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sábado, 6 de abril de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (86)

Padres e freiras danosos à religião católica se acham presentes na memória real de personagens sofridos e inventados.
O romance O Crime do Padre Amaro (1875), de Eça de Queiroz, traz o protagonista todo cheio de amor pra dar. E aí rola um triângulo amoroso. Uma pérola.
Essa foi a maneira que Eça encontrou para tascar a ripa no Clero mostrando assim, impiedosamente, suas vísceras maltratadas pelo vício da putaria e da hipocrisia então presentes nos velhos monastérios espalhados mundo afora.
Como se vê, Diderot e Eça foram observadores de um tempo que parece não ter passado. Não à toa, o Papa Francisco tem mostrado com firmeza os pecados cometidos pela Igreja num passado não tão remoto.
O crime de Amaro se repete de várias formas em tudo quanto é história inventada ou não. 
Esse foi o primeiro grande sucesso literário de Eça.
Depois da história do padre Amaro, o autor português ganharia a atenção dos seus milhares e milhares de leitores espalhados por aí com outra originalíssima história envolvendo um par de parentes: Luísa e Basílio.
Luísa é casada com Jorge, mas o trai com Basílio. Daí o título do livro: O Primo Basílio, cuja primeira edição data de 1878.
Pra pôr o caldo a ferver, entra na história dos primos a empregada Juliana. E tome chantagem!
Em 1888, o mesmo Eça revoluciona o campo literário com um novo romance intitulado Os Maias.
Esse livro traz um monte de personagens conflituosos. Começa com Carlos da Maia fazendo uma visita de reconhecimento à mansão da família.
A história é longa e se desenvolve em dois calhamaços prendendo o leitor do começo ao fim. Tem traições e até incesto. Acontece entre os irmãos Carlos e Maria Eduarda. Passa-se em Portugal dos 800, mais para o final. E pra não perder o hábito o autor atira sua pena ferina contra a sociedade portuguesa daquele tempo. É pra lascar! E por cá, me calo.
Segundo a sabedoria popular, a vida imita a arte. Basta ver o que tem ocorrido com a família Real do Reino Unido.

segunda-feira, 1 de abril de 2024

O VIRA LATA JÁ É CINQUENTÃO

Pois é, parece que foi ontem.
Foi num dia como hoje, há 50 anos, que o multitudo Magrão criou o personagem Vira Lata.
O Vira Lata ganhou cara e movimentos pelas mãos mágicas do quadrinista Líbero.
Sou de-cla-ra-da-men-te fã do Vira Lata.
O personagem de Magrão está sempre ao lado dos deserdados da vida. Pelos deserdados, incluindo negros e prostitutas e outras minorias, o Vira Lata arrisca a cada página a própria vida. É doido por liberdade e o caminho da liberdade ele está sempre trilhando e levando junto quem dela precisa.
Magrão, cujo nome de batismo é Paulo Garfunkel, acaba de nos mandar o texto que segue. E o cara escreve bem, é um ás!
Não faz muito tempo, Magrão e o irmão Jean estiveram por cá cantando e tocando e eu só ouvindo-os com admiração.
Leiam:

Vira Lata 5O anos

     Pela cronologia da história inventada, o Vira Lata nasceu no dia 31 de março de 1974, no Largo Paissandu, aos pés da estátua da Mãe Preta, no meio de uma parada militar que celebrava os 10 anos do golpe de 64.
     O personagem filho da uma mulher de sangue indígena com 5 pais de etnias diferentes, passou a infância numa casa de Candomblé e a adolescência numa colônia  japonesa no vale do Ribeira, de onde foi expulso por viver o primeiro amor com Tieko, supostamente sua meia irmã.
     Solto no mundo, perambulou Brasil adentro sobrevivendo de biscate, ora ajudante de caminhão, ora leão de chácara de boate, ora bóia fria.
     Depois de enfrentar dois capangas de um fazendeiro que ameaçavam uma família de cortadores de cana, ele volta para São Paulo, reencontra Juan, seu padrinho anarquista, talvez o único que tenha amado de verdade sua mãe, Lucinha.
Na cidade grande, confronta o Saneamento Básico, grupo de extermínio, que “limpa” as ruas da maior metrópole da América Latina.
     Ele acaba sendo  preso e estava no Carandiru fumando crack, em outubro de 1992, quando um idiota fardado ordenou um massacre que poderia ter sido evitado.
     Na cadeia encontrou o Doutor Drauzio Varella e se tornaram aliados no combate ao uso de drogas injetáveis, o grande disseminador do HIV nos anos 90, quando 17% dos 7.700 presos eram soro positivo, o que na época era praticamente uma sentença de morte.
     Um personagem de ficção contra inimigos reais, a epidemia da Aids e o preconceito sob todas suas estúpidas formas.

O sino da Sé bate doze badaladas.
A cidade ferve ao sol do meio dia.
O Vira Lata encosta a ponta do dedo médio no chão
 e toca a frente, a lateral e a parte posterior da cabeça:
 –Larôiê, Exú, Senhor dos Caminhos!
Depois se dissolve na multidão.

Os párias, os náufragos, os que não têm proteção do poder oficial nem do poder paralelo.
Que sequer são marginais, pois as margens estão ocupadas por facções e milícias.
Essa gente que sobrevive à deriva, agora tem com quem contar.
E aqueles que empunham armas e estalam chibatas, e os que ditam as ordens mas não sujam as mãos, não vão mais ficar impunes.

“Há que se lembrar da desdita pra que nunca mais se repita*.
Dúzias de ovos eclodem todos os dias no ninho da serpente.
Vamos nos manter atentos porque a liberdade está sempre por um fio.
Viva o Povo Brasileiro!” 31/03/2024

PAZ, SEMPRE PAZ!

A tomada do poder pela força militar em 1964 não pode ser esquecida. A coisa foi violenta, terrivelmente violenta.
Tudo começa quando Jânio Quadros renuncia à presidência da República no dia 25 de agosto de 1961.
O vice de Jânio, Jango, se achava em missão oficial na China. Ao tomar conhecimento da renúncia, Jango volta com as orelhas de pé.
Depois de muito empurra empurra e disse me disse, assume a faixa presidencial.
Jango tinha relações muito próximas com os sindicatos, com todos os sindicatos. Isso foi o suficiente para os militares chamarem-no de comunista. E aí já viu, né?
A tomada de poder ocorreu na manhã de 1º de abril de 1964.
Os generais gostaram da coisa e foi assim que permaneceram chafurdando no Brasil durante a eternidade de 21 anos seguidos. 
Durante aqueles 21 anos, os militares fecharam a boca do povo e dos artistas.
Muitos livros foram censurados e tirados de circulação.
Muitos discos foram proibidos de tocar e cantores e compositores, como Chico e Caetano, partiram para o exílio.
Vandré por pouco não foi pego e morto.
Que tal loucura nunca mais se repita.
O cantor, compositor e instrumentista Jean Garfunkel nos mandou o texto abaixo. Uma pérola. Confiram:

Bodas de Chumbo

Há que lembrar da desdita
Pa que jamais se repita
A dura dita, a dita dura
Da mentira e da impostura
Da mordaça e da censura
Da porrada e da tortura
Que rasura nossa história
De sessenta anos atrás
Nódoa escura na memória
Amarguras ancestrais
Que enxaguamos de lembranças
Pra que as gerações futuras
Construam sua esperança
Justa, lúcida e segura
Sabendo a fragilidade
Da palavra liberdade
Sabendo da relevância
Da palavra vigilância
Sabendo da inconsequência
Da palavra violência
Sabendo da desventura
Da palavra ditadura

domingo, 31 de março de 2024

DITADURA NUNCA MAIS, MESMO! (2, FINAL)

