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segunda-feira, 29 de junho de 2020

O CEGO E O DUBLADOR

Não é de hoje que penso como era a vida humana no passado remoto.
Como era a fala do homem, da mulher, das pessoas?
Será que a fala do povo antigo, quando nem povo era, era apenas um gruído? Um som diferente vindo lá de dentro?
Muito tempo passou até que as ínguas passaram a se entender. Isto é, o povo passou a se entender verbalmente.
Até chegar aqui muita água passou debaixo da ponte.
Penso essas coisas todas por lembrar da importância da fala: eu falo, tu falas, ele fala...
Hoje é o Dia do Dublador.
O que esse dia tem haver com o que falei até aqui?
O cinema é uma invenção de fins do século 19. Era mudo. As cenas, os movimentos, as paisagens... Tudo era mudo, até as pessoas fazendo graça.
Meu amigo, minha amiga, você assistiu algum filme do Chaplin? Se sim, é certo que já imagina o ponto em que quero chegar.



Há anos perdi a luz dos olhos. E não adianta procura-la porque a mim não voltará.
Pois bem, é aqui o ponto: os dubladores são pra mim, e pra todos os cegos, de importância fundamental.
O dublador e o narrador, com sua voz, são os olhos de quem não enxerga. Daí a importância tão grande que é a figura de um e de outro na minha vida, na nossa vida.


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