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segunda-feira, 16 de setembro de 2024

DEU PAU NA TV

Assis, Klévisson, Evaristo e Dantas

O Brasil tá pegando fogo de todo jeito: nas florestas e até na TV. Eu não ia falar disso, não.
Na verdade eu pretendia falar aqui, hoje, sobre amigos e parceiros de Luiz Gonzaga recém mortos.
Este ano morreram Téo Azevedo, Tânia Barbosa e agora há pouco Janduí Finizola.
Chegaram agora há pouco cá em casa os amigos queridos Klévisson Viana, Evaristo Geraldo da Silva e Dantas do Forró. Dois cearenses e o último pernambucano. 
Dantas, depois de me abraçar, trouxe a má notícia da morte do compadre Andrade, criador do tradicional restaurante que leva seu nome. Fica ali na rua Arthur Azevedo, em Pinheiros, SP.
Bom, já que aí em cima toquei no assunto fogo,  continuo.
Estou afastado dos jornais, revistas, rádios há muito tempo. Ninguém me quer, fazer o quê?
Como ninguém mais me quer pra dizer nada aí nas mídias citadas, fico a acompanhar notícia pelo rádio e também pelo áudio da TV. Assim foi que ouvi provocações e quebra paus, literalmente falando, no bate e rebate levado ao vivo na Cultura.
Era noite e praticamente no começo do bate e rebate, quando Pablo não-sei-o-quê provocou e provocou à exaustão o apresentador de TV Datena, chamado pelo provocador de "Dápena".
Não suportando o ataque lamentável, Datena deu de garra de uma cadeira e a tascou na cabeça do fulano. Foi pouco. 
Pois é, enquanto isso o Brasil anda pegando fogo.
Em Brasília, deputados e senadores estão mais preocupados é com as "emendinhas" de milhões e tal.
Chega, né?
Bom, Klévisson cheio de graça pergunta se eu conheci um tal cearense chamado Quintino Cunha. Não, eu disse. E ele... Ouça:

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

SEXTA 13 DE SORTE OU AZAR?

É bom viver.
Viver é magia, até porque a vida não pedimos. Ela vem, assim simplesmente: um homem e uma mulher juntam-se, amam-se juntando os corpos... E aí nascemos.
A vida é mágica. Coisa boa.
Complicamos a vida por que?
A vida é cercada de mistérios...
Há quem acredite em sorte e má sorte. Pois, pois.
Má sorte é azar.
Meu amigo, minha amiga, você acredita em sorte e azar?


DIA DA CACHAÇA

Pois é, meu amigo e amiga: hoje é o Dia Nacional da Cachaça.
Esse dia é recente, mas nos leva ao século 16.
Não tenho dúvida: a cachaça surgiu no interior de São Paulo, Litoral, mais precisamente em São Vicente.
São Vicente foi a primeira cidade brasileira, criada por Tomé de Sousa em 1532.
Foi lá em São Vicente que os portugueses criaram engenhos pra fazer da cana açúcar e cachaça,

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

O FOGO TÁ COMENDO TUDO!


A Fauna e a Flora brasileiras são ou eram as mais diversificadas e ricas do planeta. No total há ou havia, até há pouco, 1.622 tipos de aves e 46.097 tipos de plantas. Mas o fogo tá comendo tudo. 
A maior das nossas aves é o Gavião Real que chega à casa dos 2 metros de envergadura. A menor é um passarinho titica chamado popularmente de caçula, que mede algo em torno de 6 centímetros e pesa 5 gramas.
O prejuízo é incalculável. Morre onça pintada e não pintada, morre macaco-prego e macacão, cobra, peixe e tudo. O resultado disso é um desastre que se agiganta a cada minuto, a cada segundo.
Informações colhidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Inpe, dão conta de que passa de  5.300 o número de incêndios Brasil afora.
A polícia continua prendendo incendiários, piromaníacos a serviço de sacanas graduados.
O que não pode morrer é a nossa esperança, não é mesmo?
Quando penso em esperança, beleza, simplicidade, penso logo em beija-flor.
O beija-flor, essa avezinha que canta se balançando no ar, é originária do continente Americano. Só há neste Continente.
Ornitologistas chegaram à conclusão de que há, ou havia, pelo menos 87 tipos de beija-flores no Brasil.
Há um poeminha em que digo:

...Bonito é escutar
Cantiga de cantador
E trinado de passarim
De passarim peneirador
Peneirando no espaço
Cantando pra beija-flor

Mas eu não sou passarim
Nem tampouco cantador
Sou apenas um jardim
Carregador de fulôr
Feito pra encantar
Os olhos do meu amor

E fiz também isso aqui, escutem:


quarta-feira, 11 de setembro de 2024

TÁ TUDO PEGANDO FOGO!

