O dia 31 de março de 1964, foi tranqueira, no Brasil.
O dia 31 de março, aquele, fez os quartéis verde-oliva, de botinas e baionetas, entrarem em estado de ebulição.
Naquele dia, 31 de março, os quartéis pareciam formigueiro.
Findo o 31, o dia 1º de abril amanheceu salpicado de blindados nas ruas do Rio de Janeiro.
No decorrer daquele dia, o Brasil foi violentado por trogloditas do sistema militar que se empunha batendo, prendendo, matando, perseguindo...
No dia 31 de março de 1935, nascia em Portugal alguém que se chamaria Maria Ruth dos Santos.
Essa Maria cresceu num ambiente pobre, difícil, lá no Porto.
Essa Maria comeu o pão pisado pelos cascos do Demo. Ela e a mãe, Marília.
Abandonada pelo marido, Marília não sabia o que fazer e a filha diz: Brasil. E as duas pegaram um navio e, em 1951, desembarcaram no porto de Santos.
A história de Maria Ruth dos Santos é uma história simplesmente fantástica.
Essa Maria deu nó em pingo d'água, lutou contra todas as correntes e transformou-se na mais ousada e vencedora mulher do teatro brasileiro.
Ela foi tudo na vida, profissionalmente falando.
Muito nova ainda, entrevistou os ditadores Salazar (Portugal) e Násser (Egito).
As entrevistas que fez com esses personagens levaram seu nome ao mundo.
Essa Maria se casaria com um filósofo, de quem herdaria o sobrenome Escobar.
Ruth Escobar andou com Deus e o Diabo no Brasil.
Ruth participou de todos os momentos importantes para a classe artística, nos momentos mais duros da ditadura militar.
Ela defendeu pretos e brancos, lésbicas, gays, pessoas no geral.
Ruth como atriz, agitadora cultural e empresária, criadora do teatro que leva seu nome no bairro paulistano da Boa Vista, foi além do limite comum. Ampliou fronteiras, desafiou-se e desafiou os poderosos de plantão no seu tempo.
O livro Metade é Verdade (SESC; 2021), de Álvaro Machado, conta um monte de coisas sobre essa mulher guerreira.
Como leitura excepcional, recomendo esse livro.
Ruth Escobar morreu no dia 5 de outubro de 2017, em São Paulo. De Alzheimer.
No dia 20 outubro de 2015, Ruth Escobar foi personagem do programa Persona em Foco. Da TV Cultura. Veja:
Em nome da liberdade, ditadura nunca mais.
Que Bolsonaro vá de volta para o fundo dos Infernos.
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