Dom João VI veio correndo para o Brasil com medo do sanguinário Bonaparte.
Bom tempo se passou até que o mesmo Dom João resolveu retornar a sua terra, logo após tomar conhecimento da prisão do seu algoz pelos ingleses.
No lugar de Dom João VI ficou o filho príncipe Pedro, ainda criança.
O tempo passou, o príncipe proclama a Independência em 1822 e vira Imperador. 
Depois que Pedro I retorna a Portugal, o filho, posteriormente, assume o Império com 14 anos de idade.
Em 1889 Marechal Deodoro, apoiado por seus pares militares, botou o filho de Pedro I pra correr.
Exilado, Pedro II morreu em Paris.
É como eu disse: a história é loooonga.
Em 1964, os generais tomaram de novo o poder. À força. 
Há pouco, um capitãozinho foi eleito democraticamente e na marra tentou eternizar-se no poder com um golpe militar que não deu certo. Cadeia pra ele!
Em suma, é como dizemos no bombo e no grito: ditadura nunca mais!
Leia aqui mais uma beleza gerada pelo talento do multitudo Klévisson Viana:

DITADURA NUNCA MAIS – 60 ANOS DO GOLPE MILITAR
Autor: Klévisson Viana

Eu que trago em minha sina
O dom de versificar,
Porque sou representante
Da poesia popular;
Quero tratar de um tema,
Sem lirismo de um poema,
Sem de nada me esquivar.

Neste cordel eu não falo
De beleza e de candura,
Do cantar dos passarinhos
Cheio de graça e doçura;
Falo de atos insanos,
Registro 60 anos
Da perversa ditadura.

Falo de uma época triste,
De falso patriotismo...
Das nossas forças armadas,
Sem bravura e heroísmo
E do momento infeliz
Que nosso belo país
Foi jogado num abismo.

No abismo da ganância,
Do poder a qualquer preço,
De gente inescrupulosa
Que segue sem ter apreço
À nossa Democracia,
Que tanto bem irradia
E da paz é sempre o berço.

Foi uma época tenebrosa,
De conotações fascistas,
Que houve perseguições
A intelectuais, artistas,
A alunos, professores,
Todos os opositores
Eram riscados das listas.

Militares legalistas,
Democratas instruídos
Pela dita linha dura,
De pronto foram excluídos;
Bastava não concordar
Com o Regime Militar
Para serem perseguidos.

Muita gente torturada
Nos tenebrosos porões,
Jornalistas perseguidos,
Banimentos, repressões,

Amargos fatos, tormentos,
Sem uma luz, sem alentos
Às terríveis provações.

Foi deposto João Goulart,
O presidente de fato,
E Humberto Castelo Branco
Se valendo, então, do Ato
Institucional número 1
Nos forçou o incomum
Regime, vil, putrefato.

Foi a 31 de março
De 64, o ano
Que o chão da boa esperança
Se viu baldado em seu plano
A ditadura amargando
E sem desejar provando
Perseguição, desengano.

Falaram ser por uns dias,
Mas logo mudaram os planos.
E num Ato após o outro
Ficaram 21 anos
No poder fazendo horrores,
Impondo mil dissabores,
Num mar de mil desenganos.

Foram anos tenebrosos,
Uma crise muito séria,
Quem pensasse diferente
Era visto por pilhéria,
Numa existência sofrida
Que muitos perderam a vida
Nessa época deletéria.

A censura perseguia
Todo produto da arte
E os estúpidos censores
Estavam por toda parte.
Por ordem dos Generais
Muitas obras geniais
Sofreram duro descarte.

Castelo Branco ficou
No poder por quatro anos.
No ano 67
Quem seguiu com os mesmos planos
Foi um outro general
Para o País, afinal,
Só trouxe mais desenganos.

Depois de Castelo Branco,
Num manipulado pleito,
O General Costa e Silva
Indireto foi eleito,
Baixou o AI-5, então,
Aumentando a repressão,
Levando tudo de eito.

Ali os Anos de Chumbo,
De fato, tiveram início.
Nosso País virou párea
Num horrendo precipício;
Mortes, torturas, tormentos
Só trouxeram desalentos,
Tristeza, dor e suplício.

O ‘Milagre Brasileiro’
Atolou nosso país,
A Dívida Externa cresceu
Numa gestão infeliz,
Incompetente, incapaz,
Com apetite voraz
Deixa o Brasil por um triz.

Nas mãos do FMI
Fomos postos de bandeja,
Os EUA dava às ordens
E essa corja malfazeja

Espoliava a Nação
Fazendo a péssima gestão
Que nenhum país almeja.

Emílio Médici assumiu
Do ano de “meia nove”,
Ficando até “sete quatro”,
Muita maldade promove.
Nesse cenário de horror
Reinou a mão do terror
Que ainda hoje comove.

Depois assumiu o Geisel
Numa forçada Abertura
Política, mas prosseguia
Toda sorte de tortura.
Um assassinato, enfim,
Comoveu, foi estopim
Para o fim da Ditadura.

Vladimir Herzog, o Vlado,
Jornalista renomado,
No ano 75
Foi detido e torturado
No DOI-CODI em negro terno,
Na sucursal do inferno
Apareceu enforcado.

Dom Paulo Evaristo Arns
Com o rabino Henry Sobel
Fizeram um Ato Ecumênico
Contra o crime tão cruel
E o famoso Sindicato
Dos Jornalistas, no Ato,
Cumpriu honroso papel.

Pelo grande Audálio Dantas
O mesmo era presidido
E a morte do Vladimir
Causou enorme estampido,
Abalando a estrutura
Da perversa Ditadura,
Tornando o povo aguerrido.

Lá no ABC Paulista
Grandes mobilizações
No ano setenta e oito
Arrebatou multidões,
Operários insatisfeitos
Lutavam por seus direitos,
Contra o jugo dos patrões.

Luiz Inácio da Silva,
Um dos articuladores,
Tinha carisma de sobra,
Além de muitos valores,

Com um grupo destemido
Fundou então um partido
Pra nossos trabalhadores.

João Batista Figueiredo
Assume em 79
Num regime moribundo,
Pouca mudança promove.
Seu governo delirante
Com inflação galopante,
Não há ninguém que aprove.

E naquele mesmo ano
Foi concedido anistia
A quem se opôs ao regime
E em outras partes vivia,
Muitos puderam voltar
Na intenção de chegar
E lutar por novo dia.

E João fez um governo
Muito pouco eficiente
Pra manter a Ditadura,
Por Deus, não foi competente.
Afirmava, sem abalo,
Gostar muito de cavalo
E muito pouco de gente.

Em mil novecentos e
Oitenta e um, se avista
Nas páginas de nossa história
Um atentado terrorista
Tramado por militares
Para jogar pelos ares
Uma festa trabalhista.

O Caso do Riocentro
Plano perverso afigura;
A trama com objetivo
De retardar à Abertura
Política, usando de horrores,
Do exército alguns setores
Queriam mais Ditadura.

No Dia do Trabalhador
Grande ato popular
Fez-se grande multidão
A fim de comemorar.
Agora, veja você,
A nata da MPB
Era pra exterminar.

No palco Bete Carvalho,
João do Vale, Alceu Valença,
Clara Nunes, Djavan
E a coisa ficou mais tensa.

Caymmi, Chico Buarque,
Ia ser grande o desfalque,
Segundo narra a imprensa.

Gozaguinha lá estava
Com Luiz, Rei do Baião,
O grande homenageado
Nessa dita ocasião,
Porém os vis militares
Iam mandar pelos ares
Artistas e multidão.