Céu de São Paulo nesses dias poluídos

Piromaníacos a mando de canalhas continuam 
tacando fogo nas florestas brasileiras. Isso é grave, muito grave.
Até agora a polícia efetuou a prisão em flagrante de pelo menos 17 incendiários em Mato Grosso e 15, no interior paulista.
Só nesse último fim de semana foram constatados pelo menos 400 focos de incêndio em Goiás. Lá ninguém foi preso.
Goiás, no Centro-Oeste, é Estado que faz parte do Cerrado.
O Cerrado é o segundo maior dos cinco biomas brasileiros, ocupando cerca de 23% do nosso território. Quinze por cento desse total acham-se sob o "controle" de fazendeiros e outros poderosos. O restante, 8%, está sob os cuidados do Governo. Na região existem pelo menos 320 mil tipos diferentes de animais. Só de borboletas há pelo menos 900 espécies. Muitos já morreram e outros estão em extinção como o Guará.
O fogo que está engolindo Goiás, Mato Grosso e São Paulo está engolindo também cerca de 80% do verde dos nossos parques e florestas Brasil afora.
A desgraceira está sem controle, enquanto quem pode incentiva criminosos a atear fogo por aí.
A PF está em campo, no rastro dos piromaníacos.
Hoje 11 é o Dia do Cerrado, criado em 2003 quando Lula já era presidente do Brasil. A propósito, ele esteve ontem 10 na Amazônia. Foi ver em loco a desgraceira. E disse: "Nosso foco precisa ser a adaptação e preparação para o enfrentamento desses fenômenos [climáticos extremos]. Para isso, vamos estabelecer uma autoridade climática e um comitê técnico-científico que dê suporte e articule a implementação das ações do governo federal".
Ah! Sim: hoje 11 é o terceiro dia consecutivo que a Capital paulista ocupa o 1º lugar no ranking das 10 cidades com pior ar do mundo.
O cantor e compositor pernambucano Alceu Valença tem no seu repertório uma música muito bonita intitulada Flores do Cerrado. Ouça:

terça-feira, 10 de setembro de 2024

HÁ 51 ANOS MORRIA O PALHAÇO PIOLIN

Ribeirão Preto é um dos 645 municípios paulistas, distante cerca de 300 km da Capital. 
Foi lá em Ribeirão que nasceu um dos mais importantes palhaços do Brasil: Piolin. 
Piolin, de batizado Abelardo Pinto, caiu nesse nosso mindinho besta no dia 27 de março do distante ano de 1897.
São Paulo ainda tinha lá seus ricos barões do café quando, já nos anos 20, Piolin destacava-se entre os palhaços conhecidos.
Seu sucesso espalhou-se Brasil afora, mas foi entre Rio e São Paulo que ele virou o xodó de intelectuais como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia e Tarsila do Amaral. 
Entre os fãs desse grande palhaço se achava o último presidente da chamada República Velha: Washington Luiz (1926-1930).
Os tão falados modernistas fizeram uma barulhenta festa no dia de aniversário de Piolin, em 1929. 
O ano de 29 foi o ano da quebradeira da Bolsa de Valores de Nova Iorque. 
No correr da quebradeira  da Bolsa, o presidente golpista Getúlio Vargas mandou queimar milhares e milhares de sacas de café. Isso para o preço subir, mas não subiu. O que subiu, e muito, foi o desespero da baronada. 
Abelardo Pinto morreu em casa engasgado com uma bala de caramelo, no dia 4 de setembro de 1973, levando consigo a sua grande criação: Piolin. 
Criador e criatura foram sepultados no Cemitério da Quarta Parada, antigo Brás, na zona leste paulistana.

