pelo passado, mostrando histórias de cegos incríveis, mas vamos trazer pessoas portadoras de outras deficiências. Então a ideia é dar visibilidade a essas pessoas, fazê-las mostrar a importância de ser cidadão, de ser cidadã neste País que não dá bola pra cultura popular. Mas é obrigação do governo, seja qual for a esfera – municipal, estadual ou federal −, patrocinar e abrir espaços para mostrar esse problema. Não tenho conhecimento que haja ou tenha havido algum momento no mundo um programa de televisão mostrando a dificuldade do cego. No Brasil, nem pensar... Visão Cidadã. Já fiz música pra ele. E vamos apresentar sempre um filósofo, um estudioso, um professor, um juiz, um advogado, um jornalista... Por que? Porque a cegueira é democrática. Ela ataca a todos. É que nem essa “gripezinha” aí: pega todo mundo. Mas vamos direcionar isso para o lado positivo da vida, porque todos nós precisamos viver, e viver bem. Não nascemos pra sofrer, não nascemos pra chorar o tempo todo. Chorar faz parte, pra lubrificar os olhos. Então, é preciso se mexer nesse sentido.

Eu falei desse menino aí, Álvares de Azevedo... Lá em 1749, havia em Portugal um rei chamado D. João V. Ele nasceu em 1689 e morreu em 1750. Um ano antes de morrer ele chancelou a Irmandade do Menino Jesus dos Homens Cegos de Lisboa. O que os cegos dessa irmandade faziam? Vendiam impressos da época principalmente folhetos de cordel. Essa era uma forma de o cego não se perder na vida nem nas esmolas. Uma maneira de eles ganharem a vida com o próprio trabalho, vendendo folhetos sem pagar impostos. Isso é uma coisa para se lembrar e replicar, mas não se replica. Esse é o problema. Exemplos do século 18 em Portugal, do século 19 na França e no Brasil, que não se replicam.

J&Cia – Acompanhamos o universo das empresas, onde parece que essa questão está bem avançada. Há programas de inclusão, leis que obrigam a contratação de pessoas com deficiência. Na área privada esse é um processo crescente. E na área pública?

Assis – Não sei... Na nossa área, acho que a Jovem Pan tem um cego... Não sei mais onde tem, estão todos escondidos. Ninguém fala de cego. Existe a lei de inclusão, lógico, de 2015.

J&Cia – Existe a lei, mas ela é aplicada? 

Assis – Ela não se movimenta. Um amigo, Luiz Guerreiro, me levou para o Laramara, uma entidade sem fins lucrativos. Ele sumiu – onde estiver, um abraço... Ele me levava uma vez por semana. Não me falaram quanto tempo eu ia ficar lá. Teve uma festa de fim de ano e nunca mais ninguém me chamou. Supus que aquilo tivesse sido um encerramento, mas ninguém me avisou. Três meses depois, alguém em nome da entidade começou a me ligar pedindo ajuda financeira. Falei: “Pôxa, estou desempregado. Não tenho fonte de renda”. Ligou várias vezes. Então, o que falta? Uma orientação maior, até pra aposentadoria. Eu estava completamente perdido; se morresse, ninguém ia perceber. É uma pasmaceira total. Essas entidades também precisam levar a sério esse lado. Tem também a Dorina Nowill, que não conheço mas dizem ser muito boa.

O que eu quero com esse projeto de rádio e televisão é exatamente mostrar que invisíveis podem ser vistos. E que cego pode ver

J&Cia – Como é a sua rotina hoje, o seu dia a dia?

Assis – Costumo dormir por volta das 22h, que é quando o sono bate. Acordo por volta de 1h, 2h, ligo o rádio; canso, aí ligo o aparelho de audiolivros. Quando o galo canta na minha memória, aí pelas 5h, como umas frutas, ligo o rádio de novo e vou fazer uma hora de ginástica. Depois, cuido do meu asseio e tomo o café da manhã. Fico na sala até começar o jornal na TV. Tem dias que faço o primeiro texto para o blog com o Vito por volta das 11 horas. Após o jornal, falo com a Aninha e faço mais dois textos. Há dias em que faço até seis textos. Tudo por telefone, ditado. Mas eu dito rápido, com pontuação. Sai bonitinho. Faço poemas, gravo... Tenho um amigo, Darlan Zurc, intelectual, escritor, historiador e quadrinista, que grava pra mim, põe música e solta na internet. Aos sábados e domingos tenho outro companheiro, colaborador, o Carlos Silvio, que faz o programa Paiaiá na webrádio Conectados... Minha rotina é essa. Às vezes vou a Portugal, Espanha, Roma, vou pra Rússia... Não quero nem saber, vou fazendo as minhas viagens.

Nessa pandemia, escrevi e publiquei quatro folhetos de cordel, que têm dados atualíssimos, até hoje. É como se fosse uma recontagem poética. Também concluí a adaptação para teatro de Os Lusíadas, de Camões. É uma ópera popular. Não divulguei isso ainda, mas está na hora de começar a falar, porque no ano que vem, 2022, vamos comemorar os 450 anos do lançamento da primeira edição de Os Lusíadas em Portugal. Está prontinha.

Estou também me envolvendo com a história de Maria Firmina dos Reis, que nasceu no Maranhão em 1822 e morreu cega, em 1917, na casa de uma amiga. Primeira professora negra no Brasil, primeira romancista e poeta a publicar livro e poesia no Brasil. Outra cuja história me interessa muito é da primeira soldada brasileira, a baiana Maria Quitéria, que nasceu em 1792 e morreu em 1853. Ela participou das lutas pela independência do Brasil, cuja última grande briga foi na Bahia. E assim vai.

O maior exemplo de personagem deficiente é o corcunda de Notre Dame, imortalizado por Victor Hugo. Shakespeare também tem personagem deficiente. Machado de Assis, pouca gente sabe ou lembra, ficou cego durante uns meses, tinha diabetes e era epilético.