A ideia era explodir
O show dos trabalhadores,
Causar morte, pânico e dor,
Culpando os opositores.
A incompetência ganhou,
Por Deus a bomba estourou
No colo dos opressores.

Depois deu-se um movimento
Forte, de grande valia,
Chamado Diretas Já
(Gerou música e poesia...).
Foi árdua nossa jornada,
Conquistamos a sonhada
Volta da Democracia.

O voto pra presidente
Nós podemos sufragar
E o Sol da Liberdade,
Por Deus, voltou a raiar,
Mas sem punir linha dura
O fantasma da Ditadura
Sempre vem nos assombrar.

Freury, Ustra e Curió
(Carrascos da Ditadura)
Não pagaram por seus crimes
E a impunidade perdura
No milico saudosista
Com pensamento fascista
Que o país inda atura.

É quando surge um golpista
Tomado de ousadia,
Conspirando e planejando,
Sem respeito e empatia,
Tendo o inferno por berço,
Mostrando ter zero apreço
Por nossa Democracia.

Que o 8 de janeiro,
Com seu golpe fracassado,
Nos sirva, então, de lição,
Que a Justiça, o Estado,

Nunca seja complacente
E puna severamente
Cada golpista arrolado.

Povo bom do meu Brasil,
Nosso País é capaz
De ser gigante potência,
Seu povo viver em paz...
Democracia é a seta,
Assim aponta o poeta:
Ditadura nunca mais!!!

FIM

sábado, 30 de março de 2024

DITADURA NUNCA MAIS, MESMO! (1)

Somos uma população de mais de 200 milhões de habitantes. É muita gente, não é mesmo?
Até aqui passamos dificuldades de todos os tipos.
Primeiro foram os invasores estrangeiros a tomar conta do nosso país. Portugal levou a melhor, no primeiro momento. Cresceu, cresceu, com as riquezas extraídas do solo brasileiro.
Isso no século 16, bem no começo.
Ao mesmo tempo que portugueses invadiam nosso país, outros povos faziam o mesmo: franceses, holandeses, etc. 
No começo do século 19, precisamente em 1808, Dom João VI, família e apaniguados fincaram moradia por cá. Primeiro na Bahia e depois no Rio.
A história é comprida.
Como costuma fazer, o craque cearense Klévisson Viana gerou mais um belíssimo trabalho poético. Leiam-no:

A CADELA DO FASCISMO VIVE DIRETO NO CIO
Autor: Klévisson Viana

Ditadura nunca mais
Nem civil, nem militar
Só podemos lamentar
A época dos generais
Todo inimigo da paz
Ao amor é fugidio
Com seu instinto sombrio
Seu espírito é um abismo
Que a cadela do fascismo
Vive direto no cio.

Quem quiser ser candidato
Defenda a Democracia
Seja a luz que irradia
A paz na rua ou no mato
Tenha a lei por aparato
Lute, não seja arredio
Pois para um país sadio
Não fique no comodismo
Que a cadela do fascismo
Vive direto no cio.

21 anos de atraso
Nosso país amargou
Dessa época o que sobrou
De proveitoso é bem raso
Só lembramos do descaso
E o futuro por um fio
De nosso imenso Brasil
Sob tortura e sadismo
Que a cadela do fascismo
Vive direto no cio.

Torturadores terríveis
Perseguidores cruéis
Todos reféns dos quartéis
Que se julgavam invencíveis
Maldade em todos os níveis
Homem sem alma, vazio
Sempre ao diferente hostil
Ódio, maldade, egoísmo...
Que a cadela do fascismo
Vive direto no cio.

Portanto, fiquem cientes
Que os milicos referidos
Para os Estados Unidos
Foram subservientes
Mansos e obedientes
Só bastava um assobio
Tio Sam com olhar frio
Mostrando absolutismo
Que a cadela do fascismo
Vive direto no cio.

Quase 2.000 camponeses
Foram desaparecidos
Muitos mortos, perseguidos
Sindicalistas, por vezes
Sumidos dias e meses
E até anos a fio
Me causa até arrepio
Esse grau de terrorismo
Que a cadela do fascismo
Vive direto no cio.

Saudosos da Ditadura
Porquê da mesma eram sócios
Lucraram com esses negócios
Sem a menor compostura
Inda vivem na fissura
Desejando a sangue frio
Clama o regime sombrio
Mostrando até saudosismo
Que a cadela do fascismo
Vive direto no cio.

Quem vive nessa loucura
Expondo sanha golpista
Perversa, vil, egoísta
Precisa ser enquadrado
Pela lei, e condenado
Para curar o desvio
De caráter doentio
Uma dose de civismo
Que a cadela do fascismo
Vive direto no cio.

Reza a constituição
Que o papel do militar
Não é para governar
É defender a Nação
Quero que a instituição
Cumpra o seu papel com brio
Enfrentando o desafio
De manter paz e civismo
Que a cadela do fascismo
Vive direto no cio.

E para os bons militares
Tiro sempre o meu chapéu
Merecem palma e laurel
E o respeito de seus pares
Galgar melhor patamares
Ser digno de elogio
Legalista sem desvio
Com verdadeiro heroísmo
Que a cadela do fascismo
Vive direto no cio.

Quem foi péssimo militar
Mandrião com lero-lero
Político do baixo clero
Miliciano vulgar
Só veio pra nos mostrar
O quanto é podre e vazio
E nosso imenso Brasil
Tentou jogá-lo abismo
Que a cadela do fascismo
Vive direto no cio.

Nesse filme de terror
Igreja virou gandaia
E o rei da maracutaia
Tal “Messias” impostor
Arma seu circo de horror
E do mal faz seu plantio
Apoia com desvario
Narcopentecostalismo
Que a cadela do fascismo
Vive direto no cio.

O pobre tio do zap
Sujeito da “dita mole”
Toda fakenews engole
É sua válvula de escape
Porém não é com tacape
Que se amansa esse vadio
Que se acha um senhorio
Com falso patriotismo
Que a cadela do fascismo
Vive direto no cio.

Dez mil Caixas de Pandora
Bolsonaro e sua maldade
Mostrou da sociedade
Que um lado escuro vigora
Uma corja que ignora
Que possui grande desvio
Terraplanista arredio
Acéfalo com pedantismo
Que a cadela do fascismo
Vive direto no cio.

Sendo de Esquerda ou Direita
Siga a Constituição
Pra sermos grande Nação
Democracia é perfeita
Com ela tudo se ajeita
E o país fica sadio
Só refutando desvio
Do cruel anacronismo
Pra cadela do fascismo
Findar de vez com o cio.

