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domingo, 19 de abril de 2020

O POETA MAIS MUSICAL DO BRASIL (1)

O poeta recifense Manuel Bandeira (1886-1968) passou a vida à margem de pragas; edemias, epidemias e até uma pandemia, a de 1918.
A pandemia de 1918, conhecida como Gripe Espanhola, levou ao túmulo milhares e milhares de brasileiro no curto tempo de quatro, cinco meses. Essa doença, a espanhola, chegou ao Brasil em setembro de 1918. Nesse ano, em dezembro, morreu "gripado" o poeta Olavo Bilac. Em janeiro de 19 foi a vez de a gripe matar o presidente da República Rodrigues Alves.
Gripe é gripe. E como tal também é chamada a Tuberculose.
Manuel Bandeira teve o peito atacado pelos bacilos do Koch, que o levaram a morte aos 82 anos de idade.
Muita gente morreu de Tuberculose no Brasil e no mundo todo...
A literatura é rica no tema.
A Montanha Mágica é um romance do alemão Thomas Mann (1875-1955). Conta a história Hans Castrop que sobe os Alpes pra visitar o primo Joachim que estava se curando da "gripe". Num sanatório, é claro. E nesse sanatório o Hans acaba ficando por anos. Vale a pena ler esse livro.
Outro livro que vale a pena ler, que tem como tema a Tuberculose, é Floradas na Serra, da paulistana Dinah Silveira de Queiroz (1911-82), cuja leitura também recomendo.
Manuel Bandeira deixou um rastro de beleza no mundo, pela poesia que fez.
Embora nascido de família abastada, Bandeira identificou-se poeticamente com os deserdados da vida. Exemplo?

"Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem."

Bandeira, na sua obra falou de tudo. Nada lhe escapou aos olhos. Falou de belezas e tristezas, de feiuras e tudo mais.
Na sua poética, Bandeira inspirou muita gente. Inclusive Chico Buarque, de quem foi amigo.
Bandeira e Chico nasceram tímidos. Chico superou a sua timidez, Bandeira não.
Ouve um tempo em que Chico Buarque, estudante de arquitetura em São Paulo, ia duas vezes por semana à região da Praça da Luz distribuir, com amigos, cobertores para os miseráveis da vida. A região da Luz paulistana era, principalmente no passado, uma região de desesperados e prostitutas. Isso foi registrado numa música feita por David Nasser e Nelson Gonçalves. Ouçam:

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