 Voltemos ao descolamento de retina. Descolamento de retina não tem reposição, transplante, não tem conserto. Perguntei a vários especialistas, muitos: o que é isso? Você pode sofrer uma queda e a retina cair; levar uma pancada; entrar num táxi e estar cego ao descer; dormir e acordar sem enxergar nada. Isso tudo me foi dito várias vezes, repetidamente. Eles não conseguem explicar, não existe uma causa só. Também não tem cura, porque não é doença. Existem centenas de males que atacam os olhos, mas esse é pra gente grande (risos). Você cai e tem que se levantar. Estou me levantando, fazendo poesia, cordel, ouvindo muitos livros. Livros de domínio público, porque os livros novos ninguém pode botar na internet. Esses eu precisaria de alguém que lesse pra mim. Sinto saudades da leitura, de ter um livro na mão. Isso nunca mais terei.

Na Bíblia há muitos personagens cegos. Jesus vai lá, esfrega terra nos olhos do camarada e ordena: “Abra os olhos e veja!”. Eu, hem? Não existe prova disso. Deus que me perdoe, eu blasfemando...

A cegueira está presente em todo canto, mas o cego é invisível, está na hora de o Brasil acordar, de as pessoas acordarem, de as pessoas serem mais doces com outras, as discriminações existem, meu Deus do céu! Quando cheguei a São Paulo, em 1976, pensei que era brincadeira quando gozavam da minha cara, do meu sotaque. Eu ria. Agora sei que era discriminação. Contar piada de cego, de aleijado, de nordestino, sempre teve... Agora é que a vaca tosse, que a barra pesa. Aconteceu aqui na minha casa mesmo. O camarada botou o pé na minha frente e saí catando coquinho, quase enfiei a minha fuça na televisão. E esse era um amigo: “Ah, foi sem querer!”. Um tempo antes fomos tomar um caldo de cana na feira aqui perto, ele se afastou, conversando não percebi que tinha tirado minha mão do ombro dele e de repente, pa! – dei com a cara no poste. Os óculos escuros me feriram. Por que isso, cara? Acontece, infelizmente acontece. Histórias incríveis, algumas até cabeludas, de que nem vale a pena falar.

A discriminação mata. Encolhe, deixa a gente pequenininho. Somos todos iguais perante a lei de Deus. E a dos homens também, tá lá na Constituição. Todos os direitos para cegos e portadores de deficiências!

J&Cia − Quais são os grandes cegos da nossa história?

Assis – Estou muito bem acompanhado. Estou com Homero, Camões, Patativa do Assaré, Luiz Gonzaga (em 1961 ou 1962 ele perdeu a visão num acidente de carro no Rio de Janeiro), Maria Firmina dos Reis, Cego Sinfrônio, Cego Oliveira, Cego Aderaldo (foi o mais importante violeiro, cantador e repentista cego que o Brasil já teve), Titulares do Ritmo, um grupo musical constituído só de cegos. Aliás, quero levar músicos como esses todos para o rádio, a televisão, fazer festivais de música, de literatura, de poesia de cegos. Ninguém fez! Por que não vou fazer? Fiz o maior encontro de repentistas do Brasil, mais de 100 deles. Primeiro Campeonato Brasileiro de Poetas Repentistas, em 1997, que rendeu um belíssimo CD duplo. 

Quero trazer à tona, à vida, as pessoas que estão escondidas, sem quererem. Há caminhos a trilhar. A cegueira não é o fim. Qualquer deficiência não pode ser o fim da pessoa. Até o corcunda de Notre Dame apaixonou-se por uma bela. Quer dizer, existe alma num corpo defeituoso. Há coisas boas também na memória de um cego. Aliás, Ulisses, lá na Odisseia de Homero, dizia: “No meu peito há um coração que suporta a dor”. Então, há caminhos, e é esse que eu quero percorrer.

quinta-feira, 15 de abril de 2021

E O BOLSOLINI, HEIN?

Reprodução de foto publicada nos jornais, no dia 1º de abril de 2020

Um colunista de jornal começaria esse texto dizendo assim: o bem e o mal existem. Bolsonaro é do mal. 
O mesmo cronista diria, lembrando a história, que no Brasil já houve um presidente maluco: Delfim Moreira... 
Deixando um pouco de lado o cronista, o repórter assim iniciaria o texto: o atual presidente do Brasil é um louco fora de uma camisa de força. Um sujeito que faz questão de a toda hora mostrar a sua força. Independentemente do lugar onde esteja. 
No começo de abril de 2019, o presidente recém eleito do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, se achava em Israel. Um Estado de direita no prumo do Estado de Direito.
Em Israel, Bolsonaro mostrou mais uma vez, sua faceta mórbida de direitista radical.
Bolsonaro é do mal, repetiria o cronista. 
Pra escrever sua reportagem, o repórter mergulhou na história e descobriu que um direitista radical italiano de nome Benito Mussolini (1883-1945) disse, com todas as letras, em agosto de 1937: "só um povo armado é forte e livre". Essa frase horrorosa ganhou manchete no extinto jornal Correio da Manhã (ao lado).
Essa frase horrorosa também ganhou "vida" na boca do famigerado Bolsolini, quer dizer, Bolsonaro. Isso em abril de 2020. 
Algo a ver entre um e outro, ou não?
No dia 10 de novembro de 1937, dois meses depois de Mussolini ter pronunciado aquela frase horrorosa, o gaúcho Getúlio Vargas dava um golpe sobre outro ao instaurar o Estado Novo.
O Estado Novo acabou logo depois de uma entrevista do paraibano José Américo de Almeida. 
Há malucos brandos, mornos, bobos, mansos, e malucos perigosos, sem noção, que chegam ao mundo sem finalidade construtiva. Caso do Boslonaro. 
Bolsonaro vive para torturar e matar. 
Não nos esqueçamos que o atual presidente da República do Brasil é fã da tortura e torturados representados pelo Coronel Ustra. 
Jair Messias Bolsonaro é sinônimo de morte. 
Os déspotas, mostra a história, têm sempre um fim trágico.
 