FIM

sexta-feira, 29 de março de 2024

A MORTE LEVA DOIS MESTRES

À esquerda Oswald Barroso, à direita Lúcia Junqueira, Klévisson Viana e Érico Junqueira

Hoje 29 faz exatamente uma semana que o poeta  e jornalista Oswald Barroso partiu para a eternidade. Tinha 76 anos de idade.
Durante cerca de 50 anos, Oswald ocupou as mais diversas funções e cargos no campo da cultura popular cearense.
Além de poeta e jornalista, Oswald Barroso foi ator, diretor, pesquisador e produtor de teatro. 
A última homenagem que Oswald recebeu em vida foi na 5ª Feira do Cordel Brasileiro, realizada em Fortaleza, CE.
O evento foi coordenado pelo poeta e cordelista Klévisson Viana.
Quem também nos deixou há poucos dias foi o cartunista Érico de Oliveira Junqueira Ayres. Era baiano e tinha 75 anos de idade.
Érico, além de cartunista, também era engenheiro e doutor em Urbanismo.
Segundo os familiares, Érico de Oliveira Junqueira Ayres havia sofrido um AVC duas semanas atrás. Internado no Hospital do Servidor, faleceu.
O falecimento de Érico aconteceu domingo passado 24.
O cartunista Érico deixa viúva Lúcia.
No começo deste mês o casal Érico e Lúcia fizeram uma visita a Klévisson Viana.
Coisas da vida, infelizmente.

quinta-feira, 28 de março de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (85)

César, Lucrécia e Rodrigo Bórgia
A corrupção foi uma praga que acompanhou a Igreja desde tempos remotos.
Rodrigo Bórgia (1431-1503), que virou papa pela iniciativa do tio cardeal Alonso, é uma mancha feia que envergonha o Vaticano.
O sobrinho de Alonso, que ganhou o nome papal de Alexandre VI, foi corrupto e assassino. Era vingativo e praticante da esbórnia. Teve amantes e pelo menos nove filhos, entre esses César (1475-1503) e Lucrécia (1480-1519).
César puxou ao pai. Era violento e por isso mesmo temido. Lambuzou-se com a riqueza que tinha à disposição.
Lucrécia não costumava dormir só, tampouco deixava esfriar a cama. Como o pai, teve amantes.
Alonso Bórgia, aquele tio do Rodrigo pra quem foi uma verdadeira mãe, também assumiu a cadeira de papa com o nome Calisto III (1455-1458).
O tema corrupção no Clero se acha também na ficção. No romance, na poesia…
Já que estamos ali pelo século 15, lembro que naquele tempo existiu um papa de nome Pio II (1458-1464). Esse papa entrou na história por razões diversas. Era um cara simples, sabido e observador das minúcias do cotidiano. Lia muito e escrevia coisas com gosto. Algumas impublicáveis.
Em 1444, o futuro papa, Enea Silvio Piccolomini (1405-1464) escreveu e publicou um conto erótico. Título: O Conto Dos Dois Amantes, em que “defendia” o amor adúltero.
Pois, pois.
A literatura em todas ou quase todas as línguas registra muitas passagens de personagens reais e fictícios, envolvidos em tudo quanto é pecado. A tragédia prevalece, ao contrário do chavão “E foram felizes para sempre”.
Moisés e os Dez Mandamentos,
de Rembrandt Harmensz
Os chamados Dez Mandamentos que Moisés apresentou a seu povo no Monte Sinai são desrespeitados o tempo todo. O que diz “Não matarás”, por exemplo. Outro é “Não desejar a mulher do próximo”. Se o próximo não estiver muito próximo… Diria um gaiato, pois correria risco de morte, como indica o 9° Mandamento.
Nem é preciso ir muito longe pra conferir na literatura a presença de figuras da Igreja dando vazão aos prazeres da carne e à corrupção.
A Religiosa, mais do que um romance, é a memória de uma personagem real transformada em ficção, que sofre que nem uma condenada ao fogo do Inferno quando a mãe morre. Diderot foi perfeito na narrativa do texto memorialista da personagem Suzanne.
Suzanne Simonin é a caçula dentre duas irmãs. Fruto, porém, de um pulo de cerca da mãe que o pai só iria desconfiar anos depois. E ficaria puto com isso.
A mãe de Suzanne ajeita a vida das duas filhas mais velhas casando-as e dando materialmente tudo que lhe é possível.
A história se passa no século 18, por aí.
Nessa história cabeludíssima tem corrupção, tortura e abusos cometidos até pela madre superiora.
Suzanne a essa altura tem por ali uns 20 anos de idade. Sofre que nem Cristo pregado na cruz.
Pura, simples, natural e ingênua, embora inteligente, considerava-se incapaz de seguir como opção a vida religiosa. Acreditava, porém, na força divina.
Há um momento no livro de Diderot que freiras tiram sarro da jovem Suzanne e a torturam, levando-a a se lascar num calabouço. Ela pede clemência, rogando aos céus pelas desgraças que lhe acontecem. Em vão.
A caminho do calabouço, lembra:
Conduziram-me, com a cabeça nua e os pés descalços, através dos corredores. Eu gritava e pedia socorro, mas tinham tocado o sino a avisar que ninguém acudisse. Eu invocava o céu e deitava-me para o chão, e arrastavam-me. Quando cheguei ao pé das escadas, tinha os pés ensanguentados e as pernas magoadas; teria comovido uma alma de bronze. Abriram com uma grande chave a porta de um pequeno canto subterrâneo e escuro e atiraram-me para cima de uma esteira meio apodrecida pela umidade. Ali, encontrei um bocado de pão negro e um cântaro de água e mais alguns recipientes necessários e toscos. A esteira, enrolada numa das pontas, formava uma almofada. Num bloco de pedra havia uma caveira e um crucifixo de madeira. O meu primeiro impulso foi destruir-me; levei as mãos à garganta, rasguei a minha roupa com os dentes, dei gritos pavorosos. Uivava como um animal feroz, batia com a cabeça nas paredes e fiquei coberta de sangue. [...]
Diderot começa seu livro reproduzindo cartas da personagem e pessoas que a rodeiam.
Como Eça de Queiroz, Diderot desenvolve o texto tascando o pau no Clero do seu tempo e do tempo da personagem Suzanne.

Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora

quarta-feira, 27 de março de 2024

VAMOS BRINCAR DE CIRCO?

Eu sou do tempo em que criança vivia sua fase criança.
Eu sou dos tempos passados de 50. Pra ser exato, 1952.
Brinquei de esconde-esconde, de amarelinha, de pula fogueira, pula-pula, corrida do saco...
Eu gostava também muito de adivinhas. 
Lembro que a primeira vez que eu vi bobagens como: o que é o que, pula pra rir e faz béh?
Coisa boba, né?
Outra: o que é o que é, cai de pé e corre deitado?
E os circos, hein?
Frequentava muito os circos. Eu rachava o bico com as bobagens e bagunças dos palhaços. 
Houve muitos palhaços famosos, que marcaram Arrelia, Piolin, Carequinha, Fuzarca e Torresmo.
Já na fase adulta, privei da amizade de Waldemar Seyssel, que vem a ser Arrelia. Tudo bem, tudo bem, tudo bem!
Hoje a brincadeira da criançada é o celular.
Ah, sim: hoje é o Dia do Circo.


terça-feira, 26 de março de 2024

CENSURA É UMA MERDA!

Foi não foi a Inquisição mostra as suas garras dos modos os mais diferentes possíveis.
A Inquisição carrega no seu bojo a censura e tudo que não presta. Em nome da família e do bem comum, muitas mortes foram aberrantemente patrocinadas por ela.
É como se ainda vivêssemos o obscurantismo medieval.
Foi na virada de março para abril de 1964 que os militares, patrocinados por poderosos civis, encheram de tanques o centro do Rio de Janeiro, calando no nascedouro a boca do povo.
O tempo, naquele tempo, fechou.
Foram 21 anos de cabresto e terror.
Muitos brasileiros e brasileiras foram perseguidos, presos, torturados e, quando não mortos, exilados.
A impressão que às vezes tenho é que o bicho verde-oliva graduado está a postos, na esquina, à espera de um sinal qualquer do Capeta para atirar-se contra todas as leis que regem o campo do bom viver, destruindo a Constituição e a esperança.
Pois é, a censura está mostrando aos poucos suas garras.
No Paraná, PR, o governo mandou retirar das escolas o livro O Avesso da Pele, do carioca Jeferson Tenório.
Esse mesmo livro também foi censurado numa escola de Porto Alegre, RS.
Esse mesmo livro, e tudo neste mês de março, foi também suspenso do currículo escolar em Goiás. A decisão foi do governador bolsonarista Ronaldo Caiado.
O Avesso da Pele é um romance que trata de racismo e dos problemas provocados pela cor da pele. Trata também de questões referentes ao sexo.
Lá atrás, durante a ditadura militar, de cara foram proibidos os livros Eu sou uma Lésbica, de Cassandra Rios; Roque Santeiro, de Dias Gomes; O casamento, de Nelson Rodrigues; Feliz Ano Novo, de José Rubem Fonseca e Laranja Mecânica, de Anthony Burgess.
Também naqueles tempos foram proibidos outros títulos de filmes dirigidos por estrangeiros como O Império dos Sentidos, O Último Tango em Paris e Garganta Profunda.
Liberados depois, esses filmes nada provocaram de espantoso na vida de que os assistiu.
A censura é uma merda, não é mesmo?