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

LUIZ WILSON PINTA O SETE HÁ 17 ANOS

Foi num setembro como este que ora vivemos que, em 1922, o Brasil e nós brasileiros fomos surpreendentemente apresentados ao rádio. Desse mês, o dia era 7. Pois, pois, há exatamente 202 anos.
O rádio encurtou lonjuras, trazendo notícias e músicas de todo o canto.
O presidente do Brasil à época era o paraibano Epitácio Pessoa. Esse Pessoa foi a Paris e de lá voltou presidente. Ora, ora... Que coisa! Mas essa é outra história.
A gente está falando de setembro de 22, não é mesmo?
O primeiro dono de rádio no Brasil foi o cientista Roquete Pinto. Chamou-se Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Bancou, fez bonito. Depois, no comecinho dos anos 30, Pinto doou a sua rádio ao governo. Vargas. Que deu voz ao Brasil.
Estamos falando de rádio AM, frequência AM e Curtas.
A rádio de frequência FM surgiu entre 52 e 55. Frequência Modulada.
A primeira dessas rádios na tal sintonia foi a Imprensa.
E esse é o ponto.
A rádio Imprensa acolhe rítmos variados do Nordeste. Algumas coisas até boas, outras...
O pernambucano Luiz Wilson estreou nessa rádio em setembro de 2007. Há 17 anos, portanto.
Esse Luiz é um cara que procura sempre estar antenado com o que ocorre no nosso país.
O apresentador do programa Pintando o Sete pinta e borda. Ou seja: canta, compõe, toca violão e improvisa poesia. É bom o cara.
Está na praça um livro contando a história do pernambucano Luiz Wilson. Título: Minha Terra, Minha Gente, Minha Vida, cuja leitura recomendo.
É isso aí, Luiz!

domingo, 8 de setembro de 2024

CEGOS FAZEM BONITOS EM PARIS

Depois de uma semana e quatro dias  terminou hoje em Paris a Paralimpíada que mais resultado rendeu desde seu início em 1960, em Roma.
O total de medalhas conquistadas por nossos representantes brasileiros soma 462 de ouro, prata e bronze. Dessas 134 de ouro, 158 de prata e 170 de bronze.
Os brasileiros estão voltando da França com 89 medalhas conquistadas por lá.
A seleção brasileira de cegos ficou em 3º lugar. O 1º coube aos franceses e o 2º aos argentinos.
A sensação brasileira da Paralimpíada em Paris foi a pernambucana Carol Santiago, de 39 anos de idade, que faturou três medalhas de ouro.
Juntando essas de ouro que acaba de ganhar com as outras faturadas em torneios anteriores, Carol já tem seis medalhas do mais cobiçado metal.
Medalhas de ouro valem 350 mil reais.
Nada mal, né?
Curiosidade: é incerto o número total de pessoas cegas no Brasil. A última pesquisa do IBGE foi feita em 2010.

ANALFABETISMO

Hoje 8 é o Dia Mundial da Alfabetização. Ser analfabeto é como ser cego. Deve ser pior, até pois ter olhos que veem mas não leem deve ser de lascar.
No Brasil há pelo menos cerca de 7% da população não sabe ler ou distinguir o O de uma roda. Pena. É muita gente.
A educação é a mola que alavanca um país.

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (128)

No Brasil de Guimarães Rosa, Paulo Dantas (1922-2007), Limeira e Manoel Camilo dos Santos (1905-1987) houve e continua havendo espaços para o fantástico. 

Camilo, como Limeira, deixou além de saudade uma obra muito bonita.

A Viagem a São Saruê por exemplo, país inventado por Camilo, começa assim:


…Eu que desde pequenino

sempre ouvia falar

nesse tal São Saruê

destinei-me a viajar

com ordem do pensamento

fui conhecer o lugar.


Iniciei a viagem

as quatro da madrugada

tomei o carro da brisa

passei pela alvorada

junto do quebrar da barra

eu vi a aurora abismada…


E lá pras tantas, segue dizendo o poeta:


…Lá os tijolos das casas

são de cristal e marfim

as portas barras de prata

fechaduras de “rubim”

as telhas folhas de ouro

e o piso de sitim.