"Eu quero todo mundo armado. Que povo armado jamais será escravizado” (22 de abril de 2020)
“Olha como é fácil impor uma ditadura no Brasil. Por isso eu quero que o povo se arme, a garantia de que não vai aparecer um filho da puta e impor uma ditadura aqui." (22 de abril 2020)
“O cidadão de bem, esse foi desarmado, por ocasião do referendo de 2005.” (29 de outubro de 2018)
“Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre, hein? Vamos botar esses picaretas para correr do Acre. Já que eles gostam tanto da Venezuela, essa turma tem de ir pra lá." (03 de novembro de 2018)
“Deveriam ter sido fuzilados uns 30 mil corruptos, a começar pelo presidente Fernando Henrique Cardoso” (Em maio de 1999)

À propósito, a Globo Play está apresentando uma série de cinco episódios mostrando a violência inata do atual Presidente da nossa República Federativa. 

quarta-feira, 14 de abril de 2021

CAMISA DE FORÇA NO BOLSONARO!

O Brasil está sem rumo, desgovernado.
Eu cá com meus botões pergunto: o que leva alguém que chega à presidência da República, pela via direta, a fazer tanto mal a uma população?
Eu não entendo. 
Bolsonaro foi um deputado fuleiro. 
Nesse cargo permaneceu por cinco mandatos, ali no seu lugarzinho, até que resolveu, junto com os filhotes, a disparar um processo recheado de mentiras pela internet. 
O alvo era ser Presidente. 
E aí está, alguém que chegou ao mais alto cargo da República fazendo ameaças e mais ameaças contra o povo. 
O comportamento desse presidente é um comportamento carente de camisa de força, urgentemente. 
E ele continua ameaçando, ameaçando...
É um desequilibrado. 
Eis as últimas do bufão: "Olha, o Brasil está no limite. O pessoal fala que eu devo tomar providências. Estou aguardando o povo me dar uma sinalização. Porque a fome, a miséria, o desemprego estão aí. Só não vê quem não quer, quem não está nas ruas... Esse pessoal, amigos do Supremo Tribunal Federal, daqui a pouco vamos ter uma crise enorme aqui. Eu vi que um ministro baixou lá um processo para me julgar por genocídio. Olha, quem fechou tudo, quem está com a política na mão não sou eu. Agora, eu não quero aqui brigar com ninguém, mas estamos na iminência de ter um problema sério no Brasil. O que vai nascer disso tudo? Onde vamos chegar? Parece que é um barril de pólvora que está aí. E tem gente com paletó e gravata que não quer enxergar isso"


CPI PÕE MEDO EM BOLSONARO

O STF acaba de concluir votação plenária endossando a decisão do ministro Roberto Barroso.
Barroso, baseado na Constituição, determinou que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, instaurasse CPI para apurar ações e omissões do presidente Bolsonaro diante da grave situação provocada pela pandemia que já matou 360 mil brasileiros. 
Essa decisão pôs em polvorosa os aliados do Presidente. E o próprio presidente, que fez tudo para que isso não ocorresse. Chegou a acusar Barroso de fazer "politicalha".
Quem não deve não teme, como diz o dito popular. Mas no caso, Bolsonaro teme porque deve e muito à população brasileira. 
Bolsonaro é um pobre diabo sem sentimento, por isso mesmo, perigoso.
Normalmente CPI's terminam em "pizza", mas há casos contrários. 
O ex presidente Fernando Collor teve antecipada a sua renúncia por descobertas feitas por uma CPI criada para apurar seus desmandos à frente da Presidência da República. De corrupção, inclusive.
Quem não se lembra do carrinho de marca "Elba"?
No decorrer de todo o governo militar houve apenas cinco CPIs instauradas. Deu em nada. 
No governo Collor houve 29 CPI's. 
No governo FHC houve 19 CPI's. 
Nos dois governos Lula houve 19 CPI's, e outras tantas nos governos subsequentes. 
Bolsonaro está se coçando, pois sabe que pode ser catapultado da cadeira presidencial. 
Essa CPI pode trazer surpresas. 
 

QUEIMADAS 70 MILHÕES DE SACAS DE CAFÉ

Há 60 anos, o Brasil comemorava a mais esquisita festa junina.
Em junho de 1931 o presidente Getúlio Vargas (1930-1954) determinou que fossem queimadas mais de 70 milhões de sacas de café, de 60 quilos cada.
A queima ocorreu na baixada santista, SP, numa fogueira quilométrica.
O cheiro do café espalhou-se por toda região. Detalhe: a queima findou-se em dezembro daquele ano.
E por que Vargas decidiu queimar tanto café?
À época o mundo vivia as consequências da quebra da bolsa de Nova Iorque, ocorrida em outubro de 1929. E que abalou o mundo todo.
A quebradeira deixou pobre quem era rico e o pobre ainda mais pobre. Uma desgraceira total. Fome, suicídios e tal.
A queima tinha por objetivo fazer crescer a cotação do café a nível internacional.
O Brasil era o maior produtor e exportador desse produto.
Minas Gerais liderava o ranking, no Brasil. Como hoje.
O café, ao lado da água e da cachaça de beber, continua sendo uma espécie de “preferência mundial”.
Existem mais de 60 tipos de café, o melhor é o arábico, que o Brasil produz com toda naturalidade e sabor, até porque o clima e o terreno são propícios.
A planta do café chegou ao Brasil em 1727, pelas mãos de um militar português de nome Francisco Palheta.
Essa planta veio da Etiópia, Sudeste do continente africano, que é formado por 54 países.
A Etiópia localiza-se no “chifre” da África.
O café é uma planta cultivada em centenas de países.
O café tem um dia, no mundo: 14 de abril.
No Brasil, especialmente, a comemoração tem outro dia: 24 de maio.
A planta/produto café já foi tema de compositores musicais, de artistas plásticos, de romancistas, de cineastas e mais e mais. No mundo todo.
A propósito, o Bob Dylan tem uma pérola sobre o café. ONE MORE CUP OF COFFEE
Café é tema de tudo e todos, pelo mundo afora.
No tocante a cineastas, recomendo ver o documentário O CAFÉ, de 1958.
Esse documentário saiu no mesmo ano em que o compositor fluminense de Macaé Victor Simon teve gravada pela primeira vez a música Bom Dia Café, por Catarino e sua banda. Depois por ele próprio, nos seus dois únicos LPs, no começo dos anos de 1960 (acima). Ouça:


A obra musical de Victor Simon é uma obra fantástica, fabulosa, bonita.
Victor Simon, “freguês” do programa São Paulo Capital Nordeste que apresentei durante quase 7 anos na rádio Capital AM 1040, contou-nos a sua história.
Uma história muito bonita, cheia de altos e baixos. Como toda história, de toda a gente.
Um dia a mim ele me disse: “Assis, fica com essas coisas minhas porque importância nenhuma tem mais pra mim”.
Essas “coisas” eram recortes de jornais em que ele aparecia como personagem central, dando entrevistas etc. Inclusive na China, em jornais chineses.
Em 1961, Victor Simon foi recebido pelo presidente da República Popular da China, Mao Tsé-Tung (1893-1976).
Victor Simon não era comunista.
A partir do português Francisco Palheta o café ganhou uma dimensão enorme no Brasil.
Minas Gerais sempre foi o maior Estado produtor de café, mas São Paulo ganhou fama com os seus “barões”...
Café é bebida de todo mundo: de menino, menina, homem e mulher.
Água, sem água não há vida. E cachaça de beber já provocou muita desgraceira mundo afora. Coisa de corno etc.
Café é poder. Ouça: REI DO GADO, por Tião Carreiro e Pardinho.
Afonso Victor Simon nasceu no dia 1º de agosto de 1916 e morreu pobre no dia 15 maio de 2005, sem ninguém a velá-lo.
Ah! Eu também gosto de água e café.

terça-feira, 13 de abril de 2021

VOCÊ JÁ BEIJOU ALGUÉM HOJE?

Meu amigo, minha amiga: você sabe que hoje é o dia do beijo?
O beijo tem do bom e tem do ruim. 
São muitos e muitos os tipos de beijos. 
Tem beijo na cara, na testa, na mão, no pescoço, na boca... Ô coisa boa!
Você sabe que um beijo na boca, daqueles bem dados, transmite pelo menos 80 milhões de bactérias.
Esse dado faz parte de uma pesquisa desenvolvida pelo biólogo Remco Kort da Micropia e TNO, da Holanda. Isso, em 2016. 
Esse dia 13 de abril marca também uma coisa importante: o nascimento de Yvone Lara da Costa.
Yvone que ganhou o "i" normal e o prenome "Dona". Em 1970 marcou época no samba.
Ela nasceu em 1922, dois meses depois da realização da semana de Arte Moderna, em São Paulo. 
Dona Ivone Lara deixou um patrimônio musical estimado em 100 composições. Entre os clássicos, Sonho Meu.
Um beijo de saudade é o que mando para Dona Ivone, mas também tem beijo de traição, como aquele dado por Judas em Jesus. 
À propósito, na Bíblia, muitos personagens dão-se beijos. 
Dona Ivone morreu no dia 16 de abril de 2018.

sexta-feira, 9 de abril de 2021

JORNALISTAS&CIA FAZ EDIÇÃO HISTÓRICA

Neste mundo torto de homens de dinheiro, "poderosos", que se acham maiores do que Deus, faz-se importante divulgar cada vez mais gestos e ações de pessoas brilhantes e comuns como o do goleiro Wagner do Campinense, PB, que num gesto espontâneo de grandeza dobrou-se ao próprio tamanho para uma entrevista ao repórter Rogério Roque, de João Pessoa, PB.
Foi tudo muito natural. E bonito. 
Essa naturalidade foi vista por gente do mundo todo, em 2019.
A última edição do newsletter Jornalistas&Cia é dedicada aos jornalistas portadores de algum tipo de deficiência física, visual e tal. É nessa edição que se acha o belíssimo e tocante depoimento do repórter Rogério sobre o cidadão Wagner.
O que o newsletter Jornalistas&Cia fez foi algo histórico, pois até hoje nenhum órgão da Imprensa jogou o olhar e luzes a esse mundo habitado por profissionais portadores de "defeito de fábrica" ou "defeitos" adquiridos no decorrer do tempo como eu, aliás.
Brilhante essa edição. Leia-a, na íntegra: ESPECIAL J&CIA: Dia do Jornalista

VIVA O NORDESTE EM SAMPA!