segunda-feira, 25 de março de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (84)

O erotismo está em todo canto, no corpo e na alma de todos.
Desde sempre mil histórias de safadeza são descobertas e contadas pra quem quiser ouvir.
O Papa Francisco, escolhido por seus pares cardeais em 2013, assumiu o cargo dizendo a que vinha. E não demorou a abrir a caixinha dita de Pandora cheia de pecados cabeludos cometidos por padres, freiras e noviços ao longo da história da santa Igreja Católica. 
Ao denunciar em público o comportamento delituoso de religiosos, Francisco por muitos foi amaldiçoado e por pouco não sucumbiu no fogaréu do Inferno. Disse coisas assim:
“Diante dos abusos cometidos por membros da Igreja, não basta pedir perdão”
E continuou: 
“Trabalhamos por muito tempo sobre este assunto. Suspendemos vários clérigos, que foram despedidos por isso”.
Falou também de freiras que se comportam diferentemente do que orienta a Igreja:
“Não sei se o processo (canônico) terminou, mas também dissolvemos algumas congregações femininas que estiveram muito vinculadas à corrupção”.
Vale a pena ler o livro Erotismo, do francês Georges Bataille (1897-1962).
Vale a pena também ler o livro A Religiosa, de Denis Diderot (1713-1784), mesmo autor de Carta sobre os Cegos para uso daqueles que vêem.
Diderot estudou em colégios de jesuítas, mas não virou padre. Virou ateu cáustico crítico da Igreja Católica. Dizia ser menos penoso negar a Deus do que aceitá-lo, por isso foi preso.
Vale a pena também ler Decamerão, do escrachado Boccaccio. O livro trata de amor e moralismo.

Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora

domingo, 24 de março de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (83)

Camões, pelos traços de Fausto Bergocce
Centenas de embarcações foram afundadas e milhares e milhares de homens pereceram entre ondas e nas bocarras de monstros marítimos.
Cena idêntica a essa aqui narrada acha-se no livro Os Lusíadas. É quando Netuno, incentivado por seu parceiro Baco, faz do fundo do mar emergirem monstros que botam, literalmente, pra quebrar embarcações onde se acham marujos desbravadores dos caminhos das Índias. Dito isso, digo também o óbvio: Camões inspirou-se nos escritos de Homero para compor sua fabulosa obra.
Ovídio também inspirou-se em Homero, que o tinha como mestre. Isso é válido também para Virgílio, que pôs o guerreiro troiano Enéias como herói da epopeia narrada em Eneida.
Ovídio, Virgílio, Homero…
No clássico A Divina Comédia, de Dante Alighieri, aparecem os poetas ora citados. Aparecem na primeira das três partes do livro: O Inferno.
Quando Dante morre está a sua espera, na porta do Inferno, o autor de Eneida que outro não é senão Virgílio.
Virgílio pega Dante pela mão e a ele vai mostrando os labirintos do reino de Lúcifer. O passeio é cansativo e enervante. 
Depois de conhecer o Inferno, Dante segue com seu guia labirinto adentro. Chega ao Purgatório. Ali pelas proximidades vê o Limbo e almas ora apáticas, ora tensas.
Na última parte ou estação do livro, o Paraíso, se acha o grande amor de Dante: Beatriz. E mais não digo.
O amor está na vida, nos seres viventes, e nos elementos naturais: Terra, Fogo, Água e Ar.
Inferno, Canto XXXII − gravura de Gustave Doré
Ah! Odisseia trata do retorno tumultuado de Ulisses aos braços da amada Penélope. 
O retorno do herói grego durou mais tempo do que a guerra travada em Tróia: quase duas décadas. 
Ali pelo século 4 da nossa Era, um cidadão chamado Agostinho era doido por um rabo de saia. Tinha uns 15 anos quando se apaixonou por uma garotinha de 12. Queria com ela se juntar, mas as leis da época não permitiam; só depois dos 14. Volúvel, desistiu de casar com a menina. Sem ter muito o que fazer, o varão estudava e aos domingos ia com sua turma à Igreja só pra paquerar. 
No texto autobiográfico Confissões, confessou Agostinho: “Eu me esbanjava e ardia nas minhas fornicações”.
Dois anos depois de deixar sua juvenil paixão, Agostinho juntou-se com uma jovem e com ela teve um filho de nome Adeodato.
Resumo da ópera: Agostinho separou-se depois de 15 anos de casamento. 
Com 33 anos de idade, Agostinho converteu-se ao cristianismo pra valer a pedido da mãe,  Mônica. Virou monge em Hipona, África. Morreu e virou santo. A mãe também. O pai, não sei.

sexta-feira, 22 de março de 2024

HISTÓRIA TRISTE

Hitler deu um tiro no coco em abril de 1945.

Milhares de livros já foram publicados sobre Hitler e seus comparsas nazistas. 

Muitos livros eu já li sobre Hitler, nazismo e o holocausto que deixou pelo menos 6,5 milhões de pessoas mortas. Dessas eram cerca de 1,5 milhão de crianças e adolescentes. 

Nada no mundo foi tão terrível como o assassinato em massa provocado pelo "Füher".

Dentre tudo que li até agora poucos me marcaram tanto como O Menino do Pijama Listrado, livro de John Boyne.

Não, esse livro não é do gênero infanto-juvenil. É trágico, terrivelmente trágico. Trata da amizade entre dois meninos de nove anos de idade nascidos num mesmo dia, num mesmo mês e de um mesmo ano: 1939.

Um dos meninos é Bruno, filho de um oficial nazista.

O pai e a mãe de Bruno, o próprio Bruno e sua irmã vivem aparentemente tranquilos num lugar qualquer da Alemanha. 

Um dia, o pai do Bruno é convocado para servir na Polônia, mais precisamente nas proximidades do campo de concentração de Auschwitz. Só que quem sabe disso é o próprio oficial e para a nova casa todos vão.

O pequeno Bruno não gosta da nova moradia e diz isso o tempo todo aos pais e à irmã sempre entretida no quarto com suas inúmeras bonecas. Ela tem 13 anos e acha o irmão uma criança. Ele não gosta e brigas entre ambos se sucedem.

Sentindo-se só, sem ter com quem brincar, Bruno passa a procurar novidades na região. Esgueirando-se pela cerca do campo de concentração, ele encontra um menino da sua idade vestido com uma roupa listrada. Esse menino, Shmuel, acabou no campo junto com o pai, a mãe, a família toda.

Bruno e Samuel logo viram grandes amigos.

E mais não digo.


quarta-feira, 20 de março de 2024

FELICIDADE É CHUPAR PIRULITO

Ei, vem cá: você sabe que hoje é o Dia da Felicidade?

Pois é, hoje é Dia da Felicidade. Ouvi no rádio e na TV.

Disseram que o povo mais feliz do mundo é o finlandês. 

A Finlândia é um país deste tamaiinho. Tem 5,5 milhões de habitantes. Dizem que faz por lá, ihhhhhh, um frio danado!