Lá eu vi rios de leite

barreiras de carne assada

lagoas de mel de abelha

atoleiros de coalhada

açudes de vinho do porto

montes de carne guisada…


Na terra de São Saruê há de um tudo. Lá ninguém passa fome, porque lá tudo tem e tudo dá sem sequer precisar plantar. É tudo frouxo e legal. 

Quase no fim dessa história, diz o cordelista sobre amor e felicidade:


Tudo lá é festa e harmonia 

amor, paz, benquerer, felicidade 

descanso, sossego e amizade 

prazer, tranquilidade e alegria;... 


Pois é, amigos e amigas, esse cara, Camilo, deixou um monte de coisas bonitas.

Eu o entrevistei e publiquei nossa conversa no extinto diário paulistano Jornal da Tarde.


Foto e ilustrações por Flor Maria e Anna da Hora.

sábado, 7 de setembro de 2024

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (127)

Baixinho, gordinho, feinho… Tinha uma inteligência invulgar.
Esse era João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto (1881-1921), que assinava com pseudônimo de João do Rio.

Suas reportagens chamavam atenção do grande público. Eram feitas nos morros, puteiros, casas de umbanda. Por aí. O submundo era, de certo modo, o seu mundo. Simples e muito inteligente, era admirado e respeitado pela plebe e pela elite. Tinha sempre o que dizer. E ainda encontrava tempo para bebericar com amigos, brincar o Carnaval e outras festas do povo. Também para escrever e enviar cartas às pessoas de que gostava, como o português João de Barros.

Para Barros, João do Rio escreveu uma carta em que fala de orgia. Curiosa e cheia de fofoca. Deve ter sido enviada a seu amigo, um ex-ministro português, em fevereiro de 1912.


Meu caro João,
Chegou a Ema. Criaturinha insignificante. O José Moraes (o empresário) literalmente sem dinheiro, porque ela em dois anos comeu-lhe duzentos contos e estragou-lhe vários negócios, não quer ser amante e ama-a. A Ema dá ataques e fornica com toda a gente. É do sangue. A terrível senhora que me domina pela ameaça do suicídio, a senhora Aurea, apesar de ser divorcée do Porto Carrero e de sociedade, deu de fazer o Carnaval em pijama, comigo e com a Ema. Passamos quatro dias nessa orgia de que se não fala…

A Ema aí referida na carta era uma atriz bastante conhecida à época.

Ainda naquele ano de 1912, sempre no tom de fofoca, João escreveu ao seu velho xará português:

João, queridíssimo,
Tenho uma coisa impagável. Lembras-te do Amaral França, o elegante senhor do Paiz? Era o amante da madame Camacho! O marido, aquele cretino com ares de boneco de alfaiate barato – soube! Soube e teve ciúme. Então mandou cinco, nota bem, cinco amigos seguirem a feia Camacho e quando a bela Camacho (digo bela agora porque não se compreende uma adúltera feia) palpitava nos braços do Amaral, na sua garçonnière do Russell, deu-se o flagrante delito mais escandaloso do Rio de Janeiro. O divórcio é amigável. Camacho chora (isto é, Camacho fêmea) enquanto Camacho de barba olha o céu pensando ver o chifre. Isso causou na bande a impressão do raio. O nosso incorrigível ingênuo Sampaio ficou prostrado, e assegurou-me que felizmente a Marguett era angélica…

João não morreu pobre nem rico. Viveu e deixou dúzia e meia de livros pra quem quiser saber de histórias reais e inventadas que trazem a assinatura do famoso repórter.

No seu último livro A Mulher e os Espelhos (1919), João do Rio conta histórias curtas do cotidiano carioca. Nessas histórias, os personagens mais frequentes são mulheres com seus dramas pessoais; amor, sexo, adultério e violência. São textos limpos, claros, atualíssimos.

Síntese era a marca desse João.

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

QUEM MATOU O PAI DE PEDRO I?