São Paulo é uma terra gigante, de gigantes.
São Paulo é uma Babel, de gigantes nordestinos. Homens e mulheres, lembremos. Pretos e brancos, altos e baixos, todos.
Pelo menos 3,5 milhões de nordestinos habitam o território paulistano. 
Eu, Tom Zé, Jarbas Mariz, Cacá Lopes, Costa Sena, Darlan Zurc, Carlos Silvio, José Cortez, José Nêumanne, Luiza Erundina, Zeca Baleiro, Luiz Wilson, Gereba, Chico César, Anastácia e uma "galera do barulho", como diz Anninha da Hora.
Eu sou de lá, e por ser de lá como lembrava o compadre Dominguinhos em gravação "reincidente" de Zé Ramalho, cá estou em Sampa desde 1976.
Ô cidade boa.
Aqui desenvolvi a carreira de jornalista iniciada em João Pessoa, PB.
Aqui encontrei e reencontrei muitos conterrâneos, Vandré, Hermeto, Roberto Luna e tantos e tantos.
O professor e amigo Anderson telefona pra dizer que seu pai Luiz Gonzaga Sobrinho está completando 60 anos de idade. Já passei por isso.
Seu Luiz Gonzaga, homônimo do Rei do Baião, nasceu no município potiguar de Bom Jesus. Chegou em São Paulo em 1974 e cinco anos depois casou-se com sua conterrânea Elza, com quem gerou três filhos: Emerson, Anderson e Robson.
Seu Luiz, pai desses meninos aí, é o nordestino que honra o torrão paulistano.
E assim do nada, de repente, Anna da Hora que ora me escuta pergunta: "E a Tia Ciata do samba, era nordestina?".
Pois é, que pergunta!
Hilária Batista de Almeida (1854-1924), por todos chamada por Tia Ciata, nasceu na Bahia e viveu a vida toda no Rio de Janeiro. Foi na sua casa famosa que o samba deu os primeiros passos, ainda agarrado às pernas do maxixe: Pelo Telefone.
Ouça na voz do primeiro cantor profissional do Brasil, Bahiano: 

 

MEU CARO AMIGO

Amigo Juca, senti saudade e cá estou a escrever o que se passa por aqui.
Eu ia mandar esta carta pelo Correio, mas o Correio esta cada vez pior. 
Pois bem, a coisa não tá mole. Parece que tá todo mundo doido. 
O povo reclama do governo e o governo reclama do povo. Pode?
A doidura é geral. 
O motivo disso é a pandemia da Covid.
Já não dá nem pra sair, porque o medo é grande. Óbvio. 
A molecada sem ter o que fazer, tá enchendo a cara nas baladas da vida.
Quanta irresponsabilidade.
E aí em Portugal, é a mesma coisa?
As "meninas da vida", veja você, manifestaram há pouco em Minas o temor apavorante que tem do vírus. Estão certas. Rogam as autoridades sanitárias que as incluam na programação onde se acham as pessoas na linha de risco.
Estão falando sério, viu, ameaçam greve. É sério. Esse negócio de prazer pode dar lucro, mas o risco é danado.
A situação por essas plagas é assustadora. 
Veja só, meu amigo, os botecos estão fechados, as praças estão fechadas, os parques estão fechados, quase tudo está fechado, menos a bocarra do presidente Bolsonaro. 
Da boca de Bolsonaro, você já sabe, só sai porcaria, acusação contra inocentes e tal.
Agora mesmo ele voltou a sua ira contra o ministro Barroso, do STF. 
Por que fez isso? 
Ontem 8 no começo da noite, o Barroso atendeu ação de senadores para que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, desse por aberta a CPI da Covid-19. A ideia é atender a responsabilidade de quem não agiu nem age contra esse maldito vírus transformado em pandemia. Claro, todo mundo sabe que o Bolsonaro é o culpado disso tudo, pois não tomou as providências cabíveis contra a pandemia.
O que acho disso?  
Acho que o presidente é o principal culpado pelas mortes de brasileiros desassistidos por ele.
E acho também que ele deve pagar por isso.
Eu sinto muito pelos outros e por mim também, mais pelos outros. 
Eu já não vejo com os meus olhos, por isso não poderia sair sozinho, nem a pau. 
Nesse tempo pandêmico aproveito para ouvir livros, ouvir rádio e ora ou outra o noticiário da TV.
Só se fala em pandemia, em pobreza, gente passando fome, perdendo emprego e a esperança. 
Agora tão brigando por futebol. Pois é, futebol.
Ah, eu ia me esquecendo, o Maracanã não trará mais o nome de Pelé.
Um abraço. 
Os meninos mandam lembranças.

quinta-feira, 8 de abril de 2021

ATENÇÃO, GOVERNO QUER TRIBUTAR LIVRO

Marco Zanfra é um amigo querido, jornalista e ficcionista policial.
O romance policial não é uma tradição brasileira.
Eu conheci de perto Torrieri Guimarães, jornalista, crítico literário, tradutor e autor de romance policial. 
Marco Zanfra, agora às vésperas de concluir seu quarto romance, está se revelando como boa marca desse gênero literário.
Marco Zanfra escreve com originalidade, o que não é fácil nem comum seja lá em que língua for. E é brasileiro, de São Paulo. 
Zanfra é sinônimo de bom jornalismo e de literatura.
Agora é o seguinte: o governo tranqueira que aí se apresenta como defensor da cloroquina e da morte, está se preparando pra uma reforma tributária. Necessária, claro. Mas não nos moldes pretendidos por quem ou o que a quem me refiro. 
O governo tranqueira está se preparando para tributar o livro. Não quer muito, quer 12%. 
Doze por cento significam, no mínimo, dois por cento a mais do que as editoras pagam aos seus autores.
A justificativa do ministro da Economia do governo tranqueira, Paulo Guedes, é que só lê livro no Brasil quem tem dinheiro. 
Esse é ou não é um pensamento mixuruca, raso, idiota. 
É preciso estar em permanente vigilância aos movimentos desses pobres diabos que formam o governo tranqueira. 

SOBRE ZANFRA, LEIA MAIS: https://assisangelo.blogspot.com/2011/01/uma-historia-pronta-para-o-cinema.html

quarta-feira, 7 de abril de 2021

COVID MATA RADIALISTAS

No seu estilo rápido e contundente de matar gente de tudo quanto é idade e sexo, a Covid já matou 169 jornalistas.
Os radialistas também são alvos da Covid. Só no Ceará, até agora foram levados à morte 39 radialistas, segundo sindicato da categoria.
Os dois últimos radialistas mortos pela Covid no Ceará foram Will Nogueira, de 69 anos; e Pedro Alan, de 28.
"Will era uma pessoa fantástica. Toda vez que eu ia à Fortaleza eu ia também ao seu programa de rádio", conta o cantor, compositor e instrumentista piauiense Jorge Mello.