O segundo povo mais feliz, dizem ainda, é o dinamarquês. 

E o terceiro do ranking outro não é senão o islandês. 

Esses três países classificados pela ONU como os mais felizes do mundo estão localizados na pras bandas da Escandinávia. 

Olhando tal ranking procurei a posição do Brasil. Entre não sei quantos países, o Brasil está aliiii, na quadragésimo quarta posição. Ufa!

Os critérios predefinidos para a conclusão disso tudo não tinha o item grana na cabeça. 

Isso quer  dizer ou quis dizer que grana não compra felicidade. Hummmm, sei lá! O que sei é que se eu atrasar o pagamento da luz que alumia a minha casa eles... plaft! Cortam, simples assim.

De qualquer modo meu amigo, minha amiga, volto a perguntar: você sabe que hoje é o Dia da Felicidade?

Você meu amigo, minha amiga, sabe o que é felicidade?

A minha sábia avó Alcina dizia que felicidade é chupar pirulito e sair por aí assobiando.

terça-feira, 19 de março de 2024

MEUS BOTÕES (75)

Que festa é essa pessoal, perguntei.

Lampa me olhou com aquele seu jeito perscrutador, disse algo ininteligível, antes de se levantar e responder com voz cavernosa: " O feladaputa agora vai!". 

Calma, calma, Lampa! Que feladaputa é esse a quem você se refere?

Todos se levantaram, batendo palmas, numa algazarra que eu nunca vira antes. Todos queriam falar ao mesmo tempo. Zilidoro, com calma franciscana, levantou a mão pedindo palavra. Com seu notebook aberto, o poeta leu: "Hoje de manhã o ex-presidente Jair Bolsonaro foi legalmente indiciado pela Polícia Federal. Foi acusado de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informações e tal e tal e tal...".

Pois é, confesso que estou tomando conhecimento disso agora.

Lampa, falando aos borbotões, conseguiu dizer: "Isso mesmo! Isso mesmo! Esse é o começo do fim dele, daquele filho do cão!".

Lá do fundo Barrica e o seu irmão Biu dizem: "O portão da Papuda já está aberto pra ele!".

Calma, pessoal...

"Calma coisa nenhuma seu Assis! O Brasil todo, o Brasil do bem, está aguardando a hora de a Justiça julgar e condenar aqueles que tanto mal têm feito", disse Zé chamando a atenção de Mané e Zoião.

Zoião disse: "Muito bem! Muito bem! Isso mesmo, isso mesmo. Lugar de bandido é na cadeia!".

Hummmm... A rapaziada hoje tá que tá...

Como se adivinhasse que eu já estava me indo, Mané pediu licença pra perguntar se eu conheci o dono da Livraria Cultura, pois ele acabara de morrer. Eu disse que sim, que o Pedro Hertz eu o conheci ainda ali pelos anos 80, 90.

"Ele era legal, seu Assis?", emendou Zilidoro. 

O Pedro era de pouco papo, de pouco riso, mas gostava de falar olhando nos olhos das pessoas. Que Deus o tenha.


segunda-feira, 18 de março de 2024

LOBATO RACISTA?

La-men-tá-vel o que algumas pessoas têm dito a respeito de Monteiro Lobato e a sua importante obra literária, toda basicamente escrita e direcionada a todos os públicos.
Dizem-me que há poucos dias houve um debate sobre Lobato, cujo o acervo se acha há uns 20 anos no Centro de Documentação Cultural Alexandre Eulalia.
O debate foi promovido pelo IEL, Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp.
Não é de hoje que Lobato provoca polêmica por causa da obra que criou a partir da primeira década do século 20.
Seu primeiro livro foi lançado em 1914, depois de publicar textos no centenário jornal O Estado de S.Paulo.
O que se diz é que Monteiro Lobato foi um cidadão/escritor racista.
Nunca vi racismo na obra lobatiana. O que há nela é um registro de época. Pura e simplesmente, posto no papel na forma de histórias incluindo figuras do Folclore brasileiro.
O resto é balela de quem não leu, ou se leu não entendeu, a obra desse grande autor brasileiro de Taubaté.

domingo, 17 de março de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (82)

Ovídio
Vênus é a versão romana da mitológica deusa grega Afrodite, uma das inúmeras filhas do todo poderoso Zeus que pintava e bordava como soberano sem concorrente no Olimpo.
Zeus, não custa lembrar, era casado com a vingativa protetora das mulheres grávidas Hera. Ciumenta lá com suas razões, pois o maridão não era brinquedo. Com ela teve meia dúzia de bruguelos importantes e com outras muitos outros, que se tornaram famosos como Hércules, que Hera tentou matar de todas as maneiras.
Hércules foi fruto da união de Zeus com Alcmena, a mulher de Anfitrião, rei de Tirinto.
Entre os filhos de Zeus, fora Hércules, estão Afrodite, Ares, Hefesto, as nove musas do Olimpo e Apolo, irmão gêmeo de Ártemis…
À propósito, Apolo era doido pelo amor do mortal espartano Jacinto, que era também disputado pelo deus Zéfiro, mal casado com a deusa Íris.
Íris é personagem de Ilíada.
Cupido, filho de Vênus, mete flecha no coração de tudo quanto é ninfa habitante da ilha dos amores constante em Os Lusíadas.
Antes de Camões, Ovídio andou falando de amor. Mais do que isso: definiu e ensinou a quem quisesse aprender a arte de amar.
Virgílio

A Arte de Amar é uma obra curiosa e atual, distribuída em três pequenos volumes.
No 1° volume, diz Ovídio:
É justo o que peço: que a moça que ainda há pouco me cativou ou tenha amor por mim ou faça com que tenha eu amor por ela.
Ah, foi demasiado o meu desejo! Que apenas consinta em ser amada, e já Citereia terá ouvido todas as minhas súplicas.
No 2° volume, o poeta nos dá uma aula sobre a Beleza:
Longe de nós todos os meios proibidos. Para ser amado, seja amável, pois não é suficiente a beleza dos traços ou do corpo. Assim mesmo você será, Nireu, amado pelo velho Homero, ou Hilas, de delicada beleza, que as Náiades raptaram por um crime. Se você quer conservar sua amiga e não ter nunca a surpresa de ser abandonado por ela, una os dons do espírito às vantagens do corpo…
E lá pras tantas, já no 3° volume, quase no final, ele destaca:
Onde me deixei levar, insensato que sou? Por que ir ao encontro do inimigo com o peito aberto? Por que me denunciar? O pássaro não ensina ao passarinheiro os meios de prendê-lo; a corça não ensina a correr os cães que se lançam contra ela. Que importa meu interesse? Prosseguirei lealmente em minha empreitada e darei às mulheres de Lemnos as armas para me matar.
Façam de conta (e é fácil) e nós nos sentiremos amados: a paixão se convence facilmente do que ela deseja. A mulher só precisa lançar sobre seu amigo um olhar mais amoroso, suspirar profundamente, perguntar por que ele vem tão tarde. Acrescente lágrimas, a cólera de um fingido ciúme, e arranhe-lhe o rosto com suas unhas. Ele ficará logo persuadido; será o primeiro a se comover; ele dirá: “Ela me ama loucamente”, principalmente se ele for elegante e se admirar no espelho, se acreditará capaz de alcançar o coração de uma deusa. Mas, em todo caso, não se deixe aborrecer demais por uma ofensa, e não perca a cabeça ao saber que tem uma rival!
Antes de Ovídio, e ainda na Antiguidade, Virgílio, no seu clássico Eneida, não deixa de falar de amor. Diz:
Homero
Porém Apolo de Grínia ordenou-me há pouquinho buscarmos a Grande Itália, essa Itália que os vates da Lícia apontaram. Ali, o amor; ali, a pátria.
E antes de Virgílio, Homero no seu Ilíada põe sereias à disposição do herói Ulisses, cuja mulher Penélope o aguarda de volta pacientemente. Fora lutar em Tróia onde uma guerra estourara depois que a rainha grega Helena, mulher de Menelau, rei de Esparta e irmão mais novo de Agamémnon, foi raptada pelo príncipe guerreiro troiano Páris. Foi quando o tempo fechou com raios e trovões pondo em rebuliço o mar que de repente encheu-se de sangue.

Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora

sábado, 16 de março de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (81)

Camões
O tesão, como se diz hoje, é fogo que arde nas entranhas e vem à tona na forma de faísca nos olhos e fogo no corpo.
O inspirado português Luiz Vaz de Camões (1524-1580), vai mais longe:

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor


Na sua obra-prima, Os Lusíadas, o autor fala de amor, sexo e sensualidade entre marujos e sereias
encantadas habitantes de uma certa ilha criada pela deusa Vênus. Essa referência está no Canto IX. Eu recriei:

Há na Ilha dos Amores
Mitos e lendas no ar
E figuras encantadas
Dançando à luz do luar
Enquanto o vento canta
Antigas cantigas do mar

Desde sempre se sabe
Que na vida é bom sonhar
Na Ilha dos Amores
Não é pecado pecar
Pecado é não ouvir
Os cantos que vêm do mar

Essa ilha foi o lugar que a deusa Vênus arrumou para alegrar o corpo e a alma dos marujos que se aventuraram mar adentro acompanhados de Vasco da Gama até o desconhecido país Índia, na Ásia.

sexta-feira, 15 de março de 2024

DEU SONO ZZZZZ

Hoje já não é como ontem. Exemplo: houve um tempo que eu acordava no melhor do sono. Às vezes, pesadelo. 
Quando eu acordava sobressaltado ao escapar de uma geleira, por exemplo, eu gritava e pulava da cama num piscar d'olhos.
Às vezes eu caía na besteira de dizer isso a um filho, uma filha, de quem ouvia sarcasticamente a perguntinha irritante: pai, você perdeu o sono e o reencontrou depois?
Mais ou menos isso.
Confesso que sempre dormi pouco: cinco ou seis horas, no máximo. 
Pois, pois, desde sempre. Até hoje. Não durmo de dia e não sofro indisposição. 
Alguém, e mais de uma pessoa, já me disse que o nosso corpo carece de pelo menos oito horas de sono.
Faz sentido. 
O dia tem 24 horas, dividido por 3... Olha aí: sobram 16 horas pra trabalhar e gandaiá no circo da vida.
Bom, tenho mais de 16 horas diárias pra não fazer nada. Só um textinho aqui, outro ali; um poeminha e coisa e tal. O tempo sobrante é todo disponibilizado ao corpo e alma do meu amor: Flor Maria. 
Meu amigo, minha amiga, você sabia que hoje é o Dia Mundial do Sono? ZZzzzz

quinta-feira, 14 de março de 2024

HOJE É DIA DA MATEMÁTICA

Olha aqui, conte comigo: um, dois, três... oito,  nove... catorze!
Pois bem, 14 de março, é o Dia Internacional da Matemática. 
Pois bem, existe também o Dia Nacional da Matemática: 6 de maio.
O 6 de maio foi o dia que nasceu o carioca Júlio César de Mello e Souza tornado famoso através do pseudônimo Malba Tahan. Seu livro mais conhecido é O Homem Que Calculava.
Júlio César foi professor de Ciências, Geografia e Matemática, claro.
Entre romances e livros referentes à principal matéria que ministrou somam-se mais de 110 títulos. 
Malba Tahan era craque dos craques em História, inclusive.
Também era um exímio contador de histórias. Chegou a adaptar até o clássico As Mil e Uma 
Noites para crianças e adolescentes, principalmente. 
Eu não conheci Júlio César de Melo e Souza, mas até hoje admiro profundamente sua obra. Morreu no dia 18 de junho de 1974, em Recife, PE. Guardo comigo vários livros de sua autoria. 

domingo, 10 de março de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (80)


O sexo, o desejo, o amor e essas coisas todas estão entranhadas em nós, incuráveis pecadores. 
Até nas sagradas escrituras, precisamente em Cântico dos Cânticos, o amor físico se acha presente, como se representasse Deus como pessoa. Um trecho:
Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho.
Suave é o aroma dos teus ungüentos; como o ungüento derramado é o teu nome; por isso as virgens te amam.
Leva-me tu; correremos após ti. O rei me introduziu nas suas câmaras; em ti nos regozijaremos e nos alegraremos; do teu amor nos lembraremos, mais do que do vinho; os retos te amam.
Eu sou morena, porém formosa, ó filhas de Jerusalém…
O Cântico dos Cânticos, que se acha em Gênesis, é desenvolvido em 8 capítulos. Um trecho:
Formosas são as tuas faces entre os teus enfeites, o teu pescoço com os colares.
Enfeites de ouro te faremos, com incrustações de prata.
Enquanto o rei está assentado à sua mesa, o meu nardo exala o seu perfume.
O meu amado é para mim como um ramalhete de mirra, posto entre os meus seios.
Como um ramalhete de hena nas vinhas de En-Gedi, é para mim o meu amado.
Eis que és formosa, ó meu amor, eis que és formosa; os teus olhos são como os das pombas.
Eis que és formoso, ó amado meu, e também amável; o nosso leito é verde.
Foto e reproduções de Flor Maria e Anna da Hora

sábado, 9 de março de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (79)

Erasmo de Rotterdã
 … Que seria esta vida, se é que de vida merece o nome, sem os prazeres da volúpia? Oh!
Oh! Vós me aplaudis? Já vejo que não há aqui nenhum insensato que não possua esse
sentimento. Sois todos muito sábios, uma vez que, a meu ver, loucura é o mesmo que
sabedoria…
(Erasmo de Rotterdã, Elogio da Loucura)
Erotismo, luxúria, libertinagem, lascívia, volúpia, libidinagem. 
Essas são palavras que têm, na prática, o mesmo significado. 
A prática sexual é algo comum desde o surgimento do mundo, desde que nascemos, nós e todos os animais falantes, berrantes, sibilantes e tal. 
O chamado pecado original ocorrido no Éden teve por princípio a provocação, a lascívia, representada por uma traiçoeira cobra e uma aparentemente inocente maçã. Isso no princípio, mas depois Deus recomendou que crescêssemos e multiplicássemos. Foi então que Adão e Eva mandaram brasa. Está em Gênesis, o primeiro dos 73 livros que formam a Bíblia. 
E é na multiplicação que se acha um dos maiores problemas da humanidade.
Já somos mais de oito bilhões de homens e mulheres comendo o pão que o Diabo amassou com seus cascos sujos.
E as guerras mundo afora vitimando todo mundo, hein?
Como será daqui pra frente se continuarmos a nos multiplicar e a maltratar o nosso próprio meio ambiente?
Vida saudável não combina com depredação ambiental.
Ainda pela metade do século 20, o bambambã do cinema norte-americano Orson Welles (1915-1985) assustava os ouvintes de rádio com uma narração ao vivo de uma suposta invasão da Terra por ETs. Foi uma loucura, registrou a imprensa. 
Enquanto Welles aprontava, cientistas procuravam o caminho da modernização tecnológica. 
Nos EUA, o indiano de origem George Orwell (1903-1950) já previa TV ao vivo com programa do tipo Big Brother. Aliás, esse personagem se acha por inteiro no romance 1984, do referido Orwell.
Na década de 80 do século 20, a Internet chegou revolucionando o mercado em todo o mundo.
A revista semanal Veja, edição de 13 de fevereiro de 2013, trazia na capa a manchete: Você Quer Transar Comigo?
Pois é, àquela altura a Internet já servia de instrumento de onanistas e tal.
Sem falar no WhatsApp que distancia cada vez mais as pessoas do telefone ao vivo, figurinhas inventadas como Alexa e aqui já estamos falando de inteligência artificial tornando o mundo cada vez menor. 