O dia 6 de setembro de 1822 foi, para o então imperador Pedro I, um dia inesquecível.
Naquele distante dia 6, ali já pela boca da noite, o imperador acabara de deixar a casa do seu ministro José Bonifácio onde comera um moooonte de coisas. Tomou vinho e tal. Estava em Santos, SP. Em seguida pôs o pé na estrada, melhor: a mula, picou a mula em direção à Capital paulista. Montado nela.
Conta a história que foi um tormento essa viagem de Pedro I.
Ainda segundo a história, o Pedro não deu grito nenhum em prol da independência do Brasil. O grito que provavelmente tenha dado saiu do seu gogó na surdina, num gemido. Ou nuns gemidos, pois o moço estava com o intestino em desarranjo total, provocado pelas tranqueiras que comeu na casa do seu Bonifácio.
E essa é a história. Uma história.
The Guardian: The beautiful anthem
Outra história dá conta do nosso hino nacional. Na sua origem era todo instrumental e trazia o título Hino 7 de Abril. Depois, outro título: Marcha Triunfal. E finalmente, já no fim do século 19, com o Império transformado em cinzas, ganhou a obra o título definitivo de Hino Nacional Brasileiro. Porém ainda sem letra. A letra viria logo depois, assinada pelo poeta Osório Duque Estrada.
Pedro I era pai de Pedro II e filho de Dom João VI, que era filho do rei Pedro III de Portugal.
Pedro I, que morreu de tuberculose aos 35 anos de idade, entrou para a história como o herói que deu o grito da independência às margens do riacho Ipiranga. A história diz o contrário, mas o pintor paraibano Pedro Américo incumbiu-se de espalhar a história que quase todo mundo sabe, através do quadro Grito do Ipiranga. Esse quadro foi feito em Paris no ano de 1888. Encomendado.
O pai de Pedro I foi vítima de assassinato provocado por um veneno identificado como arsênio. Isso ocorreu quando ele tinha 58 anos de idade. Há quem diga que tenha sido vítima do filho Miguel, que acabaria perdendo batalha ferrenha travada contra o irmão Pedro. Foi coisa séria. Guerra Civil no Porto, com mortos, feridos e tal. Culminou com o exílio de Miguel determinado pelo mano Pedro.
Como o filho Pedro I, Dom João VI viveu boa parte da vida pulando cerca. A sua mulher, Carlota Joaquina, deu troco e gerou filhos que não eram dele. Bastardos. Pois, pois.
O Hino Nacional foi tocado pela primeira vez dia 13 de abril de 1831, no Teatro São Pedro de Alcântara, RJ.
Ah! Sim: o autor da música do nosso Hino Nacional foi Francisco Manuel da Silva (1795-1865). Esse hino foi considerado o mais bonito dentre todas as nações pelo prestigiado jornal britânico The Guardian, em 2002.

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

CEGOS EM CAMPO

Driblando com segurança 
Graça e categoria 
Nossos cegos na França 
Fazem o que Deus faria
Com guizos e bola nos pés
Da noite criam o dia

No campo esportivo, atletas não têm, nem deveriam ter, inimigos. Adversários, sim. Salutar, até porque uma coisa é diferente da outra.
Pessoalmente, acho bonito quando adversários se abraçam amigavelmente após perder uma disputa. Seja qual for.
A Paralimpíada ora em andamento na França tem sido aos meus olhos algo incrível. 
O Brasil lá na França, ora ocupa o 3° ou 4° lugar. Isso não é pouco. 
Com os meus olhos cegos vejo o mundo. 
Ser cego, nascido assim ou não, acho que não é o fim do mundo.
Fim do mundo é ficar de braços cruzados esperando o. bem bom que do céu não vem.
E aí?
A tudo nos adaptamos. Mas não é de mim que aqui quero falar.
Neste momento está começando o jogo entre a seleção de futebol de cegos do Brasil e a seleção de futebol de cegos da Argentina. É lá em Paris, pelas semifinais. 
Bom, vamos ganhar. E se não ganharmos a culpa é minha, simplesmente porque recusei-me a entrar em campo para participar da disputa. Porém, estou torcendo por nossa vitória. 
Vamos lá: fé em Deus e pé na bola!

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

POR QUE ESQUECEMOS NOSSOS ARTISTAS?