JORNALISTAS GANHAM TROFÉU AUDÁLIO DANTAS

Jamil Chade, Luis Nassif e Maria Régia di Perna receberão logo mais às 19h o troféu Audálio Dantas - Indignação, Coragem, Esperança.
O troféu foi criado em 2016, mas com a morte de Audálio Dantas no dia 30 de maio de 2018, passou a ter seu nome.
O troféu foi confeccionado pelo artista Roger Mátua, que teve por base um desenho da cartunista Laerte. A iniciativa foi da OBORÉ, Agência Sindical e do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé. 
Segundo a jornalista Vanira Kunc, viúva de Audálio, os nomes de Jamil Chade, Luís Nassif e Maria Régia são resultado de pesquisa junto à categoria.
O primeiro profissional a receber o troféu foi a jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha.
Como da vez anterior, a premiação transcorrerá em ambiente virtual e será transmitida pelo canal da OBORÉ.

BOLSONARO CONTINUA AGREDINDO A IMPRENSA

O negacionista brucutu Jair Bolsonaro continua culpando a imprensa pela tragédia humanitária provocada pelo novo Coronavírus.
Disse que para acabar com o vírus bastaria pagar o que antes era pago à Globo, Folha, Estadão. 
Ele disse tudo isso um dia antes do dia do jornalista. É uma besta. 
Os números de ontem, apresentados pelo Consórcio da Imprensa não são bolinhos: 4211, num só dia. 
O presidente do Conselho Nacional de Secretários da Saúde (CONASS), Carlos Lula, disse hoje 7 que vivemos uma calamidade pública e pode haver daqui a pouco um "apagão", por falta de vacina contra a Covid-19. 
Enquanto isso, Bolsonaro desdenha do povo e da vacina.
A história mostra que o fim dos trogloditas não é dos melhores.

HOJE É O DIA DO JORNALISTA

"No Brasil não deveria vegetar a planta do nepotismo", escreveu o jornalista Líbero Badaró na primeira edição do seu jornal paulistano Observador Constitucional, em outubro de 1929. 
Badaró, rigoroso crítico do imperador obscurantista Pedro I, poucas horas antes de morrer teria dito: "Morre um liberal, mas não morre a liberdade". 
O italiano naturalizado brasileiro Giovanni Battista Libero Badar nasceu cem anos antes da primeira repórter do País, a mineira de Juiz de Fora, Eugênia Brandão (1898-1944). O primeiro jornal impresso no Brasil foi a Gazeta do Rio de Janeiro, cujo responsável era o baiano de Salvador, Manuel Ferreira de Araújo Guimarães. 
Ferreira Guimarães foi também responsável pelo jornal O Patriota, fundado em janeiro ou fevereiro de 1813 e extinto em dezembro do ano seguinte. 
Era um jornal dinâmico, com notícias da atualidade e artigos científicos e de arte.
Os jornais eram publicados com periodicidades diferentes Brasil afora. Todos de pequena tiragem, até porque à época era baixíssimo o nível de pessoas alfabetizadas. Algo em torno de 3% da população. Mas pra ganhar leitores, tudo era tentado. 
Tinha jornal de gracejo, jornal político, jornal econômico. De tudo. 
Em 1836, o escritor francês Honoré Balzac (1799 - 1850) tornava-se pioneiro na imprensa de seu país ao publicar o que ficaria conhecido como "romance de folhetim". 
Em 1838, ano da morte de Manuel Ferreira de Araújo Guimarães, Alexandre Dumas (1802 -1870) lançava quase simultaneamente na França e no Brasil o folhetim O Capitão Paulo. 
O Jornal do Commércio foi o escolhido para publicar o romance de Dumas. 
Folhetim era o espaço ocupado num jornal por histórias inventadas, criada por autores, como os já referidos Balzac e Dumas. 
O curioso nisso tudo, e para gáudio dos editores, é que o folhetim "pegou".
O primeiro autor brasileiro a publicar "romance de folhetim" foi Joaquim Manuel de Macedo, em 1844. 
O sucesso desses romances crescia à medida que os escritores tornavam-se também redatores, presença fixa nas redações.
José de Alencar, Machado de Assis e tantos e tantos escritores nacionais começaram a carreira como "folhetinistas".
Parte dessa história é contada num dos livros do jornalista e historiador José Ramos Tinhorão, Os Romances em Folhetins no Brasil (Livraria Duas Cidades, 1994). 
Somente ali pelo fim do século é que os jornais começaram a virar empresas e apostar no talento de profissionais que iam às ruas em busca de notícia. O pioneiro nessa nova fase dos jornais foi o carioca João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto, ou João do Rio.
João do Rio foi, a rigor, o primeiro repórter da Imprensa brasileira. E a repórter, Eugênia Brandão.
Eugênia começou na imprensa carioca em 1914. 
Rapidamente ficou conhecida pelas reportagens que publicava no jornal A Rua. Entusiasmado, o editor Viriato Correia, tentou cunhar expressão "reportisa", em homenagem à repórter. Não "pegou".
A vida de Eugênia era atribulada e mais ainda depois que casou-se com o poeta Álvaro Moreyra (1888 - 1964). Sua casa era frequentada por Carlos Drummond, Manuel Bandeira, Vinícius de Moraes e até Luís Carlos Prestes. 
Levada ao comunismo por Carlos Lacerda, a repórter chegou a ser presa por agentes do governo Vargas, e ter como companheira de grade, Olga Benário. Mulher de Prestes. 
Além de Eugênia, outras mulheres ganharam destaque ao fundar pequenos jornais e mantê-los com conteúdo de poemas e textos variados. 
Narcisa Amália e Maria Firmina dos Reis foram algumas dessas mulheres. 
Narcisa inventou o quinzenal "O Gazetinha", no Rio. 
No Maranhão, Maria Firmina dos Reis foi a primeira mulher a publicar um romance e a ter textos publicados nos jornais locais. Morreu cega aos 95 anos, em 1917. 
Num anos qualquer dos 70 publiquei no jornal Correio da Paraíba, do qual fui editor de Local, o folhetim Obsessão de um Rapaz de Olhos Míopes, citado no livro de tinhorão. Mas essa é outra história.
Libero Badaró morreu depois de receber um tiro de um pistoleiro de aluguel. 
Biógrafos dizem que a morte de badaró foi encomendada pelo imperador Pedro I.
No dia 7 de abril de 1931, exatos 100 anos depois da abdicação do Imperador, a Associação Brasileira de Imprensa, ABI, tomou a iniciativa de criar o dia do jornalista em homenagem ao italiano naturalizado Giovanni Battista Libero Badaró.