sexta-feira, 8 de março de 2024

SEM MULHER NÃO HAVERIA HOMEM

Muita coisa é dita somente da boca pra fora. Sabemos e é de lamentar. Porém, sempre foi assim. 
No tempo da pedra lascada e do toco torto os machos carregavam literalmente as mulheres pelo cabelo. Como um animal qualquer. Como uma fêmea qualquer. E o macho, por natureza, mostrava do seu jeito grosso a sua maneira lamentável de ser.
Em alguns países, ou todos, a mulher ainda é considerada pelos machos apenas um animal que dá prazer sexual. 
Uma das figuras criadas pelo machismo atende por gueixa. Surgiu no Japão medieval ou sei lá!
Estou no capítulo 32 do livro Xógum, do escritor inglês James Clavell. É um calhamaço de 998 páginas, mas estou gostando. Trata de uma saga japonesa nas origens. Tem navios, guerra, samurais; política, poder, corrupção, paixão, amor, sexo...
Para os japoneses, a palavra amor que tão bem entendemos tem ou tinha sentido diferente lá na terra do sol nascente.
Mas por que diachos eu falo isso?
Antes de mais nada, lembro do livro de Clavell porque fala de gueixa e tudo mais.
As mulheres japonesas, incluindo as gueixas,  achavam ou ainda acham que nasceram simplesmente para obedecer rigorosamente as ordens e as vontades mais íntimas dos machos. Pois é. Servil. Apenas isso. Ai, ai.
No final dos anos 1940 foi aprovada em assembleia na ONU a tão manjada Declaração dos Direitos Humanos.
No Brasil de 1988 foi aprovada, no Congresso, a nossa 7a. Constituição. Aí pelo Artigo 5° consta que homens e mulheres são todos iguais perante a lei.
Balela o que diz o artigo aí, pelo menos em parte.
Fica claro no comportamento dos homens que são mais iguais do que todos. Pena. Sou homem, sim, mas não me comporto de tal maneira. 
Na literatura nacional há muitos exemplos de feminicídio, de personagens masculinos que por ciúme matam as personagens femininas por se sentirem traídos. 
No livro Til, do escritor cearense José de Alencar, há caso de feminicídio e outros e outros. A história se passa numa fazenda do interior paulista. Foi publicado em 1872.
Já andei escrevendo sobre isso, aqui mesmo neste Blog. 
Andei falando também sobre feminicídio praticado na ficção musical e até por compositores.
Bom, hoje 8 de março, é o Dia da Mulher. Aliás, entendo que o dia da mulher é todo dia. 
Sem fêmea não haveria vida.
Sobre o tema escrevi o poema Avante Mulher! É esse aqui:

Mulher tu tens a força
E a boniteza do mar
Avante mulher, avante!
Vens pra vida, vens lutar

Quem não luta nada tem
O ideal manda lutar
Avante mulher, avante!
Tu tens a força do mar

Além dessa força tu tens
O brilho que tem o luar
Avante mulher, avante!
O perigo ronda o ar

A injustiça perdura
Em tudo quanto é lugar 
Avante mulher, avante!
A vida precisa mudar

quinta-feira, 7 de março de 2024

CONVERSA COM JORGE RIBBAS

Pois é, todo dia é dia bom quando acordamos bem.
Já lavei pratos, fiz ginástica, tomei banho e fiz a barba. Rotina.
O professor de ginástica Anderson Gonzaga, como sempre, pontualmente chegou às 8h.
Poucos minutos depois das 8h, chegou o músico e compositor pernambucano Jorge Ribbas. É bambambã.
Aproveitei a ocasião para prosearmos um pouco sobre coisas do dia a dia. Música, por exemplo.
Jorge acaba de completar 60 aninhos. Foi ontem 6.
O papo de hoje foi gravado por Anderson. Ouça e veja:


quarta-feira, 6 de março de 2024

CAÇADA SEM FIM

Não sei se vocês se lembram de um personagem que deu título a uma série de TV americana ali pelos anos de 1960. Chama-se O Fugitivo, interpretado por David Janssen (1931-1980).
O seriado passava em p&b na TV, uma vez na semana. Terminava sempre na hora em que o cara escapava de um cerco armado por policiais loucos para pegá-lo.
Eu e todo mundo torcíamos para que o fugitivo nunca fosse preso. 
Fugas extraordinárias sempre ocorreram e ocorrem na vida real. Em qualquer parte do mundo. 
Há pouco tempo a polícia brasileira dedicou semanas no encalço de um assassino, em Goiás, GO.
Há poucos meses um brasileiro, cumprindo pena por assassinato, fugiu de uma prisão de segurança máxima nos States.
O fugitivo dos EUA foi agarrado e levado de volta ao xilindró. O fugitivo de Goiás, foi morto por uma saraivada de tiros. Nem a alma escapou.
Agora, desde o dia 14 do mês passado, dois marginais de alta periculosidade escaparam de um presídio em Mossoró, RN.
Os fugitivos, Deibson e Rogério, sumiram por encanto. E até agora, quase um mês depois, um contingente de polícias armados até os dentes não conseguiu freiar a fuga dos dois, integrantes de uma organização criminosa identificada como Comando Vermelho.
A Polícia Federal está oferecendo R$30.000 para qualquer informação que leve aos fugitivos.
Os policiais, armados de bombas, revólveres, fuzis, metralhadoras e o diabo a quatro, estão sendo passados para trás simplesmente por esses dois fugitivos.
Algo parecido ocorreu com um cara chamado Virgulino Ferreira da Silva, que foi morto de emboscada no dia 28 de julho de 1938 em Sergipe, SE.
David Janssen interpretava um personagem acusado de um crime que não cometeu.

terça-feira, 5 de março de 2024

O BRASIL DOS BRASILEIROS



O Brasil é, dentre todos os países, o xodó de Deus. Não há outro igual. E olha que eu conheço o mundo, hein? De leitura e de corpo presente por aí afora.
Aqui na terra Brasilis tem de tudo e tudo que se plantar, dá. Já dizia de forma escrita o primeiro missivista, Pero Vaz de Caminha, a por os pés por cá. Isso em 1500, quando Cabral e aventureiros acharam este país de Deus.
Neste país de Deus tem poeta, tem romancista, tem músicos de tudo quanto é linhagem. 
Não à toa, o Brasil de Deus e de todos os brasileiros é aplaudido por todo mundo. O Brasil é infindável, com sua riqueza natural.
Dentre os brasileiros poetas tem Patativa do Assaré. 
Patativa do Assaré, de ideias originais, nasceu em 1909 num dia como hoje, 5 de março. Foi uma espécie de porta-voz do seu povo: do sertão para o mundo. 
Em 1999, pouco mais de 20 anos de conhecer Patativa, fui a Assaré, CE, com o propósito de conhecer a terra e escrever um livro sobre o poeta. Fui junto com o craque da fotografia Gal Oppido. O livro (aí nas minhas mãos) saiu pelo selo CPC/Umes.
É bom declamar Patativa de todos os modos, de todo jeito e em todo canto. Até numa bicicleta que não sai do lugar, como esta em que eu estou. Clique:



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