Foi não foi, ouço dizer que o Brasil é um país sem memória, desmemoriado.
Sim, acho mesmo que somos um povo sem memória. Quer dizer, o povo faz e o que faz o vento leva.
Vários personagens da nossa música popular completaram em brancas nuvens o centenário de nascimento. Entre esses o compositor e violonista Billy Blanco, o instrumentista Manezinho da Flauta e a violeira Helena Meirelles.
Pois é, esses artistas não poderiam sumir de vez da nossa memória. Se assim for, afunhenhadas estarão as próximas gerações de brasileiros e brasileiras. 
Eu conheci de perto Billy Blanco, um cara bom de papo e violão. Mais: excepcional compositor, autor de uma obra extensa e rica. Foi parceiro de artistas como Tom Jobim. Com Tom, Billy compôs Sinfonia do Rio de Janeiro. Beleza! Foi em 1960.
No início da década de 70, Billy compôs sozinho títulos que couberam certinho no LP Paulistana, homenagem sensibilíssima à Capital paulista. O disco foi à praça pela Odeon, em 1974. Dele participaram os cantores Pery Ribeiro, Claudya, Elza Soares, Miltinho...
Muitas músicas de Billy Blanco foram gravadas por muita gente boa como a paulistana Inezita Barroso.
E Manezinho da Flauta, hein?
A rigor, Manezinho, sobrinho de Pixinguinha, não era compositor. Era músico. Adotou, muito cedo, a flauta como instrumento para nos encantar. Gravou dois LPs. O primeiro O Melhor dos Chorinhos, lançado em 1967; e Gente da Antiga (1968).
Helena Meirelles foi uma figura e tanto. Uma pessoa incrível. Uma pessoa desabrida, que durante a juventude comeu e pagou o pão que o Diabo amassou. Sua casa foi um cabaré onde tudo fez para sobreviver. A sua história ela me contou com graça, sem raiva, sem amargura. Mulher fortíssima, de personalidade contagiante. Seus discos, poucos, saíram pela extinta gravadora Eldorado.
Além de saudade, esses artistas nos legaram uma obra marcante.
Foi neste ano de 2024 que Paulo Vanzolini, misto de compositor e cientista, completou 100 anos de nascimento. Era paulistano, como Inezita Barroso.
Bom, no próximo dia 21 de dezembro completam-se 100 anos de nascimento do flautista Altamiro Carrilho. Vamos homenageá-lo?
Foi em São Paulo que nos encontramos pela última vez. Em 2012, acho. Confira aí, clicando:



terça-feira, 3 de setembro de 2024

BOULOS NELES!

Boulos e Assis
Uma latomia dos infernos, foi o que foi o incompreensível debate com postulantes ao cargo de prefeito da maior cidade do Brasil: São Paulo.
O que presenciei na TV Gazeta anteontem domingo foi isso e muito mais: os "cãesdidatos" Paulo não-sei-o-quê e não sei mais quem dizendo absurdos uns aos outros. Dessa latomia inominável saíram de ladinho Boulos e Tabata, curiosamente descendentes de nordestinos. Isso é só um detalhe.
Vivo em São Paulo há quase meio século. Aqui tenho aprendido muito e mais ainda ei de aprender para passar pra frente, às novas gerações, o que aprendi e aprenderei no correr do tempo.
Foi aqui, em Sampa, que fiz grandes amizades e tal.
Foi aqui que construí um dos maiores e mais importantes acervos culturais do Brasil. Nesse acervo tem discos de tudo quanto é rotação: 76, 78, 33, 45 e tal e tal. Tem milhares de partituras musicais, jornais e revistas antigas, livros aos milhares etc.
Tomara que São Paulo não caia nas mãos de um desses cãesdidatos cujas fuças foram apresentadas no último dia 1°.
Boulos neles!