terça-feira, 6 de abril de 2021

VIVA O COMPOSITOR CÍCERO NUNES

Pra ver como são as coisas: num tempo não muito distante, nascia-se num lugar qualquer do Brasil e corria-se em direção ao Rio de Janeiro para ganhar uma vida melhor.
Mas o contrário também acontecia, discretamente.
Cícero Nunes (foto ao lado) nasceu no Rio de Janeiro e muito pequeno foi levado pela família à Paraíba. 
Cícero cresceu e virou artistas, violonista e compositor.
Chegou a compor com o cearense Humberto Teixeira, o baião Quixabeira.
Teve músicas gravadas por Carmem Miranda, Aracy de Almeida e Isaurinha Garcia, entre outros intérpretes brasileiros.
Cícero Nunes nasceu no dia 6 de abril de 1912 e morreu no dia 3 de fevereiro de 1993.

O SANGUE NEGRO NA HISTÓRIA

O amigo Vito Antico conta que acompanhou ontem uma palestra promovida pela TV A Comuna, canal do youtube.
O tema abordado foi a Erotização no Paraíso Tropical, que teve a participação dos pesquisadores Varlei Couto, Gabriela Trevisan e Carol Ramkrapes. 
A mediação foi do professor Urbano Nojosa.
Aproveitei para ouvir o Vito.
A fala dos participantes deixou claro que o tempo escondeu e esconde muitas coisas que raramente vem à tona com a fidelidade necessária. Exemplo: a relação dos senhores de escravos com as mulheres escravizadas, muitas vezes submetidas à violência sexual. 
Leia mais: https://assisangelo.blogspot.com/2020/11/o-brasil-escrito-com-sangue-negro.html
E confira:

O PAPEL DA OPOSIÇÃO É FAZER OPOSIÇÃO À POSIÇÃO

Em outubro de 2019 um dos filhotes de Bolsonaro, Eduardo, ameaçou a oposição com "um novo AI-5". 
Ora, o papel da oposição é fazer oposição à posição.
A oposição, no caso, são as esquerdas políticas que atuam legitimamente em oposição às posições do governo. 
A declaração de Eduardo, deputado federal, rendeu abertura de investigação na Comissão de Ética da Câmara. 
Ontem 5 o deputado voltou à carga dizendo que "sou o menos interessado em ter qualquer tipo de ditadura, porque o poder já está em nossas mãos".
O cara está se achando. Mas não custa lembrar a frase do ex-presidente norte americano Thomas Jeferson: "O preço da liberdade é a eterna vigilância". 

domingo, 4 de abril de 2021

SALADA AMARGA DE MÚSICA E POLÍTICA

 Engraçado, quando um cantor morre todo mundo passa a cantar o que ele cantava. Caso de Timóteo, por exemplo.

Agnaldo Timóteo gravou o primeiro disco em 1964, ano em que as Forças Armadas tomavam o poder. No Brasil.

As duas primeiras músicas gravadas por Agnaldo foram Sábado no Morro(lado A) de Mário Russo e Sebastião Nunes; e Cruel Solidão (lado B) de Renato Gaetani.

O gosto pela música Timóteo adquiriu nos seus tempos de menino. 

Já adolescente , passou a fazer apresentações nos circos que apareciam na cidade de Caratinga,MG, e redondezas.

Muita gente diz que foi a Ângela Maria que levou Timóteo a gravar o primeiro disco. Não foi.

Agnaldo Timóteo foi musicalmente descoberto por Anísio Silva, que o ouviu numa rádio em Belo Horizonte.


O cantor de Caratinga deixou centenas de música gravadas, a grande maioria versões feitas por Fred Jorge, Júlio Nagib, Nazareno de Brito e Geraldo Figueiredo.

O primeiro grande sucesso de Timóteo foi O Grito, da dupla Roberto/Erasmo, em 1968.

Nesse ano, sobre a cabeça dos brasileiros despencava o AI-5.

Agnaldo Timóteo misturou música com política, o resultado foi amargo.

Foi o gaúcho Leonel Brizola (1922-2004), do PDT quem convidou Timóteo pra disputar uma cadeira na Câmara Federal pelo Rio de Janeiro. Ganhou. Isso, em 1982.

Em 1984, Timóteo votou pela Emenda Dante de Oliveira que propunha a volta das eleições diretas. Não deu.

Em 1985, Timóteo como deputado votou a favor de Paulo Maluf que concorria, indiretamente, contra Tranquedo Neves. 

Tranquedo ganhou e Brizola perdeu as estribeiras com Timóteo, que foi para o PDS.

Em 2011, o artista gravou um CD que dedicou à presidente Dilma Roussef.

Em 2020, estimulado por Lula, filiou-se ao PT.

Agnaldo Timótheo Pereira, assim batizado com "th" e tudo, nasceu numa sexta-feira (16 de outubro de 1936) e morreu no sábado 3 de abril de 2021.



