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sábado, 16 de maio de 2020

LACERDA, CULTO E BARULHENTO (II)


“O Estado brasileiro, hoje, já se parece muito mais com um Estado totalitário do que com uma estrutura democrática.”
A frase aí foi dita de improviso pelo Deputado Federal, RJ, Carlos Lacerda, em 1957.
Lacerda(1914-77) foi um poço de profundas e gloriosas polêmicas. Assustou a muita gente.
Novo, integrou a Juventude Comunista. Depois, imputado como traidor, foi expulso da agremiação.
No correr do tempo, entrou para a Aliança Nacional Libertadora (ANL). Nela, assinou um manifesto em favor da cultura popular brasileira. Posteriormente, teria a seu lado o escritor Gustavo Corção, o crítico de arte Mário Pedrosa (tio de Geraldo Vandré), o humorista Millôr Fernandes e outras sumidades da intelectualidade tupiniquim da época.
Na meia dúzia de LPs que deixou, há preciosidades do seu talento de grande improvisador. Seus discursos, ao mesmo tempo que encantavam, deixavam muita gente de cabelo em pé.
No dia 15 de maio de 1957, Lacerda discursou à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal durante dez horas seguidas. Na ocasião, defendia o mandato de
deputado, que poderia perder. Nesse discurso, citou Pavlov,La Fontaine, Roosevelt, Homero e deuses do Olimpo, como Júpiter, Marte e Cupido. Interessantíssimo.
Lacerda, foi tradutor de Shakespeare. 
Lá pelas tantas, defendendo-se de acusadores, diz ser “um homem livre, por não ter ódio”.
Segundo ele, “quem odeia transforma-se no escravo do outro”.
Para o bem ou para o mal, Carlos Lacerda foi um dos maiores oradores que já passaram pelo Congresso Nacional.
Prova viva disso é o que está nos seus discos.
Não custa lembrar que Lacerda foi o gatilho que disparou a bala no peito do presidente Getúlio Vargas, em 1954.
Os discursos improvisados de Carlos Lacerda servem, ainda hoje, tanto para a direita quanto para a esquerda.
Sem dúvida, ele foi um mestre da palavra, cultíssimo.
Lacerda começou a carreira política como vereador.
Foi deputado federal e governador pelo extinto Estado da Guanabara (1960-1965).
Curiosidade: foi de esquerda (comunista), virou à direita (UDN) e, depois de exilado teve seus direitos políticos cassados pelo famigerado AI-5, em 1968.
Os discos que legou para a posteridade estão no acervo do Instituto Memória Brasil (IMB).

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