domingo, 1 de setembro de 2024

BOULOS GANHA DEBATE NA TV GAZETA

O Brasil corre risco. Seriíssimo. 
Pois é, o crime organizado continua mais organizado do que nunca. As pessoas do bem que se cuidem!
Há minutos findou o debate na TV Gazeta com os cinco dos dez candidatos a prefeito da maior cidade do Brasil e da América Latina: São Paulo. 
O debate começou pontualmente às 18h.
O debate mediado pela jornalista Denise Campos Toledo, começou com um cara chamado Pau, Paulo, Plabo ou Plablito sei lá!
Pois, pois, não entendi. Nomezinho esquisito. Escroto, pois grosseiríssimo. Parece que é cabeçona, porém oca. E dizendo essa cabeça oca coisas ininteligíveis. 
O papo na Gazeta durou, mais ou menos, umas duas horas. Na real, pouquíssimas propostas foram apresentadas aos telespectadores/eleitores.
Meus amigos, minhas amigas vou lhes dizer uma coisa: o nosso cidadão de categoria invulgar, Guilherme Boulos, entrou no debate inteiríssimo e dele inteiríssimo saiu. Apresentou poucas propostas, mas apresentou algumas como o que pretende fazer, se eleito, no campo da saúde em Sampa.
O Boulos vai para o segundo turno e indo para o segundo turno terá, é certo, o apoio dessa mulher incrível chamada Tábata.
Se Tábata for para o segundo turno, tenho certeza de que o Boulos a apoiará.
O bem comum tem de andar de mãos dadas. Sempre.
Quando eu digo que o Brasil corre risco é porque o Brasil corre risco.
Vocês sabem o que é isso?
Estou em São Paulo há 48 anos, uma semana e três dias. Cheguei em 1976, no dia 22 de agosto de 1976. Pois, pois.
Quando eu digo que o Brasil corre risco é porque entendo perfeitamente que o nazifascismo está tentando pôr de volta suas garras assassinas.
Hitler...
Imaginemos a direita se articulando no mundo todo... E aí tem o nosso binóculo identificando perigos como Pau, Paulo, Plabo ou Plablito... Se assim for, cuidemo-nos! Cuidemo-nos!

LICENCIOSIDADE NA CULTURA POPULAR (126)

Franz Kafka

Num tempo não muito distante era comum escritores morrerem vitimados pela tuberculose.

Fora o mal que atacou seus pulmões, Kafka era de pouca conversa, de pouco namoro e tal. Seus relacionamentos amorosos eram raros. Preferia frequentar bordéis a manter relações duradouras com mulheres. “Tenho tanta necessidade de alguém para ter um contato unicamente amigável, que ontem voltei para o hotel com uma prostituta. Ela é velha demais para ser melancólica, ela somente se lamenta; tanto que não fica espantada que não sejamos tão gentis com uma prostituta como com uma amante. Eu não a consolei, pois ela também não me consolou”, isso ele disse em carta para seu amigo e editor Max Brod. Diante disso tudo, da fala que ele dá nessa carta, houve uma jovem que lhe despertou atenção. Com essa jovem, uma burguesa de Praga chamada Milena Jesenská (1896-1944), ele manteve uma longa correspondência que acabaria por virar um livro: Cartas a Milena (1952).

Porém, porém de novo, com ela ele nunca manteve relações sexuais, físicas. Tipo amor platônico. Ele foi, partiu para a Eternidade, antes dela.

No Brasil teve um escritor que foi o tempo todo comparado a Kafka. Seu nome Murilo Rubião (1916-1991). Era bom, mas não era tudo isso. Pelo menos no que se refere à Kafka.

Murilo Rubião estudou e fez um monte de coisas, como um ser inteligente que era. Foi jornalista, antes disso advogado, contista e tal.

A obra literária do mineiro Rubião é pequena, mas densa. Deixou 30 e poucos contos espalhados em um, dois, três… quatro… Talvez cinco ou seis livros. Coisa pouca, como se vê!

Foi bom?

Murilo foi ótimo.

Antes de Murilo Rubião, houve outros autores que tentaram navegar nas ondas de Kafka, mas não conseguiram. E talvez até nem quisessem, como o bom João do Rio.

O João foi o primeiro grande repórter da imprensa brasileira. Mais: como repórter ele retratava a realidade que via na sua cidade do Rio. Ou seja, fazia o que todo bom repórter deve fazer.

Esse João deixou histórias escritas no mundo real e irreal. 

João foi grandão.


Foto e ilustrações por Flor Maria e Anna da Hora.

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