Os paulistas descendentes de espanhóis Tonico e Tinoco, de batismo João e José Perez, o primeiro da safra de 1917 e o segundo de 1920, morreram.
Tonico, no dia 13 de agosto de 1994; e Tinoco hoje de madrugada, vítima de parada cardíaca.
Tonico e Tinoco formaram uma das mais preciosas duplas sertanejas do Brasil, no sentido mais completo do termo.
Eram autênticos no compor, no falar e no cantar.
Deixaram quase 170 discos de 78 RPM e 90 LPs gravados, além de compactos simples e duplos às dezenas.
O primeiro disco de 78 RPM que eles gravaram, para a Continental, trouxe o cateretê Em Vez de me Agradecer, de Ariowaldo Pires, Jaime Martins e Aimoré, do lado A; do lado B, a moda Salada Internacional, do referido Pires, mais Palmeira e Piraci.
Essas duas músicas foram gravadas no dia 8 de abril de 1944 e lançadas em julho do ano seguinte.
Curiosidade: na gravação da primeira música, a voz possante de Tinoco arrebentou o microfone. Por causa disso, faltou pouco para os dois serem mandados embora por começarem a dar “prejuízo”, segundo alguém da direção da gravadora.
O primeiro LP da dupla a ir à praça intitulou-se Tonico e Tinoco com Suas Modas Sertanejas, em 1958, pela já referida e extinta Continental.
Tonico e Tinoco foram descobertos pelo compositor tieteense Ariowaldo Pires, chamado de Capitão Furtado.
A maioria das músicas gravadas pela famosa dupla ganhou o formato de CD.
Conheci Tonico e Tinoco na segunda parte dos anos de 1970, quando os procurei para uma entrevista que
ocupou três páginas do suplemento dominical Folhetim, do paulistano Folha de S.Paulo.
Depois, publiquei muitos outros textos sobre ambos.
E até três discos deles nos formatos de LP e CD incluímos na coleção Som da Terra, da Warner/Continental em 1994, cujos textos de apresentação levaram a minha assinatura.
A última vez que encontrei Tinoco (no clique de Andrea Lago, acima) foi em 2008, num estúdio onde gravamos o CD Assis Ângelo Apresenta Inéditos de Capitão Furtado e Téo Azevedo, com sua participação e participação de Inezita Barroso, Moacir Franco, Muybo Cury, que também já partiu; Mococa & Paraiso e Rodrigo Mattos & Praiano, entre outros artistas.
A última homenagem a Tinoco - e seu irmão, Tonico - se acha na exposição Roteiro Musical da Cidade de São Paulo, instalada na Área de Convivência do Sesc Santana.
CORISCO
Quem também já se acha noutro plano de vida desde o último feriado é Waldemar Marchetti, no meio musical conehcido por Corisco. Seu principal instrumento era o pandeiro. Gravou poucos discos, como Outro Show de Bossa, com Os Sambaloucos (Philips, na reprodução da capa abaixo), e integrou grupos dos maestros Silvio Mazzuca, Totó, Pocho e Léo Peracchi, ex-professor de Tom Jobim. Preferiu a carreira de empresário da música. Para isso, fundou a editora musical Arlequim. Fazem parte da sua história Chico Buarque, Hermeto Pascoal, Paulo Vanzolini, Paulinho Nogueira, Paulinho da Viola, Zé Kétti, Tom Zé, Tim Maia, Milton Nascimento, Jorge Bem, Caetano, Belchior, Toquinho, Vinicius e Garoto, entre outros. Uma vez eu lhe disse que estava às voltas com uma pesquisa sobre músicas de autores brasileiros gravadas noutras línguas. De pronto ele chamou um de seus sócios, Juvenal Fernandes, já desaparecido, e autorizou que fizesse uma busca nos arquivos da editora. Dias depois recebi em casa alguns compactos com músicas de brasileiros vertidas para outros idiomas. Mas ele era um personagem polêmico. A missa de 7º Dia em sua memória será celebrada amanhã, às 15h30, na Igreja Nossa Senhora de Fátima, à Rua Barão da Passagem, 971, Vila Leopoldina.
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