LEIA MAIS


No dia 05 de março de 2011 Agnaldo Timóteo compareceu ao lançamento do livro Lua Estrela Baião A História de um Rei, que eu lançava ao lado de Inezita Barroso na livraria Cortez, no bairro paulistano de Perdizes.

http://assisangelo.blogspot.com/2011/03/foi-bonita-festa-pa.html 


Paiaiá em Quarentena

O prefeito de Nova Soure, Luis Cássio de Souza Andrade, do PDS, é o entrevista de Carlos Sílvio no programa Paiaiá em Quarentena. Ele falará sobre a Pandemia, que já matou 14 pessoas e sobre o Consórsio Regional de Saúde criado na região nordeste da Bahia, em parceria com pelo Governo do Estado.

A entrevista, ao vivo, ocorrerá amanhã, às 20h30, no Instagram @cspaiaia.

Nova Soure é um município localizado a 235 km de Salvador, BA.


sábado, 3 de abril de 2021

COVID-19 LEVA PROSTITUTAS À GREVE

 Ouço notícia dando conta de que cerca de 2 mil prostitutas de Minas Gerais estão em pé de guerra.

As prostitutas de Minas fazem protesto organizado pelo sindicato da categoria (Aprosmig)contra o descaso das autoridades sanitárias por não incluí-las entre as pessoas que devem ser vacinadas na "categoria de risco".

Estou com elas.

O trabalho das "meninas" mineiras é um trabalho perigoso, de risco, de prazer discutível.

Essa notícia  lembrou-me outra: em 1968 prostitutas de São Paulo protestavam contra a violência dos agentes da Ditadura. 

Esse protesto rendeu um clássico da música popular brasileira: São São Paulo, do baiano Tom Zé.

Ouça:



NOTÍCIA BOA NÃO VENDE

 O Sílvio tem umas tiradas engraçadas, curiosas. 

Não é que o cabra telefonou só pra dizer que já não está ouvindo rádio e tv por causa do noticiário que destaca a tragédia diária que é a Pandemia provocada pela COVID-19?

Disse isso e deu uma risada. E perguntou: você entende porque a imprensa destaca tanto as mortes do povo pela COVID?

Opa!


Agora é comigo: é papel da Imprensa noticiar tudo que acontece no Brasil e no  mundo, destacando as notícias mais tocantes. No caso, as piores.

Sempre foi assim.

A Imprensa começou no Brasil no dia 10 setembro 1808, com a fundação do jornal A Gazeta, do Rio de Janeiro. Era do Governo, representado por D. João VI.

Foi nesse jornal que nasceu a profissão de jornalista.

O primeiro jornalista brasileiro era professor de matemática e militar. Nome: Manuel Ferreira de Araújo Guimarães (1777-1838).Mas essa é outra história.

Está provado por A + B que notícia boa não vende jornal nem dar audiência no rádio e televisão. É da vida.

Não podemos esquecer que jornal, revista, rádio e televisão são empresas e como tais carente de faturamento.

Não podemos esquecer também que a empresa Imprensa tem compromisso com a verdade.

O compromisso com a verdade é perceptível no dia a dia. Com a verdade e com a ética.

Eu disse isso e o Sílvio, atento, concordou antes de lembrar o caso de um programa da Bandeirantes que tinha como foco notícias boas, de bom astral, "pra cima". O programa que se refere Sílvio, estreou no 10 de setembro de 2001, no dia seguinte foram abaixou as Torres Gêmeas... 

sexta-feira, 2 de abril de 2021

IGNORÂNCIA MATA

No dia 30 de maio de 2006, convidado pelo PT proferi palestra sobre cultura popular na Câmara, em Brasília.
Plateia bonita, atenta.
Entre o público o deputado Chico Alencar, Gabriel Pensador, Ivan Lins... Gente de boa Cepa. E aí falei o que tinha que falar.
Chico Alencar é um cara incrível.
Muita gente me perguntou sobre um monte de coisa, na ocasião. Ditadura etc.
Dentre todos os compositores perseguidos pelos trogloditas da ditadura (1964-85), Vandré foi o único que atirou-se ao ostracismo, numa tentativa quase desesperada de voltar ao anonimato. A ser alguém comum.
O autor de Pra Não Dizer que Não Falei de Flores continua compondo, mas sem participar da vida pública.
Compõe por compor, por necessidade única e individual.
A história é história.
A história ninguém apaga, a história continua. Clique:

A FOME É PRAGA QUE MATA

Ouvi ontem 1 no rádio (Band News FM) Lula dizer que a sua briga, como governo, não era contra o Capitalismo.
O capitalismo é sistema dominante no mundo moderno.
A briga dos capitalistas é pelo acúmulo de coisas e poder.
Hoje o Comunismo é gato pingado.
Lula dizia na entrevista ontem 1 à Band News que seu desejo é juntar o comunismo ao idealismo de esquerda. Citou exemplo: privatizar empresas com a participação de capitalistas, investidores de capital.
O Capitalismo não tem alma, igualzinho à Bolsonaro. É feio como Bolsonaro.
Já andei falando a respeito neste blog.
O Capitalismo mata.
O futuro de uma sociedade desinformada é afogar-se no mar capitalista.
A fome existe no mundo porque não há interesse do sistema capitalista em acabar com ela.
O Capitalismo precisa da fome, de famintos, de pobres, pra se sustentar.
Essa é que é a verdade.
No Brasil muita gente ainda morre de fome, todos os dias.

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VACINA SIM, JÁ, IMEDIATAMENTE (9)

Personalidades brasileiras continuam esticando o braço para receber uma picada que as imune do vírus pandêmico, que já matou mais de 320 pessoas, no território nacional. 
Entre os artistas que acabam de ser contemplados com uma picada estão: Ary Fontoura, Regina Casé, Ana Maria Braga, Vera Fischer, Palmirinha, Sidney Magal e Faustão.
A vacinação continua lenta no Brasil, mas enquanto houver esperança haverá vacina. 

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