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segunda-feira, 19 de outubro de 2020

TEM BODE NA HORTA

O senado brasileiro foi criado no dia 6 de maio de 1826. Tempos do Império. Pedro I mandando e desmandando, antes e depois de entrar para a história como o libertador da Pátria após dar o grito que não deu às beiras do riacho Ipiranga, na zona sul da Capital paulista. 
Que se saiba, não houve escândalos cabeludos no Senado à época do Império.
O jornalista e escritor Machado de Assis (1839 - 1908) costumava cobrir os debates que ocorriam no Senado presidido pelo Marquês de Santo Amaro, de batismo José Egídio Álvares de Almeida (1767 - 1832). Santo Amaro aqui citado é o mesmo Santo Amaro baiano onde nasceram Caetano e sua irmã Bethânia. E o cantor pioneiro na gravação de discos Manoel Pedro dos Santos (1870 -1944). 
Ao contrário dos tempos do Império, os tempos atuais têm registrado escândalos a dar com pau no nosso Senado. Escândalos de todo o tipo. Até de assassinato, peculato, o escambal. 
Até o pai do ex-presidente e atual senador Fernando Collor de Mello, Arnon de Mello, andou dando tiros nas dependências do Senado. Isso em 1963. Um dos tiros atingiu e matou o suplente de senador José Kairala. O assassino foi absolvido.
Um em três senadores respondem atualmente algum tipo de processo no STF. Muitos por corrupção, peculato. 
Quando o Senado foi criado, os senadores, em número de 50, eram nomeados pelo imperador. Hoje 81 cadeiras ocupadas pelo que determina as urnas.
Cassar um Senador ou Deputado é a coisa mais difícil do mundo. 
O caso recente do Senador pego em flagrante com a cueca e as partes pudendas cheias de grana pode simplesmente sair-se livre, leve e soltinho da silva da encrenca em que se meteu. Agora mesmo, ele anda dizendo que nunca fora abordado pela polícia e, surpreso, o primeiro pensamento que lhe veio na ocasião foi esconder o dinheiro que pagaria a seus empregados. É mole? 
Enquanto isso, o presidente da casa Davi Alcolumbre costura um meio de preservar o caro colega das garras da justiça. 
A isso dá-se o nome de spirit de corpus, que vem a ser a defesa de um por todos ou todos por um. O popular, porém, chama isso "espírito de porco". 
O senado é uma espécie de casa de mãe Joana ou uma verdejante horta, onde os bodes se refestelam. 
Alcolumbre quer ganhar mais um mandato como presidente do Senado. Isso é claro e para isso ele precisa dos votos de todos os seus coleguinhas. Inclusive dos que estão com as mãos sujas culpa e a alma vendida ao demo pelas maldades praticadas contra o povo. 
No STF há, no momento, mais de 500 processos criminais contra senadores, deputados e outros figurões que gozam de foro privilegiado. 
O que escreveria o jornalista Machado de Assis numa situação dessa, hein?



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